sábado, 27 de dezembro de 2014

Comunidade viva



CULINÁRIA – Regressámos à terra natal, para as filhós, o bacalhau com couves… Mesmo os que não vieram, também celebraram o Natal, talvez com outros sabores, mas com a mesma magia ou melhor, com as recordações que se impregnaram em nós, como material genético: o frio, a família reunida, o calor da fogueira e dos amigos, o sabor daquelas couves que não encontramos em mais lado nenhum.
Eu tive um momento extra. No domingo, um almoço familiar nos Pereiros. Cabra guisada, com ervas e batatas cozidas, tigelada e arroz doce, familiares que não se encontravam há meses, tanta coisa boa!

PRESÉPIO – O Grupo de Estudos da Gardunha montou o presépio na Igreja da Misericórdia. É, basicamente, aquele a que chamamos o Presépio da Menina Isaura. Também ela terá bebido a ideia de algum lado. Este reconstitui aspetos da nossa ruralidade (a pastorícia, um lagar com roda hidráulica, a casa do campo, a colheita da azeitona…) e mostra-nos, em miniatura, dois dos nossos monumentos: a Igreja Matriz e a fonte de São João de Brito (existente na Praça e já demolida). Este presépio, fruto de um esforço e dedicação extraordinários dos membros do GEGA, deu um valor acrescido ao nosso Natal.
Também, na Partida, os dinamizadores do Pequeno Lugar fizeram um presépio na sua sede, partilhando com os visitantes a magia do Natal.

FOGUEIRA – Estive na fogueira, à meia-noite. Os pinheiros tinham ardido e as labaredas lambiam já os troncos do interior. Não havia muita gente, pois iniciara-se a Missa do Galo, mas imagino o que terá sido à saída: um braseiro enorme e tanta gente em redor!
Mas especial foi o que já não via há muitos anos (em parte, talvez por ausência minha). Um grupo de jovens reunidos, a beber umas cervejas, e, em redor da fogueira, os familiares, tios primos, pais, avós, orgulhosos da obra dos seus rapazes.
É que este ano não foi preciso a Junta de Freguesia tomar conta da fogueira. A Malta de 1995 renovou a tradição e deu outro brilho ao nosso Natal. Eis os seus nomes: Bruno Rodrigues, Guilherme Jorge, José Luís, Marco Pereira, Micael Mateus, Miguel Ângelo, Roberto Santos e Samuel Silva.
Estes já superaram o nosso ritual de transição para a vida adulta. Parabéns!

CONCERTO DE NATAL - Voltei hoje a São Vicente e, ocasionalmente, pude assistir ao concerto de Natal, da nossa Filarmónica, na Igreja Matriz. Lindo!
Uma sinfonia de sons, muitos jovens, um novo maestro, com a cola dos veteranos José Moreira, Luciano e Comissário Barroso). Um bom momento de cultura, num local de condições acústicas excelentes. Uma ótima forma de fechar este ciclo natalício!

Quatro breves apontamentos, quatro provas de que, apesar das vicissitudes demográficas, estamos bem vivos como comunidade. Para um momento como o Natal, é quanto basta. Temos o resto do ano, para tentar minorar os problemas.

José Teodoro Prata
As fotos do presépio são da Libânia
Nota: Publicação acrescentada, a 28 de dezembro, domingo.

4 comentários:

Ernesto Hipólito disse...

Seria bom que a tradição de serem os rapazes que no ano vão à inspeção militar fazerem também a fogueira do Natal não se perdesse.É uma tradição muito antiga.
Sabemos que a natalidade é cada vez menor e o tempo dos quinze ou vinte rapazes já lá vai. Soube com agrado que as raparigas se juntaram à causa rompendo tabus também antigos.
Sendo nós uma comunidade viva como bem diz o Zé Teodoro, estes podem sempre contar connosco para que a tradição continue.

E.H.

Anônimo disse...

É verdade! Os festejos de Natal deste ano fecharam com chave de ouro. Em vários momentos do concerto na nossa Igreja, dei por mim transportada para outros tempos e a olhar outros protagonistas. Senti alguma saudade. Mas olhar para aqueles jovens, a tocar com tanto empenho e alegria, deu-me muita esperança no futuro. Os veteranos fazem uma boa transição entre o passado e o presente e é sempre uma emoção vê-los na última linha.
É verdade que o Natal é a festa da família, mas estes momentos de partilha e convívio mais alargado que a fogueira, a Missa do Galo e o concerto de hoje nos proporcionaram são muito importantes para a construção ou preservação da nossa identidade cultural. Para além disso, acho que nos tornaram a todos um pouco mais felizes.
Parabéns ao GEGA, à Malta de 1955, à Junta de Freguesia, à Banda Filarmónica e a todos os que contribuíram para que este Natal fosse assim tão lindo!

M. L. Ferreira

Anônimo disse...

Em S. Vicente não tenho Net! E também não vale a pena pagar Net móvel! Isso, aliás, faz-me lembrar aquela piada da electricidade em pó! De qualquer forma, aqui ando, por estes dias, pelos cafés, ó tio, ó tio, a escrever os comentários! Só não tenho o código da Net do Estrelado e do Zé Pasteleiro, porque ainda não calhou! Um espectáculo esta generosidade!
Quanto ao Natal, comprei o bolo rei e algumas filhós no supermercado! Outros tempos! Como Vcs., também vi a fogueira e fui ao concerto da banda na igreja! Não esperava ouvir, Sinatra, Anka, Presley, Bocelli! Autores e/ou intérpretes.
Bonito! É pena não se recuperar a missa cantada. Já me lembrei várias disso. O "Gloria", em latim, interpretado por alguns executantes da banda, era poderosíssimo! Na altura, só faltava juntar vozes femininas às masculinas. Hoje, poder-se-ia inovar mais. Como se vê na banda!
Comunidade viva, como bem disseram! É pena é que S. Vicente esteja no número das terras que estão decrescer em vez de crescer, em número de habitantes!
Na fogueira falei com várias pesoas, incluindo a Libânia e o Ernesto H. Este, naquele dia, revelou-se uma verdadeira tramela, até tarde. Mas por bons motivos!
Abraços.
ZB.








Anônimo disse...

O ano 2014, no seu terminus, foi fértil em acontecimentos inesquecíveis.
-O primeiro foi a conferência que teve lugar no solar Hipólito Raposo (em boa hora adquirido pela nossa câmara municipal). “A vida e obra de Santo António”; uma maravilha. A sala encheu, no fim o convívio com a partilha das virtualhas oferecidas pelas irmãs(os) da ordem terceira. A exposição sobre Santo António, lindo.
-O segundo acontecimento digno desse nome foi o lançamento do livro da autoria do “Tó Sabino” “Geo Morfologia da Guardunha”, conseguiu sentar à mesma mesa no salão nobre da nossa Domus o doutor Luís Correia, presidente da câmara do nosso concelho, o doutor Paulo Fernandes, presidente da câmara da cidade do Fundão e os presidentes das Juntas de Freguesia do Louriçal do Campo e São Vicente da Beira. Uma tarde cultural de se lhe tirar o chapéu.
A rematar tudo isto, todos os presentes tiveram o privilégio de assistir à abertura do presépio da “menina Isaura” primorosamente aumentado. Os dois eventos têm a assinatura do GEGA.
(No “Pequeno Lugar” sito na Partida está patente ao público um presépio da autoria de António Andrade, ainda não tive o privilégio de o ver)
-O terceiro acontecimento, são as festas natalícias, a festa da família por excelência.
A feitura das filhoses, a consoada, as labaredas crepitantes da lareira, (na nossa casa, todos os anos há um tema principal que se discute até à exaustão) Zé Barroso é testemunha. Este ano o principal assunto foi a ida ou não do homem há lua. Eu e o meu filho Filipe afirmámos que não, meu cunhado Chico, que sim.
Imaginem…
A fogueira, ponto de encontro de gerações, vermos vicentinos que já não víamos há muitos anos, tudo isto numa amena cavaqueira.
Os ponteiros do relógio marcam meia-noite, crentes e não crentes assistem à missa do Galo. (Alegrem-se os céus e a terra…)
Todo este ciclo natalício fechou com chave de ouro na igreja matriz através do memorável concerto oferecido pela nossa banda filarmónica primorosamente regida pelo maestro David Machado.
Sinceramente, adorei. Uma maravilha.
J.M.S