segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Fraternidade


Fraternidade vem de frater, irmão, em latim.
Sempre me surpreenderam as lutas fratricidas, nas guerras civis.
Antigos vizinhos e até amigos e familiares matam-se uns aos outros, com uma facilidade espantosa. 
Por isso, as guerras civis são as mais horríveis de todas.

Em São Vicente, zangamo-nos por coisas simples, por divergências sobre assuntos da nossa vida comunitária.
Face ao desacordo, radicalizamos posições, em vez de procurar consensos e soluções.
Zangamo-nos muito, como uma vez me disse o Pe. José Augusto.
É verdade que, por vezes, fazemo-lo por divergências político-partidárias, não percebendo que perdemos nós e ganha Castelo Branco (os políticos que estão ou querem estar sentados no poder concelhio).
Hipólito Raposo escreveu, a propósito do fim do nosso concelho, que isso aconteceu por interesse dos comerciantes de Castelo Branco. Mesmo não estando totalmente certo (a realidade é sempre complexa), era bom que refletíssemos nas suas palavras, à luz da realidade atual.

Neste Natal, deparei-me com um boicote à fogueira de Natal. 
Não esmiucei o caso, porque o não merecia.
Se há local onde a nossa fraternidade como comunidade mais se vive é em redor da fogueira.
Espero que tenha sido confusão minha e ninguém tenha promovido um boicote à fogueira (não indo lá), porque tiveram de se cortar umas árvores na Estrada Nova.
Não considero os serviços de jardinagem da Câmara especialmente competentes. Também não acho que os poderes locais estejam livres de decisões unilaterais, sem consultar ninguém, apenas porque são eles que estão no poder.
Mas havia árvores podres, ramos a esmagar carros, pessoas a pedir medidas à Junta. 
Não sei se se justificava cortar todas as árvores que foram cortadas, mas foram-no por decisão técnica da Câmara e contra ela dificilmente a Junta se poderia impor.
Mas é caso para se ir tão longe?
E o NATAL?!

Nota: Hesitei em escrever este texto (nem tenho ainda as ideias claras) e não sou diferente de todos nós. Mas tenho a certeza de duas coisas: vale a pena sermos fraternos e suspeito que, num futuro próximo, teremos de nos unir em defesa de São Vicente!

José Teodoro Prata

Um comentário:

Anônimo disse...

Ouvi alguns desabafos e lamentos, mas não me pareceu que tivesse havido boicote à fogueira de Natal. Pelo menos na altura em que por lá passei havia bastante gente de todas as idades, alguns já bem “contentes”.
Mas, se calhar, é bom que as pessoas se manifestem pelo que acontece na nossa terra. É pena é que em vez de agirmos, participando nas decisões que a todos dizem respeito, só nos manifestemos quando discordamos das decisões que deixámos que outros tomassem por nós. Falo também por mim…
Voltei a encontrar o Fernando no domingo, desta vez na Senhora da Orada:
- Então, Fernando, gostou da fogueira?
- Gostei pois! Atão não havia de gostar? O pior é não ardeu toda porque não enchapuçaram os madeiros de gasolina, como faziam antigamente.
Não confirmei as palavras do Fernando e sei que não faltou empenho ao Pedro Noco e ao Luís Taleta para que tudo corresse bem, mas, se calhar, faltou uma mãozinha do Ti Zé Nicho…

M. L. Ferreira