quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Curiosidades históricas

Pedro era o único filho varão de D. João de Almeida Portugal, 2.º Marquês de Alorna.
Pedro José de Almeida Portugal, 3.º Marquês de Alorna, descendente dos Távoras, casou em Lisboa, na Encarnação, em 19-02-1782, com Henriqueta Julia Gabriela da Cunha (1787-1829), filha mais velha do 6.º Conde de São Vicente da Beira, Manuel José Carlos da Cunha e Távora e de Luísa Caetana de Lorena.

É tradição que, quando as tropas de Junot estavam à entrada da subida da serra, o povo de S. Vicente dirigiu-se em massa à Igreja da Misericórdia, fazendo preces para que as tropas invasoras não entrassem. Ao mesmo tempo a imagem do Senhor cobria-se de suores e um nevoeiro cerrado impediu a entrada do exército francês. Então, cheio de reconhecimento e veneração, o povo prometeu fazer uma festa ao Senhor Santo Cristo, que reúne povo de todas as aldeias circunvizinhas. E à noite, no arraial, nenhuma rapariga de S. Vicente dança, porque a Igreja lho proibe, e assim tirava todo o carácter religioso à festa.
VASCONCELLOS, J. Leite, Contos Populares e Lendas II, Coimbra, por ordem da universidade, 1966 , p. 721

Jaime Gama

2 comentários:

Anônimo disse...

Parece que as grandes festas religiosas da nossa terra tiveram quase sempre origem em acontecimentos trágicos relacionados com invasões ou outras calamidades. Esta que o Jaime Gama nos trouxe sobre a festa do Senhor Santo Cristo é bem interessante.
Já a propósito do inicio das cerimónias da Semana Santa o “Domingo Ilustrado” de Maio de 1897, citado por José Teodoro Prata em O CONCELHO DE S. VICENTE DA BEIRA nos Finais do Antigo Regime , edição da Câmara Municipal de Castelo Branco, 2011, falava na devastação que S. Vicente da Beira tinha sofrido durante a Guerra dos Sete Anos (1756/1763) a qual, para além da destruição de edifícios, tinha deixado as tulhas vazias. Como se não bastasse, logo a seguir apareceu uma epidemia que ninguém sabia dizer o que fosse tão medonha doença.
Devota como era, a população voltou-se para Deus e prometeu fazer todos os anos uma festa ao Senhor do Calvário se a epidemia acabasse. Pelos vistos as preces foram ouvidas e todos os anos, na terceira segunda feira de janeiro, era realizada uma celebração com as imagens do Ecce Hommo, Senhor dos Passos e Cristo no Caixão que terá sido o início das cerimónias que ainda hoje se realizam.

M. L. Ferreira

José Teodoro Prata disse...

Este 6.º Conde de São Vicente foi o último a usar o apelido Távora, um nome maldito após o atentado ao rei D. José I.
O seu neto, 8.º conde, foi oficial do exército miguelista na guerra civil e por isso (pela derrota) o seu filho não quis renovar o título de conde.

Quanto ao Santo Cristo, por todas as terras há santos a suar ou em lágrimas com a chegada dos franceses, que acabam por não atacar devido a intervenção divina. Várias povoações têm festa religiosa em agradecimento: Lousa...
Tenho um estudo só sobre a nossa devoção ao Santo Cristo, já publicado, só me falta chegar a documentos que comprovem a data do início da festa anula e qual a causa.