quarta-feira, 14 de setembro de 2016

O nosso falar: correduras

É uma palavra de antigamente, do direito costumeiro (consuetudinário).
Tem a ver com as regas, através de levadas. Abriam-se as presas ou as minas e a levada enchia-se de água que galgava a distância até ao renovo sequioso. Depois a presa ou a mina esvaziava-se e a água enfraquecia na levada e a que chegava às hortas já não corria na terra, não dava para regar. A esta água que ainda corre na levada, mas já é tão pouca que ao chegar ao terreno agrícola não dá para regar chamávamos correduras. Eram as rabeiras que ficavam na levada.
E o direito consuetudinário é que qualquer pessoa tinha direito a cortar estas correduras para uma terra ou represa que tivesse junto à levada. Isto nas regueiras ou levadas de muitos metros e até quilómetros, que atravessavam propriedades de outros donos que não o daquela água, como as que tínhamos nas encostas da Gardunha. Agora, só tubos de plástico ou já nem isso.
Segundo a minha mãe, as hortas entre os Carquejais e o Pinheiro eram regadas com as correduras da regadia do Ribeiro de Dom Bento, armazenadas numa presa que lá havia. Isto antes da regadia ter sido canalizada para o tanque que fizeram nos Carquejais, nos anos 70.

José Teodoro Prata

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