quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Formiguinhas


Quase todos nos lembramos ainda das eiras que havia à roda da nossa terra. No verão enchiam-se de cereais, e o som cadenciado do mangual, substituído mais tarde pelas malhadeiras, ouvia-se ao longe durante vários dias. A seguir ao trigo e ao centeio, vinha o milho, o feijão e os figos.
A pouco e pouco estas imagens foram rareando, e atualmente já mal se vêem. Aqui no Casal da Fraga resta-nos ainda a que foi do senhor Joaquim Guilherme e agora é da filha Emília e do genro António (o Marinheiro), que todos os anos, por esta altura, é um regalo, só de olhar para ela. 


Trabalham de sol a sol, ou muito para além disso, mas, quais formiguinhas, têm a certeza dum inverno farto de tudo.

M. L. Ferreira

3 comentários:

José Barroso disse...

Com mais esta imagem, veio-me à memória aquela famosa frase do grande Camões que não sei se ouvi em qualquer lado ou se li na sua Lírica. Diz, o seguinte, referindo-se a Portugal: "Esta é a ditosa Pátria minha amada; não me contento de morrer nela, mas com ela.".
Com efeito, no ano da morte do poeta (1580), Portugal perdia a sua independência política, só reconquistada 60 anos depois.
E, já agora, quanto a este ponto, faço um parêntesis: não gosto das monarquias por várias razões e mais esta. Repare-se quantas vezes, ao longo da nossa história, a cambada das casas reais dos dois lados da fronteira nos meteu (a nós, mais fracos) em andaços. Na crise de 1383/85, ainda safámos a coisa em Aljubarrota. Na segunda crise, 1580, perdemos para o Filipe II (de Espanha) na batalha de Alcântara. Foi uma batalha menor, porque o nosso exército tinha ficado 2 anos antes nas areias de Alcácer Quibir (1578), data da construção da Fonte Velha. É o que dizem as pedras por cima das duas bicas (esta data está na pedra da bica de baixo), (cujo granito se está a deteriorar).
Ora, tudo isto (como me sugeriu a imagem), só para fazer uma analogia connosco e com a vila. Como já aqui disse há dias, estamos a morrer e a vila está a morrer connosco; ou estarei a ser, quiçá, agoirento?"
Abraços, hã.
JB.

Anônimo disse...

Como a minha alma exultou de alegria,ao ver tão prosaica fotografia!
Áh! se eu pudesse fugir desta gaiola e ir secar uns figos...
que bem tudo isso me faria. Nasceu-me uma esperança nas noticias do outro dia: 63 de idade e 40 de descontos e o Chico já la ia, mas analisada a questão não passa de fantasia.

A minha avó Santa tinha uma técnica avançada. Quando começavam a amadurecer fazia uma camada de palha ou feno por baixo das figueiras
e no fim da época era só ensacar as boas. Nos tempos em que se podia contar com o tempo. Agora, tudo se transtorna num momento.
Os meus parabéns ao Marinheiro.
FB

Unknown disse...

Pedi a Deus um conselho
para encontrar a alegria
Deus voltou-se para mim e disse
trabalha, semeia e cria

Esta quadra encontra-se ao lado do pequeno portão "estrada nacional 352" que dá acesso à casa que pertenceu à Dª Joanina; há muito morada da família do "capador"
-Enquanto a cigarra cantava; a formiga trabalhava
J.M.S