domingo, 3 de janeiro de 2021

Os últimos diospiros


Hoje colhi os últimos diospiros da produção deste outono de 2020. Normalmente, nos sítios frios da Gardunha, ficam por amadurecer cerca de um terço dos frutos. Mas este novembro foi o mais quente desde que há registos e o início de dezembro também foi ameno, Resultado: aproveitou-se tudo, não ficou nenhum fruto por amadurecer na árvore.

Mais uma calamidade ambiental a meu favor, neste caso: como a atividade agrícola é rara no Ribeiro Dom Bento, os pássaros frugívoros são cada vez menos e alguns terão migrado neste outono-inverno. Consequência: pouco tive de partilhar com eles.

Valham-nos os meus vizinhos estrangeiros, que dos dois iniciais já vão em cinco. Com os novos residentes (sudaneses, ingleses, belgas) pode ser que a vida se endireite pelas nossas bandas!

José Teodoro Prata

Nota: fiz esta postagem antes de ver os comentários a aguardar publicação. Dois deles são da postagem anterior. Aqui deixo a informação e as minhas desculpas aos autores.

3 comentários:

M. L. Ferreira disse...

Que inveja, diospiros nesta altura!
No meu quintal, mal chegam as cerejas, depois os figos e por fim os diospiros, é uma festa para todo o tipo de pássaros e insetos! Costumava ficar zangada, mas agora penso que é o preço a pagar pelos concertos magníficos a que assisto, durante quase todo o ano, desde que é madrugada até ao anoitecer.

Anônimo disse...

ZTP,
Na quinta do SVD, no Tortosendo, havia um diospireiro - alto, que não se podia chegar.
Ainda assim, queixava-se uma vez o Pe. José Jerónimo de não conseguir provar a apetecida fruta. Isto, contemplando a esbelta árvore, sem um único diospiro para amostra. Colhidos à pedrada, já se vê, por uns ex-futuros padres que eu cá sei.
Um abraço amigo.
Sebastião, o Baldaque

José Barroso disse...

Esta é a famosa fruta a que chamávamos Jorge-Pires! Mais uma corruptela das gentes de S. Vicente da Beira (e arredores?). Tenho um diospireiro no Marzelo que vem dando bastantes frutos; como é hábito, este ano colhi alguns para mim e para outras pessoas; mas, como estive na Vila durante mais algum tempo, levei duas (ou três?) caixas para o Lar (uma delas era da Lurdes Jerónimo, a quem telefonei, que também tem uma árvore no quintal ao pé da minha casa...). A verdade é que noutros anos se têm estragado muitos frutos porque não há quem os colha (tenho dado ordem ao Lar para lá irem buscar, mas ninguém lá vai...). Mesmo assim, depois de colher mais alguns, ainda lá ficou mais de um balde grande. Dei-os ao meu primo Adelino Costa que disse que iria lá colhê-los. Não sei se foi...
Mas esta fruta faz-me ainda lembrar outros tempos em que só os ricos a tinham nas suas quintas muradas. O mesmo acontecia com outras espécies como as romãs... De facto, era escusado as outras pessoas plantarem estas árvores porque de sorte conseguiriam comer os frutos. Ia-se muito à marouva! Se refletirmos um pouco, esta pode ser a explicação dos tais bem conhecidos muros a proteger a propriedade. Alguns, pela sua altura, até ofendem quem passa, por parecerem um sinal de exclusão dos pobres muitas vezes famintos... Não sou pela propriedade coletiva (como aconteceu na União Soviética), porque acredito na iniciativa privada. Mas há coisas que passam os limites. Por exemplo, repare-se que a Herdade da Torre Bela no Ribatejo foi ocupada despois do 25abr74 e depois o processo teve o seu termo. Veja-se, porém, que toda aquela terra imensa tem sido reservada a caçadas, muitaas delas estúpidas, como aquela em que há dias foram mortos mais de 500 animais! Nestes termos (não é a primeira vez que o digo aqui), acho que o conceito de propriedade defendido pela Igreja Católica (que em algumas partes influenciou o Direito Português), é bastante equilibrado. O que nem sempre tem sido correta é a prática da mesma Igreja que, em muitos momentos da História, tem estado ao lado dos ricos. Por isso é que também já aqui disse que existe uma Igreja Popular (basta lembrar Francisco de Assis e similares) e outra Igreja Oficial ou Hierárquica muitas vezes ao lado dos poderosos. A discutir.
Abraços, hã!
JB