segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Em torno da Orada

 

A Biblioteca Hipólito Raposo encheu-se para conversarmos sobre a Senhora da Orada, animados pelo dinamismo da Elsa Ligeiro. De certa forma, aconteceu o que o José Miguel nos desafiou a fazer há uns tempos: ir com um gravador recolher junto das pessoas as suas memórias das vivências que tiveram nas romarias da Senhora da Orada.

Soubemos que o Albano de Matos, do Casal da Serra, tem um livro novo precisamente sobre a Senhora da Orada. Vamos trazê-lo cá, num futuro próximo!

Falámos sobre a história da ermida, que poderá perder-se nos tempos, primeiro como Orada e no último meio milénio como Nossa Senhora da Orada. E das várias versões do milagre fundador, todas de cariz sexual, como já evidenciava o autor do livro Oradas de Portugal, e nos dois últimos séculos dos milagres mais generalistas sobre as curas de doenças e a proteção de militares, emigrantes...

A Ascensão recitou-nos a lenda, em rimas feitas por ela; a Maria da Luz recordou as idas da ti Janja à escola, para  contar a lenda às crianças; o Zé Manel narrou vários milagres atribuídos à Senhora e falou do hábito do último visconde de Tinalhas, natural de São Vicente, só beber água da Orada, levada semanalmente por um criado.

A animadora encerrou a sessão com uma linda oração recolhida pela Maria João Matias junto da ti Celeste Dias, a parteira de quase todos os presentes:

Do vosso andor,

juncado de rosas e de outras variedades de flores,

formosa como a aurora e brilhante como as estrelas do céu,

Senhora da Orada orai por nós.

Lançai o maternal olhar,

guardai e protegei os devotos presentes e ausentes,

e muto particularmente todas as mães da nossa querida pátria e do mundo, porque em vós confiam como mediadeiras de todas as graças

e de perdão de misericórdia junto de Deus.

 

No final, o Marco (Junta de Freguesia) e as dinamizadoras da Biblioteca (Celeste, Libânia e São) ofereceram aos participantes um abundante lanche.

Saímos saciados, de convívio e dos petiscos, mas com vontade de repetir.


José Teodoro Prata

2 comentários:

Anônimo disse...

Uma agradável surpresa!
Uma conversa sobre a história, o folclore e a crença das Oradas. Mas nem tudo lembra e o tempo nunca chega!
No folclore não se falou das quadras populares:
"Nossa Senhora da Orada/
Quem Vos varreu a capela?/
Foram as moças de S. Vicente/
Com raminhos de marcela".
E tantas outras!
Também não se falou sobre as origens das Oradas e Aparições (de raiz popular e muitas vezes pagã), nem da sua relação com a Igreja Católica. Modernamente, compreende-se que esta aceite umas e não aceite outras, dada a dificuldade de distinguir entre crenças e crendices.
No caso da Senhora da Orada, hoje seria impensável a lenda que lhe deu origem (era mais fácil uma ecografia...!); mas isso não impede as pessoas de continuarem a ter a sua fé e os seus milagres. E, porque estes são a sua verdade, quem somos nós, para as desmentir?! Além de que a magia também faz parte!
Pode ser que o Albano de Matos fale sobre estes assuntos quando for convidado pela Biblioteca a discorrer sobre a Senhora da Orada.
Estão de parabéns as responsáveis e voluntárias pelo evento!
Abraços, hã,!
José Barroso

jose teodoro disse...

Mais uma vez, parabéns pela iniciativa. Andando se faz o caminho!
Já vi eventos de maior pompa com mais reduzida assistência.
A propósito, pergunta-me aqui o Baldaque: se havia lanche, porque é que não fomos? Pois...
Cumprimentos.
JMT