segunda-feira, 26 de agosto de 2024

A fonte da Praça

 Jornal Beira Baixa, 25-08-1947

S. Vicente da Beira

Conforme noticiamos realizou-se no passado dia 15 a inauguração da «Fonte de S. João de Brito» nesta antiga vila.

A festa decorreu com desusado brilho prolongando-se até de madrugada.

A inauguração da Fonte realizou-se às 19 horas, sendo presenciada por muito povo que em sinal de regosijo aplaudiu brilhantemente a Junta de Freguesia.

Ao ar subiram muitos foguetes e a Filarmónica tocou vários números do seu reportório. Á noite durante o arraial que decorreu muito animado queimou-se muito fogo de artifício.

Na sessão solene que se realizou na Secretaria da Junta de Freguesia foram descerrados os retratos do Presidente da República e do Chefe do Governo. Usaram da palavra o Presidente da Junta sr. Manuel da Silva, DR. José Alves de Figueiredo, sr. José Pires Lourenço, Prof. Artur Couto, Tesoureiro da Igreja e por último o rev.º P.e Tomás da Conceição Ramalho.

É digno de nota um episódio que ocorreu na noite de 13 para 14.

Foram encontrados pelo Presidente da Junta de Freguesia na nova fonte, sobre uma coluna de pedra uns versos alusivos a esta inauguração e que pela sua originalidade a seguir transcrevemos:

(Ler o poema, na imagem abaixo)

Ignorava-se, pois. o seu autor. Porém, pelo seu discurso, sem que o pressentisse, ele revelou-se, e sabe-se agora ser o sr. José Pires Lourenço.

Esperamos   que a Junta de Freguesia auxiliada pelos poderes públicos possa dor’ávante prosseguir no seu plano de melhoramentos.

C.

Nota: transcreveu-se a notícia tal como foi publicada no jornal.




(Esta imagem está invertida)

A fonte ocupava o canto sudeste da Praça e adivinha-se no centro da foto, lá atrás, entre o pelourinho e o coreto.
A fonte e o coreto foram demolidos nos inícios dos anos 70, ainda antes do 25 de Abril. Esta remodelação, que incluiu o fecho de um urinol nauseabundo que existia por baixo da fonte, com entrada pela rua, foi uma proposta de uma comissão de sábios à Junta de Freguesia, na altura presidida pelo sr. José Matias.
Estas demolições criaram, na altura. grande indignação na Vila. 
Na altura o tanque vazava e o coreto estava bastante degradado.
Uma das pedras da fonte é a peça por onde sai a água para o tanque atualmente existente na praça. Outras pedras formam a fonte (fechada) construída em São Francisco.
A fonte foi desenhada por João Engenheiro e constrruída pelo Zé Companhia (sr. José Diogo), que não mereceram referência no poema (naquele tempo era assim).

José Teodoro Prata

4 comentários:

Anônimo disse...

Se calhar porque à conta dela, e a pretexto de ir à fonte, brinquei muito na Praça, acho que a proposta daquela comissão para demolirem a Fonte de São João de Brito, foi pouco sábia. O mesmo com o pelourinho, ainda por cima com uma banda já tão antiga na terra. Haveria forma de fazer as reparações necessárias sem ser preciso deitar tudo abaixo.
E o João Engenheiro e o Zé Companhia (grandes artistas), se ainda eram vivos, devem ter ficado bem tristes.


José Teodoro Prata disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
José Teodoro Prata disse...

Certamente o comentário refere-se ao coreto e não ao pelourinho.
Para saber mais sobre os dois artistas, ver a publicação Fonte de S. João de Brito. Escrever este título na caixa do canto superior esquerdo e fazer enter.

Anônimo disse...

Segundo o livro "Memórias", publicado pelo GEGA, o nome do autor da fonte era João Nicolau Moreira (pelos vistos ainda meu primo...), se era engenheiro ou não, não refere. O nome dado à fonte terá sido motivado por São João de Brito ter sido canonizado nesse ano pelo papa Pio XII, 330 anos após a sua morte. No mesmo ano a junta de freguesia inaugurou também a Fonte de Santo António.
Claro que o que quis referir era o coreto e não o pelourinho. O quanto a nossa banda brilharia ainda mais se ainda lá estivesse na Praça! Remodelado, claro...
ML Ferreira