sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Travessa dos Abraços

 

As ruas das terras grandes têm quase sempre nomes de gente importante. Gente de quem a maior parte dos que por lá passam mal ouviram falar. Não é assim nas aldeias, onde as ruas se chamam Rua da Fonte, Rua do Cemitério, Rua da Igreja, Rua do Lagar, Rua da Escola, Rua da Praça, Rua da Eira, etc… identificando, sobretudo, o lugar onde se situam equipamentos importantes para a terra ou alguma característica invulgar.

Esta Travessa dos Abraços, no Violeiro, são vinte passos mal medidos, em forma de Z mal acabado, onde um homem com um molho de mato às costas teria dificuldade em passar.

Maravilhei-me com o nome e imaginei que, no tempo em que manifestações de amor eram proibidas, se não pecado, muitos casais de apaixonados terão aproveitado o recato e o negrume da rua para poderem abraçar-se de fugida.  

Um dos habitantes mais antigos (já poucos, no Violeiro) disse-me que não era bem assim; mas a imaginação é ainda um dos nossos maiores poderes, e eu fico-me com minha…

ML Ferreira

Nota: A fotografia publicada há dias duma casa na Rua do Forno é, de facto, nos Pereiros. Sinal dos tempos, o forno comunitário que ali existiu faz agora parte de uma casa particular.

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