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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Gente Nossa

Mariana Dolores Rey Colaço Robles Monteiro faleceu, anteontem, em Lisboa, e foi hoje a sepultar. Contava 78 anos e era filha de Amélia Rey Colaço e do vicentino Robles Monteiro.


A notícia que se segue é do site do jornal PÚBLICO:

Cerca de 200 pessoas, entre elas a ministra da Cultura e Maria Barroso, ex-primeira dama e madrinha de palco de Mariana Rey Monteiro, estiveram presentes no emocionado adeus à actriz.

Ela era a voz…

O que teria sido a carreira de Mariana Rey Monteiro se não fosse "a filha de Amélia Rey Colaço"? E teria ela uma carreira teatral se não fosse a herdeira do mais famoso casal do teatro português do século XX - Rey Colaço-Robles Monteiro -, actores e empresários do D. Maria II desde 1929?

Toda a gente começa por falar da grande senhora - na vida e no teatro - que foi Mariana Rey Monteiro. Um dos primeiros a lembrá-lo foi o seu amigo e colega de muitos palcos Ruy de Carvalho, que lamentou a perda de "uma grande actriz". José Carlos Alvarez, director do Museu Nacional do Teatro, classificou-a como "uma figura notável, que deixa um rasto muito forte no teatro português".

Mas, afinal, por que se destacava Mariana Rey Monteiro? Urbano Tavares Rodrigues diz que, para além de uma grande actriz, "Mariana era uma criatura maravilhosa, delicada, gentilíssima".
Já sobre a sua dimensão artística, Fernando Midões, um histórico da crítica de teatro em Portugal (Diário de Notícias e Diário Popular), que acompanhou praticamente toda a sua carreira, diz simplesmente que Mariana Rey Monteiro "juntava intuição, inteligência e perfeição na arte de representar - não se ficava pelo texto, aprofundava o subtexto das peças".

É esta inteligência, aliada a uma grande sensibilidade, que o dramaturgo Luís Francisco Rebello, também seu amigo pessoal, faz questão de realçar na carreira desta "herdeira de um nome e tradição ilustres" que, pelo seu trabalho, se transformou numa "referência importante do teatro português que antecedeu a revolução de 1974".

"Ela tinha aquela voz única, quebrada, timbrada e com uns graves muito bonitos. Quando a ouvíamos, era a voz do Teatro Nacional", disse o actor, encenador e fundador do Teatro da Cornucópia. Luís Miguel Cintra, também fundador da companhia, é outro admirador da actriz com quem contracenou no filme de Paulo Rocha O Desejado, ou as Montanhas da Lua, de 1987: "Ela era uma referência viva da qualidade que havia na Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro."

O encenador dos Artistas Unidos regressa à questão da herança: "Deve ter sido difícil para a Mariana ser filha de uma mulher tão rara e poderosa como o foi Amélia Rey Colaço." Eugénia Vasques, recorda "aquele olhar triste, magoado, que parecia ter uma raiva escondida e que marca todo o seu trajecto como actriz", e nota também que a carreira da actriz foi feita durante grande parte do tempo na sombra da mãe. "Foi sempre o braço-direito da mãe, até ao fim, e isso vê-se nos papéis que representa", explica ao P2. "Mariana secundava a mãe e o seu génio - a palavra é tremenda, mas justa. Até à morte do pai, em 1958, Mariana serviu os pais. E depois a mãe passou a ser o centro de tudo o que ela fazia no teatro, tinha-lhe uma dedicação imensa."

Mariana Rey Monteiro comentou esta questão na entrevista que deu a Adelino Gomes, a pretexto do seu 80.º aniversário, admitindo que esse "peso familiar" fez sempre parte da sua vida. "Numas partes, ajudou. Mas tive sempre a preocupação instintiva de corresponder às exigências. Era um incentivo, uma chicotada que me fazia andar."


Do site do jornal Público: http://www.publico.pt/Cultura/mariana-rey-monteiro-ela-era-a-voz-do-teatro-nacional_1462285
(Texto adaptado e com cortes)