Junta de Freguesia
Enxidros era a antiga designação do espaço baldio da encosta da Gardunha acima da vila de São Vicente da Beira. A viver aqui ou lá longe, todos continuamos presos a este chão pelo cordão umbilical. Dos Enxidros é um espaço de divulgação das coisas da nossa freguesia. Visitem-nos e enviem a vossa colaboração para teodoroprata@gmail.com
terça-feira, 19 de março de 2013
segunda-feira, 18 de março de 2013
A Casa Grande
Acabo de ler o romance "A Casa Grande", de Albano Mendes de Matos, nosso conterrâneo do Casal da Serra e guardião de muito do nosso património oral.
O livro retrata a realidade local, no século XIX.
No capítulo 15, "As confessadas e o anjinho", aborda as nossas Festas de Verão e começa assim:
O livro retrata a realidade local, no século XIX.
No capítulo 15, "As confessadas e o anjinho", aborda as nossas Festas de Verão e começa assim:
«A festa do Senhor Santo Cristo era sempre num domingo de Setembro. Ainda os ardores do Sol rebentavam em camarinhas de suor. Em Setembro ou secam as fontes ou rebentam as pontes. A festa, civil ou popular, com foguetes cantares e bailaricos, e a festa religiosa, com procissões, cânticos, sermões e penitências, começavam a preparar-se com meses de antecedência. Alguns ausentes chegavam-se à vila uma vez por ano, para assistir aos festejos em honra do Senhor Santo Cristo. Havia fatiotas novas, comida ritual melhorada, cabritos, borregos, cabras e galinhas escolhidos para o sacrifício, bolos de azeite, pão leve, coscoréis, presuntos e paios, aletria, arroz-doce e papas de carolo. E as melancias, que chegavam em carros de bois, logo pela madrugada. O Largo e algumas ruas engalanadas com ramagens verdes. As casas asseadas, como na Páscoa, as ruas varridas e limpas de trastes velhos.»
José Teodoro Prata
José Teodoro Prata
sexta-feira, 15 de março de 2013
Festas de Verão, 2013
BREVES
1 – CONTRIBUIR
PARA AS FESTAS DE VERÃO DE 2013
Quem
queira contribuir para as Festas de Verão 2013, pode fazê-lo através do NIB: 0035 0749 0000 3627 4008 2 ou o IBAN: PT5000 3507 4900 0036 2740 082
(este
para quem se encontra no estrangeiro). A operação deve ser efectuada numa caixa
multibanco normal (onde aparece o nome do destinatário). Por isso, não
se esqueçam que, antes de dar a ordem de transferência, “confirmar”, devem
conferir o nome do titular da conta, a “Comissão de Festas”.
2 - PEDITÓRIO DO AZEITE
Quase
toda as pessoas da Vila (as que habitualmente lá residem ou que, por esta ou
aquela razão lá se encontravam naquele dia), sabem que, como foi prometido, se
procedeu, no dia 20 de Janeiro último, ao tradicional peditório do azeite.
Pode
dizer-se que, em geral, houve uma boa aceitação por parte da população; ou não
fosse este acto de pedir a esmola do azeite em Nome do Senhor Santo Cristo, uma
tradição de décadas ou mesmo séculos.
Para
além dos actos religiosos, era com estes parcos recursos de que a população
dispunha, na maioria produtos que a terra dava, que se faziam “festas rijas”.
Não
havia “artistas” ou estes eram inacessíveis. Os programas assentavam na
contratação de uma aparelhagem sonora (quando foi possível dispor desta
maravilha da técnica).
A banda
de S. Vicente, como era da casa, estava automaticamente convidada a participar
(pelo menos a partir de 1910, imagina-se, ano da sua fundação).
A banda
tinha e continua a ter um papel relevante. Se nos actos profanos concorre,
hoje, com outros meios de diversão, nos actos religiosos, tem ainda um papel
fundamental. A música, como é sabido, sempre foi uma das grandes homenagens do
Homem às Entidades Divinas. Em S. Vicente, pense-se numa Missa Cantada (por
elementos da banda, com vozes masculinas e barítono); ou numa procissão com (ou
sem) banda. Enquanto crianças, achávamos as Missas Cantadas intermináveis,
sendo precisa uma grande dose de paciência para assistir até ao fim. Coisas de
jovens! Hoje creio que é uma pena não se reeditarem essas Missas (mantendo a
matriz, mas podendo-se inovar face ao antigo formato). E, certamente, será até
possível conciliar a beleza dessas Missas com alguma brevidade.
O fogo,
por sua vez, era uma das manifestações mais emblemáticas dos festejos, sendo
que era pela quantidade de foguetes, latadas e castelos (tudo do domínio da
arte da pirotecnia), que a festa era considerada (ou não) como “festa rija”.
A
quantidade de fogo deflagrado durante a festa (avaliado sobretudo pela alvorada
de 2ª. feira), pelo peso que tinha no orçamento, era a medida da capacidade
económica da população e talvez representasse, pelo esforço despendido, outra
das maiores homenagens aos santos em honra dos quais a festa se realizava,
especialmente, o Senhor Santo Cristo que, havia séculos, nos tinha livrado da
praga de gafanhotos.
Era
também por essa razão (a do lançamento de grandes alvoradas), que a festa
rivalizava com as aldeias vizinhas.
Os
tempos são outros.
Mas, já
se vê, a razão que desconhece todas as razões do coração – a dolorosa razão do
compromisso – essa mantém-se. E é necessário porfiar.
3 - RESULTADO DO PEDITÓRIO
Assim,
no dito peditório de 20 de Janeiro último, conseguiu-se angariar um total de
*750, 00 € e 50 Litros de azeite.
Somos
pelas contas transparentes. Só não publicamos a lista nominal dos donativos
porque isso depende da autorização expressa das pessoas, da qual não
dispomos.
Vamos
ver como nos desempenhamos do nosso papel. Porque, agora digo eu: “desarmada a
festa se verá o que nos resta”.
Mas,
estou certo, todos irão contribuir, pois: PRECISAMOS DE TODOS.
Obrigado e até
breve.
A Comissão
de Festas,
zb
quinta-feira, 14 de março de 2013
José Lourenço - Poema
Em 1957, o nosso poeta veio a Castelo Branco e escreveu sobre as Festas da Cidade. O poema foi publicado no jornal Beira Baixa, de 7 de julho.
(Ortografia da época)
(Ortografia da época)
Á nobre e linda cidade de Castelo Branco
Castelo Branco altaneiro!
Ó progressiva cidade!
Não há no país inteiro
Terra de mais claridade.
Albicastrense doutrora
Como te encontras bonita?!
Quem te viu e vê agora
Quase que não acredita.
Castelo Branco - os desejos
De matar a saudade,
Me trazem hoje aos festejos
Da tua linda Cidade.
Sois, ó lindas castelãs,
Brancas da cor da verdade,
Os aluares das manhãs
Que enfeitiçais a Cidade!
Anda aí Castelo Branco
Todo ufano e a vibrar,
Num sorriso alegre e franco,
Pela Feira Popular.
Vinde aqui, povos da Beira,
A ver a desenvoltura
Das Castelãs, pela Feira
Mostrando a sua brancura!
Ó Castelo guardião
Da Beira, em largo espaço,
Branco é nome que te dão
Mas tu és da cor do aço!
Não há Castelã prendada
Que pense em mudar de estado
Sem ter a colcha bordada
Pró dia do seu noivado.
Gosto de na tua Sé
- Castelo Branco adorável -
Entre as imagens da fé
Ver o Santo Condestável.
Albicastrense querida
Leva-me no teu regaço
A ver o Parque, a Avenida
E as estátuas do Paço.
Ser leal, honesto e franco
É o timbre dos Beirões
E os de Castelo Branco
Honram sempre as tradições.
Lavrador deste torrão,
Quem te sustenta e aos teus?
- É o trabalho e o pão
E a graça de Deus.
A mulher Albicastrense
Tem de ser sempre bonita
Mesmo que ela mais não pense
Que usar vestidos de chita.
Castelo Branco, penhor
Duma vida sã e calma!
É morena a tua cor
Mas é branca a tua alma.
Feliz de quem vive aqui
Desde o seu ó-ó primeiro
E pode dormir em ti
O seu sono derradeiro.
Festas da Cidade
1957
José Pires Lourenço
(S. Vicente da Beira)
José Teodoro Prata
segunda-feira, 11 de março de 2013
A Procissão dos Terceiros
Depois de uma semana chuvosa, estávamos todos a rezar para
que o S. Pedro fizesse um milagre e nos desse um domingo solarengo. Sabe-se lá
porquê, as preces não foram ouvidas e o sol não apareceu durante todo o dia.
Mesmo assim, à hora marcada, os andores estavam todos
prontos para sair e também já havia muita gente à espera, junto da Capela de
Santo António. Mas a chuva teimava em cair…
Finalmente, por volta das três da tarde, apareceu uma aberta
e saiu o primeiro andor: o Paraíso Terrestre. A pouco e pouco seguiram-se os
restantes treze.
Como é hábito, à medida que cada andor ia saindo da capela,
o Padre José Augusto, que fez a procissão este ano, ia explicando o significado
das imagens e de outros símbolos representados em cada um dos andores.
Este ano, por causa do mau tempo, estas explicações foram
muito resumidas. Foi pena, porque cada um dos santos representados tem uma
história de vida interessantíssima, mesmo para além do âmbito da religiosidade,
que vale a pena ser lembrada.
Também por causa da chuva, o percurso foi mais reduzido e
por isso não se percorreram as ruas do cimo de vila.
Apesar de todas estas dificuldades e alterações que tiveram
que ser feitas, foi bom que a procissão se tivesse realizado. Muita gente tinha
sido mobilizada: os Irmãos da Ordem Terceira que prepararam os andores; as
pessoas que os transportaram (penso que mais de sessenta); as crianças que,
vestidas de anjo ou de outra personagem qualquer alusiva à quadra, aguardavam
com alguma ansiedade o desempenho do seu papel; as instituições mobilizadas,
nomeadamente os bombeiros e escuteiros e as muitas pessoas que, com mais ou
menos fé, queriam participar. Teria sido muito frustrante para todos se a procissão
tivesse sido cancelada e dificilmente se conseguiriam mobilizar todas as
pessoas para uma nova data.
Havia muita gente de todas as idades, o que ultrapassou as
minhas expectativas, mas nada que se comparasse às procissões de antigamente
que enchiam as ruas da nossa terra. Os tempos são outros e as perceções também,
mas penso que um evento como este, que é único na nossa região e, parece-me,
acontece apenas em mais duas ou três localidades em todo o país, merece ser mais
divulgado e participado.
São as pessoas que fazem as coisas existir e perdurar, quer se
trate de lugares, instituições, tradições, etc. Por isso temos todos que ser
ainda mais participativos e fazer a nossa terra continuar a viver para além de
nós. Só conseguiremos isso se mantivermos vivo o património que os nossos pais
nos deixaram!
M.L. Ferreira
domingo, 10 de março de 2013
Dia da Mulher
Como lembrou a Maria do Carmo Prata, de forma emocionada, este ano comemorou-se, pela 13ª vez, o Dia Internacional da Mulher na nossa terra. Parece que, nos primeiros anos, o número de participantes não foi muito grande, mas ao longo do tempo tem-se verificado um aumento progressivo de inscrições e este ano o restaurante da Mila foi pequeno para o número de mulheres que quis participar.
Estiveram presentes mulheres de todas as idades: crianças,
muitas jovens e mulheres que já fazem parte da nossa história, como a Ti Janja.
Foi uma emoção ouvi-la cantar um fado que, como ela fez questão de referir, nos
devia fazer chorar a todas. De facto, o poema falava do sofrimento de uma
mulher que era assediada por um homem rico e poderoso (fez-me lembrar a canção
do José Mário Branco “Casa comigo Marta”). Mas no fado da Ti Janja, depois de
muita luta e sofrimento, tudo acabou em bem e, como a própria rematou, de forma
bem-humorada, perante a firmeza da mulher em manter-se fiel ao marido “o gajo
meteu o rabo entre as pernas e deixou a rapariga em paz”. É um poço de
sabedoria, esta mulher!
Para além de um pequeno resumo da história e motivações que
levaram à comemoração deste dia, a Maria do Carmo lembrou também algumas das
mulheres da nossa terra que já partiram, mas que deixaram marcas em todos nós.
É o caso da Menina Maria de Jesus, da Menina Nelita, da Menina Isaura e da
Menina Ilda.
Nunca se casaram e por isso ficaram sempre “meninas”
dedicadas ao serviço da terra. Quase todos nós nos lembramos delas, quer como
catequista ou noutras atividades ligadas à igreja ou à comunidade; a Menina
Isaura com as suas mãos habilidosas a fazer os curativos no hospital ou cenas
de presépios que ainda hoje nos fazem sonhar; a Menina Ilda, na cantina da
escola, onde éramos obrigados a beber o óleo de fígado de bacalhau que só
conseguíamos engolir com um gomo de laranja, mas também onde comíamos aquele queijo
flamengo cujo sabor ainda guardo na boca.
A todas elas e tantas outras o nosso agradecimento!
M. L. Ferreira
Nota: Comissão para o próximo ano - Ana Jerónimo Patrício, Catarina Martins e Vânia Santos.
quinta-feira, 7 de março de 2013
José Lourenço
Uma das personalidades de destaque na publicação "A Menina e o Poeta" é José Pires Lourenço, o poeta que adotou São Vicente como a sua terra e a quem os vicentinos retribuíram considerando-o o seu poeta.
Biografia:
José Pires Lourenço e sua esposa, Dona Palmira.
Foto cedida pelo Dr.º Lino.
- Nasceu na Póvoa da Atalaia,
em 1891.
- Era filho de António
Lourenço e Maria Vitória, naturais e residentes na Póvoa da Atalaia.
- Entre 1905 e 1909,
trabalhou como ajudante de feitor agrícola, nas Zebras, em casa de Albano Caldeira.
- Aos 14 anos, a antologia
«Poesias Selectas» revelou-lhe a paixão da sua vida: a poesia.
- Em 1920, casou com Palmira
Ribeiro de Azevedo, natural de S. Vicente da Beira.
- De 1909 a 1926, viveu na
Borralha, na casa mãe dos condes da Borralha.
- No ano de 1926, fixou-se
em S. Vicente da Beira, como feitor da Casa Conde.
- Viveu na rua do Convento,
em solar de 1888, construído no local do antigo convento das Religiosas
Franciscanas.
- Foi poeta durante toda a
vida, mesmo depois de cegar, em 1957. Ditava os versos ao filho António
Lourenço Azevedo ou a quem lhos pedia. Reuniu a sua poesia em dois volumes que
nunca publicou.
- Colaborou nos jornais «Voz
do Santuário», «Beira Baixa» e «Pelourinho».
- Faleceu em S. Vicente da
Beira, no ano de 1970.
Lá por eu em São Vicente
Não ser nado nem criado,
Espero sinceramente
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