quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Namoros

A propósito do facto curioso de, no passado haver muitos homens que casavam com mulheres de fora das suas terras, lembrei-me de duas situações que podem ajudar a compreender o fenómeno, pelo menos num tempo mais recente.
Há tempos, numa das “tertúlias“ na taberna da Amália, chegámos à conclusão de que em meados do século passado, só no Casal da Fraga, havia umas oito mulheres da Charneca casadas com homens de cá. Perguntei à Ti Trindade que nasceu nos Pereiros e também por cá casou, qual seria a razão de tantos homens irem à procura de mulher fora da terra. Ela, naquele jeito desabrido que a idade perdoa e faz questão de exibir, respondeu-me o seguinte:

- Olhe, sabe porquê? É que naquele tempo a maior parte das raparigas da Vila iam a servir para a Covilhã ou para Lisboa. Muitas arranjavam por lá namorados e por lá ficavam. As que para cá tornavam vinham todas finas, vestidas à moda, com sapatos de salto alto, água de cheiro e pó d’arroz na cara, e não queriam casar com os rapazes que trabalhavam no campo. Por isso eles tinham que ir arranjar namoradas por lá. Nos Pereiros, na Partida ou no Mourelo éramos umas desgraçadas. Trabalhávamos no campo ou nos pinheiros, íamos ao terço, ao quinto ou para a azeitona, descalças, sujas e com fome, e tínhamos que nos assujeitar ao que aparecia. Por estas e por outras é que eu nunca tive vontade de me casar, mas os meus pais obrigaram-me a casar, mesmo descontra vontade…

Claro que esta é apenas uma opinião e, se calhar, nem corresponde à verdade, mas acho-a interessante porque ajuda a entender a perceção que as mulheres da Charneca tinham das mulheres da Vila. Provavelmente a opinião das de cá, relativamente a elas, também não era grande coisa…
Também ainda a este propósito, calhou há tempos perguntar a uma vizinha como é que ela, sendo do Violeiro, tinha conhecido e casado com um homem do Casal da Serra. Contou-me a seguinte história, mais ou menos por estas palavras:

- O meu homem tinha um primo que corria as terras todas por aí a negociar em gado e em peles. Um dia disse-lhe se não queria ir com ele ao Violeiro porque havia lá festa e havia de haver por lá muita pele de cabra e borrego para vender. O meu, que gostava muito de festas, disse logo que sim e foram os dois. Quando lá chegaram, correram as casas todas a ver quem tinha peles para vender e quando chegaram à casa do meu pai já era à hora do jantar e o meu pai disse-lhes se eles não queriam comer com a gente. Eles disseram que sim e lá estiveram a comer do que havia. Contaram de que terra é que eram, quem eram as famílias deles, e o meu pai até conhecia a família do outro. Ao fim, lá foram à vida deles.
À tarde, eu fui com as minhas irmãs e as minhas primas até ao largo da festa e eles ainda por lá andavam e fartaram-se de olhar para nós. À noite, quando começou o baile, um deles veio-me tirar para dançar, mas como eu era um bocado envergonhada disse que não, porque não sabia dançar. Ele teimou, teimou tanto, que lá fui. Mas o raio do homem dançava tão bem que dançámos a noite toda e ao fim disse-me se eu não queria falar para ele. Eu disse-lhe que não, porque não o conhecia de parte nenhuma e tinha que ter ordem do meu pai para namorar, se não levava uma sova, se ele soubesse. E as coisas ficaram assim.
Passado uns tempos, o homem aparece outra vez lá na terra e foi falar com o meu pai, para lhe pedir ordem para falar para mim. O meu pai disse que sim, mas tinha de ser tudo com muito respeito, porque tinha quatro filhas e não queria que nenhuma andasse falada na boca do povo; e era para casar logo, porque eu já tinha idade! Começámos a namorar e nem chegou ao fim de seis meses já estávamos casados.

M. F. Fereira

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Viola Beiroa



Estive, ontem, no lançamento do 1.º CD de música em que se usa a viola beiroa.
Esta viola local estava em extinção, já só se tocava na Senhora dos Altos Céus, na Lousa.
Alísio Saraiva deu-lhe afinação e Miguel Carvalhinho interessou-se.
Juntos fizeram renascer a viola beiroa e nesta momento já têm uma orquestra com mais 9 músicos.
É única no mundo. Recentemente, Alísio Saraiva participou num encontro de música tradicional, no Alentejo, e estava lá um brasileiro com uma igual: na terra dele serve para acompanhar a dança do fandango, ainda com tamancos, juntamente com o adufe quadrado, o nosso. Viola e adufe foram levados para lá, pelos nossos antepassados!

É uma viola com um som muito vocal, parece que canta. 
Faz lembrar os volteios das vozes da Amália (pai albicastrense e mãe do Fundão) e do Zeca Afonso (foi um tio de Belmonte que lhe passou o gosto para a música e lhe ensinou a cantar as músicas tradicionais da Beira Baixa).
Sugestão: depois de ouvirem o 1.º vídeo, vão ao youtube e ouçam a Senhora do Almortão do Zeca. Vejam a semelhança entre a sonoridade da viola e a voz do José Afonso.
Miguel Carvalhinho disse que ao ouvir a viola beiroa nos sentimos em casa.
Eu senti o mesmo estremecimento genético que já sentia quando ouço os bombos.



sábado, 14 de setembro de 2013

Batismos, 1800

Inicio, hoje, uma série de publicações sobre os registos de batismo, na freguesia de S. Vicente da Beira. Todos os batismos foram realizados na Igreja Matriz, embora algumas povoações da freguesia tivessem capela.
As pessoas interessadas podem ir tirando do blogue as listas publicadas e armazenando-as num ficheiro, para análise futura (podem pedir-mas por e-mail). 
Comecei por uma data redonda: 1800. Podia ter sido outra qualquer.
Nasceram 32 crianças ((duas meninas eram gémeas), em 1800, um número impressionante face à realidade demográfica atual: há 32 crianças e adolescentes, na freguesia?
Temos referência ao fundador da família Jerónimo (n.º 3); ao meu provável antepassado dos Costa  (Teodoros) de Vale de Figueiras (n.º 29); ao filho dos fundadores da Casa Cunha em São Vicente (João António Robalo); havia imensos padres na freguesia, a maioria a residir aqui; é extraordinária a mistura de gentes de tantas terras vizinhas e algumas vindas de muito longe, numa época em que os pobres, quase toda a população, se deslocavam sobretudo a pé.
Os nomes das povoações estão escritas com a grafia atual (escrevia-se Mourello, Peradanta, Soveral...), exceto no caso de Vale de Figueiras em que continuo a usar o s final. Os nomes das pessoas mantêm a grafia da época. 
A numeração foi acrescentada, pois não existe nos registos.


Igreja de Nossa Senhora da Assunção
São Vicente da Beira
1.
Nome: Joze
Naturalidade: Mourelo
Pais: Joaõ Antunes e Maria Antonia, do Mourelo
Avós paternos: João Antunes e Maria Mendes, do Mourelo
Avós maternos: Luis Roque, de Almaceda, e Antonia Leitoa, do Mourelo
Data de nascimento: 12-01-1800
Data de batismo: 19-01-1800
Padrinhos: Padre Joze Antonio Fernandes Freire, de São Vicente, e Feliciana, solteira, filha de Luis Roque, do Mourelo
Testemunhas: Joze Barata e Joze Gonçalves, ambos de São Vicente
Sacerdote: O Vigário Francisco Marques Goulaõ

2.
Nome: Manoel
Naturalidade: Violeiro
Pais: Pero(?) Joze e Izabel Fernandes, do Violeiro
Avós paternos: Joze Mendes, do Souto da Casa, e Joana Martins, do Violeiro
Avós maternos: Manoel Pires e Joanna Fernandes, do Violeiro
Data de nascimento: 29-01-1800
Data de batismo: 06-02-1800
Padrinhos: Manoel Pires, solteiro, filho de Manoel Pires, e Maria Martins, viúva, do Violeiro
Testemunhas: Pe. Joze Barata e Joaõ Antonio, de São Vicente
Sacerdote: O Vigário Francisco Marques Goulaõ
Observação: Já fora batizado em casa

3.
Nome: Joaõ
Naturalidade: São Vicente da Beira (Casal da Fraga)
Pais: Jeronimo Duarte, do Casal da Fraga, e Maria Antonia, do Sobral do Campo
Avós paternos: Manoel Rodrigues Fraga, do Casal da Fraga, e Luiza Maria, do Casal dos Ramos
Avós maternos: Antonio Mendes dos Reis, do Casal do Pisco, e Custodia Maria da Cruz, do Sobral do Campo
Data de nascimento: 16-02-1800
Data de batismo: 22-02-1800
Padrinhos: Joaõ Joze Dias de Oliveira e sua filha Anna, solteira, de São Vicente
Testemunhas: O Padre Tesoureiro Joze Barata e Joze Gonçalves, de São Vicente
Sacerdote: O Cura Domingos Joze Marques Goulaõ

4.
Nome: Maria
Naturalidade: Vale de Figueiras
Pais: Manoel Rodrigues, do Vale de Figueiras, e Maria Nunes, da Paiágua(Pay Agoa)
Avós paternos: Joaõ Rodrigues e Maria Leitoa, do Vale de Figueiras
Avós maternos: Joaõ Nunes e Izabel Pires da Paiágua(Pai d´Agoa)
Data de nascimento: 17-02-1800
Data de batismo: 23-02-1800
Padrinhos: (Não indicados)
Testemunhas: Pe. Joze Barata e Joze Gonçalves, de São Vicente
Sacerdote: O Vigário Francisco Marques Goulaõ
Observação: Já fora batizada em casa, por estar em perigo de vida

5.
Nome: Maria
Naturalidade: Tripeiro
Pais: Manoel Ramos, do Tripeiro, e Maria Martins, das Rochas de Sima
Avós paternos: Manoel Rodrigues Diabinho e Izabel Francisca, ambos do Tripeiro
Avós maternos: Domingos Martins, de Ribeira Deiras, e Inocencia Leitoa, do Engarnal
Data de nascimento: 18-02-1800
Data de batismo: 24-02-1800
Padrinhos: Joaquim Rodrigues e sua mulher Brites Leitoa, ambos do monte do Mourelo
Testemunhas: O tesoureiro da Igreja Pe. Joze Barata e Joze Gonçalves
Sacerdote: O Cura Domingos Joze Marques Goulaõ

6.
Nome: Anna
Naturalidade: São Vicente da Beira
Pais: Domingos Vas Rapozo, de São Vicente, e Ignes Maria do Soveral do Campo
Avós paternos: Manoel Vas Rapozo e Maria Vas Rofina, ambos de São Vicente
Avós maternos: Joze de Oliveira, de São Vicente, e Francisca Gonçalves, do Sobral do Campo
Data de nascimento: 23-02-1800
Data de batismo: 01-03-1800
Padrinhos: Joaõ Paulo, solteiro, e sua irmã Anna Doroa, filhos de Maria Antunes Doroa e Manoel Henriques, todos de São Vicente
Testemunhas: Pe. Joze Barata e Joze Gonçalves
Sacerdote: O Cura Domingos Joze Marques Goulaõ Esteves

7.
Nome: Maria
Naturalidade: Mourelo
Pais: Manoel Leitaõ e Maria Nunes, ambos do Casal do Mourelo
Avós paternos: Mathias Leitaõ, do Mourelo, e Izabel Jorge, de Martim Branco
Avós maternos: Joaõ Alves, do Mourelo, e Maria Nunes, de Martim Branco Cimeiro
Data de nascimento: 21-02-1800
Data de batismo: 02-02-1800
Padrinhos: Mathias Joze Henriques e Maria, sua filha, solteira, ambos de São Vicente
Testemunhas: Pe. Joze Barata e Joze Gonçalves, ambos de São Vicente
Sacerdote: O Cura Domingos Joze Marques Goulaõ Esteves

8.
Nome: João
Naturalidade: São Vicente da Beira
Pais: Manoel Tavares, de São Romão, bispado de Coimbra, e Maria Leitoa, de São Vicente (segundo matrimónio por parte do pai e primeiro pela mãe)
Avós paternos: Manoel Tavares e Maria Mança, ambos de Sazes, da freguesia de Valezim, bispado de Coimbra
Avós maternos: Julio Mendes e Ignes Leitoa, ambos de São Vicente
Data de nascimento: 04-03-1800
Data de batismo: 10-03-1800
Padrinhos: Manoel Rodrigues da Conceição, solteiro (tocou por ele o Pe. Joaquim Marques), e Izabel Ansonia (tocou por ela João Antonio Roballo)
Testemunhas: Manoel Barata e o Pe. Joze Antonio
Sacerdote: O Cura Domingos Joze Marques Goulaõ Esteves

9.
Nome: Francisco
Naturalidade: S. Vicente da Beira
Pais: Joze Pedro e Joanna Rita do Couto, ambos de São Vicente
Avós paternos: Joze Rodrigues Marques e Izabel Matheus, ambos de São Vicente
Avós maternos: Joaõ do Couto, natural da Roda, freguesia de S. Julião de Mangualde, bispado de Viseu, e Maria Roza, de São Vicente
Data de nascimento: 13-04-1800
Data de batismo: 20-04-1800
Padrinhos: Francisco, solteiro, filho do Joze Rodrigues Marques (o avô paterno)
Testemunhas: Joaõ Antonio Rolaõ e Joze Gonçalves, ambos de São Vicente
Sacerdote: O Cura Domingos Joze Marques Goulaõ Esteves

10.
Nome: Joaquim
Naturalidade: Mourelo
Pais: Joaõ Rodrigues Frances, do Mourelo, e Izabel rodrigues, dos Pereiros
Avós paternos: Manoel Rodrigues Frances, do Violeiro, e Custodia Gonçalves, do Mourelo
Avós maternos: Antonio Rodrigues, dos Pereiros, e Tereza Rodrigues, do Vale de Figueiras
Data de nascimento: 08-04-1800
Data de batismo: 20-04-1800
Padrinhos: Manoel Alexandre e Maria, solteira, filha do Manoel Alexandre da Partida
Testemunhas: Joaõ Antonio Rolaõ e Joze Gonçalves, ambos de São Vicente
Sacerdote: O Cura Domingos Joze Marques Goulaõ Esteves

11.
Nome: Joaquim
Naturalidade: S. Vicente da Beira
Pais: Caetano Duarte, de Tinalhas, e Maria da Ressurreição, da Póvoa de Rio de Moinhos
Avós paternos: Antonio Duarte Ramalho e Maria Duarte, de Tinalhas
Avós maternos: Pedro Simoens, da Póvoa, e Domingas Gonçalves, de Tinalhas
Data de nascimento: 23-04-1800
Data de batismo: 02-05-1800
Padrinhos: O Vigário Francisco Marques Goulaõ e Joana Barata (em seu nome tocou o Pe. Domingos Marques, com procuração)
Testemunhas: Pe. Joze Barata e Joze Gonçalves, ambos de São Vicente
Sacerdote: O Cura Domingos Joze Marques Goulaõ Esteves

      12.
Nome: Manoel
Naturalidade: Violeiro
Pais: Joaõ Lopes, da Enxabarda, e Maria Antunes, do Violeiro
Avós paternos: Joaõ Lopes, do Souto da Ruiva, freguesia de Pomares, bispado de Coimbra, e Izabel Maria, da Enxabarda
Avós maternos: Joze Pires, do Violeiro, e Inocencia Maria, de Almaceda
Data de nascimento: 28-04-1800
Data de batismo: 04-05-1800
Padrinhos: Manoel Martins, do Castelejo, e Inocencia Pires, solteira, filha de Joze Pires (o avô materno)
Testemunhas: Pe. Joze Barata e Joze Gonçalves, ambos de São Vicente
Sacerdote: O Vigário Francisco Marques Goulaõ

13.
Nome: Joanna
Naturalidade: S. Vicente da Beira
Pais: Joam Joze Dias de Oliveira e Maria Joanna Duarte Ratta, ambos de São Vicente
Avós paternos: Domingos Joze Dias e Maria dos Santos, ambos de São Vicente
Avós maternos: António Mendes, do Casal do Pisco, e Domingas Gonçalves Ratta, de Tinalhas
Data de nascimento: 23-04-1800
Data de batismo: 06-05-1800
Padrinhos: Domingos Joze Dias e sua neta Maria Joana, solteira, ambos de São Vicente
Testemunhas: Joam Barata de Gouvea e o Pe. Joze Barata
Sacerdote: O Vigário Francisco Marques Goulam

14.
Nome: Joaõ
Naturalidade: S. Vicente da Beira
Pais: Antonio Joze da Conceição, de Pedrógão Grande, e Joana Faustina, de São Vicente
Avós paternos: Manoel Fernandes e Maria Tereza, ambos de Pedrógão Grande
Avós maternos: Joze Leitaõ, das Rochas de Baixo, e Ignes Faustina de São Vicente
Data de nascimento: 12-06-1800
Data de batismo: 22-06-1800
Padrinhos: Joaõ Antonio e Maria Rita, ambos de São Vicente
Testemunhas: Joze Barata e Joze Gonçalves, ambos de São Vicente
Sacerdote: O Cura Domingos Joze Marques Goulaõ Esteves

15.
Nome: Jozefa
Naturalidade: Tripeiro
Pais: Manoel Lourenço, do Tripeiro, e Escolastica Maria, do Sobral do Campo
Avós paternos: Manoel Lourenço e Izabel Francisca, ambos do Tripeiro
Avós maternos: Simaõ Ferandes, do Tripeiro, e Simoa Pires, do Sobral do Campo
Data de nascimento: 12-06-1800
Data de batismo: 22-06-1800
Padrinhos: (não indicados)
Testemunhas: Joze Gonçalves e Joze Barata, ambos de São Vicente
Sacerdote: O Cura Domingos Joze Marques Goulaõ Esteves
Observação: Já batizada em casa, por Faustino Lourenço do Tripeiro, por necessidade

16.
Nome: Leonor
Naturalidade: S. Vicente da Beira
Pais: Antonio Ribeiro, de São Vicente, e Anna Maria, de Monsanto
Avós paternos: Joze Mendes da Cunha, de Belmonte, e Maria Nunes, de São Vicente
Avós maternos: Sebastiaõ Lopes Capote, de Idanha-a-Nova, e Maria Joaquina, do Fundão
Data de nascimento: 21-06-1800
Data de batismo: 02-07-1800
Padrinhos: Sebastiaõ Lopes, seu avô materno, e Antonia Maria, casada com Antonio Carlos, moradores no Fundão
Testemunhas: O Capitão Joaõ Barata de Gouvea e o Pe. Joze Barata
Sacerdote: O Cura Domingos Joze Marques Goulaõ Esteves

17.
Nome: Maria
Naturalidade: S. Vicente da Beira
Pais: Miguel Leitaõ, de Penamacor, e Izabel Maria, de São Vicente
Avós paternos: Joze Leitaõ, de São Vicente, e Izabel Carrasca, de Penamacor
Avós maternos: Manoel Fernandes, do Castelejo, e Izabel Maria, de São Vicente
Data de nascimento: 30-07-1800
Data de batismo: 06-08-1800
Padrinhos: Joaõ Antonio Roballo, solteiro, e Izabel Antonia Ayres da Visitaçaõ, solteira, ambos de São Vicente
Testemunhas: Pe. Joze Barata e Antonio Joze, sapateiro
Sacerdote: O Vigário Francisco Marques Goulam

18.
Nome: Jozefa
Naturalidade: Pereiros
Pais: Manoel de Andrade, do Louriçal, e Maria Jozefa, dos Pereiros
Avós paternos: Domingos de Andrade e Domingas Antunes, ambos do Louriçal
Avós maternos: Joze Alves, do Orvalho, e Jozefa Figueira, dos Pereiros
Data de nascimento: 12-08-1800
Data de batismo: 17-08-1800
Padrinhos: Manoel Alves, solteiro, e Francisca, solteira e sua irmã, ambos dos Pereiros
Testemunhas: Pe. Joze Barata e Joze Gonçalves, ambos de São Vicente
Sacerdote: O Cura Domingos Joze Marques Goulaõ Esteves

19.
Nome: Joze
Naturalidade: Pereiros
Pais: Manoel Joze, da Partida, e Antonia Maria, da Enxabarda
Avós paternos: Joze Martins, do Castelejo, e Maria Lopes, dos Pereiros
Avós maternos: Manoel Martins, de São João de Reboreda, arcebispado de Braga, e Tereza da Conceiçaõ, da Enxabarda
Data de nascimento: 11-08-1800
Data de batismo: 19-08-1800
Padrinhos: Joze Marins e Maria, solteira e sua filha, ambos dos Pereiros
Testemunhas: Pe. Joze Barata e Joze Gonçalves, ambos de São Vicente
Sacerdote: O Cura Domingos Joze Marques Goulaõ Esteves

20.
Nome: Roza
Naturalidade: Paradanta
Pais: Domingos Rodrigues, da Paradanta, e Custodia Maria, do Freixial dos Potes, termo do Fundão (pertence atualmente à freguesia do Telhado)
Avós paternos: Pais incógnitos
Avós maternos: Joaõ Alves, do Carrascal, termo de Envendos, e Margarida Marques, das Mouriscas, termo de Abrantes
Data de nascimento: 25-08-1800
Data de batismo: 31-08-1800
Padrinhos: Manoel Leitaõ e Roza Maria, sua mulher, ambos da Paradanta
Testemunhas: Pe. Joze Barata e Joze Gonçalves, ambos de São Vicente
Sacerdote: O Vigário Francisco Marques Goulam

21.
Nome: Maria (filha natural)
Naturalidade: S. Vicente da Beira
Pais: Pai incógnito e mãe Izabel Duarte, solteira, de São Vicente
Avós paternos: Incógnitos
Avós maternos: Remualdo de Proença, de São Vicente, e Maria Duarte, de Tinalhas
Data de nascimento: 06-09-1800
Data de batismo: 14-09-1800
Padrinhos: Pe. Francisco de Mesquita
Testemunhas: Joze Gonçalves e o Pe. Joze Barata
Sacerdote: O Vigário Francisco Marques Goulam

22.
Nome: Domingos
Naturalidade: S. Vicente da Beira
Pais: Vicente Henriques, de São Vicente, e Antonia Maria, da Partida
Avós paternos: Manoel Henriques e Maria Antunes Doroa, ambos de São Vicente
Avós maternos: Antonio Henriques, do Engarnal, e Ignes Gonçalves, da Partida
Data de nascimento: 14-09-1800
Data de batismo: 21-09-1800
Padrinhos: Domingos Vas Rapozo e sua mulher Ignes Maria de Oliveira (tocou com procuração sua Joaõ de Oliveira, solteiro) todos de São Vicente
Testemunhas: Pe. Joze Barata e Joze Gonçalves, ambos de São Vicente
Sacerdote: O Cura Domingos Joze Marques Goulaõ Esteves

23.
Nome: Rozaura
Naturalidade: Mourelo
Pais: Patrico Joze, natural da Aldeia Fundeira, freguesia de Campelo, termo de Miranda do Corvo, bispado de Coimbra, e Maria Rodrigues, do Mourelo
Avós paternos: Antonio Joze, natural de Coimbra, exposto na roda desta cidade, e Maria Simoens, da dita Aldeia Fundeira
Avós maternos: Manoel Rodrigues Frances, do Violeiro, e Custodia Gonçalves, do Mourelo
Data de nascimento: 20-09-1800
Data de batismo: 28-09-1800
Padrinhos: Eleuterio Freire e sua filha Maria, ambos dos Pereiros
Testemunhas: Pe. Joze Barata e Joze Gonçalves, ambos de São Vicente
Sacerdote: O Vigário Francisco Marques Goulam

24.
Nome: Anna
Naturalidade: S. Vicente da Beira
Pais: Joze Caetano, de São Vicente, e Anna Rita, da Póvoa do Mileu, freguesia da Sé, da cidade da Guarda
Avós paternos: Joaõ Joze, do Fundão, e Maria Lourença, de Castelo Novo
Avós maternos: Andre Francisco e Rita Maria, ambos da dita Póvoa do Mileu
Data de nascimento: 13-10-1800
Data de batismo: 20-10-1800
Padrinhos: Pe. Caetano Joze dos Santos e Benedita Maria (tocou com procuração o seu filho Joaõ Antonio Robalo)
Testemunhas: Pe. Joze Barata e Manoel Henriques da Conceiçaõ
Sacerdote: O Cura Domingos Joze Marques Goulaõ Esteves

25.
Nome: Domingos
Naturalidade: Partida
Pais: Manoel Martins, da Partida, e Maria Anna, dos Pereiros
Avós paternos: Simaõ Martins, da Partida, e Maria Leitoa, do Louriçal
Avós maternos: Tadeu Figueira e Anna Maria, dos Pereiros
Data de nascimento: 16-10-1800
Data de batismo: 23-10-1800
Padrinhos: O Vigário Francisco Marques Goulam e sua sobrinha Dona Leonor Angelica de Andrade, solteira, de São Vicente
Testemunhas: Pe. Joze Barata, de São Vicente, e Teodoro Dias, da Partida
Sacerdote: O Cura Domingos Joze Marques Goulaõ Esteves

26.
Nome: Joaquim
Naturalidade: S. Vicente da Beira
Pais: Domingos Lourenço, de São Vicente, e Thereza de Oliveira, do Souto da Casa
Avós paternos: Domingos Lourenço, da Soalheira, e Roza Maria, de São Vicente
Avós maternos: Pedro Martins Ferreira, do Alcaide, e Felicia de Oliveira, do Souto da Casa
Data de nascimento: 22-10-1800
Data de batismo: 01-11-1800
Padrinhos: Joaquim Joze de Brito Coelho de Faria, de São Vicente
Testemunhas: Pe. Joze Barata e Francisco Gonçalves, ambos de São Vicente
Sacerdote: O Vigário Francisco Marques Goulam

27.
Nome: Antonia
Naturalidade: S. Vicente da Beira
Pais: Manoel Marques e Anna dos Santos, de São Vicente
Avós paternos: Joze Rodrigues e Antonia Marques, de São Vicente
Avós maternos: Teodozio Duarte, da Atalaia, termo de Castelo Novo, e Maria das Candeas, de São Vicente
Data de nascimento: 18-11-1800
Data de batismo: 26-11-1800
Padrinhos: Antonio de Oliveira e sua mulher Roza Maria, de São Vicente
Testemunhas: Pe. Joze Barata, tesoureiro da Igreja, e Joaõ Vas Ramos, ambos de São Vicente
Sacerdote: O Cura Domingos Joze Marques Goulaõ Esteves

28.
Nome: Anna e Joaquina
Naturalidade: S. Vicente da Beira
Pais: Antonio Nunes, de São Vicente, e Maria Joana, dos Pereiros
Avós paternos: Bernardo Nunes, de São Vicente, e Tereza Martins, do Orvalho, termo do Fundão
Avós maternos: Manoel Gonçalves e Joana Leitoa, dos Pereiros
Data de nascimento: 07-12-1800
Data de batismo: 15-12-1800
Padrinhos: Pe. Joaquim Marques e sua irmã Joaquina Marques, solteira (tocou por ela o Pe. Francisco Joze de Mesquita)
Testemunhas: Joaõ Antonio e Joze Gonçalves, ambos d e São Vicente
Sacerdote: O Cura Domingos Joze Marques Goulaõ Esteves

29.
Nome: Joze
Naturalidade: Vale de Figueiras
Pais: Manoel Lourenço, da Enxabarda, freguesia do Castelejo, e Jozefa Maria, do Vale de Figueiras
Avós paternos: Manoel Lourenço, do Tripeiro, e Maria Gomes, da Enxabarda
Avós maternos: Manoel da Costa, de Alqueve(concelho de Arganil), bispado de Coimbra, e Rita Maria, do Vale de Figueiras
Data de nascimento: 15-12-1800
Data de batismo: 21-12-1800
Padrinhos: Francisco Martins e sua mulher Maria Nunes, do Vale de Figueiras
Testemunhas: Pe. Tesoureiro Joze Barata e Joze Gonçalves
Sacerdote: O Vigário Francisco Marques Goulam

30.
Nome: Francisco
Naturalidade: Não indicado (talvez Tripeiro)
Pais: Francisco Joze, do Casal do Lopio, (Barbaído), freguesia do Freixial, e Maria Sebastiana, de Almaceda (1.º matrimónio por parte do pai e 2.º por parte da mãe)
Avós paternos: Joze Lourenço, do Casal do Lopio, e Maria Nunes, do Padrão
Avós maternos: João Rodrigues, da Foz Giraldo, freguesia do Orvalho, e Maria Mendes, de Almaceda
Data de nascimento: 22-12-1800
Data de batismo: 28-12-1800
Padrinhos: Paulo Pires, solteiro, do Casal do Lopio, e Maria Freire, solteira, do Tripeiro
Testemunhas: Pe. Tesoureiro Joze Barata e Joze Gonçalves
Sacerdote: O Vigário Francisco Marques Goulam

31.
Nome: Maria
Naturalidade: S. Vicente da Beira
Pais: Joze Duarte e Ignes Maria, de São Vicente
Avós paternos: Joze Duarte Galecho e Pulqueira Maria, de São Vicente
Avós maternos: Pai incógnito e Ignes Leitoa, de São Vicente
Data de nascimento: 22-12-1800
Data de batismo: 31-12-1800
Padrinhos: João do Couto e sua mulher Maria do Carmo, de São Vicente
Testemunhas: Pe. Joze Barata e Joze Gonçalves

Sacerdote: O Cura Domingos Joze Marques Goulaõ Esteves

José Teodoro Prata

Nota: Esta listagem foi completada (os três últimos registos), no dia 19 de setembro

terça-feira, 10 de setembro de 2013

E fez-se noite

Eu era um seminarista adolescente que levava a vida religiosa a sério. Aliás, em pequeno, sonhara que era bispo, vestido com vestes muito coloridas, numa missa no lameiro da Barroca, onde tínhamos a mina de água para beber. O leirão cheio de pessoas vestidas com roupas vistosas e as paredes cobertas de panos coloridos. Predominavam as cores claras: branco, amarelo, rosas, laranjas… O altar era no alto de uma das paredes, como se fosse um palco. Deve ter havido crisma em São Vicente e eu reproduzi no sonho a festa que vira na Igreja.
No secundário, fomos a Fátima e eu achei o santuário desmesuradamente grande e impessoal. E um colega perguntou como seria quando a azinheira secasse. Comecei a questionar-me sobre o meu futuro, se era aquilo que eu queria. A coisa piorou quando tentei racionalizar tudo. Ora a religião pertence ao domínio da fé, da crença, não da razão. Alguém afirmou, anotei-o por aqueles tempos, que submeter Deus à razão é matá-lo dentro de nós próprios.
No 2.º ciclo, tivera um professor da Covilhã com uma empregada vicentina. Brincava com os alunos de São Vicente, éramos vários, dizendo que nunca iria com ela aos figos. Pudera, ela era mais alta que ele! Afirmava que nós estudávamos na melhor escola que havia. Era de facto uma excelente escola. Entre muitas coisas boas, havia a tradição do teatro e no 7.º ano (atual 12.º) corremos as povoações dos arredores do Tortosendo com a peça de teatro “O Lugre”, de Bernardo Santareno. O dinheiro que arranjámos serviu para organizar uma viagem de finalistas.
Éramos doze e fomos num carro e numa carrinha. Em Lisboa, ficámos em Benfica, na residência do Verbo Divino, por cima dos Móveis Baía. Numa noite, fui com dois amigos encontrar-me com as minhas irmãs. No regresso, encontrámos o padre prefeito desanimado, pois os outros colegas tinham ido todos ver “A Grande Farra”, um filme com pessoas nuas a comer até vomitar e morrer, o retrato de uma sociedade decadente. Caramba: os nossos colegas não nos tinham dito nada! Era uma porcaria, mas o grande filme do momento. Como resistir-lhe? Impróprio para seminaristas, pensava o nosso prefeito.
Continuámos a viagem, pelo Alentejo, mas já com o ambiente estragado. De regresso à nossa casa do Tortosendo, adivinhava-se borrasca e ela chegou: três alunos expulsos, dos nove que tinham ido ver o filme. Depois, de três passou a um: o nosso conterrâneo Francisco Barroso.
Passei-me, com a discriminação. Na reunião que tivemos com o prefeito, para justificar a saída do Chico, aquilo já não me dizia nada e só pensava nas videiras que o meu pai tinha para enxofrar. Sim, estávamos em Maio e só faltava um mês para os exames finais no Liceu da Covilhã. Marcaram ao Chico o dia de abalada e eu comecei a avisar os professores para não contarem comigo na preparação para aos exames.
Foi numa sexta-feira e viemos os dois, primeiro de comboio até ao Fundão e depois na camioneta da carreira do Pião. Na Paragem, toca de carregar com as malas, a abarrotar com o enxoval de cada um, as roupas pessoais e da cama, incluindo uma manta de fitas. Ao alto da rua Nicolau Veloso, o Ernesto Hipólito veio à porta da mercearia e pôs-se a rir como que viu: dois ex-colegas do seminário vergados com as malas às costas um mês antes do ano letivo acabar. Continuámos a subida, deixei o Chico no Cimo de Vila e segui quelha acima para a Tapada.
A minha mãe veio à porta do balcão quando eu já o estava a subir e ficou triste, ela que tinha esperança de ver o seu filho padre. Anos depois, explicou-me que naquele momento foi como se tivesse feito de noite. E eram só cinco e meia de uma tarde luminosa de primavera.

José Teodoro Prata

domingo, 8 de setembro de 2013

Boletim agrícola



As chuvas de março e abril arruinaram as produções da Primavera/Verão, mas garantiram boas produções de finais de Verão e de Outono.
Há muitos de figos, uvas, maçãs...
 Após 4 meses totalmente secos, nos últimos dias choveu três vezes na Gardunha, por isso a produção de azeitona está garantida (se não ocorrerem contratempos). Os nabos e as couves para o Natal verdejam de contentes.
José Teodoro Prata