sábado, 16 de fevereiro de 2013

O nosso falar: acompanhar

Mandara lavrar a terra, no Ribeiro D. Bento, e hoje andei a acompanhar. Peguei tarde e larguei cedo, mas venho todo partido, cansado como uma raposa. Acompanhar é cavar. E, como se costuma dizer, cavar só à frente da polícia.
 Acompanhar é cavar, em volta das árvores, o pedacinho que fica por lavrar junto aos troncos. Diz-se acompanhar, porque o cavador acompanhava a lavra. Normalmente, no final do dia, estava tudo feito (lavra e cava) e por vezes até semeado.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Património religioso

José Teodoro Prata Nas Jornadas do Património, realizadas em S. Vicente da Beira, a 11 de novembro de 2012, esteve presente um técnico multimédia que filmou e depois colocou na internet. Este é um dos vídeos. Não está completo e faltam-lhe legendas de identificação e de localização, mas é bonito! O logotipo é das Aldeias Históricas de Portugal, a associação que promoveu as nossas jornadas.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

À nossa ribeira

A .   dos Santos

RIBEIRA DA MINHA TERRA

Ah! Ribeira de São Vicente,
Como te percorri o ventre,
Púbere,
Serrano,
Da nascente.
Era eu ainda uma criança!

Como te calcorreei as fráguas,
Da montanha escarpada,
Úbere,
De onde brotas todo o ano,
Na Senhora da Orada.
Era ainda a vida uma esperança!

Como sei dos sobressaltos,
Das tuas águas,
Que descem,
Por entre as rochas, ali,
No teu leito,
Beijando os salgueiros altos,  
Que crescem,
Nas orlas da tua amurada,
Debruçados sobre ti,
A espreitar-te o peito.
                                                                        
Quando te ouço e vejo,
                        Bruxuleando, reluzente,
Num saltitar de sonoridade,
A caminho do longínquo Tejo,
Como quem te contempla à distância,
À luz do sol poente,
De carmim,
Invejo-te a juventude e a idade,
Porque renasces incessantemente,
E és sempre nova.

Ao passo que, a mim,
Já se me foi a infância,      
E a vida não se me renova.

Brinquei no teu seio,
Descalço, calça arregaçada,
Na intimidade da tua frescura,
P’lo meio dos feixes
De juncos,
Procurando em ti, de uma assentada,
Inexoravelmente,
Entre os espinhos das silvas, como facas,
A tua ternura,
E os teus peixes,
Ambos escondidos, secretamente,
No secretismo das tuas lapas.

Carregado de candura,
Despreocupada, imensa,
Andei, na minha meninice,  
A apanhar-te as borboletas e as libelinhas,
Que ziguezagueavam, entre as tuas flores,
E verdura,
Asinhas,
Que vi, como se ainda agora as visse,
Em recortes de luz intensa,
De mil cores.

E também os gafanhotos, que punha, como isco,
No anzol de alfinete dobrado,
Atado na ponta da linha de coser branca,
Que, arisco,
Surripiava do açafate de costura de minha mãe.

Artimanha desusada,
(Que ninguém,
Com juízo, atamanca),
Procurando pescar-te o fruto prateado,
Nessa armadilha caseira, improvisada,

Ingeri-te o corpo e a alma,
Nas tuas correntes puras,
Bebendo-te, sôfrego,
Em dias de grande calma.

Feri nas arestas das tuas pedras duras,
A pele nua.

Por isso,
Parte da tua água, é também o meu sangue.
Sobre uma laje tua,
Cheia de limo e musgo, escorregadia,
Que a sombra de alguma figueira,
Às vezes já com um laivo outoniço,
Plantada na tua fímbria,
Protegia,
Me deitava, cansado de andar, exangue,
E adormecia.

Como vi e ouvi as bravas mulheres da Vila,
A vida cheia de fé, 
A lavar a roupa nos açudes das tuas claras águas,  
Que a areia térrea da tua profundeza filtrava,
A cantar, para sufocar as mágoas,
Ou para embalar,
O seu menino dentro da trouxa,
Na relva, ali ao pé.

E estendê-la, a corar,
Na erva, sempre verde, da tua margem,
Onde a água não chegava.

E ainda distingo, na memória,
As pequenas figuras,
Como quando de longe as avistava,
Na refração da luz,
Violeta de ametista,
A diluírem-se nas lonjuras,
Como num quadro, uma paisagem,
De um pintor impressionista.

Como me regalava, no verão,
Banhando-me na forte torrente, 
Das tuas cachoeiras refrescantes,
Em completa comunhão,
Contigo!

Ricos instantes,
Que guardo num registo antigo,
Quase da idade,
Do meu coração.
  
Como eu te amo, Ribeira de S. Vicente!
Mas dessa afetividade,
Desse amor,
Apenas me dei conta recentemente.
Amava-te sem saber,
Como quem possui um objeto e não lhe dá valor.

Mas, agora, vou amar-te,
Incondicionalmente,
Até morrer.

E tu, atraindo outros universos,
De outras gerações,
De vicentinos,
Como um feitiço,
Inspirando outros versos,
Outras canções,
Prosseguirás bela, impassivelmente,
Decerto, marcando os seus destinos,
Como musa, já se vê, não como enguiço, 
Até sempre, perenemente.

Amar-te,
Incondicionalmente,
Sim,
Até morrer.

Mas, eu morro,
E tu, Ribeira, 

Ah! Tu continuarás a correr!

sábado, 9 de fevereiro de 2013

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Parabéns avó


Margarida Gramunha

Vejo-a através da porta, sentada em frente à janela a costurar na sua máquina muito antiga, enquanto conversa com a minha mãe. Fazia belas almofadas e pegas de restos de tecidos. Tenho-as aqui em casa a uso, pois foram religiosamente guardadas no meu enxoval.
Ouço as pancadas do cabo da vassoura a decretar a alvorada, ainda de noite, quando os trabalhos agrícolas assim o exigiam. Ao chegarmos à cozinha, terrivelmente ensonados e maldizendo a nossa sorte, já o pequeno-almoço esperava por nós e dele fazia sempre parte o delicioso pão amassado por tão sábias mãos.
Durante alguns anos, ainda nos acompanhava à serra, onde orientava os trabalhos e cozia tabuleiros de bolos e de pão de trigo. Quando já não nos acompanhava, prometia-nos um soldo a fim de que não esmorecêssemos sob a dureza do sol escaldante na apanha da batata e na vindima ou sob o rigoroso inverno, aquando da campanha da azeitona.
Tive o privilégio de assistir à matança do porco e à forma frenética como andava de um lado para o outro a trabalhar sem parar. Recordo os enchidos pendurados na cozinha e o chá de orégãos que bebíamos à lareira para combater a tosse.
As suas batatas cortadas grosseiramente e fritas em azeite, os seus ovos estrelados numa frigideira de ferro muito pequenina e o seu molho de tomate bem doce eram divinais.
Assim como as filhoses, as bicas, os borrachos e os esquecidos feitos pelas suas mãos.
A máquina está parada no quarto há pelo menos uma década e há já muitos anos que não consegue cozinhar como dantes. Mas o seu saber está já salvaguardado na minha mãe e no meu tio.
A minha avó Maria dos Anjos Alves completa 90 anos, no dia 9 de Fevereiro. É uma idade muito bonita e ainda mais para alguém que diz que está quase a morrer há tantos anos. Embora já quase não se consiga deslocar, o que faz com que não saia de casa, está muito lúcida e muito viva.
Ela tem tantas histórias para contar, sabe orações tão longas que parecem mantras e foi com ela que aprendi a bicha coca, o santo António e a Margarida vai à fonte.
Com todos os seus defeitos e virtudes, ela é maravilhosa.
Deus a conserve cá mais algum tempo para que eu possa recolher mais alguma da sua sabedoria e memória.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

A Preta

Francisco Barroso

O ser humano pertence a uma espécie prodigiosa, disso não tenham dúvidas. A capacidade do seu cérebro para criar associações de ideias e guardar memórias não se compara, nem de perto nem de longe, com a de qualquer outra espécie à face da terra.

Vem a isto propósito de um dia destes andar a dar uma vista de olhos neste nosso blog, que o Zé Teodoro tem a bondade de manter e de reler o poema Gardunha, de um tal A. dos Santos, que me leva sempre a pensar no Tó Mosca. Isto, talvez por saber que o irmão Zé Manel, é um fazedor de versos de que alto lá com ele. Versos esses que ainda não decidiu partilhar connosco, neste blog, por exemplo, o que é de todo lamentável.

Ele que me perdoe a revelação, (eu sei disto, porque ele é meu primo por afinidade) mas acho que nós, que tanto tempo passamos a cortar na casaca uns dos outros, devíamos inverter a tendência e dizer antes aquilo que as pessoas têm de bom, de realçar os seus talentos (aqui para nós, que ninguém nos ouve: estou apenas a candidatar-me a escrever os sermões do Pe. Manel, não acham?).

O certo é que nesse poema se fala:.. da preta, a burra, presa pele trela…e este simples trecho trouxe-me logo à ideia, a Preta, a burra fantástica do meu avô Bernardo, que eu conheci em criança. Aliás, era mesmo fantástica, porque forte como uma mula, elegante como uma égua e muito mansa.

E como é que aparece uma burra assim? É isso que vamos ver. Há mais de 60 anos, havia uma família cigana no Cimo de Vila, que morava numa casa que está hoje em ruínas, que era a casa do Tonho Russo e portanto vizinhos do meu avô Bernardo.

Num Inverno particularmente agreste, a vida não estaria a correr muito bem ao Chico Cigano que, com a casa cheia de filhos a chiar de fome, lá se encheu de coragem e foi ao meu avô pedir um conto de réis para relançar o negócio. Que lhe pagaria pelo S. Miguel. A minha avó Santa, a entesar os olhos ao marido, para não ir na cantiga, mas o meu avô, que era um homem mais de coração do que de razão, lá empresta o dinheiro ao Chico Cigano, pensando que pior que perder o dinheiro seria ouvir os responsos da mulher.

Acontece que, chegado o S. Miguel, o Chico bate à porta do meu avô, devolve o dinheiro e diz-lhe: Ti Bernardo, para lhe agradecer o favor, vou arranjar-lhe uma burrinha como o senhor nunca viu. E o certo é que, algum tempo depois, a formidável burra aparece. Selecionada por um especialista de burros (como qualquer cigano da altura), com critérios mais rigorosos do que os utilizados na inspecção, aquando da guerra no Ultramar, a Preta tornou-se a burra mais prestigiada do cimo de Vila. O Zé e o Tó Passaraço que me desmintam, se não é verdade.

E a gratidão da família cigana não ficou por aqui. No Natal seguinte, a mulher do Chico bate à porta da minha avó e diz-lhe: vizinha, tenho aqui um presentinho para si. E dito isto, entrega-lhe uma filhó do tamanho da caldeira, onde as fritava, que era a única maneira de ela as saber fazer.

Recordo. Devia ter os meus seis ou sete anos, quem é que aparece lá na Vila para passar uns dias com os avós? Um primo meu e do Zé Barroso: o Bernardo, filho do “Ti 25” que morava em Azeitão. Sei que passámos os três um dia de fim de Verão abrasador debaixo duma figueira de lisboa branca (pingo mel) lá na serra e ao pardejar, quando o calor começava a ceder, o meu avô aparelhou a Preta e com o Zé Barroso à frente, a comandar as operações, por ser o mais velho, o Bernardo ao meio e eu atrás, começámos a nossa aventura de viajar até à Vila, pela Cascalheira, que sempre era um caminho melhor.

A técnica, por causa do forte declive, era inclinarmo-nos todos para trás. Só relaxámos quando chegámos aos Aldeões onde o caminho é mais plano. Lá vínhamos nós felizes, como só as crianças o sabem ser, eis se não quando, a Preta, que na altura já não era nada nova, tropeça numa pedra e ajoelha subitamente ali ao pé dos Canavéis do Pe. Tomás.

O meu primo Zé, apanhado desprevenido, voa-lhe por cima da cabeça e o Bernardo e eu, sem o seu apoio, voámos logo atrás dele. Tirando umas esfoladelas, nada de grave. O resto do caminho a pé. Que já estávamos perto. Fomos jantar à Ti Rosa, que já estava em consultas com a demora.

Agora vejam como tudo isto começou. Com um poema de alguém que nem sei quem é, que refere uma burra preta e, só por isso, me fez reviver esta história que aqui partilhei convosco.

O nosso cérebro é fantástico. É ou não é?

Janeiro de 2013.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A propósito da pneumónica

Recebi um comentário à publicação "A pneumónica de 1918", o qual, pela sua extensão e diversidade de conteúdos, fica melhor aqui.

Ontem, já tarde, numa visita ao “dos enxidros”deparei-me com a publicação do estudo “ Medicina na Beira Interior, da Pré-história ao Século XXI” na revista Cadernos de Cultura nº XXI, no qual participaste, em colaboração com o teu filho, com a investigação sobre a gripe pneumónica em S. Vicente da Beira.
Entre outras informações interessantes/inquietantes, houve três que me despertaram mais a atenção por poderem reportar-nos para fenómenos atuais que confirmam a característica cíclica da História (infelizmente com predomínio dos maus momentos). 
A primeira foi a tabela da página 78, relativa ao número de internamentos no Hospital da Misericórdia, entre 1917 e 1919, sendo que a gripe pneumónica ocorreu em 1918. De acordo com os dados da referida tabela, o número de internamentos diminuiu ao longo desses anos, o que, segundo constatam, aconteceu não porque as pessoas tivessem deixado de necessitar deles, mas porque o preço dos cuidados hospitalares prestados aumentou, mesmo para as pessoas mais pobres (que na nossa terra devia ser a maior parte da população). Creio que podemos estabelecer um paralelismo com o que está a acontecer atualmente em Portugal. De facto, numa altura em que a população está mais envelhecida, necessitando de cuidados médicos mais frequentes e especializados, e a maior parte das pessoas perdeu poder de compra ou perdeu mesmo o emprego, vemo-nos confrontados com alterações no SNS que vêm dificultar cada vez mais o acesso aos cuidados básicos de saúde: aumento das taxas moderadoras, fim de algumas isenções, extinção de serviços de saúde de proximidade, diminuição do número de camas para internamento, etc. A continuar assim, esta situação pode significar um retrocesso significativo na qualidade de vida de todos os portugueses.
O segundo dado, que merece ser salientado e que decorre ainda da explicação que fazem da tabela dos doentes internados, é o facto de se registarem poucos internamentos de bebés e crianças até aos nove anos. Este facto só pode ser explicado pelas razões que referem: um fraco desenvolvimento da psicologia infantil e razões de ordem demográfica como a elevada taxa de natalidade e simultaneamente um alto índice de mortalidade infantil. Estes fenómenos motivavam um fraco investimento afectivo e na prestação de outros cuidados por parte das famílias relativamente aos seus filhos menores.
Os avanços que se têm vindo a verificar na medicina permitiram alterações muito significativas nos cuidados de saúde prestados às crianças desde muito cedo: o incremento dos cuidados pré, neo e pós-natais; o desenvolvimento de exames de diagnóstico precoce das mais variadas patologias; a descoberta e implementação de planos de vacinação para as doenças que mais contribuíam para mortalidade infantil, etc. O desenvolvimento de métodos contracetivos facilitou às famílias ter apenas os filhos que desejam ou podem ter. Os avanços na área da psicologia permitiram saber como se processa o desenvolvimento infantil e o que fazer para o potenciar.
Paradoxalmente, num tempo em que pareciam estar reunidas as condições ideais para o nascimento e desenvolvimento de crianças felizes e saudáveis, as famílias deixaram de ter condições económicas para ter os filhos que desejam. Este fenómeno está a criar desequilíbrios demográficos consideráveis e poderá ter consequências inimagináveis num futuro próximo.
Finalmente, no estudo Medicina e Republicanismo na Beira Interior, publicado na mesma revista, chamou-me a atenção o quadro da página 85 que analisa os dados sobre o analfabetismo em Portugal. Como podemos ver, é já grande a discrepância entre os números relativos à média nacional e os da média do distrito de Castelo Branco (75.13 e 84.42). A diferença acentua-se ainda mais quando comparamos o distrito de Castelo Branco e os distritos de Lisboa e Setúbal cuja média é de 59.65. Estes dados, não sendo uma novidade, reportam-nos mais uma vez para o problema da interioridade, muito acentuado na altura, mas que continua a existir, apesar das promessas dos sucessivos governos e demais responsáveis, para o atenuar.
É verdade que se verificaram muitas melhorias em termos sócio económicos e culturais em muitas regiões do interior do país, nomeadamente no nosso distrito. Penso que Castelo Branco foi mesmo considerada uma das cidades portuguesas com melhor qualidade de vida para os seus habitantes. Contudo, mais uma vez, penso que não podemos ter estes dados como adquiridos já que, de um momento para o outro, tudo pode mudar. De facto, a notícia do encerramento de todas as salas de cinema do distrito constitui um retrocesso enorme no conceito que hoje temos do que é a boa qualidade de vida de uma cidade ou região.
Ontem à tarde desloquei-me a Castelo Branco para ver o filme Django Libertado que, nas minhas contas, estaria em fim de exibição no Fórum. Quase entrei em estado de choque quando, ao comprar os bilhetes, fui informada de que todas as salas do grupo Castelo Lopes do distrito iam fechar a partir desse dia. Não consigo imaginar como é que uma cidade pode viver sem cinema, muito menos um distrito inteiro. Agora para vermos um filme temos que ir até à Guarda ou talvez Abrantes ou Portalegre (caso os cinemas dessas cidades não tenham encerrado também…). Claro que isso muito dificilmente deverá acontecer pelos custos em combustível, portagens e tempo perdido. Resta-nos ver alguns filmes, já requentados, na televisão, mas nunca será a mesma coisa.
O motivo para esta tomada de decisão, dizem, foi a falta de espetadores. De facto, na maior parte das sessões a que assisti, não estariam na sala mais de uma dúzia de pessoas. Em algumas estávamos apenas duas. Bem sei que não é animador, mas não é com medidas como esta que se melhora a situação. Pela minha parte, sinto-me mais pobre e muito indignada, mas ainda tenho esperança de que encontrem uma solução que concilie os interesses económicos das empresas e a necessidade/direito das pessoas no acesso à cultura. 
M. L. Ferreira

P.S. A propósito do filme, acho que é imperdível (para quem ainda tenha possibilidade de o ver) pelo argumento, interpretação, banda sonora, fotografia e por nos transportar muitas vezes para outros filmes que marcaram a adolescência e juventude de muitos de nós. Outra coisa não era de esperar de Quentin Tarantino!