José Teodoro Prata
Enxidros era a antiga designação do espaço baldio da encosta da Gardunha acima da vila de São Vicente da Beira. A viver aqui ou lá longe, todos continuamos presos a este chão pelo cordão umbilical. Dos Enxidros é um espaço de divulgação das coisas da nossa freguesia. Visitem-nos e enviem a vossa colaboração para dosenxidrosgardunha@gmail.com
domingo, 27 de maio de 2018
sábado, 26 de maio de 2018
Avé Cheia de Pureza
O Senhor está contigo
Nosso sol, nossa beleza
Bendita és Tu Orada Senhora
Entre as mulheres, Tua gentileza.
Do Teu ventre nascerá um amigo
Que se chamará
Jesus.
Santa Maria; santa
Mãe do Criador
Tua presença encanta
Mãe do nosso Redentor
Por nós pedi ao Senhor
Maria, mãe imaculada
Senhora da Orada
Reconheço que sou pecador
Afasta de mim a tentação, a dor
Sempre; até à morte
Ámen.
Zé
da Villa
sexta-feira, 25 de maio de 2018
quarta-feira, 23 de maio de 2018
Lugares que merecem um desvio
A
propósito do Festival “Fora do Lugar” dizia há tempos um dos seus organizadores
que a Idanha é o lugar mais bonito do mundo. Certamente exagero de quem é
apaixonado pela sua terra, mas é verdade que por aquelas bandas podemos
encontrar paisagens e recantos surpreendentes. É o caso de São Pedro de Vir a
Corça.
Passei
lá perto algumas vezes a caminho de Monsanto ou Penha Garcia e, sempre que via
a placa com o nome, achava que havia de ser um lugar bonito, mas tardei em
arriscar o desvio. Quando finalmente me decidi, fiquei surpreendida com a
beleza e a mística daquele sítio; pelo santuário, mas sobretudo pela força da
natureza e a atmosfera que o envolve.
Agora,
sempre que calha, vou até lá. Tenho pena de ainda não ter conseguido visitar o
interior da capela, mas continuo a achar que merece o desvio.
Sobre
o nome do lugar, há uma lenda que diz que se deve ao facto de um anacoreta que
lá viveu há muito tempo ter dado proteção a um menino, deixado pelo diabo, e o
alimentava com o leite de uma corça que por ali passava, de propósito, várias
vezes durante o dia (a lenda é interessante e está na internet, assim como
outra informação sobre o lugar, mas nada como ir…).
M.
L. Ferreira
domingo, 20 de maio de 2018
Museus a céu aberto
A
propósito das últimas publicações e respetivos comentários, lembrei-me de
Figueira, uma aldeia velhinha a dois ou três quilómetros da Sobreira Formosa.
Quando
a descobri, já lá vão uns anos, ainda avistávamos gente à conversa na rua ou a
tratar das pequenas hortas nos quintais, à roda das casas; as galinhas, nas
capoeiras, agitavam-se à passagem de estranhos; ouviam-se os chocalhos das
cabras a pastar ali por perto e outras a balir na corte, por baixo das casas,
que vinham cumprimentar-nos; o ar cheirava a pão acabado de cozer. Não havia
café ou taberna, mas a água fresca da fonte matava a sede de quem passava.
Quando
lá voltei, uns anos depois, já se via menos gente pela rua; a capoeira, logo à
entrada, já não tinha galinhas, e as hortas tinham ficado mais pequenas. Paradoxalmente,
uma das casas do largo principal estava em obras; disseram que era para um
restaurante.
Voltei
lá há tempos e o processo de desertificação é ainda mais evidente: os moradores
contam-se agora pelos dedos das duas mãos, quase todos já muito idosos, a viver
sozinhos, ansiando pelo dia da visita dos filhos, que vivem longe; muitas casas
com os telhados abagados e as paredes esbarrondadas; os campos, à roda, sem
gente para os tratar. Senti que Figueira se transformara num museu a céu
aberto, sem gente, mas revelando-nos bastante do que foi a vida dos seus
habitantes ao longo do tempo.
Construída
de forma a ficar fechada sobre o seu próprio interior, a aldeia tinha um
sistema de portas que a protegia durante a noite. As cancelas simples,
construídas em madeira, tinham como principal objetivo evitar a entrada de
lobos. Estas portas protegiam tanto a população como os animais que viviam sob
as casas. (Retirado da tabuleta)
Ruas
estreitas, labirínticas, com casas de xisto e balcões de acesso ao piso de
cima, que servia de habitação. O vão deixado pelas escadas e outros recantos
junto às casas eram aproveitados para capoeiras. Durante o dia as galinhas
andavam à solta, bicando pelas ruas de terra, mas à noite todos os animais eram
recolhidos para evitar ataques de raposas e lobos. (Retirado da tabuletas)
O
forno comunitário é o centro da aldeia e continua em utilização. Chegou a ser
aquecido para cozer pão uma dezena de vezes num único dia, obrigando a um
sistema de marcação que se mantém visível. Cada família tinha uma peça em
madeira e metal, com as suas iniciais, com a qual era marcada a ordem em que
iria utilizar o forno. Esse sistema de marcação é ainda visível na trave de madeira
com 33 furos que se encontra suspensa na parede. (Retirado da tabuleta)
As
casas tinham dois pisos: o de baixo servia de curral ou de furda; o de cima era
para habitação ou servia de palheiro.
Métodos
muito rudimentares utilizados nas portas dos currais, quer nos batentes, quer
nas fechaduras (tranca, neste caso, mas também há cravelhas(?)).
E
o restaurante lá está. Chama-se Ti Augusta e deve o nome à antiga proprietária
da casa, uma pessoa das mais bem remediadas da terra. Tinha também um coração
grande: ninguém que lhe batesse à porta abalava com fome ou de mãos a abanar.
Lá dentro sentimo-nos a recuar no tempo, pelas paredes de xisto, as sonaves à
vista, os nichos nas paredes ou o ranger do soalho. Para além do afogado da
boda, dos maranhos e do plangaio, tudo acompanhado de muitos legumes, também
serve o cabrito ou borrego no forno.
Como
museu, vale a pena a visita. Fica a pouco mais de uma hora de viagem e,
felizmente, o fogo andou lá perto, mas foi atalhado a tempo.
M.
L. Ferreira
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