domingo, 27 de maio de 2018

sábado, 26 de maio de 2018

Avé Cheia de Pureza


O Senhor está contigo
Nosso sol, nossa beleza
Bendita és Tu Orada Senhora
Entre as mulheres, Tua gentileza.
Do Teu ventre nascerá um amigo
Que se chamará
Jesus.

Santa Maria; santa
Mãe do Criador
Tua presença encanta
Mãe do nosso Redentor
Por nós pedi ao Senhor
Maria, mãe imaculada
Senhora da Orada
Reconheço que sou pecador
Afasta de mim a tentação, a dor
Sempre; até à morte
Ámen.

Zé da Villa

sexta-feira, 25 de maio de 2018

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Lugares que merecem um desvio


A propósito do Festival “Fora do Lugar” dizia há tempos um dos seus organizadores que a Idanha é o lugar mais bonito do mundo. Certamente exagero de quem é apaixonado pela sua terra, mas é verdade que por aquelas bandas podemos encontrar paisagens e recantos surpreendentes. É o caso de São Pedro de Vir a Corça.

 
Passei lá perto algumas vezes a caminho de Monsanto ou Penha Garcia e, sempre que via a placa com o nome, achava que havia de ser um lugar bonito, mas tardei em arriscar o desvio. Quando finalmente me decidi, fiquei surpreendida com a beleza e a mística daquele sítio; pelo santuário, mas sobretudo pela força da natureza e a atmosfera que o envolve.
  
 
Agora, sempre que calha, vou até lá. Tenho pena de ainda não ter conseguido visitar o interior da capela, mas continuo a achar que merece o desvio.

Sobre o nome do lugar, há uma lenda que diz que se deve ao facto de um anacoreta que lá viveu há muito tempo ter dado proteção a um menino, deixado pelo diabo, e o alimentava com o leite de uma corça que por ali passava, de propósito, várias vezes durante o dia (a lenda é interessante e está na internet, assim como outra informação sobre o lugar, mas nada como ir…).

M. L. Ferreira

domingo, 20 de maio de 2018

Museus a céu aberto

A propósito das últimas publicações e respetivos comentários, lembrei-me de Figueira, uma aldeia velhinha a dois ou três quilómetros da Sobreira Formosa.
Quando a descobri, já lá vão uns anos, ainda avistávamos gente à conversa na rua ou a tratar das pequenas hortas nos quintais, à roda das casas; as galinhas, nas capoeiras, agitavam-se à passagem de estranhos; ouviam-se os chocalhos das cabras a pastar ali por perto e outras a balir na corte, por baixo das casas, que vinham cumprimentar-nos; o ar cheirava a pão acabado de cozer. Não havia café ou taberna, mas a água fresca da fonte matava a sede de quem passava.
Quando lá voltei, uns anos depois, já se via menos gente pela rua; a capoeira, logo à entrada, já não tinha galinhas, e as hortas tinham ficado mais pequenas. Paradoxalmente, uma das casas do largo principal estava em obras; disseram que era para um restaurante.
Voltei lá há tempos e o processo de desertificação é ainda mais evidente: os moradores contam-se agora pelos dedos das duas mãos, quase todos já muito idosos, a viver sozinhos, ansiando pelo dia da visita dos filhos, que vivem longe; muitas casas com os telhados abagados e as paredes esbarrondadas; os campos, à roda, sem gente para os tratar. Senti que Figueira se transformara num museu a céu aberto, sem gente, mas revelando-nos bastante do que foi a vida dos seus habitantes ao longo do tempo.


Construída de forma a ficar fechada sobre o seu próprio interior, a aldeia tinha um sistema de portas que a protegia durante a noite. As cancelas simples, construídas em madeira, tinham como principal objetivo evitar a entrada de lobos. Estas portas protegiam tanto a população como os animais que viviam sob as casas. (Retirado da tabuleta)

Ruas estreitas, labirínticas, com casas de xisto e balcões de acesso ao piso de cima, que servia de habitação. O vão deixado pelas escadas e outros recantos junto às casas eram aproveitados para capoeiras. Durante o dia as galinhas andavam à solta, bicando pelas ruas de terra, mas à noite todos os animais eram recolhidos para evitar ataques de raposas e lobos. (Retirado da tabuletas)


O forno comunitário é o centro da aldeia e continua em utilização. Chegou a ser aquecido para cozer pão uma dezena de vezes num único dia, obrigando a um sistema de marcação que se mantém visível. Cada família tinha uma peça em madeira e metal, com as suas iniciais, com a qual era marcada a ordem em que iria utilizar o forno. Esse sistema de marcação é ainda visível na trave de madeira com 33 furos que se encontra suspensa na parede. (Retirado da tabuleta)

 
As casas tinham dois pisos: o de baixo servia de curral ou de furda; o de cima era para habitação ou servia de palheiro.

Métodos muito rudimentares utilizados nas portas dos currais, quer nos batentes, quer nas fechaduras (tranca, neste caso, mas também há cravelhas(?)).

E o restaurante lá está. Chama-se Ti Augusta e deve o nome à antiga proprietária da casa, uma pessoa das mais bem remediadas da terra. Tinha também um coração grande: ninguém que lhe batesse à porta abalava com fome ou de mãos a abanar. Lá dentro sentimo-nos a recuar no tempo, pelas paredes de xisto, as sonaves à vista, os nichos nas paredes ou o ranger do soalho. Para além do afogado da boda, dos maranhos e do plangaio, tudo acompanhado de muitos legumes, também serve o cabrito ou borrego no forno.
Como museu, vale a pena a visita. Fica a pouco mais de uma hora de viagem e, felizmente, o fogo andou lá perto, mas foi atalhado a tempo.

M. L. Ferreira