sábado, 14 de maio de 2011

A fonte de 1854

Chamava-se apenas fonte. Só em meados do século XX terá ganho o nome de Fonte Velha, para a distinguir das fontes de Santo António e de São João de Brito, entretanto edificadas na esquina da Rua Velha com a Rua de São Francisco e na Praça, respetivamente.
A Fonte Velha não foi construída no local onde se encontra, mas sim a norte do atual chafariz, imediatamente a seguir à esquina do muro da quinta da Casa Cunha.
Ficou abaixo do nível do chão, pois descia-se para ela, por dois degraus.
Albertino Moreira nasceu em 1920 e ainda se lembra da fonte naquele local. Depois, cerca de 1930, foi trasladada para onde se encontra.
Conta o Sr. Albertino Moreira que, nessa altura, havia uma outra fonte a sul do chafariz, chamada fonte Nossa Senhora de Fátima. Depois foi demolida.


A nossa Fonte Velha foi, pois, construída, no ano de 1854.
À sessão de Câmara de 6 de Agosto, compareceram «...varios moradores desta Villa requerendo a Camara que achando se quasi seca a fonte publica desta Villa requeriaõ a Camara providencias sobre um tao grande mal. A Camara tomando na devida concederaçaõ o exposto deliberou se passassem Editais para a arremataçaõ da dita obra para o dia treze do corrente vista a necessidade que a Povoaçaõ esta sofrendo pela falta de Agoas.»
(Arquivo Distrital de Castelo Branco, Câmara Municipal de São Vicente da Beira, Actas, Maço 5, Livro 1850-1859)

A obra foi arrematada a Antonio Joze de Báu, por 112$000 réis, sendo seu fiador Antonio Lopes Rondao, ambos de São Vicente da Beira. A fonte devia ter «...seo frontespicio e dois canos e chafaris...»
Segue-se o respetivo Auto de Arrematação. Clicar na imagem, para conseguir ler.
(Arquivo Distrital de Castelo Branco, Câmara Municipal de São Vicente da Beira, Termos de Arrematação, Maço 10, Livro 1848-1855)

Um comentário:

Jaime da Gama disse...

António Joze do Vau nasceu num lugar da freguesia de Vilar de Mouros a 9 de novembro de 1817, filho de António Joze do Vau e de Maria Lourença das Neves ambos de Vilar dos Mouros, casou em São Vicente com Antónia Marques Ferreira.
Profissão Pedreiro, o irmão Manoel Sercundisso do Vau que nasceu a 17 de junho de 1820 em Vilar de Mouros também casou em São Vicente com Pulcheria Mesquita.
O sobrenome deste dois senhores mudou para Báu, devido à pronuncia (troca do V por B).
Terá então sido arrematado esta obra já no Reinado de D. Pedro V, mas só em 1855 foi Aclamado Rei, casou por procuração com D. Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen, faleceu jovem logo a seguir com apenas 24 anos, em 11 de novembro de 1861, que segundo parecer dos médicos, devido à febre tifóide (enquanto o povo suspeitava de envenenamento e por isso viria a amotinar-se). A sua morte provocou uma enorme tristeza em todos os quadrantes da sociedade. Não tendo filhos, foi sucedido pelo irmão, o infante D. Luís, que habitava então no sul de França.