sábado, 7 de junho de 2014

Hoje talvez troveje!

A Lenda da Santa Bárbara


Diz-se que há muitos anos, numa terra muito longe, havia um homem muito rico com tinha uma filha que era a menina dos seus olhos. Chamava-se Bárbara e era linda como as rosas e dona de um bom coração. O pai sonhava com um futuro bonito para ela, porque, para além da riqueza em terras e palácios, à medida que a rapariga ia crescendo, ia aumentando também a sua formosura e bondade.
Quando chegou à idade de casar, apareceram pretendentes à mão de Bárbara, vindos de todas as bandas, mas ela negava-se a noivar com qualquer deles. O pai andava preocupado e desgostoso, porque estava a ficar velho e não queria morrer sem ver a filha casada. Prometia-lhe jóias, vestidos e toda a sorte de outras prendas, mas nada a fazia mudar de ideias. Até que um dia, ferido com tantas desfeitas da filha, lhe disse que, se ela não se resolvesse a casar, a metia dentro duma torre e a deixava lá até que a morte a levasse. Nem isso valeu de nada. Muito zangado, ordenou que construíssem a torre o mais depressa possível e mandou lá fechar Bárbara, a pão e água.  
Passados uns tempos, mandou trazê-la à sua presença e perguntou-lhe se já estava resolvida a escolher um noivo. Ela respondeu-lhe que não e disse que se tinha convertido à fé cristã, pela graça da Santíssima Trindade.
Furioso, o homem mandou degolar a filha e que a arrastassem pelas ruas da cidade. Quando a multidão, exaltada, apedrejava o corpo despido de Bárbara, veio uma tempestade tão grande, com relâmpagos e trovões tão fortes, que matou o pai da rapariga e fez desabar a torre até à última pedra.
Toda a gente acreditou que tinha sido um milagre e, a partir daí, Bárbara foi considerada santa e ficou a ser a protetora contra as trovoadas.
Ainda hoje se reza:
Santa Bárbara, Bendita
Que no céu está escrita
Com raminhos de água benta,
Livrai-nos desta tormenta.
Espalhai-a lá para bem longe
Onde não haja eira nem beira,
Nem raminho de oliveira,
Nem raminho de figueira,
Nem mulheres com meninos,
Nem ovelhas com borreguinhos,
Nem pedrinhas de sal,
Nem nada a que faça mal.
Amém!
 M. L. Ferreira

Mais uma oração, da resposta da Libânia ao comentário do Ernesto:

Uma das pessoas a quem perguntei se sabia a oração, ensinou-me esta que também acho interessante:

Santa Barba, S. Jerolme,
Que lá estais no céu escritos
Com raminhos de água benta,
Livrai-nos de tal tormenta.
Magnífica! Magnífica!
Engrandecido seja o Senhor!
Valha-nos o Bom Jesus
E a Flor donde nasceu.
E a hóstia consagrada
Onde Jesus Cristo morreu.
Amém!

M. L. Ferreira

2 comentários:

Ernesto Hipólito disse...

Libânia.
Quando se chega à minha idade pensa-se que mais nada nos pode surpreender ou emocionar.
A minha avó Maria do Carmo, quando eu era pequenino ensinou-me além da tua lenda, as primeiras quatro estrofes destes versos. Não conhecia a oração toda.
Ainda hoje, quando a trovoada está "iminente" me vêm à cabeça estes versos.
Não fazes ideia de quão maravilhoso é para mim, hoje ter descoberto que esta prece era tão completa e tão bonita.
Bem-hajas cachopa.

E.H

Anônimo disse...

Pelos vistos, com a idade, ficamos todos um pouco de coração mole…
Lembro-me de ouvir esta oração à minha mãe desde sempre. Quando sentia o aproximar de uma trovoada, entrava em pânico; fechava tudo e agarrava-se a nós a rezar. Estas coisas deixam marcas! Ainda por cima como é que me podia esquecer duma oração que fala de mães com meninos e ovelhas com borreguinhos?
Mas, pelos vistos, pouca gente a conhece. Eu também já não me recordava dela toda. Encontrei-a no Google introduzindo as partes de que me lembrava. Tive sorte!
Mas uma das pessoas a quem perguntei se sabia a oração, ensinou-me esta que também acho interessante:

Santa Barba, S. Jerolme,
Que lá estais no céu escritos
Com raminhos de água benta,
Livrai-nos de tal tormenta.
Magnífica! Magnífica!
Engrandecido seja o Senhor!
Valha-nos o Bom Jesus
E a Flor donde nasceu.
E a hóstia consagrada
Onde Jesus Cristo morreu.
Amém!

M. L. Ferreira