domingo, 3 de abril de 2016

Ribeira de São Vicente

Na serra Guardiã tem a nascente
A Orada por companhia
Rio beira da nossa alegria
Banhas a vila de São Vicente

São fecundos teus nateiros
Terras ricas, criadoras
Onde se fazem as lavouras
Boa erva nos lameiros

És o nosso rio amado
Rio beira maravilhosa
De inverno, vais caudalosa
No verão, sequiosa
Teu leito é apertado

Eram tantos os lagares
Que tinhas nas tuas margens
Hoje não passam de miragens
Restam apenas os lugares

Moinhos, açudes, onde nadavam
Os jovens de São Vicente
As mulheres a roupa lavavam
Saudades! Certamente

Tuas águas saltitando
De pedrinha em pedrinha
Outro rio vão encontrar
Nele vais desaguar
Maior caudal, outra vidinha
O Tejo já se avizinha

Sempre, sempre a caminhar
Chegas à grande cidade
Mas continuas a ter saudade
Da vila que deixaste ficar

Eis que chegaste finalmente
Ao grande oceano, ao mar
Grandes paquetes a navegar
Carregadinhos de gente

Navegam para longes terras
Mar salgado, mar português…
Tenho saudades de vocês
Saudades das nossas serras


Zé da Villa

Um comentário:

Anônimo disse...

Tinha feito um comentário para o post anterior, mas perdi-o na página dos comentários deste blog. Só para dizer que, nisto do meio ambiente, há muita hipocrisia dos governos. É um tema muito amplo, mas muito fácil de identificar. Difícil é criar consensos à sua volta, tantos são os interesses envolvidos! Basicamente, a questão prende-se com a materialidade dos dias de hoje. Mais que nunca, valem todas as agressões do capitalismo selvagem, apenas com o intuito do lucros dos seus detentores. Como se sabe a “pegada (dantes, escrevia-se pègada) humana” é difícil de apagar. Mas a evolução não pode ser a qualquer preço. E o avanço científico tem sempre o lado bom e o lado mau, como as duas faces da mesma moeda. As descobertas a nível da energia nuclear, por exemplo, servem a Medicina, mas também servem para o fabrico de centrais de energia atómica e de bombas de destruição maciça. E a preservação do ambiente começa nos pequenos gestos.
Quanto a este post é caso para dizer que a nossa ribeira tem merecido a atenção dos nossos poetas. Está nas nossas canções tradicionais e já é, pelo menos, o segundo poema que aqui se publica sobre o tema (veja-se um post de 10 de fevereiro de 2013 de A. dos Santos).
Abraços.
ZB