terça-feira, 12 de abril de 2016

Obras em São Vicente

Como membro da Assembleia de Freguesia de São Vicente da Beira, sinto o dever cívico (embora não sei se devesse) de informar e esclarecer alguns pontos sobre as obras em São Vicente, que têm causado tanta polémica, principalmente para quem está longe, pois os que estão perto continuam a não comparecer nas reuniões de Assembleia, para assim ficarem mais esclarecidos, preferindo comentar na rua, cafés ou redes sociais.
Ontem, dia 8 de abril, teve lugar uma Assembleia de Freguesia, na qual foi explicado o projeto da demolição da casa do Coronel, que também está afixado na vitrine da Junta. Além dos elementos da Assembleia, estavam presentes 5 pessoas no público, uma das quais da Partida.
No lugar das casas a demolir, vai ser construída uma praça, onde a Misericórdia vai ter bastante visibilidade, de um lado, dois bancos, do outro, um banco comprido, duas árvores e um arco formado com as pedras das portadas da casa. A varanda também vai ser aproveitada.
Ora, acontece que têm chegado à Câmara Municipal várias cartas de vicentinos a manifestarem-se contra a demolição das casas, muitas das quais sem conhecimento da Junta, que já foi questionada pela Câmara se as obras são mesmo para avançar, por haver tanta gente contra, apesar da Assembleia ser toda a favor.
A Junta não tem verbas nem funcionários para fazer obras, (neste momento tem apenas um, que acumula as funções de motorista, coveiro, limpeza, entre outras), não se pode contratar mais ninguém e quem está no desemprego não quer arrancar ervas ou varrer ruas. As obras têm de ser feitas pela Câmara, mediante projetos da mesma ou apresentados por associações, que é o que tem acontecido nalgumas anexas.
Com este movimento de contestação, corre-se o risco de não se fazer obra e qualquer dia a casa começar a cair (está abaulada, com fendas e telhas a cair), pondo em risco a vida das pessoas que por ali passam. Também está prevista a demolição do barracão do Quintalinho e o reboco e pintura da casa paroquial. Já temos muitas casas a cair em São Vicente e é preciso evoluir!
Quanto ao abate de árvores na estrada, também tive muita pena e fiquei chocada quando vi cortarem-nas. Acontece que a maioria estava deteriorada por dentro, uma já tinha caído em cima de um carro, noutra cabia lá uma pessoa dentro. Em dias de tempestade, eram assustadoras e só por acaso não se magoou ninguém. A Câmara contactou uma empresa para cortá-las, o que ficou bastante dispendioso, e optaram por cortar as que estavam em risco agora e nos próximos anos, pois não voltariam cá tão depressa. As árvores foram substituídas por outras iguais e daqui a alguns anos já estarão grandes outra vez.
Há muita falta de união e de diálogo em São Vicente e, falo por mim, antes de falarmos, devemos tentar saber o porquê, falando com o Presidente da Junta ou indo às reuniões da Assembleia e não ganhamos nada em estarmos de costas voltadas uns para os outros.

Maria da Luz Teodoro

6 comentários:

José Teodoro Prata disse...

1. É preciosa esta informação da Maria da Luz.
2. Era bom que todos fossemos à reunião da Assembleia de Freguesia, mas a nossa participação cívica pode assumir outras formas, como aconteceu no caso da casa do Coronel. Sempre haverá críticas construtivas, destrutivas ou nem tanto. É assim a democracia, que tem a sua força precisamente no equilíbrio destas fragilidades.
3. Sinto que o projeto foi melhorado e isso é bom. Que não se tenha feito o que eu desejava... Sei que passou o tempo das vacas gordas. Não tenho ilusões e por isso fiquei contente com o projeto para o espaço em frente à Igreja Matriz e com as notícias sobre os arranjos no Quintalinho.

Anônimo disse...

Já vamos ao projeto para a casa do Coronel. Mas primeiro queria dizer que estas informações da Luzita são extremamente importantes. Especialmente, para quem está fora da Vila. Algumas vezes aqui falei sobre o facto de o blog poder ter alguém que faça uma espécie de "crónica das breves", com uma certa regularidade temporal. Ou seja, sobre os acontecimentos quotidianos da comunidade vicentina e da freguesia. Incluindo, pois claro, os falecimentos das pessoas. E, porque não, os nascimentos, coisa rara nos dias de hoje em S. Vicente. E muitas outras pequenas notícias. Às vezes, só sei dos óbitos em S. Vicente pelo jornal Reconquista!
Quanto à casa do Coronel, não mandei nenhuma carta para a Câmara. Por acaso. E concordo quando a autora do texto quando diz que há uma grande dificuldade de diálogo entre nós.
Podiam aqui digladiar-se tantas razões a favor como contra o projeto. Tendo, porém, em conta que a sua demolição altera as características de uma rua (diria, viela) com uma configuração estreita e de cariz medieval, sou, em princípio, contra, como já aqui disse noutro momento. O facto de se alargar a praça ao fundo da Igreja, não é fundamento suficiente para se destruir a casa. Repare-se que ela foi construída talvez nos anos 30/40 (?), ao lado está uma outra casa de 1685 (?) e a própria Misericórdia é de 1643, mas mantiveram sempre o aspeto medieval do lugar. Hoje, com certeza que todos estarão arrependidos de terem arrancado a calçada antiga do burgo medieval, bem como de terem deixado mexer de forma desenquadrada nas casas típicas (como, por exem., a da ti´ Madalena no largo ao cimo da rua da Costa). A calçada nova só deveria ter sido autorizada nos locais de terra batida e nas novas ruas... É a minha opinião.
Ora, visto que corro o risco de ser acusado de apenas criticar sem apresentar alternativa, acrescento o óbvio (e digo-o apenas para aqueles que, eventualmente, possam não o saber): existe legislação (embora eu não a conheça em pormenor), sobre esta questão. Isto é, se uma casa está em ruínas e representa um risco para as pessoas, intima-se o dono a reparar o potencial perigo. Caso ele não o faça, a autarquia intervém, faz a reparação e apresenta-lhe a conta. Se ele não a saldar, a casa é adquirida a favor da autarquia, por contrapartida à despesa ou é vendida para a pagar. Se a casa já for do domínio publico (como parece ser esta), a autarquia intervém por maioria de razão. Para a preservar ou para a destruir.
Chegados aqui e, partindo do princípio que a Assembleia de Freguesia representa o Povo, pese embora discordemos, temos que nos submeter à decisão da maioria se ela for livre e conscientemente tomada.
Quanto ao resto, no Quintalinho, estou de acordo.
E...já agora ainda digo isto: pelo que diz a Luzita, fiquei com a sensação que as autarquias estão com dificuldades económicas... O que me deixa atónito! Às vezes não sei mesmo em que país é que vivo! Mas, então, para onde vão os 80 contos (!) (400 euros) anuais que eu pago de IMI só de uma casa (embora não no concelho de Castelo Branco)?!
Abraços.
ZB




M.Luz Teodoro disse...

Realmente deixou-se passar o tempo das "vacas gordas" e eu lanço aqui a questão: O que foi feito nesse tempo para recuperar esta casa?
Há 25 anos, quando me casei fui morar para a casa ao lado e já nessa altura a casa estava a degradar-se. O que foi feito desde aí e nos mandatos anteriores? Só agora, quando se falou em demolir comecei a ouvir falar no assunto. A assembleia votou a favor do projeto porque a alternativa era deixá-la cair. No estado em que está a Câmara não a iria demolir e construir de novo.
Quanto às verbas, não sei o valor exato, mas sei que a Junta recebe uma quantia pequena para manutenção e as obras têm de ser realizadas pela Câmara, mediante pedidos das juntas ou projetos apresentados por associações.
Quanto aos funcionários, a Junta já quis contratar o Miguel que andou a trabalhar para a junta pelo desemprego e a Câmara não deixou, só se a junta suportasse o seu vencimento.
Para onde vai o dinheiro não sei, mas aqui também pagamos os nossos impostos e o IMI, que, no meu caso, triplicou em 2 anos.
M.Luz Teodoro

Anônimo disse...

Quando soube da ordem de trabalhos da reunião da última Assembleia de Freguesia jurei que era desta que também ia. Mas depois não pude e pedi ao Luís para ir por mim. Fiquei um pouco animada com o que ele de lá trouxe, confirmado agora pela Maria da Luz, principalmente pelas obras na Casa Paroquial e demolição do barracão do Quintalinho.
Quanto à casa do Coronel, olho para ela com alguma nostalgia sempre que por lá passo, imaginando que poderá ser a última vez que a vejo (sempre lá esteve, desde que sou gente e é-me difícil imaginar aquele lugar e a nossa terra sem ela), mas, na situação em que está, e principalmente pela quantidade de casas que, na Vila, se encontram no mesmo estado, seria muito difícil adivinhar outro fim que não a demolição.
O raiz deste problema, à semelhança do que se passa um pouco por todo o lado, é, a meu ver, o termos deixado cair o que ainda podia ser recuperado e começarmos a construir coisas novas. Na nossa terra começou-se pelo Quintalinho, depois o prédio da Estrada Nova que é outra tristeza, para não dizer vergonha, depois ainda a Devesa (não sei se a ordem é esta…). Bem sei que as exigências que hoje todos temos em termos da habitação não se compadecem com certos valores, mas então temos que assumir que queremos ter uma casa de cinco assoalhadas quando só temos um ou dois filhos; preferimos viver sossegados, longe do centro, em vez de rodeados por vizinhos, etc.
A propósito disto tudo, estou a lembrar-me da situação das duas casas ao cimo da rua Manuel Lopes, compradas pelo Júlio e pela Graça. Se não se conseguir chegar a uma solução que concilie os vários interesses, se calhar não tarda a estarem também no chão…

M. L. Ferreira

Anônimo disse...

A casa do coronel tem os dias contados é verdade; durante alguns anos funcionou ali a sede do Grupo 170 dos Escoteiros Vicentinos, quando uma telha se partia ou saia do seu lugar havia o cuidado de a substituir ou recolocá-la
Os mais velhos lembram-se certamente como era a casa do Zé canhoto, até tinha um balcão, foi demolida e voltou a ser reconstruida" em tijolo" seria medieval. Quanto à casa em questão, falem com a senhora Lurdes Barroso que tem quase cem anos. Quando nasceu já a casa era assim.
Ainda voltando à sua reconstrução para que conste, quando pensámos em construir uma sede para os escoteiros a primeira casa que me veio à memória foi precisamente a casa do coronel.
Transformá-la em sede do Grupo. Sabem o que me disseram as autoridades : Ó senhor Zé, a casa é vossa!?
Se a igreja tivesse cedido a casa ao Grupo a sede não estaria onde está.
Nada é eterno. O leite saiu do fervedor porque o "guardador" estava no lugar errado.Ó Fernando deixaste fugir o leite! "Só se fugiu pela janela, pela porta não fugia porque lhe dava com o pau"...
É a vida.
J.M.S

Anônimo disse...

Esta do ZB não saber que as autarquias estão descapitalizadas é fantástica, quando é publico e notório que o país está como está...e que a produtividade nem dá para pagar os juros da divida publica e das PPP.
Achei magnifica a ideia da M. Luz Teodoro vir aqui dar noticias aos ausentes. Os meus agradecimentos.
Praticamente já quase tudo foi dito, mas acrescento que o dinheiro não é tudo, porque nos tempos em que o país nadava em dinheiro, pouco se fez relativamente ao património. Em S. Vicente, felizmente, até pode ser um caso positivo. A minha Praça está uma beleza e Calvário e o Pelourinho foram intervencionados...o Calvário estava numa lástima. Além do dinheiro é preciso gosto pela coisa, organização e planeamento que não temos. A união das pessoas é fundamental.
Há uns anos estive a vender jogo com uma turista que tinha dado volta ao país que me disse, o que nunca mais esqueci: Portugal um país tão bonito e com um património riquíssimo, mas depois de o visitar tinha ficado desolada, pela degradação em que se encontram a maioria das igrejas e conventos. Tinha ficado impressionada com a degradação da igreja do Cabo Espichel, tão perto da capital e num sitio tão belo. A sensação mais forte era de decadência. Isto no tempo das vacas gordas.
Se quiserem compreender os portugueses leiam o Eça e com essa me vou
FB