domingo, 5 de março de 2017

O carnaval antigamente

Tradições de carnaval, recolhidas pelos alunos do 2.º ano da E.B.I. de São Vicente da Beira

«No entrudo come-se tudo» dizia-se antigamente, isto porque era preciso comer muito e estar bem gordo para dançar, brincar, puxar as carroças, hoje carros alegóricos, para tocar música, levar os cabeçudos e outras tantas coisas. É que neste ambiente festivo que precede a quaresma tudo era permitido, até se dizia «É carnaval, ninguém leva a mal».                  
Zaza Kivi Gonçalves.   

O Carnaval de antigamente era diferente de hoje em dia.
 Na terra da minha mãe (Aboboreira, concelho de Mação), como todas as famílias tinham burros, na véspera de Carnaval trocavam os burros das pessoas.
Havia pessoas que se davam mal. No dia seguinte tinham que se falar para voltar a ter o seu burro.
Era uma grande partida de Carnaval.
Também nessa noite levavam todas carroças para o largo principal da aldeia.
No dia seguinte as pessoas viam que não tinham as suas carroças no palheiro e iam buscá-las ao largo da aldeia de Aboboreira.
No dia de Carnaval as pessoas vestiam roupas velhas, colocavam máscaras e andavam pelas ruas da aldeia a jogar ao Carnaval.
Era assim que as pessoas comemoravam o Carnaval.
Pedro Carvalho

Casal da Fraga
O Carnaval de antigamente era bem diferente, as meninas não dançavam com pouca roupa como no Brasil. As pessoas mascaravam-se e pregavam-se partidas umas às outras.
Queimavam-se também os entrudos. Muitas vezes os homens vestiam-se de mulheres e as mulheres de homens.
Mário Silva

Ninho do Açor
Antigamente, no carnaval, faziam a contradança que era um pau com fitas. As pessoas agarravam as fitas e dançavam.
As pessoas mascaravam-se muito bem para ninguém as conhecer. Vestiam-se com roupas velhas e uma meia na cara. Faziam bailes e vinham bombos a tocar. Juntavam-se grupos de pessoas que iam cantar e bater à porta das pessoas e recebiam doces e alimentos.
Também jogavam ao jogo do lenço e pregavam partidas umas às outras, com farinha e água.
Eva Amaral

Sobral do Campo
Na quarta-feira antes do domingo gordo, os rapazes faziam as comadres. Quando algum rapaz gostava de uma rapariga, tirava à faca. Significava que tinha que pagar dinheiro.
No carnaval não se podia ter a porta aberta porque deitavam cacadas e fugiam. As cacadas eram cebolas podres, bogalhas, batatas podres ou cacos velhos.
Faziam bailes de carnaval sem máscaras e em vez de papelinhos, usavam farinha.
Sofia Dias

Partida
Antigamente a rapaziada fazia um entrudo de palha e punham-no na ponta de um pau no largo da capela. Uns rapazes tiravam os vasos de flores às pessoas para enfeitar o entrudo. Durante o dia, a malta mais nova vestia-se de palhaços e andavam pelas ruas da aldeia.
 À Noite queimavam o entrudo e choravam muito.

Leonardo Carvalho

2 comentários:

Anônimo disse...

Na Partida, para além de “roubarem” os vasos das flores que levavam para as escadas da capela de S. Sebastião, costumavam chorar o Entrudo que era mais ou menos assim: Ao longo do ano os rapazes iam registando episódios mais ou menos caricatos ou íntimos que aconteciam às pessoas. No dia de Carnaval, ou até uns dias antes, havia alguém que se escondia num local alto ou andava pelas ruas de cara tapada e, com a ajuda de um funil grande, gritava:
-Companheiros, é verdade ou não é verdade que o Ti Jaquim deixou fugir o bácoro no dia da matação?
Os que assistiam respondiam aos gritos:
- É verdade e mais que verdade, companheiro!
- Companheiros, é verdade ou não é verdade que a Ti Ana deixou cair o cântaro pelas escadas abaixo e partiu-se todos aos bocados?
- É verdade e mais que verdade, companheiro!
- E é verdade ou não é verdade que o Domingos entrou altas horas na casa da cachopa?
- É verdade e mais que verdade, companheiro!
E por aí fora, até terem visado grande parte da população, algumas vezes por vingança, mas a maior parte por puro divertimento.
Pelos vistos muitas destas tradições já se perderam, mas há uma que se mantém ainda: O Ramo. Atualmente o produto do Ramo é oferecido para confecionar os petiscos saboreados nas tardes de domingo por quem aparecer no Centro Social da terra. O preço é quase simbólico e o dinheiro obtido reverte a favor da Comissão de Festas. Hoje estive lá, quase por acaso, e também provei. Acho que vou voltar mais vezes porque aquela gente é do mais hospitaleiro que há!

M. L. Ferreira

Nota: Os nomes e as situações do Choro do Entrudo são inventados, mas não devem estar muito longe da realidade.

José Teodoro Prata disse...

Excelente recolha! É muito importante conhecermos o mundo em que viveram os nossos antepassados.
Parabéns aos autores