Passamos a infância, a adolescência e parte da juventude (alguns a vida toda) a afirmarmo-nos como pessoas, libertas da autoridade dos nossos pais. De certa forma, o complexo de Édipo, modelo de análise criado pelos psiquiatras a partir do mito de Édipo, na Grécia Antiga, relaciona-se com esta afirmação da personalidade dos filhos em oposição à autoridade dos pais.
Nos anos 60 e 70, a minha mãe, mãe de muitos filhos em idades diferentes, muitas vezes teve de reafirmar a sua autoridade tantas vezes contestada. «Tu não tens querer!» era o seu argumento que nos deixava despidos do nosso querer em oposição ao dela. Mas voltávamos à carga, sempre que a nossa personalidade tentava desabrochar num desejo de crescer. E assim fomos amadurecendo, com cedências de parte a parte, cada vez mais dela e menos nossas, até podermos caminhar sozinhos pelo mundo.
Este blogue faz 11 anos, por estes dias. Para blogue, já está bem crescidinho e por isso dispensa festinhas e velinhas. Que assuma o seu querer, se tiver unhas para isso! (outra expressão muito rica).
José Teodoro Prata
3 comentários:
A sabedoria das nossas mães, muitas delas sem nunca terem posto um pé na escola!
Esta era a forma que elas encontravam para impor as regras e limites que toda a gente agora defende como fundamentais na educação das crianças, e que nos fizeram crescer em segurança. A “negociação”, de que também se fala, era feita através daquele voltar à carga e as cedências de parte a parte. Agora é tudo mais apoiado pelos livros de pedagogia e psicologia, mas nem sempre mais eficaz. Em cada tempo há sempre qualquer coisa que falta.
Sobre os 11 anos do blogue, merece os parabéns, sim senhor! Sinto é a saudade de tanta gente que cada vez vai aparecendo menos. Até parece a outra Praça…
A propósito de blogues e do título deste artigo, volto com frequência a um livro que comprei há meses e, segundo os autores (Victor Toscano e Anselmo Cunha), é a compilação de vários textos publicados inicialmente no blogue Baságueda (basagueda.blogspot.com) que é também o título do livro. São várias histórias, verdadeiras, supostamente, escritas a propósito de termos ou expressões (faladura, como dizem os autores) da Aldeia do Bispo, Penamacor. Algumas expressões e personagens poderiam também ser nossas, talvez por isso, gosto tanto dele e recomendo.
M. L. Ferreira
Conheço esse blog (Baságueda) e também sei da publicação desse livro, embora não o tenha na minha posse. Em certos aspectos, é um blog do género do "Dos Enxidros"; pois, divulga as gentes, os falares e a cultura da região (Penamacor); mas essa região faz parte de um todo beirão-interior-raia que, em parte, nos é comum.
Por outro lado, tem à frente, pelo menos, dois professores (creio eu), com uma espécie de nick-name (dois termos regionais), que são pessoas muito competentes; à sua maneira, são artistas e, ao que parece, pelo que escrevem e como escrevem, têm formação clássica.
Dou também os meus parabéns ao "Dos Enxidros" pelos seus 11 anos (este ano, pela idade antiga, faz a 4ª. classe!). Devo dizer que tem aqui sido feito muito trabalho, sobretudo, pelo Zé Teodoro e pela Libânia. Muita coisa tem vindo à luz do dia sobre S. Vicente da Beira que, certamente, não se saberia se o blog não existisse.
Quanto a outros colaboradores, sejam(os) optimistas porque ainda houve uma boa meia dúzia que, nestes 11 anos, escreveu e comentou neste espaço...! Mas, na verdade, a maioria dos vicentinos prefere o facebook; temos lá dezenas de pessoas da nossa terra. Hoje, a informação é imensa e muito rápida! No facebook não é preciso ler quase nada, porque nada é profundo. Lê-se uma notícia de uma ou duas linhas e já está! Venha a próxima! Há também muitas frases bonitas, todas copiadas é claro (!), que correm páginas e páginas...
Mas eles quando querem um bom texto (para, por exemp., defenderem uma posição de princípio), fazem uma transcrição de um blog (quase sempre ilegal, porque não põem aspas ou o nome do autor)... Com efeito, é nos blogs que ainda se escrevem e analisam muitas matérias, o que os torna muito melhores que o facebook. Portanto, vocês não desanimem...
Abraços, hã!
JB
É como o Zé Barroso diz, não desanimem, continuem, continuem sempre... Eu adoro passar por aqui e ler, ler, e sabe-me sempre tão bem.
Um abraço para todos os que aqui publicam e comentam. Todas as publicações são enriquecedoras assim como os comentários... por vezes sorrio, outras fico séria a "ouvir" e a lembrar ou a aprender. Beijinho.
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