terça-feira, 10 de março de 2020

Os Sanvicentinos na Grande Guerra


António Mendes
António Mendes nasceu no Mourelo, a 2 de maio de 1894. Era filho de António Chamiça e Joaquina Mendes, jornaleira.
Tinha a profissão de jornaleiro e era analfabeto quando se alistou, em 22 de fevereiro de 1915. Fazendo parte do CEP, embarcou para França, no dia 21 de Março de 1917, integrando a 4.ª. Companhia da 1.ª Bateria do Regimento de Infantaria 21. Era o soldado n.º 698, com a placa de identidade n.º 44902.
Do seu boletim individual constam as seguintes ocorrências:
a)     Punido em 18/8/1917, pelo Comandante da 4.ª Companhia, com 10 dias de detenção, por faltar a 2 tempos de instrução e ser reincidente;
b)     Punido em 20/10/1917, por faltar à instrução e ser reincidente;
c)      Punido em 3/11/1917, com 10 dias de detenção, por ter faltado à revista do dia 31 de Outubro;
d)     Baixa ao hospital, em 31/1/1918;
e)     Punido em 23 /2/1918, com 5 dias de prisão disciplinar, por ter faltado à formatura para os trabalhos;
f)       Punido pelo Comandante da Brigada, em 03/03/1918, com 10 dias de prisão disciplinar, por ter faltado aos trabalhos em 27/02;
g)      Punido pelo Comandante da Companhia, com 10 dias de detenção, em 19/04, por ter faltado à formatura para os trabalhos;
h)     Transferido por motivo disciplinar, para o Batalhão de Infantaria 22, em 23/04/1918;
i)        Baixa ao hospital, em 04/05/1918; alta em 10/5;
j)        Baixa ao hospital, em 30/06/1918; foram-lhe concedidos 30 dias de licença para convalescer;
k)      Punido em 10/07/1918, pelo Comandante, com 15 dias de detenção por, na formatura da 2.ª refeição, não acatar prontamente as ordens do 1.º Sargento;
l)        Punido pelo Comandante, em 02/08/1918, com 15 dias de detenção, por, na formatura do pré, se ter ausentado do local onde se fazia a distribuição do mesmo;
m)   Punido em 23/08/1918, com 5 dias de prisão por ter sido encontrado na praia sem passe, em mau estado de higiene e sem grevas;
n)     Colocado no Depósito Disciplinar 1, em 06/09/1918;
o)     Punido em 18/09/1918, com 20 dias de prisão correcional, por se ter ausentado sem licença do Depósito Disciplinar 1;
p)     Punido em 02/01/1919, pelo Comandante do Depósito Disciplinar 1, com 20 dias de detenção, por ter sido apanhado com um pão que tinha comprado a civis e tencionava vender aos presos do regime especial;
q)     Baixa ao hospital, em 04/02/1919; alta em 13/02;
r)       Punido com 90 dias de prisão correcional, porque, «enquanto marchava da Base para a sua Unidade, ter exigido aos superiores que lhe arranjassem um transporte que o conduzisse ao destino dizendo que estava muito fatigado. Como não viu satisfeita a sua exigência começou a murmurar contra os superiores.» (Esta punição foi anulada, por efeito do artigo 4º da Ordem de Serviço n.º 156 de 11/06/1919);
s)      Abatido ao efetivo do Depósito Disciplinar 1, em 24/5/1919, seguindo para o P. E., a fim de ser repatriado;
t)       Regressou a Portugal, a 28 de maio de 1919.




Algum tempo depois, António Mendes domiciliou-se em Castelo Branco, onde casou civilmente com Maria Folgado, natural de Segura, no dia 3 de Outubro de 1926. O casal não terá mantido um contacto regular com os familiares do Mourelo ou de Segura, pois não há memórias deles nas respetivas terras de origem. Não foi possível saber se deixaram descendência, nem qual foi o seu modo de vida.
António Mendes faleceu em Castelo Branco, em abril de 1963. Tinha 69 anos de idade.

Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"

3 comentários:

Jaime da Gama disse...

Este Sr. António Mendes nasceu no Mourelo 2 DE maio DE 1894???
O registo de baptismo diz que nasceu às 7 horas da noite do dia 29 de marco do corrente ano e sem pai, apenas natural de Joaquina Mendes Viúva...

José Teodoro Prata disse...

Os boletins militares ficaram visíveis aquando da publicação, mas reparei agora que estavam em branco.
Repus as imagens, oxalá que fiquem.

M. L. Ferreira disse...

De facto a data de 2 de maio é a de batismo e não a de nascimento. Quanto á paternidade, embora o registo de batismo diga que António Mendes é filho natural de Joaquina Mendes, o boletim militar refere que é também filho de António Chamiça. É provável que os pais tenham casado já depois do seu nascimento ou que o pai o tenha reconhecido posteriormente.
Já não tenho bem a certeza, mas por alguma pesquisa que fiz à procura da origem deste António Chamiça, ele seria de Almaceda. O nome Chamiça poderia bem ser apenas alcunha, que no registo foi aceite como apelido (na altura isso aconteceria com alguma frequência). Lembrei-me dos nossos “Chamiços” e, segundo o Manel, o pai (ou a mãe) era daqueles lados. Pode haver alguma relação…