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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Boas Festas


Passei a tarde e parte da noite da Consoada, em S. Vicente.
À chegada, ainda não havia filhoses para comer.
De manhã, a minha irmã Tina misturara os ingredientes e coubera ao Pedro da minha irmã São amassar. Depois do almoço, a massa ainda estava arreganhada e por isso foi colocada ao lado da lareira.
Preparava-me para ir visitar alguns familiares, quando a minha mãe deu pela massa já finta.
Já todos tinham saído, excepto a minha irmã Celeste, a minha filha Filipa e eu.
A Celeste continuou os preparativos para a Ceia de Natal e nós agarrámo-nos às filhoses.
A minha filha, que nunca vira fazer filhós, ficou a virá-las e eu e a minha mãe a tendê-las.
Fiz muitas asneiras, pois nunca tendera a massa, ainda por cima nas costas da mão. Dantes, era no redondo do joelho.
Desenrascámo-nos e estavam boas!
Enchi a barriga e visitei pessoas amigas. Depois ceámos e fomos ver a fogueira de Natal.
Se, com estes momentos plenos, eu não tivesse regressado feliz, era porque não estava de bem com a vida. Era exigir mais do que ela nos pode dar.
Boas Festas a todos.

A imagem é da fogueira deste 2009. Quem nos deu esta prenda foi o grupo de Moto 4, que há meses já oferecera um televisor aos nossos bombeiros, como aqui se noticiou.
Foram eles que encontrei, no sábado, ao Alto da Fábrica, a cortar o sobreiro, para a fogueira.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Natal

Já passou mais um Natal, a melhor festa do ano. O que o torna tão especial é a amizade, no reencontro dos amigos, no abraço aos familiares, no lembrar dos outros. E bom, bom de verdade, é voltar ao local onde fomos natal.
Em 2007, num trabalho intitulado Instantes Saborosos, recordei um dos natais da minha infância, em S. Vicente da Beira. Aqui vos deixo um pedacinho:

«A masseira à esquerda do lume, a seguir a minha mãe, com um pano no joelho, para tender as filhoses, no meio um cesto da azeitona, forrado com papéis, depois o meu pai, ao lado do monte de lenha, com os ferros de virar as filhoses. Atrás, os filhos e as sombras enormes a encherem as paredes da cozinha. No centro do lume, a caldeira do azeite, pendurada nas cadeias que desciam da chaminé. Primeiro era preciso o lume forte, para aquecer o azeite, mandava a minha mãe. Quando estivesse quente, tinham de se tirar para o lado alguns paus, para não queimar as filhoses.
Eram horas de calor e os cestos e as bacias a transbordar iam-se arrumando ao pé da arca. Comíamos as filhoses mesmo quentes e estavam boas!»


















A minha mãe e a minha irmã a fazerem as filhoses.

No mesmo estudo, apresentei algumas das nossas receitas tradicionais, para que não as esqueçamos e sobretudo as continuemos a saborear.

Receita das filhoses, como a minha mãe (Maria da Luz Prata) as fazia e me explicou:
«Ingredientes: 5 kg de farinha de trigo, 2 dúzias de ovos, 1 copo de aguardente, 0,5 l de azeite, puré de um mogango, 1 pão em massa, água e sal.
Misturam-se os ovos, o azeite, o sal e o mogango, desfeito no passe-vite depois de cozido. Em seguida, adiciona-se pouco a pouco a farinha e o fermento, que é um pão em massa, e água morna, amassando sempre, até a massa estar boa. Então junta-se um copo de aguardente, amassa-se bem e deixa-se a fintar. Quando a massa estiver finta, tendem-se as filhoses no joelho, bem finas, e fritam-se na caldeira do azeite, ao lume.»
(Publicado em: Estudos de Castelo Branco, Julho de 2007, Nova Série, N.º 6, Direcção de António Salvado)