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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Ilda Jerónimo


No Mar da Galileia, durante uma visita paroquial à Terra Santa: as irmãs terceiras Maria Manuela Silva, Isaura Maria, Ludovina Roque Santos e Ilda da Silva Jerónimo.

Ilda Jerónimo é filha de José Jerónimo e de Maria da Luz da Silva. Nasceu na residência da família, defronte da porta principal da Igreja Matriz.
Escrever sobre o empenho de Ilda da Silva Jerónimo, na Ordem Terceira de São Francisco, é referir um coletivo, a equipa a que preside, como Ministra do Conselho da Ordem Terceira. Os outros membros são Maria Dulce Santos Moreira (Vice-Ministra), Maria da Conceição Fernandes Pedro (Secretária), Francisco Ventura Agostinho (Tesoureiro), Maria José Barroso Craveiro (Mestra de Formação), Laurentina Dias Gama (Vogal) e Maria de Jesus dos Santos (Vogal).
Este Conselho local está ligado ao Conselho Regional, em Coimbra, e ao Conselho Nacional, de Lisboa. Reúne todos os terceiros domingos de cada mês, para formação e resolução de assuntos desta fraternidade.
A Ordem Terceira de São Francisco tem como objetivo primeiro a formação religiosa dos seus irmãos. Diz-se terceira ordem, pois a primeira organização criada por S. Francisco de Assis foi a dos frades, seus seguidores, a segunda foi a das freiras, com Santa Clara, e, por último, deu-se também corpo organizativo aos irmãos leigos.
A nossa Ordem Terceira de São Francisco é proprietária da capela de Santo António e S. Francisco, do seu adro, do quintal ao lado e da casa de arrumações, encostada ao cemitério. É a zeladora de todo o rico património artístico e religioso da Ordem Terceira, bem visível na Procissão dos Terceiros. São eles que tratam da nossa galinha dos ovos de ouro.
E cuidam muito bem, como constatámos na procissão deste ano: sete andores renovados, o primor das vestes, os arranjos florais… Horas incontáveis de labor carinhoso e desinteressado. O dar-se totalmente, apenas pelo gosto de fazer bem e do dever cumprido.
Outro momento visível da sua atividade é a festa de Santo António, todos os quartos domingos de Agosto, este fim de semana.
Atualmente, as receitas vêm-lhe de donativos pecuniários, mas no passado faziam-se os peditórios de azeite, milho e carne. Quem não se lembra do ti João Calmão a apregoar, na Praça, em tardes de domingo, os produtos do ramo?


A sede da Ordem Terceira (a capela de Santo António e S. Francisco), na saída noroeste da Vila, junto ao Calvário.

domingo, 3 de abril de 2011

Os franciscanos em São Vicente

A presença franciscana remonta, na nossa terra, possivelmente, ao século XV ou XVI. Quase todos os templos da Vila são desses finais dos tempos medievais e inícios da Idade Moderna, excepto a Igreja Matriz (erigida na época da fundação da povoação) e a Orada (é muito mais antiga que a Matriz, mas a actual capela também foi construída naquele período).
Nesses fins da Idade Média, São Vicente terá alcançado o seu máximo desenvolvimento económico e social. Houve então riqueza para levantar templos, palácios e equipamentos públicos, como a Câmara Municipal e o Pelourinho.
A capela de São Francisco não foge a esta regra. O grande arco de volta perfeita, no seu interior, com a aresta cortada, é, na nossa Beira, tipicamente quinhentista. Esteve, até há poucos anos, pintado de azul (Já não me recordava, lembrou-mo, há uns tempos, a Ilda Jerónimo).


Mas o templo não foi, desde o início, de devoção a São Francisco, mas sim a Santo António, ele próprio franciscano e contemporâneo do fundador da Ordem Franciscana, com quem ainda se encontrou, na Itália que depois o adotou como seu e onde se tornou um dos santos maiores da Cristandade.


Foi, pois, a capela dedicada a Santo António, até 1744. Nesse ano, veio a São Vicente um grupo de frades franciscanos pregar uma missão. E a sementeira foi de tal modo fecunda que, nos anos seguintes, a capela deixou de pertencer apenas a Santo António para a ser, sobretudo, dedicada a São Francisco. Nela teve sede, logo de seguida, a Irmandade da Ordem Terceira e terá sido criada também, por esses anos, a procissão dessa mesma irmandade, a Procissão dos Terceiros que hoje vai, novamente, percorrer as ruas da nossa Vila.


São Francisco recedendo a bula da criação da Ordem Terceira das mãos do Papa Inocêncio III.

Ainda por esses anos, foi edificado o Calvário, quase em frente à capela. Já estava construído em 1758. O Calvário servia de palco, ainda é, de uma outra grande tradição vicentina, a Procissão dos Passos, na Sexta-Feira Santa. Mas também esta tradição tem origens franciscanas, esta das Religiosas do Convento, igualmente fundado no século XVI. Mas este assunto fica para desenvolver, noutra ocasião.
A capela nunca deixou de ser dedicada também a Santo António. A sua festa ainda se realiza, anualmente, no terceiro domingo de Agosto. Quando era criança, questionava os adultos sobre a pertença da capela. Uns ainda se lhe referiam como capela de Santo António, a maioria de São Francisco, mas depois lá vinha a festa de Agosto, para me voltar a baralhar.
A doação da capela a São Francisco marcou também a toponímia local. Toda a zona envolvente da capela tem o nome do santo assim como tomou o seu nome o caminho, hoje rua, de saída da Vila em direção ao Casal da Fraga e à parte superior do vale da Ribeirinha.
Às vezes, é preciso olharmos para longe, a fim de percebermos a verdadeira grandeza do que temos. Neste caso, para o Violeiro. Em 1766, faleceu Brittis Maria Cabral de Pina, viúva do Sargento-Mor Domingos Nunes Pouzaõ do Violeiro, antepassados dos viscondes de Tinallhas, como já expliquei no artigo referente ao Cabeço do Pe. Teodoro. Na hora da sua morte, Brittis Cabral de Pina quis que o seu corpo fosse amortalhado com o hábito de São Francisco. Há meses, o Irmão José Amaro, também do Violeiro, contou-me que, ainda adolescente, teve de calcorrear o caminho do Violeiro até São Vicente, descalço, à frente de um carro de bois, para fazer o funeral do seu avô. Isto cerca de 1950. Passaram junto ao cemitério da Partida, mas não puderam parar, pois o avô exigira ficar sepultado no chão sagrado de São Francisco.