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domingo, 13 de julho de 2025

O Mártir São Vicente

 

Pintura de Nuno Gonçalves, séc. V, Museu Nacional de Arte Antiga

Vicente de Saragoça foi um diácono cristão que sofreu o martírio pelos romanos, em Valência, no ano de 304. A sua recusa em abdicar da sua fé cristã tornou-se um exemplo para os outros cristãos. Foi e é venerado como santo, culto que se prolongou pelos períodos visigótico e árabe e após a Reconquista Cristã. Entre as muitas localidades e igrejas portuguesas de que é orago, contam-se a Diocese do Algarve e o Patriarcado de Lisboa, em cuja Sé se encontram as suas principais relíquias.

Os muçulmanos deixaram-nos notícias do seu culto, em texto reproduzido no livro “Portugal na Espanha Árabe” de António Borges Coelho.

“E quando [Abderramão] entrou em Valência [780], tinham aí os cristãos que aí moravam o corpo de um homem que havia nome Vicente; e oravam-no como se fosse Deus. E os que tinham aquele corpo faziam crer a outra gente que fazia ver os cegos e falar os mudos e andar os cepos. E quando os cristãos viram Abderramão, houveram medo dele e fugiram com ele. E disse Abulfacem, um cavaleiro natural de Fez, que andava com sua companha a monte [pirataria] na ribeira do mar: que achara, em cabo da serra que vem por mar sobre o Algarve e entra em aquele mar de Lisboa [cabo de São Vicente], o corpo daquele homem com aqueles que fugiram de Valência com ele, e que fizeram aí casas em que moravam. E que ele matara os homens e deixara aí os ossos do homem […].”

D. Afonso Henriques teve conhecimento destes factos e ordenou que trouxessem, secretamente, os ossos do santo para Lisboa, recém-conquistada.

José Teodoro Prata

terça-feira, 1 de julho de 2025

Quinteiro, de quinto, originou quinta?

 No livro “Portugal na Espanha Árabe”, de António Borges Coelho, na “II Parte – História do Andaluz, no subcapítulo “Partilha da terra entre os conquistadores” informa Ibne Mozaine de Silves:

«Conquistada Espanha, Muça […] dividiu o território da península entre os militares que vieram à conquista, da mesma maneira que distribuíra entre os mesmos os cativos e demais bens móveis colhidos como presa. Então deduziu o quinto das terras e dos campos cultivados […]. Dos cativos escolheu cem mil dos melhores e mais jovens e mandou-os ao emir dos crentes […], mas deixou os outros cativos que estavam no quinto, especialmente camponeses e meninos adscritos às terras do quinto, a fim de que o cultivassem e dessem o terço dos seus produtos ao Tesouro Público. Eram estes a gente das planícies e chamou-se-lhes quinteiros e a seus filhos, os filhos dos quinteiros.»

José Teodoro Prata

domingo, 29 de junho de 2025

Egitânia

Ando a ler o livro “Portugal na Espanha Árabe”, de António Borges Coelho. Sobre a nossa Idanha-a-Velha, informa do seguinte, na “I Parte – Geografia”, capítulo “O Garbe no século X pelo mouro Ahmede Razzi", subcapítulo “Do termo de Egitânia”:

 

«O termo de Coimbra parte com o de Egitânia. Egitânia encontra-se a oriente de Coimbra e ocidente de Córdova. É uma cidade muito antiga, situada sobre o Tejo, forte e bem dotada com um território bem provido de cereais, de vinhas, de caça e de peixes e um solo fértil. Neste território há fortes castelos onde o clima é muito são, tal como o de Monsanto, que é muito sólido; o de Arroches; o de Montalvão, que se encontra no cimo de um monte muito elevado; o de Alcântara que é uma bela localidade. Há em Alcântara uma ponte sobre o Tejo de que se não poderia encontrar semelhante no mundo; o território desta vila é propício à criação de gado, à caça e à criação de abelhas. De Egitânia a Córdova são 380 milhas.»

 

Notas: Neste mesmo subcapítulo, Ahmede Razzi faz referência ao castelo de Ourique (Ereyguez), no termo de Beja; Garbe designava o território ocidental do Andaluz (Espanha muçulmana), o qual abarcava o território ocupado hoje por Portugal e ainda as cidades de Badajoz e Mérida; o Garbe (Ocidente) foi encurtando com a Reconquista, até ficar reduzido ao Algarve, topónimo que dele deriva; a Egitânia era pois a cabeça de um grande território, entre os territórios de Coimbra, Santarém e Beja (Évora pertencia a Beja); foto do interior da catedral da Egitânia, com seus arcos em ferradura, da época em que foi mesquita muçulmana (de https://www.minube.pt/sitio-preferido/catedral-de-idanha-a-velha-a3651823).


José Teodoro Prata