Enxidros era a antiga designação do espaço baldio da encosta da Gardunha acima da vila de São Vicente da Beira. A viver aqui ou lá longe, todos continuamos presos a este chão pelo cordão umbilical. Dos Enxidros é um espaço de divulgação das coisas da nossa freguesia. Visitem-nos e enviem a vossa colaboração para dosenxidrosgardunha@gmail.com
terça-feira, 26 de março de 2024
segunda-feira, 25 de março de 2024
Palestra do Santo Cristo
sexta-feira, 15 de março de 2024
Andam corças...
Eu vinha de carro a sair da lomba e ela teve de apressar a corrida, mas veio logo outro veículo em sentido contrário e a corça teve de se esticar toda para conseguir escapar. Seguiu depois pelo caminho que dá entrada no pinhal do sr. Francisco Ventura.
As corças devem ter aí um corredor de passagem, pois há uns tempos uma corça chocou com um carro que ia a passar, sensivelmente naquele local.
Andam corças pelos bosques e pelas estradas!
José Teodoro Prata
quarta-feira, 13 de março de 2024
segunda-feira, 4 de março de 2024
Conta-me histórias: a estreia
O salão da Casa do Povo encheu-se para o almoço da Comissão das Festas de Verão (cerca de 160 pessoas). A feijoada estava boa!
Após o café, cerca de metade das pessoas foram à sua vida, pois não tinham vindo a mais do que partilhar o momento do almoço e apoiar a organização. Por outro lado, o ruído era impróprio para o resto do programa.
Mas houve boa vontade de todos e soubemos adaptar-nos às circunstâncias. O ruído foi diminuindo até desaparecer e...
...apresentámos o projeto Conta-me histórias: o Pedro Inácio Gama falou-nos sobre a vida do seu pai resineiro e o José Miguel Leitão partilhou a sua experiência na resina (no fim de três dias disse ao pai que preferia que o matasse a voltar lá); O João Prata Candeias falou dos Candeias e daquela que lhes deu o apelido, a candeia de azeite; o Francisco Alves Barroso contou a história da rapadoura e da sua importância no fabrico do pão; já não houve tempo para a Maria de Fátima Jerónimo, nem para mim, mas há mais marés que marinheiros.
...o Fernando Pereira cantou as suas canções, as de sua autoria, as do cancioneiro reginal e as dos amigos que se foram cruzando com ele ao longo de uma vida de paixão pela música.
Foi bonita a festa, pá!
José Teodoro Prata
Fotografias de Rita Amaro
terça-feira, 27 de fevereiro de 2024
O nosso falar: abelhudo e desabelhar
Andámos a fazer o desdobramento de uma colmeia e no final uma abelha não nos largava, por mais fumo que lhe lançássemos em cima.
- Desabelha daqui! – disse-lhe o Chico. E rimo-nos, porque a
expressão vinha mesmo a calhar.
A abelha anda sempre de um lado para o outro, numa constante
azáfama, por isso chamamos abelhudo a alguém com a mesma caraterística,
sobretudo se aparece de forma constante e inoportuna. E desabelhar é mandar o
abelhudo dar uma volta, desaparecer. Neste caso era mesmo uma abelha!
José Teodoro Prata
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024
O nosso falar: espigos
Levei grelos de couve-naba a uma amiga do Norte e ela gabou-me a excelência do arroz de espigos, em especial de couve galega. Cada vez que eu falava de grelos, ela respondia-me com espigos e a certa altura disparou:
- Porque é que não dizes espigos?
- Na minha terra também se diz espigos, mas aqui só se fala
em grelos… - justifiquei-me.
Quis ser simpático e coloquei-me ao nível dos albicastrenses,
mas lixei-me, pois a minha amiga não transige com as suas raízes.
No resto da conversa já só se falou de espigos.
José Teodoro Prata
sábado, 3 de fevereiro de 2024
Mais uma corça lusitana
No livro Novelas do Minho, de Camilo Castelo Branco, mais propriamente na novela Maria Moisés, refere-se a origem do topónimo Santarém.
Já aqui escrevemos sobre o culto da corça pelos Celtas (0s
Lusitanos eram Celtas) e da sua presença nas lendas de São Pedro de
Vir-A-Corça, Monsanto, e da Senhora da Orada, São Vicente da Beira.
Mas vamos então ao Camilo:
O rei da Lusitânia Gorgoris teve uma
filha que se apaixonou por um homem de baixa extração. O que denunciou estes
amores foi, diz Bernardo de Brito em uma palavra de cunho português de
lei, foi a «emprenhidão».
- Credo! Que palavra! – exclamou com engulho
D. Maria Tibúrcia.
- Não parece palavra de pessoa
eclesiástica! – notou a outra senhora não menos escandalizada.
O mano Teutónio, como tinha piscado o
olho direito ao cónego, ria-se, e o cónego, com a maior gravidade, disse:
- Minhas senhoras, os antigos faziam
as coisas e diziam-nas; hoje em dia a civilidade não permite dizê-las. Ande lá
com a filha de Gorgoris, sr. desembargador.
- Deu ela à luz um menino, que o avô
deitou às feras; e, como as feras o não comessem, atirou-o ao Tejo. Foi o
menino encontrado no sítio que hoje chamam Santarém; e, como quer que uma corça
lhe desse o primeiro leite, chamou-se o menino Abidis, e daí veio
chamar-se o lugar Esca Abis (manjar de Abidis), e, corrupto, Scalabis,
etc.
Notas:
Frei Bernardo de Brito (1569-1617) escreveu uma
monumental História de Portugal, em oito volumes, chamada Monarchia Lusitana.
É a ela que o desembargador se refere para explicar a origem do nome Santarém.
Nestas 3 situações em que intervém uma corça a amamentar um
bebé nascido de uma gravidez indesejada (no caso da nossa Orada, a corça
alimenta a moça ainda grávida), a corça é como uma mãe que se dá num amor
incondicional. Seria essa a caraterística que os Celtas atribuíam à corça, no
culto que lhe prestavam?
José Teodoro Prata
quinta-feira, 25 de janeiro de 2024
O nosso falar: lambeteirice
Estava num hipermercado com a minha mulher e, esgotada a lista de compras, perguntei-lhe:
- Não compramos nenhuma lambeteirice?
Que palavra! Na casa dos meus pais usavamo-la como sinónimo de guloseima, no sentido pecaminoso do termo (pretendia-se repreender a ato já praticado ou apenas desejado de gulodice).
Neste palavra, a net fica quase muda quando lhe pergunto. Só me mostra o lambeteiro, o mesmo que lambeta: mexeriqueiro e delator (Brasil), bajulador e adulador.
A lambeteirice lambe-se, se o guloso se controlar, claro. Em sentido figurado, o mesmo faz o bajulador e o adulador.
José Teodoro Prata
quinta-feira, 4 de janeiro de 2024
O nosso falar: pechorro
Ando a ler o livro Os sertões, do brasileiro Euclides da Cunha (1866-1909), que fez a reportagem jornalística da Guerra dos Canudos (1896-1897) e posteriormente realizou um estudo sobre os sertões do Brasil (este livro), nas vertentes geográfica, humana e político-militar (neste caso, sobre a guerra acima referida).
O arraial dos Canudos
situava-se no interior do estado da Baía e aí se concentraram milhares de
sertanejos em torno de um louco (António Conselheiro, 1830-1897), a viver à
margem da lei e da Administração Central. Esta guerra foi uma catástrofe
humana, pois morreram cerca de 20 mil membros daquela comunidade sócio
religiosa e 5 mil militares.
Sobre o assunto, foi realizado
um filme (A Guerra dos Canudos) e Mário Vargas Llosa escreveu o romance A
Guerra do Fim do Mundo.
Ora, à página 119, o autor
escreveu que as pétalas das flores recém-abertas «…caem, mortas, sobre a terra
imóvel sob o espasmo enervante de um bochorno de 35º, à sombra.»
As campainhas tocaram na minha
cabeça quando li a palavra bochorno. Lembrei-me da expressão dos meus
pais, quando estava um daqueles calores em que até o ar treme: Hoje está um
pechorro! Ou seria pochorro ou bochorro? Ou mais certamente p´chorro
ou b´chorro? Eu(tu), os meus(vossos) pais e as gerações anteriores fomos alterando oralmente
a palavra bochorno, que existe de facto e significa muito quente.
José Teodoro Prata
sexta-feira, 29 de dezembro de 2023
O nosso falar: Resto de Boas Festas
Uma das minhas vizinhas desejou-me, a meio desta semana, entre Natal e Ano Novo, Um resto de Boas Festas. Há que tempos não ouvi nem usava esta expressão, tão nossa (desconheço se de outras regiões).
Ela é do Ingarnal, que fica na nossa zona geográfica e cultural.
Lembro-me bem de usar e ouvir: Resto de um bom dia; Resto de bom domingo; Resto de boas férias; Resto de bom aniversário; Resto de Bom Natal....
Atualmente já se usa pouco, em parte porque a urbanização levou ao abandono de muitas expressões antigas, o que, consequentemente, provocou um empobrecimento vocabular. Por outro lado, há muitos preconceitos sobre certas palavras/expressões. Hoje não fica bem falar em resto, parece que o que falta é a parte má do todo.
José Teodoro Prata
quarta-feira, 20 de dezembro de 2023
O nosso falar: desassemelhado
Travei-me de razões com um galho de laranjeira e saí com um ligeiro raspão na testa. Agora secou e fez crosta, parecendo uma grande coisa. Hoje vi-me ao espelho e achei-me um pouco desassemelhado para a festa.
Desassemelhado é um adjetivo e o particípio passado do verbo desassemelhar. De certa forma, desassemelhado é sinónimo de desfigurado, adjetivo mais usado que este, que caiu em desuso.
Desassemelhado significa não estar semelhante ao que é habitual. No uso do nosso povo, penso que é mais suave que desfigurado.
José Teodoro Prata
Nota: há novo comentário (com informações importantes), na publicação Pe. Domingos Martinho Raposo (para voltar lá, escrever este nome da publicação na caixa da esquerda, ao alto)
quinta-feira, 12 de outubro de 2023
Os Sanvicentinos na 1.ª Guerra Mundial
Voltei à escola, a convite dos meus colegas, para falar sobre a participação dos beirões na 1.ª Guerra Mundial.
Precisei de fazer um pouco de estatística, que agora quartilho
convosco:
Participaram na guerra, como combatentes, um total de 77
rapazes da freguesia de São Vicente da Beira: 56 integraram o Corpo Expedicionário
Português (CEP), que lutou na frente ocidental, na Flandres (fronteira entre a
Bélgica e a França, perto da cidade de Lille, junto ao rio La Lys): e 21
participaram nas campanhas militares no Sul de Angola e no Norte de Moçambique;
nos três locais contra os alemães.
Cerca de 60% dos nossos combatentes eram analfabetos.
Faleceram 6 combatentes, durante a guerra ou imediatamente
após o regresso. Um número muito reduzido,
em comparação com Penamacor que mandou um batalhão para Moçambique e teve mais
de 100 mortos. Ou as freguesias do distrito de Portalegre, pois o Regimento de
Infantaria 22 (RI 22), daquela cidade, esteve envolvido diretamente na Batalha
de La Lys, uma pequena incursão alemã (comparada com as grandes batalhas desta
guerra), mas que aos portugueses diz muito, pois os alemães atacaram e
devastaram o setor português (e inglês).
Treze combatentes ficaram bastante doentes por toda a vida:
stresse psicológico, pulmões queimados pelos gases, tuberculose…
Dos 56 militares do CEP, 20 deles (36%) sofreram castigos
e/ou estiveram mesmo presos por atos de indisciplina e até revolta militar;
incluindo o Major Fabião, que inicialmente era um dos oficiais do RI 22 de
Portalegre, mas que depois desempenhou funções noutro regimento.
José Teodoro Prata
quarta-feira, 20 de setembro de 2023
Os nossos avós eram cientistas
segunda-feira, 18 de setembro de 2023
Atafona
quinta-feira, 2 de julho de 2020
Vicentinos ilustres
Em 2012, participámos nas Jornadas Europeias do Património. O tema era O FUTURO DA MEMÓRIA. Entre outras iniciativas, deram-se a conhecer os vicentinos mais insignes (se é que há uns mais que outros). Essa foi a parte que me coube, a pedido da Junta de Freguesia, de que resultou um conjunto de placares, cada um com uma personalidade. A exposição foi apresentada na casa Hipólito Raposo, à Fonte Velha.
terça-feira, 13 de novembro de 2018
Mais fotos da apresentação do livro
José Teodoro Prata
quarta-feira, 7 de novembro de 2018
Homenagem aos combatentes da Grande Guerra
José Teodoro Prata
quinta-feira, 1 de novembro de 2018
Os nossos combatentes na I Guerra Mundial
quarta-feira, 24 de outubro de 2018
As origens romanas dos albicastrenses
José Teodoro Prata