Mostrando postagens com marcador prata. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador prata. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Memória paroquial

Os registos paroquiais, de batismos, casamentos e óbitos, são indispensáveis para reconstituirmos a memória do nosso passado, sobretudo em termos demográficos.
O documento abaixo apresentado, relativo ao batismo de uma criança que não vingou, dá-nos imensas informações sobre S. Vicente da Beira, em 1905.

1. Nesse ano, não havia (ou não estava presente, no dia 16 de Julho) Vigário e quem o substituía era o Pe. José Antunes David dos Reis, natural do Sobral do Campo. Este padre foi testamenteiro, em 1893, do benemérito fundador do Hospital, o Pe. Simão Duarte do Rosário, também do Sobral. Era professor do ensino oficial, cargo que lhe grangeou grande prestígio local e regional, tendo sido um dos mestres de Hipólito Raposo. Liderou ainda a irmandade da Ordem Terceira de S. Francisco. Em 1905, susbtituía o Vigário, mas não era o responsável pelo serviço religioso, pois esta tarefa estava a cargo do Pe. Joaquim Alves Brás.

2. À criança batizada foi dado o nome do padrinho, João. Os padrinhos foram os irmãos João Prata, carpinteiro, e Ana Prata, ambos solteiros.
Eram eles filhos de António Prata e Maria Castanheira, moradores na casa da roda, a última casa, à esquerda, no alto da Rua da Cruz.
O bebé batizado era neto de Maria Castanheira, não deste terceiro casamento, mas do segundo, com José Carvalho. Os pais do Joãozinho eram José Fernandes, cultivador, e Maria Carvalha, doméstica, filha de José Carvalho e Maria Castanheira. Os outros avós, os paternos, eram Bernardo Fernandes e Maria Emília. Todos naturais de S. Vicente da Beira, excepto Maria Castanheira, que era do Souto da Casa.

3. Os pais do João viviam na Rua Velha e eram pobres, pelo que não foi colado selo neste registo de batismo. Os padrinhos não sabiam escrever. Esta informação é-me completamente nova, pois João Prata, o meu avô materno, escrevia muito bem e por isso foi membro da Mesa da Misericórdia e secretário da Junta de Freguesia, neste cargo durante mais de 20 anos! Em 1920, era ele que fazia o serviço do registo civil, em S. Vicente da Beira, pois foi ele que fez o registo de casamento dos meus avós paternos, Francisco Teodoro e Maria do Rosário Jerónimo. Conclusão: aprendeu a ler e a escrever após os vinte anos (a sua idade, em 1905)!


quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Prata 3

Os avós mais velhos

No seguimento da publicação Prata 2, com registos de batismo e casamento da parte vicentina da família Prata, apresentam-se hoje registos de batismo e casamento da família Prata da Póvoa de Rio de Moinhos e de Alcains.
Segue-se a ordem cronológica, do mais recente para o mais antigo.
Junto de cada registo, faz-se uma síntese, a partir do conteúdo do documento e de outros elementos conhecidos.
Estes são os registos que me foram enviados do Brasil, por Lourval dos Santos Silva, também ele descendente dos Prata que aqui damos a conhecer.


Antonio Prata nasceu a 17 de outubro de 1839, na Póvoa de Rio de Moinhos. Era filho de João Prata, natural da Póvoa e Joaquina do Espirito Santo (ou da Cruz). Os seus avós paternos eram Joze Prata e Victoria Maria e os maternos Antonio Martins, natural da Póvoa, e Luiza da Cruz, natural do Castelejo. Os padrinhos foram Antonio Martins, seu avô e Jozefa da Cruz, sua tia, filha do anterior.



João Prata casou, a 9 de janeiro de 1839, com Joaquina, filha de Antonio Martins Gomes, da Póvoa, e de Luiza da Cruz, do Castelejo. João Prata era filho de Joze Prata e Victoria Maria, todos naturais da Póvoa.



João Prata nasceu a 20 de abril de 1814, na Póvoa de Rio de Moinhos. Era filho de Joze Prata e Vitoria Maria, neto paterno de Thome Goncalves Prata e Domingas Maria e neto materno de Joze Lopes, natural da Lardosa, e Vitoria Pinta.



Joze Prata nasceu a 3 de janeiro de 1788, na Póvoa de Rio de Moinhos. Era filho de Thome Gonçalves Prata e do seu segundo casamento com Domingas Roque. Os avós paternos eram Manoel Gonçalves Prata e Maria Vas Mendonça e os maternos Manoel Roque, natural dos Lentiscais, e Catharina Gaspar, da Póvoa.



Thome Gonçalves Pratta, viúvo de Izabel da Conceiçam, casou, a 10 de março de 1787, com Domingas Roque, filha de Manoel Roque e Catharina Gaspar.



Manoel Gonçalves Pratta casou, a 4 de Fevereiro de 1745, com Maria Vás, filha de Pedro Vás e Maria Mendonça, da Póvoa. Manoel Gonçalves Pratta era filho de Manoel Gonçalves Pratta, natural de Alcains, e de Maria Gaspar, da Póvoa de Rio de Moinhos. Este Manoel Gonçalves Prata era um homem da governança da vila da Póvoa, pois desempenhava funções na administração daquele concelho. Também participou, como louvado (testemunha), no tombo (inventário) dos bens do Conde de São Vicente, em 1768-1782.



Manoel Gonsalves Prata casou a 16 de Janeiro de 1729, com Maria Gaspar, filha de Bras Gonsalves e Maria Martins, ambos naturais da Póvoa de Rio de Moinhos. Os pais do noivo eram Domingos Gonsalves Prata e Anna Rodrigues, ambos naturais de Alcains.



Domingos Gonsalves Prata casou, a 30 de Agosto de 1693, na Igreja de Alcains, com Anna Rodrigues, filha de Manoel Fernandes e Ana Roiz(Rodrigues). O noivo era filho de Manoel Gonsalves Semeão e Maria Martins Prata. É a última pessoa desta genealogia com o apelido Prata, pois os que se seguem são do ramo familiar de Manoel Fernandes.



Manoel Fernandes casou, a 3 de Setembro de 1670, com Anna Roiz, filha de George Roiz e Izabel Goncalves. O noivo era filho de Rodrigues Antunes e Helena Fernandes.
Rodrigo Antunes era filho de Tomás Roiz e Isabel Ferreira.
Tomás Roiz era filho de Rodrigo Tomás e de Beatriz Antunes.
Rodrigues Antunes era ferreiro, na vila de Castelo Branco, e foi preso pela Inquisição, em 1633, sob acusação de prática de judaísmo. O julgamento ocorreu em 1634 e a sentença foi a seguinte:
«Sentença - Abjure publicamente seus heréticos erros em forma e em pena e penitência deles lhe assinam cárcere e hábito a arbítrio dos Inquisidores e será instruído nas coisas da fé necessárias para a salvação da sua alma e cumprirá as mais penas e penitências espirituais que lhe forem impostas e mandam que excomunhão maior em que incorreu seja absoluto in forma ecclesia. (Fonte: Torre do Tombo)»


Nota: Clicar nas imagens, para ler os documentos.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Prata 2

Os avós mais novos



Ana Prata (1887-1963) era filha de António Prata e Maria Castanheira. Casou com Miguel Rodrigues, em 1908, filho de João Rodrigues e Maria Rosário dos Santos.



João Prata (1885-1977) era filho de António Prata e Maria Castanheira.



João Prata casou com Doroteia de Jesus dos Santos, em São Vicente da Beira, no ano de 1911. Doroteia era filha de Guilherme dos Santos e Antónia dos Santos.


António Prata casou com Maria Castanheira, a 19 de Novembro de 1884, em São Vicente da Beira.
António Prata tinha 45 anos e estava ainda solteiro. Era ferreiro de profissão e natural e morador na Póvoa de Rio de Moinhos, filho de João Prata e de Joaquina da Cruz, ambos naturais também da Póvoa.
Maria Castanheira tinha 40 anos e ficara viúva de José de Carvalho (S. Vicente da Beira), falecido em Abril desse ano de 1884. Já enviuvara de anterior casamento, no Souto da Casa, sua terra natal. Era filha de António Castanheira e de Rosária Maria.

Nota: clicar nas imagens, para ler os documentos.

domingo, 17 de outubro de 2010

Prata = Cristão-Novo

Recebi mensagem do Brasil, de um desconhecido

«Meu nome é Lourval dos Santos Silva. Sou professor em Santos-Brasil, mas de Matemática. Meu avô Abrahão dos Santos Silva nasceu na Póvoa de Rio de Moinhos em 1911 e em 1912 imigrou para o Brasil com seus pais, José dos Santos Silva e Maria Rita Prata. Maria Rita Prata, minha bisavó, era prima de segundo grau de seu avô João Prata. Tenho quase toda a genealogia de seu bisavô António Prata.»

Na resposta, eu desconfiei daquele Abrahão e o Lourval confirmou: somos cristãos-novos. Confirmou e apresentou provas. Aqui as deixo:

Síntese da genealogia da família Prata (entre o anterior e o seguinte há sempre uma relação de pai para filho (filha):

1. Rodrigo Tomás casou com Beatriz Antunes (terão vivido cerca de 1560-80)
2. Tomás Roiz casou com Isabel Ferreira
3. Rodrigo Antunes casou com Helena Fernandes (vivia em Castelo Branco e era ferreiro; viveu cerca de 1620-30)
4. Manuel Fernandes
5. Ana Rodrigues
6. Manuel Gonçalves Prata (este já o conhecia, das minhas investigações sobre a Póvoa; viveu cerca de 1770; era membro da governança da Póvoa)
7. Manuel Gonçalves Prata (ou será este?)
8. Tomé Gonçalves Prata
9. José Tomé Prata
10. João Prata
11. António Prata (era ferreiro, natural da Póvoa, mas foi trabalhar para São Vicente, onde casou com Maria Castanheira, cerca de 1870-80)
12. João Prata, casado com Dorotheia de Jesus dos Santos (os meus avós maternos; João Prata nasceu em 1885 e era irmão de Ana Prata)
13. Maria da Luz, casada com António Teodoro (os meus pais; Maria da Luz, irmã dos meus sete tios e tias Prata)
14. José Teodoro Prata, casado com Idalina Maria Cardoso Rodrigues (eu, irmão das minhas sete irmãs, primo direito dos filhos dos meus tios e tias Prata, primo em segundo grau dos netos de Ana Prata)

(Nos números 13 e 14, cada descendente de João Prata tire o meu nome ou o da minha mãe e coloque o seu ou do seu pai ou mãe; os descendentes de Ana Prata substituem João Prata por Ana Prata, no número 12, e fazem o mesmo, depois.)

O meu parente Lourval dos Santos Silva tem certidões de nascimento e casamento desta gente toda. Quando eu as tiver, partilho-as.

Mandou-me o processo do Rodrigo Antunes, na Inquisição de Lisboa:

PT-TT-TSO/IL/28/9954> Título Processo de Rodrigo Antunes Datas 14/3/1627-20/4/1634 NívelDescrição Documento Composto DimensãoSuporte 63 folhas CódigoReferAlternCota Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, proc. 9954 ÂmbitoConteúdo Acusação -judaísmo
Profissão -ferreiro
Naturalidade -Vila de Castelo Branco
Morada - Vila de Castelo Branco
Idade -27 anos
Filiação -Tomás Roiz e Isabel Ferreira
Estado Civil - casada com Helena Fernandes
Sentença -Abjure publicamente seus heréticos erros em forma e em pena e penitência deles lhe assinam cárcere e hábito a arbítrio dos Inquisidores e será instruído nas coisas da fé necessárias para a salvação da sua alma e cumprirá as mais penas e penitências espirituais que lhe forem impostas e mandam que excomunhão maior em que incorreu seja absoluto in forma ecclesia
Data da sentença - 8 de Abril de 1634, lida em Auto
Observação - Preso em 25 de Abril de 1633
Avós Paternos - Rodrigo Tomás e Beatriz Antunes
Avó Materna - Beatriz Antunes
Entidade Detentora ANTT


Olha se o Hitler tivesse atravessado os Pirinéus!!!
(Durante a Segunda Guerra Mundial, Hitler perguntou a Salazar o que fazer com mais de dois mil judeus húngaros, mas que se diziam portugueses, pois daqui tinham partido os seus antepassados, fugidos da Inquisição. Salazar não quis saber e eles morreram no Holocausto.)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Prata

O jornal Reconquista tem vindo a publicar, quinzenalmente, trabalhos meus sobre a Póvoa de Rio de Moinhos. Já foram publicados 5 e o próximo sai na quinta-feira da semana que vem. Em Agosto, será publicado o último.
Esta colaboração surge no âmbito de um estudo sobre esta povoação, realizado por uma equipa de pessoas, a que me associei, em honra do meu bisavô António Prata, natural da Póvoa.


Registo do baptismo do meu avô João Prata
(Clicar na imagem, para ler melhor)

Genealogia dos Pratas, em S. Vicente da Beira:
1. João Prata e Joaquina da Cruz moravam na Póvoa e tiveram um filho a quem chamaram António Prata.
2. António Prata era ferreiro e foi trabalhar para S. Vicente, onde casou com Maria Castanheira, natural do Souto da Casa, filha de António Castanheira e Rosária da Costa. Maria Castanheira já enviuvara duas vezes e teve filhos dos anteriores matrimónios, ambos em S. Vicente. O casal morou na Rua da Cruz, na última casa à esquerda de quem sobe, onde funcionava a casa da roda, pois Maria Castanheira desempenhou as funções de ama das crianças enjeitadas. António Prata e Maria Castanheira tiveram dois filhos: Ana Prata e João Prata, que se seguem.
3. Ana Prata casou com Miguel Rodrigues. Viveram na Barroca, junto à Laje do Paço. Ainda os conheci, em meados dos anos 60. O casal teve 10 filhos: Maria Prata, Maria Castanheira, Cecília, Maria da Luz, Palmira, João, José Maria, Luís, José e Eusébio.
4. João Prata nasceu a 15 de setembro de 1885 e casou com Dorotheia de Jesus dos Santos, herdeira da fazenda da Oriana, onde o casal construiu o seu lar. Tiveram 8 filhos: Maria José, Carlota, Estela, José, António, Laura, Maria da Luz e Maria dos Santos.


Ana Prata


João Prata

Curiosidades:
- A família Prata já vive na Póvoa há mais de 250 anos. No século XVIII, alguns Pratas foram membros da governança, isto é, pertenciam ao grupo de pessoas que participavam no governo da Póvoa (a governação de um concelho ou mesmo de uma freguesia envolvia duas ou três dezenas de pessoas e os cargos eram quase todos anuais e rotativos). Não será estranho a esta realidade o facto de o meu avô João Prata ter feito parte da Junta de Freguesia por vários mandatos, num total de cerca de 24 anos, e do actual Presidente da Junta de Freguesia ser um neto dele. É uma tradição familiar com centenas de anos.
- Como se pode verificar na genealogia apresentada, há nesta família uma sucessão de membros do sexo masculino com nomes de João e António que chegou à actualidade, pois o meu avô João Prata chamou António (Prata) a um filho e este deu o nome de João a um dos seus filhos, o João Benevides Prata.
- O meu bisavô António Prata, na sua velhice, apenas desejava voltar a ser o menino da sua Póvoa natal. Tanto teimou, tanto insistiu, que um dia abalou e o filho foi apanhá-lo já longe, a caminho da Póvoa.
- A tia Ana Prata era um mulher muito bonita. Quem o afirmava era a D. Maria de Lurdes Doria, esposa do Engenheiro Luís Martinho. A tia Ana foi sua ama de leite, amamentando-a em simultâneo com o filho João (Coxo). Certamente, também foram os olhos do coração que a viram como a mulher mais bonita de S. Vicente!