segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Tertúlia SVD

O próximo encontro dos ex-alunos dos seminários do Verbo Divino será em Oleiros, organizado pelo grupo de Lisboa.
É já no próximo dia 30 de Janeiro, sábado, no restaurante "Maria Pinha".
A ementa é de se lhe tirar o chapéu:

Entradas:
Pão (broa e trigo)
•Queijo regional (fresco e curado)
•Presunto
•Enchidos regionais

Pratos:
Maranho ou Bucho Recheado
•Cabrito estonado "à moda de Oleiros", acompanhado por batata assada no forno, migas e arroz de miúdos

Sobremesa:
Tigelada, Arroz doce, Papas de carolo, Leite creme ou Fruta
Café
Bebidas:
Vinho tinto e branco (Herdade de Pias ou Esteva), Águas e Refrigerantes, Licor e Aguardente de Medronho

Valor por pessoa: € 22,00.


Eu, o Chico Barroso e o P.e Jerónimo já nos inscrevemos e vamos apreciar os petiscos e a boa companhia.

Porquê esta publicação?
Porque vos quero fazer água na boca!

Aos muitos ex-alunos vicentinos, para lhes dar conhecimento e também se inscreverem.
A todos, para vermos como a culinária regional é um excelente cartaz turístico.

Inscrições: http://sabordabeira.blogspot.com/

domingo, 17 de janeiro de 2010

Centenário da Banda


"A Pátria Nova", jornal republicano, publicado semanalmente em Castelo Branco, nos anos a seguir à implantação da República, trazia a seguinte notícia, referente a São Vicente da Beira:

Secção: «Câmara Municipal de Castelo Branco. Sessão de 13 de Fevereiro de 1912. Deliberações»

«Ceder as salas dos antigos Paços do Concelho de São Vicente da Beira para instalação do centro republicano e philarmonica d´aquela freguesia, sem prejuizo de qualquer outro destino que de futuro se lhes queira dar.»

Do centro republicano nada sabemos, mas a Filarmónica lá continua.
Ao longo de um século, várias vezes teve de sair e retornou.
Agora ambiciona um novo espaço, definitivo e mais ajustado às actividades que desenvolve.



Fotos do Dário Inês

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O grande nevão

Aos que estão longe, para matar saudades.
É o maior nevão de que as pessoas têm memória.
Foi no dia 10 e madrugada de 11 de Janeiro de 2010.
As fotos são do Dário Inês, em reportagem especial para o Enxidros.


(Clicar nas imagens, para ver os pormenores. A primeira foi tirada do alto do Casal da Fraga e ao fundo avista-se S. Vicente. Na segunda, até dá para identificar os artistas.)










sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Cantar as Janeiras

Finda a ceia, sai-se para o negro enregelado da noite, ao encontro dos que também querem desejar um bom ano novo aos vizinhos da terra.
Cada um leva o que tem: uma pandeireta, um realejo ou tão só a voz, que é quanto basta.
Gorra ou boné para os homens, e o casaco mais quente, com a gola levantada. As mulheres embrulham-se nos casacos, meias grossas nas pernas e xailes pelas cabeças.
Acertam as quadras, combinam quem começa e avança-se.
Antes de cada porta, adapta-se a letra às pessoas que ali moram. Se forem muitas, improvisam-se mais umas estrofes. E começam:

Glória a Deus dizem os Anjos
Todos cheios de alegria
Já nasceu o Deus Menino
Filha da Virgem Maria


Este é o refrão, que depois se repete no fim de cada quadra. Primeiro, recorda-se o Natal ainda fresco, também ele a anunciar um tempo novo:

S. José se levantou
Uma vela se acendeu
P´ra adorar o Deus Menino
Que à meia-noite nasceu


Depois, saúdam-se os da casa:

De quem é aquele chapéu
Que além está dependurado?
Ai é do senhor …
Que é um homem muito honrado


De quem é aquele anel
Que além está a reluzir?
Ai é da senhora …
Que para o céu vai a subir


De quem é aquela tesoura
Que está naquela cadeira?
Ai é da menina …
Que é uma grande costureira


Menina …
Meu raminho de salsa crua
Quando sai da sua casa
Alumia toda a rua


Viva lá menina …
Meu raminho de oliveira
Ainda anda neste mundo
Já no céu tem a cadeira


São estas ou outras quadras, ao gosto dos cantores. Família lisonjeada, é hora de pedir a paga:

Levante-se senhora …
Desse banco de cortiça
Venha-nos dar as Janeiras
Uma morcela ou uma chouriça


Levante-se senhor …
Desse banco de prata
Venha-nos dar as Janeiras
Que está um frio que mata


Esta em desespero, pois as caras já avermelham, queimadas do frio, e os pingos quase gelam nos narizes. Em desespero, para apressar quem de dentro não se decide.
Abre-se finalmente a porta e convidam-se os cantores a entrar. A dona da casa passa um prato de filhoses pelo grupo, enquanto espreita uma chouriça que esguicha nas brasas do lume. O homem, armado de garrafão e copos, roda pelos homens, a molhar-lhes a garganta. Um chazinho quente também ajuda quem vai voltar para a noite invernal.
Então agradece-se:

Esta casa está caiada
Do telhado até ao chão (Do cimo até ao chão)
Aos senhores que nela moram (...que aqui moram)
Deus lhes dê (deia) a salvação

Despedida, despedida
Despedida vamos dar
Deus queira que para o ano
Cá tornemos a voltar


Alguém não abre a porta. Não tem o que dar, comida, bebida ou amizade. Os cantores pagam-lhes na mesma moeda:

Trinca martelos
E torna a trincar
Este barbas de chibo (...de farelos)
Não tem nada p´ra nos dar


Eram assim as Janeiras, em S. Vicente da Beira. Nos meados do século passado, por vezes, alguns músicos da Banda Filarmónica juntavam-se aos cantores e elevavam o nível artístico.
Não tenho recordações das Janeiras. Nem na Tapada da minha infância, nem no Seminário da minha adolescência elas se cantavam.
Esta recolha foi realizada por Maria Isabel dos Santos Teodoro, junto de pessoas da nossa terra que costumavam cantar as Janeiras.
Com estas e muitas outras tradições, fez um trabalho escolar manuscrito. Corria o ano de 1985 e frequentava a Escola Secundária de Alcains.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Concerto de Ano Novo


A Sociedade Filarmónica Vicentina abriu o ano de 2010, com chave de ouro: um concerto de Ano Novo, no salão da Casa do Povo, aplaudido por cerca de 200 pessoas.
Assim iniciou a nossa Banda as comemorações do seu CENTENÁRIO.
E muitos outros eventos nos surpreenderão ao longo do ano.
Parabéns à velhota, nas pessoas dos músicos e membros dos corpos dirigentes!




Os músicos em acção.


O mestre Gonçalo Pinto, que dirigiu o concerto.


O mestre Sérgio Sequeira veio dar uma ajuda ao mestre Gonçalo Pinto e dirigiu a última peça. Ambos são professores da Escola de Música.


O público ovacionou de pé a sua Banda Filarmónica.


E os artistas agradeceram.

Informações e fotos do Dário Inês.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

1.º Aniversário

Hoje, o Enxidros está de parabéns, faz um anito.
Foram 91 postagens, quase duas por semana, muito acima das minhas expectativas.
A minha ideia inicial era fazer uma espécie de jornal digital, de periodicidade semanal. O blogue desenvolver-se-ia em dois vectores, a que se juntou depois um terceiro:
a)Publicar notícias da actualidade local, histórias de vida e documentos históricos.
b)Progressivamente, transformar o blogue pessoal no blogue de uma equipa de pessoas com um projecto comum.
c)Cedo se me impôs a necessidade de o blogue ter a dimensão da freguesia e não só da povoação de S. Vicente da Beira, pois tudo está interligado, tanto no plano físico como no humano.
A aposta da alínea a) foi plenamente conseguida, embora esteja ainda longe do ideal, sobretudo no que se refere à publicação de notícias da actualidade. Mas sozinho, a viver em C. Branco, dificilmente poderei fazer melhor.
Quanto à alínea b), não consegui o que desejava, embora pouco tenha feito para o conseguir. É um projecto de médio prazo, que ainda pode vir a concretizar-se. Proponho que, quem quiser trabalhar comigo, comece como colaborador e mais tarde, se houver entrosamento, passe a administrador.
Por muitas razões, o Enxidros continuará a centrar-se na povoação de S. Vicente da Beira, mas tenho consciência de que só temos a ganhar ao alargar o seu âmbito à área geográfica da freguesia, sempre que possível.
Comecei com um blogue criado e administrado pela minha filha. Depois, pouco a pouco, tomei-lhe as rédeas.
Nas histórias de vida, usei o que tinha mais à mão, episódios da minha vida. Mas começam a escassear. Vou ter de procurar por fora, se entretanto os colaboradores não forem aparecendo.
Por vezes, o Enxidros parece um blogue pessoal e familiar, mas nunca foi essa a intenção. Não o encaro sequer como coisa privada. É antes a minha forma de participar a vida da nossa comunidade. É o meu contributo, a forma de eu ser cidadão.
Venha então mais um ano, que desejo bom para todos!

domingo, 27 de dezembro de 2009

Invasões Francesas 10


Castelo Branco, em 1812, gravura do artista britânico George Cumberland Júnior, que acompanhou o Exército Inglês.

Ajuda ao Exército Luso-Inglês
Fazer a guerra requeria bom tempo e não respeitar esta regra podia custar caro. Assim aconteceu a Napoleão, na Campanha da Rússia, apanhado e vencido pelo General Inverno. Foi em 1812 e o Exército Francês sofreu 550 mil mortos.
Mas, em 1811, os franceses ainda andavam por cá, tal como continuaram em 1812.
E era preciso alimentar o Exécito Luso-Inglês que os combatia.
No mês de Dezembro de 1811, só houve uma requisição: o ganhão de Francisco Ferreira da Vila transportou bolacha de Abrantes para Castelo Branco, em 12 dias.

Ajuda ao Exército Francês
Na 1.ª Invasão, os franceses passaram por Castelo Branco, entre 20 de Novembro de 1807 e 9 de Janeiro de 1808.
A cidade de Castelo Branco e as povoações dos arredores, incluindo dos concelhos limítrofes, tiveram de fornecer alimentos e montadas aos franceses, a mando das autoridades portuguesas.
No meu livro “O Concelho de S. Vicente da Beira na Guerra Peninsular”, referi e citei um documento de um autor anónimo que descreveu a passagem dos franceses por Castelo Branco.
Na altura, conhecia apenas a parte do documento publicada por J. Ribeiro Cardoso. Mais tarde, tive acesso ao documento na íntegra, publicado no jornal “Terra da Beira”, nos anos de 1929 e 1930.
Pude então localizar, no tempo, com mais rigor, as contribuições dos nossos antepassados para o Exército Francês, pois a documentação consultada situava as nossas contibuições para os franceses, entre 20 de Novembro de 1807 e 30 de Março do ano seguinte.
A partir de finais de Novembro, a cidade de Castelo Branco, capital da Comarca, já esgotara os seus recursos e passou a requisitar alimentos nos povos e concelhos vizinhos. Por exemplo, no dia 6 de Dezembro, foram embargados todos os alimentos armazenados nas tulhas das Comendas da Comarca.
Assim, as contribuições do concelho de S. Vicente da Beira terão ocorrido quase todas no mês de Dezembro de 1807.
Seguem-se as entregas aos franceses, por parte da freguesia de S. Vicente da Beira, que constam da documentação consultada.

VILA
Ignes Caetana, viúva de Francisco Caldeira: 1 junta de bois machos + 1 cavalo + 41 alqueires de farinha
Berardo Joze Leal, feitor de Gonçallo Caldeira: 10 alqueires de centeio
Capitão Joaõ Duarte: 6 alqueires de feijão pequeno + 5 alqueires de milho grosso + 4 alqueires de feijão pequeno (em Tinalhas)
Capitão Joaõ Rodrigues Lourenço Caio e sogro: 5 alqueires de feijão pequeno + levou 1 carrada de farinha a Castelo Branco
Joze Custodio Ribeiro: 1 junta de bois machos + 4 alqueires de feijão pequeno + 3 alqueires de centeio
Antonio Leitaõ Canuto
e sobrinho: 1 mula
Jozefa, viúva do San.to: 1 vaca + 1 carrada a C. Branco, com outra vaca de Joaõ Lopes
Joaõ Lopes: 1 vaca + 1 carrada a C. Branco, com outra vaca da Jozefa + 1 saca + 1 tamoeiro
Joze de Oliveira: 3 alqueires de milho grosso
Ignes, viúva de Domingos Rapozo: 6 alqueires de feijão pequeno
Anacleto Antunes: 1 vaca + 1 carrada a C. Branco, com outra vaca de Joaõ Bernardo + 1 saca
Joaõ Bernardo: 1 vaca + 1 carrada a C. Branco, com outra vaca de Anacleto Antunes
D. Anna Felicia de Azevedo: 6 alqueires de centeio + 4 alqueires de milho grosso
Padre Estevaõ Cabral: 5 alqueires de milho grosso
Joze Henriques Matias, feitor do Capitão-Mor de Alpedrinha Antonio Bernardo Esteves de Brito: 15 alqueires de centeio
Bento Lopes: 6 alqueires de feijão pequeno (estavam em C. Branco) + 3 sacos + 1 jugo de bois + 18 pães cozidos
Joze Bernardo Cardoso: 2 alqueires de farinha de milho + 1 macho ao serviço das tropas, durante 10 dias

PEREIROS
João Antunes: 5 alqueires de milho grosso + 1 saco
Bras Antunes: 4 alqueires de milho grosso

PARTIDA
Joze Vicente: 1 alqueire de milho grosso
Manoel Mateus: 1 alqueire de milho grosso
Venancio Freire: 1 alqueire de milho grosso
Manoel Martins: 1 alqueire de milho grosso
Maria Martins, viúva: meio alqueire de milho grosso + levar 1 carrada a C. Branco
Antonio Baranda: meio alqueire de milho grosso
Mateus Antunes: 1 alqueire de milho grosso
Isabel Leitoa, viúva, e filho: 1 alqueire e meio de milho grosso
Joze Leitaõ o Bógas: 1 alqueire de milho grosso
Manoel Alexandre: 2 alqueires de milho grosso + 1 saco
Domingos Joaõ: 1 alqueire e meio de milho grosso
Antonio Fernandes: 1 égua de coudelaria + 3 alqueires de milho grossoJoze Martins Pedro: 1 alqueire de milho grosso

Para saber mais, consultar: "O Concelho de S. Vicente da Beira na Guerra Peninsular", de José Teodoro Prata, publicado pela Associação dos Amigos do Agrupamento de Escolas de São Vicente da Beira, em 2006