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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Cavalos de lista


O Cavalo Sorraia
Em 2005, durante o trabalho de investigação sobre as invasões francesas, o qual culminou na publicação, no ano seguinte, do livro “O Concelho de S. Vicente da Beira na Guerra Peninsular”, deparámo-nos com referências a éguas de lista.
Foram seis os equinos que os habitantes deste concelho tiveram de entregar aos franceses, em Dezembro de 1807. A documentação informa-nos sobre três éguas de lista, duas de Tinalhas e uma do Sobral. Dos restantes equinos, não foi especificada a raça, mas é provável que alguns outros também fossem de lista.
Na altura, falei com um veterinário, questionando-o sobre essa espécie de cavalos. Ele disse-me que era uma raça que existira antigamente. Eram cavalos zebrados, por terem listas escuras no corpo.
Fiquei sem saber mais nada, até ao passado dia 10 de Junho de 2010. No site do jornal Público (http://www.publico.pt/), encontrei uma notícia, com vídeo, sobre o cavalo Sorraia, a propósito do Ano Internacional da Biodiversidade.
O vídeo continua disponível e pode ser encontrado no site do jornal, à esquerda, clicando em “Vídeos do Público”. A não perder, para conhecer melhor o nosso património natural e histórico.


Esta pintura e a do alto são de uma gruta em Laucaux, no sudoeste da França, e representam cavalos pintados há cerca de 17 mil anos. Estes cavalos de Lascaux seriam muito semelhantes aos antepassados do cavalo Sorraia. Pelo menos assim me parecem, pela imagem que tenho de alguns cavalos desta raça que vi na Coudelaria de Alter do Chão.
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Estas duas fotos apresentam cavalos de raça Sorraia. Na primeira, são visíveis as listas negras no pescoço. A segunda mostra bem a lista negra no dorso do animal, da cabeça à cauda.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Invasões Francesas 10


Castelo Branco, em 1812, gravura do artista britânico George Cumberland Júnior, que acompanhou o Exército Inglês.

Ajuda ao Exército Luso-Inglês
Fazer a guerra requeria bom tempo e não respeitar esta regra podia custar caro. Assim aconteceu a Napoleão, na Campanha da Rússia, apanhado e vencido pelo General Inverno. Foi em 1812 e o Exército Francês sofreu 550 mil mortos.
Mas, em 1811, os franceses ainda andavam por cá, tal como continuaram em 1812.
E era preciso alimentar o Exécito Luso-Inglês que os combatia.
No mês de Dezembro de 1811, só houve uma requisição: o ganhão de Francisco Ferreira da Vila transportou bolacha de Abrantes para Castelo Branco, em 12 dias.

Ajuda ao Exército Francês
Na 1.ª Invasão, os franceses passaram por Castelo Branco, entre 20 de Novembro de 1807 e 9 de Janeiro de 1808.
A cidade de Castelo Branco e as povoações dos arredores, incluindo dos concelhos limítrofes, tiveram de fornecer alimentos e montadas aos franceses, a mando das autoridades portuguesas.
No meu livro “O Concelho de S. Vicente da Beira na Guerra Peninsular”, referi e citei um documento de um autor anónimo que descreveu a passagem dos franceses por Castelo Branco.
Na altura, conhecia apenas a parte do documento publicada por J. Ribeiro Cardoso. Mais tarde, tive acesso ao documento na íntegra, publicado no jornal “Terra da Beira”, nos anos de 1929 e 1930.
Pude então localizar, no tempo, com mais rigor, as contribuições dos nossos antepassados para o Exército Francês, pois a documentação consultada situava as nossas contibuições para os franceses, entre 20 de Novembro de 1807 e 30 de Março do ano seguinte.
A partir de finais de Novembro, a cidade de Castelo Branco, capital da Comarca, já esgotara os seus recursos e passou a requisitar alimentos nos povos e concelhos vizinhos. Por exemplo, no dia 6 de Dezembro, foram embargados todos os alimentos armazenados nas tulhas das Comendas da Comarca.
Assim, as contribuições do concelho de S. Vicente da Beira terão ocorrido quase todas no mês de Dezembro de 1807.
Seguem-se as entregas aos franceses, por parte da freguesia de S. Vicente da Beira, que constam da documentação consultada.

VILA
Ignes Caetana, viúva de Francisco Caldeira: 1 junta de bois machos + 1 cavalo + 41 alqueires de farinha
Berardo Joze Leal, feitor de Gonçallo Caldeira: 10 alqueires de centeio
Capitão Joaõ Duarte: 6 alqueires de feijão pequeno + 5 alqueires de milho grosso + 4 alqueires de feijão pequeno (em Tinalhas)
Capitão Joaõ Rodrigues Lourenço Caio e sogro: 5 alqueires de feijão pequeno + levou 1 carrada de farinha a Castelo Branco
Joze Custodio Ribeiro: 1 junta de bois machos + 4 alqueires de feijão pequeno + 3 alqueires de centeio
Antonio Leitaõ Canuto
e sobrinho: 1 mula
Jozefa, viúva do San.to: 1 vaca + 1 carrada a C. Branco, com outra vaca de Joaõ Lopes
Joaõ Lopes: 1 vaca + 1 carrada a C. Branco, com outra vaca da Jozefa + 1 saca + 1 tamoeiro
Joze de Oliveira: 3 alqueires de milho grosso
Ignes, viúva de Domingos Rapozo: 6 alqueires de feijão pequeno
Anacleto Antunes: 1 vaca + 1 carrada a C. Branco, com outra vaca de Joaõ Bernardo + 1 saca
Joaõ Bernardo: 1 vaca + 1 carrada a C. Branco, com outra vaca de Anacleto Antunes
D. Anna Felicia de Azevedo: 6 alqueires de centeio + 4 alqueires de milho grosso
Padre Estevaõ Cabral: 5 alqueires de milho grosso
Joze Henriques Matias, feitor do Capitão-Mor de Alpedrinha Antonio Bernardo Esteves de Brito: 15 alqueires de centeio
Bento Lopes: 6 alqueires de feijão pequeno (estavam em C. Branco) + 3 sacos + 1 jugo de bois + 18 pães cozidos
Joze Bernardo Cardoso: 2 alqueires de farinha de milho + 1 macho ao serviço das tropas, durante 10 dias

PEREIROS
João Antunes: 5 alqueires de milho grosso + 1 saco
Bras Antunes: 4 alqueires de milho grosso

PARTIDA
Joze Vicente: 1 alqueire de milho grosso
Manoel Mateus: 1 alqueire de milho grosso
Venancio Freire: 1 alqueire de milho grosso
Manoel Martins: 1 alqueire de milho grosso
Maria Martins, viúva: meio alqueire de milho grosso + levar 1 carrada a C. Branco
Antonio Baranda: meio alqueire de milho grosso
Mateus Antunes: 1 alqueire de milho grosso
Isabel Leitoa, viúva, e filho: 1 alqueire e meio de milho grosso
Joze Leitaõ o Bógas: 1 alqueire de milho grosso
Manoel Alexandre: 2 alqueires de milho grosso + 1 saco
Domingos Joaõ: 1 alqueire e meio de milho grosso
Antonio Fernandes: 1 égua de coudelaria + 3 alqueires de milho grossoJoze Martins Pedro: 1 alqueire de milho grosso

Para saber mais, consultar: "O Concelho de S. Vicente da Beira na Guerra Peninsular", de José Teodoro Prata, publicado pela Associação dos Amigos do Agrupamento de Escolas de São Vicente da Beira, em 2006

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Invasões Francesas 9


Os invasores à chegada a Portugal, em Novembro de 1807, numa gravura da época.

Continuamos a dar notícia dos serviços prestados pelos ganhões da freguesia de S. Vicente da Beira, aos exércitos de Portugal e de Inglaterra, em luta contra os invasõres franceses, nos anos 1807-1812.

Vila
O ganhão de Francisco Ferreira foi de Abrantes para Cidade Rodrigo, com uma carrada de pólvora e bala, em Novembro de 1809. Gastou 28 dias.
A fortaleza de Cidade Rodrigo, na fronteira de Espanha com Portugal, desempenhou um papel muito importante nesta Guerra Peninsular, pois guardava uma das melhores portas de entrada de Espanha em Portugal.
O ganhão de Joaõ Roiz Lourenço Caio transportou farinha de Abrantes para Castelo branco, em Novembro de 1811, tendo demorado 10 dias. O carro de bois era puxado por uma vaca do patrão e outra da viúva de Antonio da Silva.

Mourelo
Em Novembro de 1811, foram dois carreiros deste monte, para a Covilhã, dali seguiram para Vila Velha, de onde voltaram para o Fundão. A documentação não nos informa da mercadoria que transportaram, mas sabemos que gastaram 13 dias.
Um carro era puxado pelas vacas de Joam Francisco e da viúva Maria Nunes. O outro pelas de Joze Mateos e Manoel Leitam.
Como já escrevi anteriormente, penso que estes lavradores tinham a junta a meias.

Para saber mais, consultar: "O Concelho de S. Vicente da Beira na Guerra Peninsular", de José Teodoro Prata, publicado pela Associação dos Amigos do Agrupamento de Escolas de São Vicente da Beira, em 2006.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Invasões Francesas 8


Gravura da época das Invasões Francesas, representando um soldado francês a carregar com tudo o que pode levar, roubado aos portugueses.

No mês de Outubro de 1811, vários carreiros da freguesia de S. Vicente da Beira foram requisitados para prestar serviços aos exércitos português e inglês, em lutam contra os franceses.

Quatro carros de bois foram a Abrantes buscar mantimentos para Castelo Branco, conduzidos por:
Pedro,ganhão de Berardo Joze Leal, o feitor de Gonçallo Caldeira, o pai do futuro 1.º visconde da Borralha (trouxe uma pipa de vinho). Regressado a S. Vicente, foi mandado levar uma carga de pão cosido ao Fundão.
Manoel de Oliveira e Francisco Ferreira, de S. Vicente da Beira (transportaram farinha). Francisco Ferreira era uma pessoa importante na Vila, pelo que não teria a junta a meias com Manoel de Oliveira. Terá ido uma vaca de cada um.
Joam Antunes Piqueno e Joze Alves do Mourelo. Neste caso, é provável que tivessem a junta a meias. Aliás, pelo grande número de ganhões deste monte que faziam os transportes aos pares, é provável que essa fosse uma prática muito comum no Mourelo.
Joaõ Figueira dos Pereiros. Este carro e o anterior foram mandados de volta a Abrantes, para trazerem mais uma carga de mantimentos para Castelo Branco.

Cinco carros de bois partiram de S. Vicente, em comboio (todos juntos, uns a seguir aos outros) e chegaram ao Fundão. Aí não tinham nada para transportar e mandaram-nos à Covilhã, onde também não havia nada para levarem. Foram então enviados a buscar farinha a Vila Velha (aqui chegada via fluvial), para o Fundão. Andaram nesse serviço os seguintes ganhões:
Joze Mateos do Mourelo
Manoel Alves do Mourelo
Manoel Mateus da Partida
Joaõ Antunes dos Pereiros
Victorino, filho de Joanna Gonsalves, do Tripeiro

Domingos Silva de S. Vicente da Beira foi levar uma carga de centeio ao Sobral de Casegas, para as guerrilhas (grupos de populares armados, em luta contra os invasores franceses).

Para saber mais, consultar: "O Concelho de S. Vicente da Beira na Guerra Peninsular", de José Teodoro Prata, publicado pela Associação dos Amigos do Agrupamento de Escolas de São Vicente da Beira, em 2006.

sábado, 26 de setembro de 2009

Invasões Francesas 5



A pintura é do Reverendo William Bradford e representa um regimento inglês a descer a serra e a começar a atravessar a ribeira de Nisa, em direcção a Vila Velha (de Ródão), em 1811. Na encosta, avistam-se muitos carros de transporte de bagagens, alimentos e munições. Era para esse serviço (e outros) que os nossos carreiros eram requisitados. Clicar na imagem para ver melhor.

Continuamos, hoje, a apresentar os carreiros da freguesia de S. Vicente da Beira que trabalharam para o exército aliado (Portugal e Inglaterra), durante a Guerra Peninsular (Invasões Francesas).

S. Vicente da Beira
Joaõ Leitaõ Canuto andou, com a sua junta de bois e carro, a acarretar feno de S. Vicente para Castelo Branco, durante 9 dias, em Setembro de 1811. Terá feito vários transportes.

Casal da Serra
Joze Francisco, com a sua junta de bois e carro, prestou o mesmo serviço que Joaõ Leitaõ Canuto. Terão andado juntos.

Para saber mais, consultar: "O Concelho de S. Vicente da Beira na Guerra Peninsular", de José Teodoro Prata, publicado pela Associação dos Amigos do Agrupamento de Escolas de São Vicente da Beira, em 2006.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Invasões Francesas 4

Os Ingleses em S. Vicente

Éramos muitas crianças, à guarda da minha mãe. Ser uma mulher de armas não bastava, pois, além de nos criar, tinha mais as lidas da casa e ainda as do campo. A rédea curta vinha-lhe da ameaça “Se fizeres isso, o teu pai quila-te”, sinónimo de uma boa sovata à noite ou no fim-de-semana, quando ele chegasse.
Ameaça desnecessária, pois o que nos metia na ordem era mesmo o ralho dela, não a ameaça de castigo e muito menos o medo ao meu pai, que não era dessas coisas.

Mas a palavra quila-te intrigava-me. Mais tarde, estudante de inglês, aprendi que o verbo to kill significa precisamente matar.
Influência de uma freira inglesa que viveu no nosso Convento Franciscano? Parecia-me a explicação lógica.
Mas, quando estudei os documentos sobre as Invasões Francesas, deparei-me com 2 Regimentos Ingleses, em S. Vicente da Beira. Terão sido eles a deixar a palavra que deu origem a este nosso anglicismo?




Clicar nas imagens, para ler melhor

O documento da primeira imagem refere a presença, em S. Vicente, dos Regimentos Ingleses N.º 2 e N.º 36. Com eles foi João António, ganhão de Joaquim José de Brito Coelho de Faria, com o carro de bois carregado de mantimentos. Partiram de S. Vicente, no dia 26 de Julho, e acamparam em Chafurdão, onde o ganhão deixou os bois e o carro, no dia 10 de Novembro.

O documento da segunda imagem informa que, em Agosto de 1811, a junta de bois e carro do Capitão João Roiz(Rodrigues) Lourenço Caio, certamente conduzida pelo seu ganhão, andou ao serviço de dois Regimentos de Infantaria Britânica (Inglesa), que passaram por S. Vicente da Beira.

Os dois documentos coincidem na quantidade (dois regimentos) e no tempo (passaram por S. Vicente em finais de Julho/Agosto), pelo que os dois ganhões de S. Vicente terão acompanhado os mesmos Regimentos Ingleses, que estiveram em S. Vicente, por aqueles dias.


Outros serviços dos carreiros da freguesia de S. Vicente da Beira:

S. Vicente
Em Agosto de 1810, o carro de bois de Francisco Ferreira transportou bolacha de Sarzedas para o Fundão, num total de 8 dias. Este lavrador foi a pessoa do concelho que mais dias de serviço prestou aos exércitos português e inglês, entre 1809 e 1812 (95 dias). Morava na Rua Velha e detinha o foro da Comenda de Avis e do Convento das Religiosas, isto é, recebia as rendas que os rendeiros deviam a estes senhores das terras que trabalhavam, ficando com uma parte para pagar o seu serviço e entregando o restante à Comenda ou ao Convento, conforme o caso.
O mesmo foro das Religiosas do Convento já o detivera seu pai (ou avô), Domingos Ferreira, nas últimas décadas do século XVIII (cerca de 1770).

Mourelo
A junta de bois e carro de Manuel Antunes Frade e de José Mateus transportou centeio das Sarzedas para Castelo Branco, tendo gasto 4 dias, em Agosto de 1811.
Também já expliquei que, nos casos em que aparecem dois proprietários, seria por terem a meias a junta de bois e o carro.

Para saber mais, consultar: "O Concelho de S. Vicente da Beira na Guerra Peninsular", de José Teodoro Prata, publicado pela Associação dos Amigos do Agrupamento de Escolas de São Vicente da Beira, em 2006.

domingo, 26 de julho de 2009

Invasões Francesas 3

Continuamos, hoje, a apresentar os lavradores do antigo concelho de S. Vicente da Beira que prestaram serviços como carreiros, para os exércitos português e inglês, em luta contra os invasores franceses.

Mourelo
No mês de Julho, em ano que não foi indicado, a junta de bois de Manuel Antunes Frade e Antonio Francisco Baranda levou uma carrada de bolacha de Vila Velha para a Guarda, num total de 13 dias.
Como anteriormente já alertámos, estes são os dias de serviço efectivo, não se tendo contabilizado o tempo gasto do Mourelo para Vila Velha e da Guarda para o Mourelo. Também já explicámos que estes dois lavradores teriam a junta a meias, à semana, para realizar os trabalhos agrícolas.

Paradanta
A junta de Francisco Mendes levou de Vila Velha para a Guarda um produto não especificado, certamente alimento, tendo demorado 10 dias, em Junho de 1812.
Nesta época, ainda não se acrescentara o termo Ródão ao nome Vila Velha.
Os produtos subiam o Tejo de barco, até ao porto de Vila Velha, sendo levados depois, nos carros de bois, para ao seu destino.

S. Vicente da Beira
Pedro, ganhão de Berardo Joze Leal, foi levar uma carrada de bolacha da Vila para a Soalheira, onde terá pernoitado um corpo do exército aliado. Partiu no dia 31 de Julho e regressou a 2 de Agosto de 1811.
Berardo Joze Leal era o feitor de Gonçallo Caldeira, pai do 1.º Visconde da Borralha. Gonçallo Caldeira já não morava em S. Vicente da Beira, mas ainda cá permanecia a sua mãe Ignes Caetana, viúva de Francisco Caldeira.

Para saber mais, consultar: "O Concelho de S. Vicente da Beira na Guerra Peninsular", de José Teodoro Prata, publicado pela Associação dos Amigos do Agrupamento de Escolas de São Vicente da Beira, em 2006.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

As Invasões Francesas 2

Continuamos, hoje, a dar notícia dos carreiros (ganhões que transportavam de mercadorias nos carros de bois) da freguesia de S. Vicente da Beira, que prestaram serviços aos exércitos português e inglês, na Guerra Peninsular (1807-1812), conhecida por Invasões Francesas.
Para conhecer melhor as condições em que se andava nos embargos, deve consultar-se a anterior publicação “As Invasões Francesas”.
Como se pode verificar, faltaram muitos homens à romaria a Nossa Senhora da Orada, em Maio de 1812, e muitas terão sido as preces por eles rezadas!


Casal da Serra
Em Maio e Junho de 1811, Joze Francisco andou com a sua junta de vacas a puxar o trem do exército inglês, entre Abrantes e Nisa, e a prestar serviços aos exércitos, em Abrantes, durante 33 dias.

Mourelo
Em Maio de 1812, a junta de Manoel Leitam transportou mercadorias entre Abrantes e Elvas, durante 31 dias.

No mesmo serviço, período e data, andou também a junta de Jose Antonio e Jose Alves.

Pelo mesmo período e na mesma data, andou a junta de Joam Franses e Joze Mateos, mas a transportar lenha para um forno, em Abrantes, onde se situava o Quartel-general das tropas inglesa e portuguesa.
Este Franses não tem relação com os franceses que invadiram Portugal, em 1807-1812, pois esta família já vivia, no Mourelo, pelo menos 50 anos antes.

Paradanta
Em Maio e Junho de 1812, por 33 dias, andou Manoel Mendes, criado de Manoel Leitam, com a junta de vacas, entre Abrantes e Nisa, levando o trem do Hospital e entre Abrantes e Elvas, carregando pólvora e bala.

Partida
Em Abril de 1812, Manoel Mateus transportou cevada, no carro de bois, entre Abrantes e Nisa, e trouxe arroz e bacalhau, de Vila Velha para Castelo Branco. Gastou 11 dias nestes serviços, entre Abrantes e Castelo Branco.

Em Maio e Junho de 1812, a junta de Manoel Martins e Manoel Alexandre puxou o trem do hospital, entre Abrantes e Nisa e levou pólvora e bala de Abrantes para Elvas. Foram 33 dias.

Os mesmos 33 dias e na mesma data, mas entre Abrantes e o Pego, andou o ganhão de Antonio Fernandes a acarretar rama, vinho, pão e carne.

Pereiros
Em Maio de 1822, por 28 dias, andou a junta de Manoel Andrade, entre Abrantes e Nisa, a puxar o trem do hospital, em Abrantes, a fazer carregos, e de Abrantes a Castelo de vide, a levar o trem do hospital.

Tripeiro
Em Maio e Junho de 1812, foram para Abrantes e lá ficaram a acarretar lenha, durante 32 dias, três juntas de vacas de Manoel Vas, Joaõ Ribeiro e Manoel Antunes Maximo.

Violeiro
Em Maio e Junho de 1812, partiram duas juntas de vacas para Abrantes e trabalharam durante 30 dias. A junta de Joze Pires fez duas viagens a Elvas, para levar bolacha. A junta de Joze Rodrigues mosso puxou o trem do hospital de Abrantes para Nisa e depois fez outro serviço de Nisa para Elvas.

No livro que serve de base a este trabalho, abaixo indicado, defendeu-se que as juntas em que foram indicados dois donos resultavam da junção de duas vacas de proprietários diferentes.
O autor foi vítima do individualismo agrário em que cresceu, em S. Vicente. Mais tarde, aprendeu o que era a torna, na freguesia das Sarzedas, e conheceu a prática comum da pastorícia, nas aldeias da freguesia da Sobreira Formosa, onde, cada dia, uma pessoa apascentava o gado de todos. Há dias, soube, por um aluno, que, numa aldeia da freguesia de Alvito da Beira, só existia uma junta de bois, propriedade de 6 famílias, ficando cada família com a junta de bois, por uma semana.
Era certamente esta a realidade nas povoações do antigo concelho de S. Vicente da Beira, em inícios do século XIX. Nos casos em que se indicam dois proprietários, é porque teriam a junta a meias, um foi com ela, mas os dois apresentaram a conta, para pagamento do serviço.


Para saber mais, consultar: "O Concelho de S. Vicente da Beira na Guerra Peninsular", de José Teodoro Prata, publicado pela Associação dos Amigos do Agrupamento de Escolas de São Vicente da Beira, em 2006.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

As Invasões Francesas

A partir de hoje e até ao final do ano, mensalmente, daremos notícia dos carreiros (ganhões que transportavam de mercadorias nos carros de bois) da freguesia de S. Vicente da Beira, que prestaram serviços aos exércitos português e inglês, na Guerra Peninsular (1807-1812), conhecida por Invasões Francesas.
Na época, a esta requisição dos carreiros, para trabalharem obrigatoriamente e pelo tempo necessário, chamavam embargos.
Os dias indicados não incluem o tempo gasto a chegar ao local do início do serviço, nem o do regresso a casa. Com muito raras excepções, estes trabalhos não foram pagos.
Muitas vezes, o lavrador mandou o seu ganhão, mas indicou-se o nome do patrão.
Abundam os serviços em 1812, ano em que os exércitos português e inglês empurraram o exército francês para fora do território nacional, através da conquista das fortalezas que guardavam Portugal e Espanha, de cada lado da fronteira: Almeida-Cidade Rodrigo e Elvas-Badajoz. Os nossos ganhões foram fundamentais, no fornecimento das tropas, para esse último esforço de guerra.



Gravura da época das Invasões Francesas, representando os carreiros que transportavam as mercadorias dos exércitos. Clicar, para ver em pormenor.

S. Vicente da Beira
Em Abril e Maio de 1810, Pedro, ganhão de Berardo Joze Leal, feitor de Gonçallo Caldeira (pai do 1.º visconde da Borralha), andou 15 dias a transportar milho de Abrantes para a Guarda.
Em Abril e Maio de 1812, o mesmo ganhão andou a transportar palha de S. Vicente da Beira para Alpedrinha.

Em Maio de 1812, Francisco António Simoens transportou bolacha, durante 13 dias.
Francisco António Simoens era o escrivão da Câmara Municipal.

Em Maio de 1812, Francisco Ferreira, morador na Rua Velha, andou 29 dias, entre Abrantes e Nisa, a dar serventia às tropas. Este lavrador foi a pessoa do antigo concelho de S. Vicente da Beira que mais tempo trouxe a sua junta de bois a trabalhar para os exércitos português e inglês, durante toda a guerra. Foram 95 dias, no total.

Em Abril de 1812, Francisco Santo e Joaõ Bernardo, cada um com a sua vaca a puxar um carro, durante 12 dias, levaram arroz de Abrantes para Nisa e, em Vila Velha, carregaram bolacha e arroz, para Castelo Branco.

Em Maio de 1812, o ganhão de Ignes, viúva de Domingos Vas Rapozo, andou a fazer transportes em Abrantes, durante 24 dias.

Em Maio de 1812, Joaõ Roiz Lourenço Caio, natural da Torre, mas casado com a filha do foreiro (rendeiro) do Casal do Monte do Surdo, onde residia, prestou os seguintes serviços, durante 30 dias: ajudou a puxar o trem do Hospital Real entre Abrantes e Nisa, acarretou víveres em Abrantes e levou pólvora e bala de Abrantes para Elvas.
Joaõ Roiz Lourenço Caio era o capitão das ordenanças, a força militar local, e descendem dele as pessoas da família Caio, em S. Vicente da Beira.

Na próxima semana, apresentaremos os serviços dos ganhões das terras anexas desta freguesia.

Para saber mais, consultar: "O Concelho de S. Vicente da Beira na Guerra Peninsular", de José Teodoro Prata, publicado pela Associação dos Amigos do Agrupamento de Escolas de São Vicente da Beira, em 2006.