terça-feira, 10 de novembro de 2015

Azeitona carrasquenha


Permitam-me que faça aqui o elogio da oliveira carrasquenha. Ela é a parente pobre do olival e está a tornar-se rara, mas ainda vai resistindo, talvez porque os nossos mais velhos tinham inscrito no seu ADN a biodiversidade.
Tenho uma oliveira carrasquenha e só este ano me apercebi de que não me dá cuidados nenhuns. A galega é tão delicada que basta chover sem fazer frio, enche-se de gafa e cai de podre. A bical não se dá na meia altitude da serra e por isso quase não produz. A cordovil é bem boa, mas não somos só nós a gostar dela, a mosca também e por isso facilmente nos aparece bichada. Andava eu nestas reflexões quando me aproximei da oliveira carrasquenha. Ali estava uma amiga fiel, sempre com meia carga ou a vergar de peso, raramente com bicho, nunca com gafa.
Desconfio que ela vem diretamente dos primórdios, sem mutações genéticas como acontece com quase todas as nossas árvores domésticas. Por isso é mais resistente à gafa e a outras pragas.
Tenho uma oliveira da CEE, já grande, que ainda não deu nada e já decidi: para o ano, em março, vou fazer uma homenagem à minha boa amiga e enxertá-la de oliveira carrasquenha!

José Teodoro Prata

domingo, 8 de novembro de 2015

Os caçadores da minha terra

Sento-me em frente ao castanheiro e contemplo a dança das folhas amarelecidas que vão caindo das ramagens, debaixo da árvore, um grande “carcomelo”, -parece um guarda-chuva- seu pequeno tronco possui um anel, sinal que se pode consumir.
Subo o pinhal, com um pau remexo a caruma aqui e ali a terra sobressai “escrapiada”. Com cuidado retiro-a, por baixo encontra-se um míscaro. Não está sozinho, muito perto existem outros rodelos. Ouço o latir de cães, de repente passa junto a mim um coelho que estava a ser perseguido por três podengos, um trom e no alto de uma “pesserra” surge um caçador com o cano da espingarda fumegando, um dos cães com o rabo a abanar transporta na boca o coelho…


Os campos da minha terra
São de uma beleza inigualável
Ao fundo o campo, ao cimo a serra
Onde há muita água potável
Na Oles travou-se uma guerra
Os camponeses com sua rusticidade
Na sua terra passam a mocidade

No tempo das caçadas
Operários, doutores e campestres
Pegam suas espingardas
Alguns são verdadeiros mestres
Calcorreiam matos e lavradas
Os cães farejam, latem, são umas pestes
Coimbra busca, agarra, ele anda ai
Carriço…está ao pé de ti

Arma em riste, coronha ao ombro
Empisca o olho em direcção à mira
Pum… ouve-se um grande estrondo
Caçador mais uma vez atira
Que grande coelho, caiu redondo
Este é para a minha avó Alzira
Caçador palmilha, anda, mesmo maçado
Percorre as ruas da vila todo inchado

O diabo é quando a caçada corre mal
Surge na vila disfarçado
Entra logo pelo quintal
Deixa lá homem; vens cansado
São assim regra geral
Vem comer este coelho guisado
Que bom está o coelhinho
Bota aqui mais um copinho

Matei este coelhito ao amanhecer
Os cães não queriam caçar
Andavam cansados, não queriam correr
Bem gritava; busca… agarra…mas tive azar
O piloto encostou-se a mim a gemer
Vamos para casa, para o nosso lar
Não têm faro, o calor aperta
Os coelhos estão encovados pela certa

Na taberna já com um copito
O caçador gabarola…
Só mataste um reles coelhito
Mal enchia a “caçola”
Eu matei dez e falhei outros tantos, tenho dito
Tu o que tens é gola
Não acreditas! Pergunta à minha
Estão dependurados na cozinha

É feliz o caçador
Mesmo espetando cada peta
Calcorreia os campos com amor
Ao ombro leva a escopeta
Com frio, neve ou calor
Leva o carriço, o tejo e a violeta
Botas ferradas, arma em riste
O caçador nunca está triste

Porque o caçador Vicentino
É vivaço e ladino

Zé da Villa

sábado, 7 de novembro de 2015

Diospiros



O meu primo Jaime (Teodoro Nicolau) disse-me, há tempos, que a sua horta no Casal da Fraga dava os diospiros melhores do mundo.
Acredito: a horta dele (a água da ribeira e o calor daquela encosta soalheira) e as nossas.
É de facto um fruto extraordinário. Acho que só o conheci já no Tortosendo e era o único motivo que me obrigava a roubar, qual macieira do paraíso. 
Sorrateiro, deslizava pela escadaria da fonte e piscina e escondia-me na ramagem da árvore, à cata deles.

Com as cores do outono ficam ainda mais bonitos!

José Teodoro Prata

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Passeio pedestre

Os recantos e encantos de
São Vicente da Beira


Passeio pedestre pelos enxidros

15 de Novembro; 14.15h - 17.00h

Local de partida e chegada: Praça


Conhecer

Os passos do Pistotira
A canada dos Carquejais
A regadia das Lameiras
A mina de volfrâmio
Os soutos da Gardunha
O miradouro da serra
As cores do outono

Organização:
- Junta de Freguesia
- Blogue “Os Enxidros”
Nota: a chegada do passeio coincide com o início do magusto
     
José Teodoro Prata

terça-feira, 3 de novembro de 2015

domingo, 1 de novembro de 2015

Zulmira Fadista


Amanhã, no início da tarde, a nossa fadista (Zulmira Mendes da Silva Lobo) estará no Forum Lisboa, 
antigo Cinema Roma, para cantar os seus fados. 
Acompanham-na os irmãos Freire do Fundão 
(foram colegas de vários vicentinos que passaram pelo Seminário do Tortosendo) 
e um músico Chileno, a trabalhar na Covilhã(?).
Disseram-me que foi selecionada de entre 300 candidatos, não sei se só daqui ou do país todo.
É uma honra para nós. Boa sorte!

José Teodoro Prata

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Jerónimo


Este é o registo de casamento do nosso primeiro Jerónimo.
Chamava-se Jeronimo Duarte Fraga e era filho dos únicos habitantes do Casal da Fraga, na altura: 
Manoel Rodrigues Fraga e Luiza Maria Leitoa.
Casou com Maria Antonia da Cruz, filha de Antonio Mendes dos Reis e Custodia da Cruz, 
moradores no Casal do Pisco.
Aos meus parentes Jerónimo, peço desculpa por esta desgraça de registo, 
mas foi o que chegou até nós e cara alegre!

Há uns anos, encontrei a referência a um Fraga de São Vicente, já do século XVI. Fraga era (é)) uma rocha, mas também uma forja de ferreiro. Qual dos significados terá dado origem ao topónimo do casal? E quem se terá chamado Fraga primeiro: o homem ou o casal onde morava?
Entretanto, o apelido Fraga perdeu-se, parece que com este Jerónimo Duarte.
Com alguma investigação junto das pessoas mais velhas, 
concluirão que há umas dezenas de anos havia imensos moradores no Casal da Fraga de apelido Jerónimo. E não estou a referir-me só aos Jerónimo Teodoro do Casal da Fraga e aos Hipólito Jerónimo do Casal do Baraçal, mas a várias outras famílias dos casais da Fraga e dos Ramos.

José Teodoro Prata