quinta-feira, 30 de novembro de 2017

1 de dezembro

ERA UM VEZ DOIS IRMÃOS

Era uma vez dois irmãos
Um dia seguiram seus rumos
Nas partilhas, um ficou com a parte de leão
Mas tanto um como o outro
Para aumentar seu pecúlio
Tiveram que guerrear com o Islão
Durante muitos anos andaram com a espada na mão
Até se guerreava o cristão.
Iam muitas vezes ao fossado
Para talarem as terras de cultivo
Montados nos cavalos, faziam algara
Viam-se espadas por todo o lado
Um desconhecido, era um inimigo
Tempo desgraçado
De vez em quando lá se fazia um tratado
Através de casamentos
E os irmãos pegavam no arado
A espada era arrumada
Os homens cavavam com a enxada
A terra por todo o lado era arroteada,
Lavrada e semeada
E o povo de um e outro lado
Vivia feliz, contente
Eis uma nova desavença, gritavam
Santiago… e matavam
São Jorge…
E guerreavam
Destruíam e queimavam
Mas, os irmãos iam andando
Trabalhando e lutando
O tempo ia passando.
Um dia o rei Lusitano
Não seguiu o conselho do irmão castelhano
E foi para o deserto guerrear
Por lá morreu, que azar
Um cardeal começou a governar
Pouco tempo esteve a mandar
Morreu… mais um azar
Então o irmão mais abastado
Veio tomar conta do nosso bocado
E a Península voltou a ficar unida
O povo ia sofrendo calado
Porque de impostos era carregado
Aquilo não era vida.
Sessenta anos depois
Quarenta valentes finalmente
Destronaram a duquesa
Havia novamente rei nacional
No reino de Portugal
O outro irmão não se conformou
Durante muitos anos lutou
Até que um tratado se assinou
Ambos juraram amizade.
A partir desse momento a sociedade
Pode começar a construir
Com o tempo as desavenças foram-se diluindo
De mãos dadas, juntos, temos que avançar
Só assim podemos conquistar
A riqueza, o bem-estar
Então, todos devemos colaborar.
Portugal, Espanha, dois irmãos fortes e valentes
Chegou a hora de mostrarmos ao mundo
Quase todo por nós descoberto
É mais o que nos une
Que aquilo que tanto tempo nos separou
Nossos santos, heróis e guerreiros
Nas suas tumbas se alegrarão
Possamos finalmente dizer;
Sou português, sou espanhol
Sou Ibérico, pois então
Por isso tu és meu irmão

Zé da Villa

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Gente nossa

O Padre José Antunes, meu colega e amigo do tempo do seminário do Tortosendo, nas suas andanças pelo mundo «Em Macau, ao visitar a igreja do Seminário de São José, na fachada da entrada vi uma lápide que menciona o bispo João Ramalho. Como ele era natural de São Vicente da Beira  tirei uma foto.»
E enviou-ma, pois ele, natural do Maxial do Campo, também visita o nosso blogue.




Diz-se que quem não sabe latim fica assim, mas não é verdade, pois o latim é a nossa língua-mãe e por isso parecido com o português.
Transcrição das 7.ª, 8.ª e 9.ª linhas: 
D.(?) Dom João de Deus Ramalho Sociedade de Jesus
Bispo de Macau
Ano de 1953

José Teodoro Prata

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

A Igreja Matriz

A 3 de maio de 1829, a Igreja (capela, no dizer o vigário da época) da Misericórdia de São Vicente da Beira funcionava como Matriz, segundo o registo de batismo que a seguir se apresenta (linhas 9 e 10).
Datam destes anos do século XIX as obras de ampliação da nossa Igreja Matriz, como se pode verificar pela data inscrita por cima do pórtico principal.


José Teodoro Prata

sábado, 25 de novembro de 2017

Gente nossa

Global Mosquito Alert: NASA DEVELOP Project Partners Handoff

O programa DEVELOP, parte do Programa de Ciências Aplicadas da NASA, aborda questões ambientais e de políticas públicas através de projetos de pesquisa interdisciplinares que aplicam a lente das observações da Terra da NASA às preocupações da comunidade em todo o mundo. Colocando o fosso entre a Ciência da Terra da NASA e a sociedade, o DESENVOLVIMENTO cria capacidade tanto em participantes quanto em organizações parceiras para melhor prepará-los para enfrentar os desafios que enfrentam a nossa sociedade e as gerações futuras. Com a natureza competitiva e o crescente papel societário da ciência e da tecnologia no local de trabalho global de hoje, o DEVELOP promove um corpo adepto de cientistas e líderes do futuro.
No Outono de 2017, o Programa de Inovação de Ciência e Tecnologia do Wilson Center se associou com outros membros do Global Mosquito Alert Consortium (GMAC) em um projeto, Taking a Bite Out of Mosquito-Disease: mapeamento e monitoramento de doenças transmitidas por vetores na Europa Ocidental.
As doenças transmitidas por vetores são conhecidas por serem desenfreadas por países em desenvolvimento, no entanto, eles estão se tornando cada vez mais comuns em áreas desenvolvidas do mundo. Nos últimos anos, a Europa Ocidental tem crescido em surtos de doenças transmitidos por vetores. Em resposta a esta preocupação, pesquisadores, cientistas cidadãos e várias organizações internacionais estão trabalhando juntos para monitorar habitats e áreas de reprodução de mosquitos. Mesmo assim, prever e prevenir surtos continua a ser um sério desafio. A equipe da NASA DEVELOP combinou as observações da Terra da NASA com dados de ciência cidadã para criar uma metodologia e mapa de adequação do habitat para auxiliar os usuários finais no monitoramento e mitigação de surtos de doenças transmitidos por vetores.
Linha traseira: Victor Lenske, Alison Thieme, Aaron Warga, Doug Gardiner
Primeira linha: Luísa Gama da Silva, Sara Lubkin, Gia Mancini, Helen Plattner

Durante a transferência do projeto, 3 membros da equipe NASA DEVELOP apresentarão a pesquisa que realizaram durante o período de 10 semanas e entregarão os resultados de suas pesquisas aos parceiros do projeto. Gia Mancini, Doug Gardiner e Luísa Gama da Silva são membros do projeto de 10 semanas de Europa da Saúde e Qualidade do Oeste com o programa NASA DEVELOP no Goddard Space Flight Center. Gia Manicini se formou na Universidade Estadual de Ohio com um diploma em Meio Ambiente e Recursos Naturais e é o líder do projeto para este período de outono. Doug Gardiner é atualmente um aluno de mestrado na Universidade George Mason, estudando Estudos Interdisciplinares com uma concentração em Energia e Sustentabilidade. Luísa Gama da Silva graduou-se na Universidade de Boston com licenciatura em Ciência Ambiental e Energia Sustentável. Juntar-se à equipe para a apresentação será a Dra. Sara Lubkin, que recebeu seu doutorado em Geologia da Cornell e é o Centro Assistente do Centro e um Coordenador de Coordenação do Projeto para DESENVOLVER.
Este Wilson Center está animado para trabalhar com a NASA neste importante esforço.

Genologia de Luísa Gama da Silva, Washington DC:
Filha de: Ednaldo Araquém Silva, João Pessoa - Brasil e de Rita Maria Craveiro Parreira da Gama, Lisboa
Neta de: Artur Manuel Parreira da Gama, Alcácer do Sa,l e de Maria Ângela Alves de Sousa Craveiro, Oliveira do Bairro (pais de Rita Maria Craveiro Parreira da Gama).
Bisneta de: Francisco Gama, São Vicente da Beira, e de Adelaide da Conceição Villa-Boim Parreira, Alcácer do Sal (pais de Artur Manuel Parreira da Gama).
Bisneta de: António de Jesus Craveiro, São Vicente da Beira, e de Aida Alves de Sousa, São Vicente da Beira (pais de Maria Ângela Alves de Sousa Craveiro).
Trineta de: Manuel Martins Gama, São Vicente da Beira, e de Maria Emília Alves de Sousa, São Vicente da Beira (pais de Francisco Gama).

Jaime da Gama

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Casal da Serra: o Cavaco

Quem atravessa o Casal da Serra e continua a subir pela Gardunha, vai encontrando ao longo do caminho muitas casas espalhadas pela encosta. Depois do incêndio ficaram mais visíveis, mas, mesmo assim, feitas da pedra da Serra, confundem-se com a paisagem. Algumas estão dispersas e isoladas; outras formam pequenos casais onde viveram várias famílias ou gerações da mesma família.


Um desses casais é o Cavaco. São meia dúzia de casas, atualmente todas desabitadas, mas dizem que já houve tempos em que os que lá moravam eram mais que os que agora vivem no Casal da Serra. Eram quase todos da família Serra e dos Jacintos; tiveram muitos filhos que agora andam espalhados por esse mundo fora.
Quem lá morava, era quase auto-suficiente. Produziam de tudo para casa, nas hortas e lameiros que por lá abundam; e havia água com fartura para as regas.



Também havia muitos castanheiros. Produziam bem, e as castanhas, frescas ou piladas, ajudavam a encher a barriga ao longo de quase todo o ano.


As casas tinham dois pisos: por baixo guardava-se o gado, cabras e vacas, e por cima viviam os donos. Na eira, mesmo em frente, secavam-se e malhavam-se os cereais.


Os porcos viviam nas furdas, mesmo ao lado das casas; e as galinhas andavam na rua, a comer o que apanhavam, que lá nisso não são esquisitas…


Mas, à noite, eram fechadas. Aproveitavam-se os vãos das escadas e dos balcões para as proteger dos lobos e das raposas, que havia muitos, naquele tempo.

Vidas simples, mas trabalhosas, das quais só se saía aos domingos, para ir à missa.
Não me parece que o Francisco Sarmento [rever publicação Incêndios: um outro olhar] queira recuar tanto quando diz que temos que mudar o nosso modo de vida se queremos salvar o planeta, mas alguma coisa tem que ser feita. Também fico escandalizada que nos supermercados portugueses haja tanta carne, fruta e legumes que dão quase a volta ao mundo para cá chegar. Penso que não é assim tão difícil combater estas práticas: basta não comprarmos esses produtos e escolher o que é nacional. O problema é que somos quase todos muito pobres para podermos fazer essas opções. Pobres na carteira e no espírito, e por isso também ainda deitamos o lixo para o chão…

M. L. Ferreira

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Roque Lino, uma vida


Foto dos fundadores do Partido Socialista.
O Roque Lino é o terceiro, em cima, a contar da esquerda.


Assinaturas dos fundadores do Partido Socialista.
Fonte das duas imagens: Ditadura e Revolução, Maria João Avillez.


O Roque Lino, em São Vicente da Beira, a colar um cartaz do Partido Socialista, na Rua do Beco, junto à Praça, a 8 de setembro de 1985, uma semana antes das Festas de Verão (que nessa época ainda eram no 3.º fim de semana de setembro).


Festas dos Josés, a 19 de março de 1983, em São Vicente da Beira.
O Roque Lino pega no andor de São José, na frente, à esquerda.

José Manuel dos Santos

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Homenagem

Homenagem a quem partiu

É bela a memória que sobrevive
A alguns escombros do passado
Quando ela ressuscita quem vive
Do injusto esquecimento libertado.

São tantas as memórias de outrora
Que resistiram à erosão da idade
Que quero recordar hoje e agora
Os que me moldaram de saudade.

Acordaram-me a lembrança dos amigos
Que construíram a minha liberdade
Em tempos idos e já antigos.

Que este tempo novo que vivemos
Quase ignora a luta e a fraternidade
De quem já partiu e que perdemos.

(Roque Lino, Retrato Intemporal)

Nota: Faço minhas as palavras do José Barroso, em comentário da anterior publicação: São Vicente acaba de perder um amigo, um dos seus filhos que não resistiu ao chamamento da mãe-gardunha e escolheu passar connosco parte dos dias dos seus últimos anos.

José Teodoro Prata