domingo, 9 de setembro de 2018

Os músicos da banda

 A foto já é conhecida e pertence ao Pedro Gama.
Hoje experimentei ampliar e cortar e descobri caras conhecidas, uma que me é muito cara.
Só consigo identificar 4 ou 5 músicos.
Mas atrás alguém empunha um grande cartaz com o título PÁROCO. Consequentemente, será do desfile da chegada do Pe. Branco a São Vicente da Beira, em 1965.



José Teodoro Prata

sábado, 8 de setembro de 2018

Mais de Domingos Nunes Pousão

Síntese do que já foi apresentado neste blogue:

- Domingos Nunes Pousão, do Violeiro, era filho de Domingos Fernandes, de Pousafoles, e Isabel Nunes, do Violeiro. Foi sargento-mor da capitania-mor de ordenanças de São Vicente da Beira.
Domingos Fernandes era filho de António Fernandes e Isabel Antunes.
Isabel Nunes era filha de Domingos(?) Fernandes o Velho e de Maria Gonçalves(?).

- Domingos Nunes Pousão casou com Brites Maria Cabral de Pina da Quinta da Canharda, Fornos de Algodres.
Tiveram 6 filhos: João (padre, que viveu no Fundão); Manuel e Estêvão (padres, que viveram em S. Vicente da Beira); Joana e Brites (solteiras, que viveram em SVB com os irmãos); Maria (que casou com Teodoro Faustino Dias, capitão de ordenanças da capitania de Tinalhas)
Maria Cabral de Pina e Teodoro Faustino Dias tiveram dois filhos: o Pe. Estêvão Cabral de Pina, jesuíta, que faleceu em SVB, mas foi sepultado em Tinalhas; e Eusébia Cabral de Pina que deu origem à linhagem dos viscondes de Tinalhas.

A novidade é que o Sargento-Mor Domingos Nunes Pousão, do Violeiro, era Cavaleiro Fidalgo, por mercê do Rei D. João V, em 1724 (Registo Geral de Mercês, Mercês de D. João V, livro 15, fólio 339)
Agradeço a José Cabral, descendente dos Cabrais da Quinta da Canharda, o envio desta informação.
Relembro que o avô materno de Domingos Nunes Pousão era, talvez, da família dos Velho, gente ilustre em SVB, nos séculos XVII e XVIII.
Talvez, porque Velho aqui tanto pode designar apelido de família, como servir para diferenciar o pai (velho) do filho (novo), ambos com o mesmo nome. Admito a 1.ª hipótese, porque Velho está com maiúscula. E de algum lado, certamente de todos os costados, viria a riqueza, para ser cavaleiro fidalgo, em 1724.

José Teodoro Prata

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Lugares aonde se torna – ainda com carinho


Falhaste-lhe, Francisco

Ainda não há muitos anos, estando-se no estrangeiro, bastava não ouvir falar Português para um cristão do Casal da Fraga se sentir de férias. Agora, na rua do Arsenal, de tanta gente que por aí anda, do Município para o Corpo Santo, como em sentido contrário, querendo passar, ouve-se pedir licença em várias línguas. Ora, poupa-se na viagem, vai-se ter a sensação de férias ao Chafariz de El-Rei, à rua dos Bacalhoeiros, ou à referida do Arsenal.
Uma enormíssima variedade, portanto: mais ou menos ousadas, de todas as cores e feitios, algumas enigmáticas, uma por outra digamos em bastante mau estado, há-as bonitas e outras nem por isso. É como tudo, como as pernas na praia, para não irmos mais longe. Refiro-me às tatuagens, sendo que, do que quero falar, é do Francisco. Da raquítica tatuagem do Francisco.  
Estive com ele há dias. Continua magríssimo (vá lá, magro, para não ofender, como a imagem do São Francisco da procissão dos Terceiros). O vaticínio do costume, de que, casado, engordava e ganhava barriga, nele saiu errado. Nem o casamento, nem a passagem dos 50, nada – seco, magro, sem sombra da barriguinha da felicidade (consta-me que, da fórmula, lá terá a sua felicidade, a barriguinha é que não compareceu – e por este andar, se é que me entendem…) É este o homem da tatuagem raquítica, como se conta a seguir.
No tempo em que tatuar o corpo ainda não se tinha vulgarizado ao ponto que está, no tempo em que uma tatuagem dava um certo status, era uma distinção, mal comparado, assim como ter sangue azul, então, nessa altura (esclareça-se, entalado entre duas opções radicais – a outra era colocar um piercing) o Francisco aceitou o sacrifício da tatuagem. E assim se fez, no Suave Tattoo, rua do Poço dos Negros (estão a ver, do lado esquerdo), aconselhamento especializado, competência na execução, desenhos exclusivos, composição cem por cento manual. Satisfação garantida.  
Porém, o tattoo era um precavido profissional, orientado à técnica do Sapateiro do Tripeiro.
Vinha aos domingos, o Sapateiro do Tripeiro, em cima da hora da missa do dia, e parava na taberna do tio João Arrebotes, acho que ao lado do Fernando Latoeiro. Ali recebia e entregava encomendas, botas, sapatos, eteceteras da sua especialidade: na encomenda, tomava um pedaço de papel – podia ser um bocado de um saco de cimento – punha-se o pé em cima e ele contornava com um lápis, ali mesmo, no chão da taberna); na data acertada (nem sempre cumpria, enfim) lá vinham os grosseiros sapatões (na rua do Arsenal ouvi, hoje, hand-made shoes e 手工鞋) na medida do desenho tirado no Arrebotes, majorado em 20% a 30%. A contar que os pés iam crescer e o calçado era para mais de uma estação.   
Gente precavida, essa e então. Também precavido era o tatoo do Poço dos Negros, como se disse. E vai que usou, no Francisco – caprichada! – a técnica do Sapateiro do Tripeiro, fazendo-lhe uma tatuagem miniatura, comprimida, com uma redução, digamos, a menos de 50%. Ganharia o tamanho normal, o esplendor de obra-prima que nunca teve, com a esperada evolução física do ainda hoje magro (magríssimo!) Francisco. Tem destas coisas contar-se com o que há-de vir.
Ainda se ele engordasse, pouco que fosse… 

Sebastião Baldaque

domingo, 2 de setembro de 2018

O nosso falar: estar trabalhado

Andei pelas alturas, mas nem sempre foi fácil a vida de um caminheiro com vertigens!
Frequentemente me veio à boca uma expressão estranha àquelas serras: Estamos trabalhados.
Era o meu pai que a usava e bem se aplicava a alguns momentos que ali vivi.
Não é o mesmo que Estamos lixados. Esta é também negativa, mas não deixa esperança, pois já não há nada a fazer.
Estamos trabalhados indica que a situação é complexa e nos esperam grandes trabalhos para sair dela.
Foi o que me aconteceu naqueles picos do mundo:


José Teodoro Prata