sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O nosso falar: um pisco

O pisco (pisco de peito ruivo) «...é uma pequena ave que se conhece bem pela mancha alaranjada que lhe ornamenta o peito.»
A Wikipédia acrescenta ainda que mede «...cerca de 14 cm. Os adultos apresentam o peito e a testa de cor laranja ferrugínea muito caraterística. Os juvenis são castanhos com pintas abundantes castanho amarelado e mudam para a plumagem de adulto ao fim de um ano.»
Alimenta-se à base de insetos, aranhas, minhocas e no tempo frio come bagas e outros frutos moles.

Não se deixem impressionar com esta peitaça! Ele armou as penas para fazer boa figura.

 
Quando ando no Ribeiro de D. Bento, basta mexer nos matos ou fetos e aparece logo um pisco. Pipiripipi, pipiri, pi, pi, é uma conversa pegada, sempre a saltitar a metro e meio de mim. Eu respondo-lhe e ficamos longos bocados a conversar. O meu amigo pisco é muito sociável e anda por todo o lado.
Foi ele que deu nome ao cabeço ali bem perto, o Cabeço do Pisco, e à fazenda nas margens da ribeira, o Casal do Pisco. Isto há centenas de anos. Mais recentemente, também se serviram dele para dar nome à barragem (Barragem do Pisco), mesmo encostada ao referido casal, e também ao jornal que a nossa rapaziada faz na escola (O Pisco).
Contei-lhe e ficou todo vaidoso!

O que ele não sabe é que nós chamamos pisco a uma criança pequena e magrita, reles para comer. Dizemos que é um pisco ou um piscozito, para ainda a rebaixar mais, na esperança de que ganhe juízo e faça pela vida. "Quem não é para comer, não é para trabalhar!"
Disto não vai gostar o meu amigo pisco, ele que se considera um grande comilão, embora com fracos resultados, pelo que se vê. Mas um pisco, tal como um homem, não se mede aos palmos, no caso dele aos milímetros. Lá estão a penugem, o canto e o gosto pelo convívio, para o demonstrar!


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