terça-feira, 8 de abril de 2014

Era assim, naquele tempo

Aos seis anos já acompanhava o meu pai para todo o lado, mas onde eu gostava mais de ir era à feira da Lardosa. Havia lá de tudo a vender e gado de toda a qualidade. Os homens discutiam e passavam notas para as mãos uns dos outros. Eu olhava para aquilo tudo de boca aberta, pasmado! Fui lá muitas vezes com ele, até ao dia em que prometeu que me comprava umas botas, mas como não fez negócio com as bezerras que levava, não mas comprou. Apanhei uma perneta tão grande que jurou que nunca mais me levava para lado nenhum.
Passados uns tempos, chegou a casa e trazia umas botas atadas numa baraça, penduradas ao pescoço. Mandou-me sentar num poial que tínhamos à entrada da casa, e foi ele que mas enfiou nos pés. Eram de carneira, novinhas em folha! Eu nem queria acreditar! Depois ainda me disse assim: «Mete-me aqui a mão no bolso». Era um realejo! Acho que nunca tive uma prenda tão linda em toda a minha vida!
Outra ocasião, já rente à noite, apareceu-nos em casa com um homem. Era ainda novo, alto, magro, com uma gorra na cabeça e uma fala esquisita. Ouvi-o depois a dizer para a minha mãe que se chamava Joaquim e que andava fugido da guerra da Espanha, à procura de trabalho. Meteu-o como pastor.
Nesse tempo vivíamos no Pinheiro, durante o inverno, e na Serra da Maria do Ninho, no verão. Os vivos na loja, por baixo, e nós por cima. Foi lá que o espanhol viveu escondido durante mais de um ano. Ao princípio a minha mãe tinha medo dele. Dizia que era capaz de ser comunista e de nos fazer mal; mas passado pouco tempo já era como se fosse de casa. Eu pelava-me para andar atrás dele a guardar as cabras. Andava sempre a assobiar modas muito bonitas, lá da terra dele; e o que eu gostava de o ouvir! Ensinou-me a tocar realejo e a fazer fisgas. Às vezes trepávamos a uma pesserra e começávamos a atirar pedras para ver quem é que chegava mais longe. Muitas vezes era eu, mas acho que ele fazia de propósito… Nos dias em que levava vinho para a merenda, deixava-me molhar o bico, mas sempre com o olho em mim, não fosse eu abusar... Sentia-me um homem feito, nessas ocasiões! Quando acabaram com a guerra e ele abalou, a pena que eu tive!...
Aí já eu estava na idade de ir para a escola, mas o meu pai não quis saber e pôs-me a guardar as cabras. Eram mais de cinquenta, fora os cabritos que nasciam às rebanhadas. Ao princípio o que mais me custava era passar o dia sozinho, mas depois começou a ir lá ter comigo um cachopo, mais ou menos da minha idade, que morava ali perto. Fugia de casa porque andava esganado com fome e sabia que eu partia com ele a merenda que a minha mãe me mandava: pão com queijo ou chouriça, azeitonas e, às vezes, uma sardinha de escabeche. E bebíamos o leite todo que queríamos, direitinho das tetas das cabras para a boca. Nesse tempo também por lá havia muito figo, muito gacho e castanhas, quando era a altura delas. Passávamos o dia à cata de ninhos e de talocas de coelhos, mas sempre com o olho nas cabras, não fosse alguma escapar-se. Uma vez zangámo-nos por causa dum ninho de rola que eu lhe ensinei. Tinha dois passarinhos já taludos, mas ainda meio encarrapatos. Combinámos ir lá a tirá-los daí por uns dias, mas quando lá chegámos, tinham desaparecido. Por mais que ele jurasse: «Eu seja ceguinho, se fui eu…», não acreditei. Chamei-lhe tudo, de gatuno para cima, e que nunca mais o queria ver à frente. Passado pouco tempo apareceu-me lá com um costil e só me disse assim: «Foram p´a fazer um caldo p’á m’nha mãe que estava de cama…». Ficámos amigos, até hoje…
Nessa altura não conhecia uma letra do tamanho dum comboio, mas de pastor já sabia a cartilha toda. Conhecia as cabras pelo nome, e elas também me conheciam bem a mim. Quando alguma ficava para trás ou se adiantava, bastava levar os dedos à boca a assobiar ou berrar: «Rais parta a moucha! P’ra onde é qu’ela vai com tanta pressa?», e lá vinha ela... Ordenhava-as (p’ra cima de dois litros, cada uma!), aumentava os cabritos e fazia-lhes a cama. Mas uma vez, se não fosse o Fiel, uma delas era capaz de ter morrido. Ficou para trás e só ao fim dum grande bocado é que dei por falta dela. Chamei, assobiei, mas nada. O cão percebeu e desatou a correr por ali abaixo, e eu já com o coração nas mãos. Passado um bom bocado apareceu a ladrar e a correr para cima e para baixo. Até parecia que queria falar! Vi logo o que era. Voltei para trás e fui dar com a cabra caída no chão, já sem força, com sinais de querer parir. O meu pai tinha-me ensinado como é que se fazia quando as coisas davam para o torto: «metes a mão por ela adentro, agarras as patas dianteiras e o pescoço da cria, rodas um poucochinho e puxas». Foi o que fiz. O cabrito ainda ficou ali um bocado sem dar acordo, a mãe a lambê-lo; mas depois foi vê-lo a pôr-se de pé e à procura das tetas para mamar. Ao cabo de dois dias já andava com os outros, aos pulos por aqueles cabeços fora, como se fossem uns cachopitos. Coisa mais linda!
Com doze anos o meu pai achou que já tinha bom corpo para pegar na charrua. Tirou-me as cabras (ficou o meu irmão a seguir a mim a guardá-las) e pôs-me á frente duma junta de bois, a lavrar. Sozinho dava conta do Pinheiro, do Carvalhal Redondo e das Lameiras. E ainda ia ao mato, à lenha, acarretava estrume e tudo o que aparecesse.
Nessa altura, na nossa casa não se passava miséria. Não havia dinheiro para luxos, mas tínhamos pão e queijo com fartura, um porco na salgadeira todos os anos, as varas do fumeiro cheias de chouriças, morcelas e farinheiras, e umas boas pipas de vinho na loja. Mas também nos saía do corpo! Trabalhávamos de sol a sol e só descansávamos aos domingos para ir à missa. Era por isso que quando o meu pai, depois da ceia, nos fazia pôr as mãos e dizer: «Obrigado, Senhor, que me deste de comer sem o eu merecer, dai-me também o Céu quando eu morrer…» aquilo não me caía cá muito bem. Um dia não tive mão em mim e disse assim: «Eh meu pai, a gente anda a trabalhar que nem escravos desde que o sol nasce até que se põe; não me diga que não merecemos ao menos uma malga de caldo e uma fatia de pão com conduto!». O meu pai olhou para mim duma maneira que nem sei se queria rir ou chorar. E a minha mãe a benzer-se: «Ai, filho, até parece que tens o diabo dentro de ti! Tu nunca mais me digas uma coisa dessas que é pecado, e o Nosso Senhor ainda te pode castigar! …». 
Depois houve uma altura que veio aí uma seca levada da breca! Foram uns poucos de anos sem cair uma pinga, nem de inverno nem de verão. Nem os mais velhos tinham memória de uma coisa assim. Dos trezentos ou quatrocentos alqueires de pão que costumávamos ter, não tivemos nem uma décima, nesses anos. Empenhado até às orelhas, o meu pai andava desaustinado de todo. Passava noites a fio sem pregar olho, sem saber onde é que havia de ir buscar o dinheiro para as rendas. Ainda foi ao Fundão p’ra mor de ver se o Neves lhe perdoava alguma coisa ou lhe dava mais tempo para pagar, mas a resposta foi esta: «Nós temos um contrato, não temos? Eu cumpri a minha parte, tu tens que cumprir a tua. Arranja-te como quiseres que eu também tenho que pagar as décimas…». A resposta dos outros foi mais ou menos a mesma. Até parece que estavam todos feitos, aqueles filhos do diabo! Queriam lá saber das dificuldades dos pobres para alguma coisa! …
O meu pai que foi sempre um homem com vergonha na cara, não teve mais nada: vendeu o rebanho, as vacas e tudo o que pôde; pagou a quem devia e abalou para as Minas da Panasqueira. A minha mãe pegou nos seis filhos que já tinha e mudou-se para a vila. Foi o bem que ela fez porque assim os mais novos já puderam ir para a escola. Tiveram mais sorte do que eu que só aprendi a ler e a escrever na tropa.
A partir daí a nossa vida mudou como do dia para a noite. Eu peguei numa enxada e comecei a andar por dia, a cavar; mas naquele tempo não havia muito quem desse trabalho e a maior parte dos dias andávamos à boa vida. Era preciso pedir a este e àquele para nos dar um dia a ganhar, e a féria era uma miséria. Ainda por cima eu já fazia bem o trabalho dum homem, mas, como não tinha idade, só queriam pagar-me a metade do que davam aos outros. Uma corja de ladrões! Valiam-se de tudo para enriquecer cada vez mais.
Foi por isso que um dia me voltei para a minha mãe e lhe disse assim: «Eh mãe, arranje-me aí o que puder que eu vou p’ra Castelo Branco a ver se arranjo trabalho.» Ao princípio, ela bem me quis tirar isso da ideia: «Ai, filho, bem bonda o teu pai andar lá por tão longe, quanto mais tu agora também quereres abalar! Deixa-te disso, que a gente cá se há de amanhar…»; mas eu tanto ateimei que ela não teve outro remédio. Pôs-me a roupa juntamente com um pão e metade de um queijo dentro duma bolsa, meteu-me dez escudos na mão e um santinho da Senhora da Orada no bolso de dentro do casaco e, lavada em lágrimas, só me disse assim: «Vai com Deus, meu filho! Que a Nossa Senhora e o Senhor Santo Cristo te acompanhem…».
Era em maio. Quando amontei na camioneta da carreira disse ao revisor que queria um bilhete para Castelo Branco e pedi que me avisasse quando lá chegássemos. «Ó cachopo, atão tu nunca foste a Castelo Branco?». «Eu não senhor!». «Vai descansado que quando lá chegarmos logo te digo. Queres ficar na Sé ou na estação?» «Olhe, fico num lado qualquer; tanto se me dá…».
Não era verdade que nunca tivesse estado em Castelo Branco. Tinha lá ido umas duas vezes com o meu pai, depois da malha, a vender o pão. Naquele tempo os agricultores só podiam ficar com uma parte daquilo que produziam e o resto tinham que o entregar no Grémio para o mandarem para fora. Era no tempo da guerra. Abalávamos de madrugada com o carro de bois carregadinho. Eu, a maior parte do tempo encavalitado em cima das sacas; o meu pai à frente das vacas. Às vezes escanchava-se em cima do tiro do carro, para descansar as pernas. Era o dia todo a rodar porque as vacas andavam pouco; a carga era muita e as estradas mal andamosas, só buracos e curvas. Só parávamos, já rente ao sol posto, antes da Póvoa. Havia ali à entrada um cabanão, e era lá que os ganhões cá da terra paravam para descansar e comer a merenda que levavam de casa. De madrugada voltavam a aparelhar as vacas e abalavam, até ao destino. Na volta traziam o adubo e o mais que fosse preciso para a sementeira do ano seguinte. O que sobejava do ganho de um ano de trabalho, mal dava para as rendas e para pagar aos homens que metia quando era preciso. 
Apeei-me ao pé da Sé, todo agoniado por causa do cheiro e dos saltos da camioneta. Avezado à nossa terra e a conhecer toda a gente, quando me vi sozinho, no meio de estranhos e sem saber para onde ir, parece que as ânsias ainda aumentaram mais. Havia ali um largo com uns bancos e fiquei lá sentado mais que tempos. Nisto começo a ouvir martelar, não muito longe. Fui espreitar e vi que andavam a fazer uma obra, mesmo ali ao lado da Sé. Cheguei-me ao pé dum homem que estava logo à entrada e perguntei se não precisavam de mais nenhum trabalhador. Ele mirou-me de cima abaixo e perguntou-me: «E o que é que tu sabes fazer, rapaz?». «Olhe, até aqui andei a guardar cabras e à frente duma junta de bois, mas faço aquilo que houver…». «Atão e quando é que queres começar?». «Pode ser já hoje.». «Não, hoje já não. Podes vir amanhã, às oito». Já mais descansado, comi uma bucha de pão com queijo e no fim enchi a barriga de água numa bica que havia ali perto.
Passei o resto da tarde às voltas dum lado para o outro, embasbacado com aquelas casas tão altas como a torre da nossa igreja. E automóveis, e gente que mal olhava uma para a outra… E quando foi à noite acenderam-se tantas luzes que até parecia a nossa Praça, nas Festas de Verão! O diabo é que fiquei desorientado e quando quis tornar para o pé da Sé já não sabia para que lado é que era. Mas ao fim dum bocado lá dei com ela. Mesmo por trás, descobri um canto para dormir. Deitei-me, todo encolhido, encostado a uma parede; a bolsa a fazer de travesseira, não fosse aparecer por ali algum gatuno. Mas se me roubassem, também não iam ricos: uma muda de roupa de baixo, duas camisas de trabalho todas puídas e dois pares de calças, remendo por cima de remendo… Para os pés, só umas botas feitas pelo Ti Antonho Maria, já gastas; umas baraças a fazerem de atacadores.
Durante o dia tinha feito uma calma do diabo, mas à noite, não sei se arrefeceu ou o que é que foi, não preguei olho; os queixais a baterem que nem matracas. Mal se começou a ver, pus-me a pé. Comi mais um naco de pão com uma unha de queijo e fui plantar-me à entrada da obra. Quando os outros chegaram, já eu lá estava há que tempos! Meteram-me uma picareta nas mãos e puseram-me a abrir caboucos.
Como não tinha para onde ir, ficava a trabalhar até para lá da hora e, muitas vezes, até aos domingos. Ficava a partir pedra. Sempre ganhava mais qualquer coisa e era uma maneira de não darem fé que eu andava a dormir lá dentro: encostei umas chapas a uma parede como se fosse uma cabana, e os sacos de cimento despejados serviam de enxerga e de manta. Quando descobriram, o patrão ainda ralhou comigo, mas depois contei-lhe o que se passava e mandou armar uma cama numa arrecadação que tinham no quintal. Foi lá que passei a dormir. A cama era boa, e até tinha lençóis e tudo!...
Um dia descobri que, ao cair da noite, davam de comer à porta do quartel da Devesa. Como já andava farto de comer de seco, arranjei uma marmita e fui-me plantar também lá na bicha. Quando chegou à minha vez atestaram-ma de sopa de feijão com massa grossa. Até a colher ficava de pé! Deu para a ceia e ainda sobejou para o jantar do outro dia. Passei a ir lá todas as noites.
A dormir bem e a comer melhor, passado pouco tempo já nem parecia o mesmo. Ainda p’ra mais, com o dinheiro que ganhava fora parte, comprei umas botas e roupa nova. Passei a andar vestido como deve ser, à moda.
Só vim à terra ao cabo de três meses, pela Festa do Santo António. Quando a minha mãe encarou comigo, agarrou-se a mim a chorar: «Ai, meu rico filho, que lindo que tu vens! Louvado seja o Senhor Santo Cristo que ouviu as minhas rezas!». Ficou ainda mais contente quando lhe entreguei a féria, quase inteira, daqueles três meses: pouco faltava para um conto de réis!
No domingo comprei umas chouriças no ramo do Santo António e, com mais uns cachopos da minha idade, fomos para a Senhora da Orada fazer uma comezana. Cada um levou sua coisa: queijo, presunto, chouriças, pão trigo e vinho com fartura. Aquilo é que foi comer e beber! Vim de lá com uma borracheira que não me acolhia em pé! Só me lembro de ter apanhado outra igual quando fui à inspeção.
Era assim, naquele tempo …

M. L. Ferreira

7 comentários:

Anônimo disse...

Lindo! Lindo!
Mas que grande carga de humanidade tem esta história!
E que grande lição de vida dava este homem, sem letras, apenas com o seu exemplo! É caso para dizer que quando um homem é pobre e não tem nada, desde que tenha dignidade, ainda se tem a si mesmo! É isso o mais importante. E que grande capacidade de sofrimento a desta gente!
Relativamente às imagens linguísticas, tão ricas, é do melhor que já vi. Toda a ambiência, o pormenor de certos termos escritos tal como são usados foneticamente (por exem., 'aumentava os cabritos' em vez de 'amamentava os cabritos'). Por estas e por muitas outras, a autora teve a capacidade de nos fazer retornar àquela época para vermos que, realmente 'Era assim, naquele tempo', apesar de me parecer que a geração do protagonista é ainda anterior à nossa. O estilo faz lembrar autores que, pessoalmente, muito aprecio, como Torga e Aquilino.
Portanto e, pegando agora aqui numa ideia do Zé Teodoro, mas modificando-a meu modo - desculpa, ó Zé - direi que a Libânia, na minha opinião, já não terá aqui o seu segundo momento. Porque, definitivamente, escreve com muita arte. Por isso, parabéns!

Zé Barroso



José Teodoro Prata disse...

Já tive muitos alunos descendentes dos refugiados da Guerra Civil de Espanha, histórias de heroísmo, horror e humanidade!
Não sabia de nenhum refugiado em São Vicente, mas fico feliz por não termos ficado à margem dessa grande vaga de humanidade clandestina: a região estava cheia de pides e os guardas entregavam aos fascistas espanhóis todos os que apanhavam deste lado da fronteira, enviando-os para uma morte certa.
Tive uma aluna, descendente de um Presidente da Câmara de Espanha, que apenas sabia do assassínio do seu bisavô, pois a avó, na altura ainda menina, escondeu as suas origens de tal forma que acabaram por se perder as memórias desses tempos.

Entrevistado e escritora notáveis!
Escrever é como nadar, há o momento e depois já não se esquece.

Anônimo disse...

Peço desculpa mas, com a concentração na história e no recorte psicológico do protagonista, não me situei bem no tempo em que decorre a acção. E isso nota-se no primeiro comentário que fiz quando comparo gerações. Claro que estamos aqui nos anos '30 (guerra civil de Espanha 1936/39).
Tinha que fazer esta rectificação.
Obrigado.

ZB.

Margarida Gramunha disse...

Lindo

Está escrito de forma muito visual.
Não fica atrás de nenum pémio Leya.
Parabéns

Anônimo disse...

É de facto uma história notável, pelo que nos revela do melhor e do pior duma época, não muito distante, de que ainda temos muitos ecos.
Acho que a razão por que muitos de nós gostamos tanto de ler o Torga, o Aquilino ou o Namora é o facto de, para além das qualidades literárias, eles terem sido uns bons observadores das pessoas simples e dos seus modos de vida. Os protagonistas de muitas das histórias que contam podiam bem ter sido os nossos avós, os nossos pais ou até nós mesmos…
Ainda há dias, em conversa com a Ti Maria dos Anjos, tive um sobressalto. Falava-me da infância, do marido, dos filhos, e das muitas maleitas físicas e psicológicas que foi acumulando ao longo dos anos. Às tantas, já nem sabia se a estava a ouvir a ela ou a reler o conto “A Consulta” (acho que é assim que se chama) do Fernando Namora. Por momentos tive medo que se voltasse para mim e, um pouco à semelhança da protagonista daquela história, também ela desabafasse: «Cabrona da mulher, que nem me está a ouvir!».

M. L. Ferreira

Luís Miguel Diogo Leitão disse...

Que “delicia”, é aqui relatada uma história muito bonita, através de um texto que nos prende do princípio ao fim, e que tem a capacidade de nos fazer visualizar todo o cenário, adorei.
Não resisti a partilha-lo no Facebook, para que pudesse ser conhecido pelos meus amigos de Norte a Sul do País, e na esperança que estes o partilhassem de modo a que pudesse ser lido por toda a gente, é um texto tão rico que seria uma pena que só viesse a ser lido por vicentinos.
Luís Leitão

Anônimo disse...

Faço meu completamente o comentário do Zé Barroso e obrigado por esta emoção de vidas reais.É importante se lembrar de onde viemos e redescobrir o verdadeiro significado de nossas vidas.Além de nossos bens materiais, acredito que o mais importante continua a ser a relaçao com a "nossa gente". Peço desculpa, mas tenho dificuldade para escrever Português.'. Sempre Vicentino Joao Maria Craveiro (Passaraço )