sexta-feira, 1 de maio de 2015

1.º de Maio


Procurei, procurei e cheguei à canção do costume. Quem melhor que o Che para simbolizar a utopia de um mundo melhor? Ele que era de todos, sem ser de ninguém?

Depois encontrei esta do Zeca. Atenção ao final do poema. Parece que ele já sabia quem ia lixar os trabalhadores, nestes tempos.
Esta semana, na televisão, o António Barreto dizia que nos últimos 10/20 anos a classe política se apropriou da riqueza do Estado em proveito próprio, expoliando os dinheiros públicos.
Dias depois, também na TV, Viriato Soromenho Marques interrogava-se onde estaria o dinheiro que existia nos agora países em dificuldades.
Esse dinheiro foi roubado dos países, estes entraram em crise  e quem sofre são os trabalhadores, sobretudo os mais pobres.



SÓ OUVE O BRADO DA TERRA

Só ouve o brado da terra
Quem dentro dela
Veio a nascer
Agora é que pinta o bago
Agora é qu'isto vai aquecer

Cala-te ó clarim da morte
Que a tua sorte
Não hei-de eu querer
Mal haja a noite assassina
E quem domina
Sem nos vencer

Cobrem-se os campos de gelo
Já não se ouve
O galo cantor
Andam os lobos à solta
Pega no teu
Cajado, pastor

Homem de costas vergadas
De unhas cravadas
Na pele a arder
É minha a tua canseira
Mas há quem queira
Ver-te sofrer

Anda ver o Deus banqueiro
Que engana à hora e que rouba ao mês
Há milhões no mundo inteiro
O galinheiro é de dois ou três

José Teodoro Prata

3 comentários:

Ernesto Hipólito disse...

Também era Ernesto e também não era santo. Figura controversa mas que ficou como um símbolo, ainda hoje é tema de muitas conversas.Li na semana passada que quem o traiu e daí a sua morte foi Fidel Castro, o amigo Fidel. A ser verdade, sendo Fidel a raposa que era, não me surpreenderia nada.

E.H.

Anônimo disse...

Lindas e, infelizmente, intemporais. Mas como é que pode não ser assim se continuamos a perpetuar no poder sempre os mesmos, como se, em vez de vivermos numa república democrática, vivêssemos ainda numa espécie de monarquia feudal?

M. L. Ferreira

José Teodoro Prata disse...

Ernesto:
Acho praticamente impossível ter sido o Fidel a denunciar o Che, por todas as razões. Mesmo que quisesse, como sabia ele onde o Che estava? Sabia que estava na Bolívia, mas isso também o exército deste país e a CIA, que o prenderam.

O Che Guevara era um inconformista, saiu de Cuba, depois de ser ministro de várias pastas, pois havia muitas ditaduras e colónias por todo o mundo, para combater. Esteve um ano em África e depois foi para a Bolívia, por indicação do movimento comunista internacional, liderado pela URSS.
Quando lá chegou, não encontrou o apoio que lhe haviam prometido e começou quase sozinho uma luta de guerrilha contra a ditadura local. Nunca chegou a ter os meios prometidos e acabou cansado da luta e da vida.
Acho que é por isso que se diz que ele foi traído. E de certa forma foi, ele que se tornara um incómodo para muita gente, por ser impossível de controlar.
Por isso se tornou um ícone, porque encarna a utopia.