quinta-feira, 30 de abril de 2015

A Fonte Nova do Louriçal


Um dos méritos destas publicações é o de nos fazer ir um pouco mais além.
Sempre que passava pelo Louriçal interrogava-me sobre a razão de terem mantido a inscrição «OBRA DA DITADURA» naquela fonte (realmente deve ser caso único em Portugal). O José Teodoro já deu alguns esclarecimentos; hoje fui até lá para fotografar a fonte e tentar obter mais algumas achegas. Não consegui muita coisa, mas uma das pessoas com quem falei disse que a fonte tinha sido mandada construir pelo Dr. Campos, médico da terra, contra a vontade do Dr. José Ramos Preto que não a queria naquele lugar. No dia da inauguração estiveram presentes todas as individualidades do concelho, mas o Dr. Ramos Preto não apareceu. Quando estavam a meio dos discursos ouve-se um homem, já bêbado, a gritar: «Viva o Dr. Ramos Preto que é o pai de todos os pobres da terra!». Toda a gente se calou.


M. L. Ferreira

Nota: Aconselha-se a leitura da publicação anterior e respetivos comentários, para uma melhor compreensão da questão aqui abordada.

4 comentários:

José Teodoro Prata disse...

Libânia: és condanada.
Obrigado pela informação, que não é pouco, é tudo o que precisávamos de saber.
Fiquei contente pelo desenlace: o Dr. José Ramos Preto era homem com coluna vertebral e outro tanto para o bêbado que não deixou que fingissem que ele não existia.
Mal sabia o José Miguel o que a sua provocação ia despoletar. Ficámos mais ricos.

Ernesto Hipólito disse...

Trabalhei vários anos no Louriçal passando sempre por esta fonte e nunca soube o porquê do nome que lhe puseram.
Agora veio esta condanada, como muito bem disse o Zé e descobriu logo tudo. Além de condanada é também indiabrada. Não tem salvação possível!
Um abraço.

E.H.

Unknown disse...

Sei que existem pelo menos mais dois chafarizes em Portugal, com a inscrição de "Obra da Ditadura" De um deles publiquei uma foto no "Panoramio" e localiza-se em Maiorga, uma velha aldeia dos coutos da abadia de Alcobaça. O outro fica no Alentejo, mas perdi-lhe o rasyo. (mas sei que o vi). Aqui bem perto, na parede exterior da Associação Recreativa da Taberna Seca, também é exibida uma lápide onde se lê: "Construído sob o Governo da Ditadura Nacional - Ano de 1930". Pelos vistos na altura, gostavam de chamar aos bois pelos nomes. Nada a esconder...

Saudações ao gestor deste interessante blog. Filipe Antunes.

Anônimo disse...

Penso que pelo ano em que foi construída Portugal ainda se encontra no regime pré estado novo chamado "Ditadura" governado por Óscar Carmona, sendo assim a inauguração desta fonte coincide com o facto de que a praça ali mesmo ao lado que chama "Praça Marechal Carmona", talvez a inauguração tenha sido no mesmo dia e em agradecimento ao dito marechal que possivelmente esteve presente na inauguração da fonte.

Se tiver alguma informação sobre este facto agradecia, é desconhecido qual o nome anterior da praça e razão para ter o nome que tem hoje.