domingo, 22 de janeiro de 2017

Casas unidas

Uma das virtudes deste blogue é ajudar-nos a olhar para alguns aspetos da nossa terra com mais atenção e ver coisas que durante muito tempo nos escaparam. Até a razão de ser da sua toponímia de que já foram dados alguns exemplos interessantes.
Sobre as ruas Manuel Lopes e Manuel Simões, e as casas em que provavelmente moraram os homens que lhes deram o nome, deixou-me curiosa o facto de existir uma passagem entre elas. Perguntei ao Joaquim Pereira (Reinoco) que viveu na da rua Manuel Lopes se se lembrava dessa passagem e ele confirmou que havia essa e outras que comunicavam com a casa da ti Marizé Gata e a do Maiaca. Terão sido casas de judeus? E seriam os Lopes, os Simões e os Guerra, descendentes de judeus? Os nomes são comuns nos Cristão Novos que tiveram que abdicar do direito de usar os seus nomes judaicos para poderem permanecer em Portugal.
É interessante o nome de Grácia, mulher de Manuel Lopes. Era também o nome de uma das mulheres mais poderosas do século XVI, nascida em Portugal e herdeira de uma das maiores famílias de banqueiros Cristão Novos da Europa – Os Mendes.
Casa com janela manuelina, na Rua Manuel Lopes.

Balcão seiscentista em casa da Rua Manuel Simões.

M. L. Ferreira

Um comentário:

Anônimo disse...

Os judeus moradores na vila aos poucos foram-se mesclando...
Belmonte é a única vila que mantém uma comunidade.
Os judeus convertidos, os chamados cristãos-novos cumpriam os preceitos da santa madre igreja, mas em suas casas continuavam a seguir a lei de Moisés. Nos anos sessenta, setenta nos dias de mercado alguns feirantes de Belmonte deslocavam-se à vila para fazerem seus negócios, era jovem e já ouvia dizer: aquele feirante é judeu...
Na vila existiam muitas casas cujos forros eram divididos por costaneiros. Os moradores judeus quando eram perseguidos fugiam pelos forros escapando desta maneira ao inquisidor.
J.M.S