segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Autárquicas 2021

Escrevia Miguel Sousa Tavares, no jornal Público de 11 de setembro: Estamos em plena campanha eleitoral e o único elemento positivo é o próprio facto de haver várias dezenas de milhares de pessoas que se candidatam por todo o país. É a manifestação de massa mais relevante na democracia portuguesa nestes dias.

Ele continua, denunciando a quase apatia dos portugueses face à campanha eleitoral, mas eu não quero ir por aí. Penso que a situação sui generis que vivemos no concelho de Castelo Branco, em termos de poder local, trouxe um dinamismo a estas eleições como já não se via há muito tempo. Esperemos que essa dinâmica persista após 26 de setembro!

Na freguesia de São Vicente há mais gente envolvida. Destaco a presença de muitos jovens nas candidaturas, embora, infelizmente, quase todos em posições secundárias. É um fenómeno dos tempos que vivemos esta secundarização dos jovens pelas gerações mais velhas, que começaram a ocupar cargos desde os seus 20 anos e ainda não passaram o testemunho aos mais jovens.

É um paradoxo querer construir o futuro com gente do passado! Resta-nos a esperança de que, após as eleições, as equipas agora formadas abandonem o caciquismo habitual e continuem a refletir sobre a vida pública, em equipa, trazendo o contributo dos mais jovens para a nossa política local (a política é a ciência de governar a comunidade).

José Teodoro Prata

4 comentários:

José Barroso disse...

Estou em S. Vicente da Beira com Internet precária (apanho em casa a do Café Cabeça de Peixe, com conhecimento do dono!). Mas cá me vou safando...
Dantes, na Vila, pelo menos aos domingos, as pessoas iam para os cafés para conversar um bocado depois da missa que era ao meio dia; até porque havia muita gente, a igreja estava a abarrotar e só progressivamente se passou a ter televisão em casa!
Hoje, praticamente, todos têm Internet, televisão por cabo (ou melhor, por satélite), há pouca gente, a missa é (tem sido nos últimos domingos) às 6 da tarde e a igreja está quase vazia!
Mudou tudo: população, hábitos, eventos, vida quotidiana e mentalidade. Ainda não há muito tempo, trocávamos nós ideias sobre como "agitar as águas" e falávamos da forma como fazê-lo. Talvez esse ponto de discussão ainda não esteja encerrado.
Bem, mas para já, as autárquicas conseguiram trazer um pouco de animação! Gostei de ver na nossa praça (de vez em quando vou-me embora, mas depois regresso!), os candidatos das várias listas à autarquia local e municipal. Eles trouxeram a sua dinâmica, inclusive, com palavras interessantes dirigidas à comunidade. No entanto, depois das eleições, tudo costuma voltar ao mesmo. Isso, em parte, é da natureza das coisas. Mas, pode ser que, desta vez, os que forem eleitos continuem com algum do entusiasmo que agora os faz mover.
Quanto à juventude nas listas, é um facto! E muitas são mulheres o que é ótimo (mas a isso as normas obrigam, embora eu não conheça bem a lei eleitoral). E até acho que os cabeças de lista para a Junta de Freguesia (a Fátima Alves, o David Moreira e o Filipe Goulão) ainda são jovens.
Em relação à organização das listas, acontece que muita gente não mora em S. Vicente, outros não têm disponibilidade e outros, simplesmente, não querem, etc., etc. Ora, quanto a mim, isso não é o mais importante. Entendo o seguinte: não são precisos muitos! É preciso é que sejam dinâmicos, porque eles depois movimentam os outros. Afinal, é um pouco para isso que servem os que tomam conta da "res publica". E, embora eu concorde que alguns já lá andam há tempo a mais, a dinâmica nem sempre tem a ver com a juventude!
Abraços, hã!
JB

José Teodoro Prata disse...

Claro que o Zé Barroso tem razão em tudo o que escreveu!
Acabei por fazer uma caricatura da nossa sociedade, na qual, em minha opinião, os jovens são marginalizados ou marginalizam-se, o que para este caso vem dar ao mesmo.
Por outro lado, cada vez que penso ou escrevo sobre a nossa freguesia interrogo-me sobre o que pensarão os jovens sobre o assunto, pois o futuro será deles muito mais que meu. E não sei, aliás mal os conheço. Por isso fico sempre com uma sensação de insatisfação e inquietude
Por isso fiquei satisfeito com tantos jovens nas listas, embora poucos em lugares elegíveis (apesar de ser verdade que dois dos cabeças de lista são jovens-adultos).

M. L. Ferreira disse...

Também ainda me lembro da igreja a abarrotar de gente, incluindo o “coro” e os varandins na capela-mor. Mas isso era no tempo em que na freguesia éramos quase 4 000 almas, todas com medo de ir para o inferno, porque faltar à missa de domingo era pecado mortal. De lá para cá fomos minguando todos os anos e atualmente não passamos dos 985, segundo o último sensos. Mal dá para crer.
Quanto aos candidatos aos órgãos da freguesia, também concordo que não interessa se são mais velhos ou mais novos; é preciso é que sejam empenhados na defesa das necessidades e interesses da população, embora só isso não baste para que consigam fazer tudo o que pretendem (os dinheiros são curtos). Ajudaria também muito se tanto os que ganharem como os que perderem se pudessem complementar na mesma causa, em vez de criarem problemas por mesquinhices, como vi acontecer algumas vezes nas reuniões em que participei nos últimos anos. Mas os exemplos que vêm de cima também não ajudam…

José Teodoro Prata disse...

Esta questão da unidade na ação é importantíssima e mede bem o grau de maturidade de uma comunidade. Infelizmente, em muitos casos o grau da nossa maturidade roça a infantilidade. Tal como em muitas outras terras, mas com o mal dos outros posso eu bem.
Talvez esta minha valorização dos jovens venha um pouco do facto de trabalhar diariamente com adolescentes. Claro que muito do que eles valorizam não me diz nada (noutras coisas eles são bem melhores que nós, os mais velhos). Mas é muito importante que eles sejam chamados a projetar o futuro, que será sobretudo deles, caso contrário assiste-se a um divórcio entre o que os mais velhos programam e o que os mais jovens querem. Por isso muitas vezes temos (sobretudo tivemos) bons eventos na nossa terra, mas jovens a assistir, a participar, a organizar, quase zero!
Não advogo que os mais velhos se afastem, mas sim que integrem nas suas equipas gente jovem. E não me refiro a gente de 30 e 40 anos, estou a pensar nesses, já adultos, mas sobretudo em gente de 15, 20, 25 anos. Eles são muito dinâmicos e criativos! Não foi o que aconteceu connosco no pós 25 de Abril?