sexta-feira, 4 de abril de 2025

O nosso falar - Dar a salvação

Uma das melhores formas de aprender é por imitação, principalmente quando se trata de regras de convivência social. Dar a salvação é um bom exemplo. Desde crianças que começámos a dizer bons dias, boas tardes ou boas noites a toda a gente por quem passávamos (os mais velhos ainda nos lembramos de ouvir Nosso Senhor lhe dê bons dias; Nosso Senhor o ajude; Vá com Deus, Nosso Senhor o acompanhe…). Ninguém nos disse que tínhamos de o fazer, mas imitávamos o que víamos aos nossos pais e a outros adultos significativos, sempre que passavam por alguém na rua, fosse ou não gente da terra.

Negar a salvação era a pior ofensa que se podia fazer a alguém, e só acontecia quando a zanga era séria; por isso, a primeira vez que íamos à cidade (para muitos era a ida a Castelo Branco para o exame da quarta classe) achávamos estranho que as pessoas passassem umas pelas outras e não dessem a salvação, como se andassem todas zangadas. A situação piorava quando, como aconteceu com alguns de nós, íamos viver para uma cidade maior. Sentíamos que parte da nossa humanidade tinha ficado para trás.

Regressados à terra, muita coisa mudara: as crianças tinham-se feito homens e mulheres e já não tínhamos o nosso pai e a nossa mãe a esperar-nos à porta de casa. Apesar disso continua a ser reconfortante passar por alguém na rua e, muitas vezes, poder ir para além dum apressado «bom dia». Estranhamente, começa a ser frequente cruzarmo-nos com pessoas, geralmente mais novas, que, de tão mergulhadas nas próprias bolhas, passam pelos outros como seres invisíveis.

Há quem diga que é só falta de educação; é possível que seja sobretudo sinal de um tempo de maior isolamento e solidão…

ML Ferreira

quinta-feira, 3 de abril de 2025

Os sapos

Sapo entre as ervas, ontem de manhã, na minha horta dos Cebolais. Por pouco não o cortei com o foição!

O meu pai vomitava de nojo, quando via um. E as cabras não deviam comer na zona onde um sapo fosse avistado, pois envenenavam tudo! Por isso era procurado incansavelmente até ser morto. Crenças injustificadas, segundo a ciência.

São bons para as hortas, pois comem insetos, caracóis, lesmas... Acabo de ler na net que são bioindicadores de um ambiente saudável! Vivem em ambientes húmidos, para a reprodução e para manter a pele húmida, pela qual respiram.

José Teodoro Prata