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domingo, 26 de junho de 2011

Vale de Figueiras

São bonitas as nossas aldeias de montanha: Casal da Serra, Paradanta e Vale de Figueiras.
A primeira aconchegada no colo da serra, a segunda estendida ao longo de um caminho de canseiras e a terceira metida num beco da montanha.
Sentado no penhasco do Castelo Velho, contei ao Ernesto Hipólito que visitara finalmente a única aldeia da freguesia que ainda não conhecia, Vale de Figueiras.
"Lá estás tu a dizer Vale de Figueiras. Já no blogue fazes a mesma coisa. É Vale de Figueira!"
De repente, alguém nos desviou a conversa para outro assunto e não concluímos este. Faço-o agora.
Primeiro, adorei conhecer o Vale de Figueiras. Da Partida, segue-se por um vale ribeirinho e de repente chegamos. É uma típica aldeia de montanha: vale estreito ajardinado por hortinhas bem cuidadas, casas alcantiladas nas encostas íngremes, o verde garrafa da vegetação salpicado pelo castanho das casas antigas e pelo branco das mais novas. Gente simpática, de cabelos loiros e olhos azuis. Perdeu-se aqui uma tribo de germanos, no seculo V! À entrada da povoação, termina o caminho fácil. Depois segue-se a pé ou de carro, mas com o credo na boca. O vale do ribeiro acaba um pouco mais à frente e por todos os lados a serra se empina. Caminhos bons para cabras e montanheses.
Vista dos meus enxidros, não se adivinham na serra encostas tão íngremes, para os lados da charneca. Pensava que só no Casal da Serra, do Cavaco para cima.
Segundo, o uso do plural no nome. Em toda a documentação em que tenho trabalhado, anterior a 1850, a povoação é sempre designada por Vale de Figueiras.
Tem lógica, pois o lugar tem as duas condições para ser abundante em figueiras: água com fartura e calor (o vento frio passa por cima). E haveria (há) muitas figueiras, pois uma não seria notícia neste nosso já sul mediterrânico.
Temo que a passagem do plural para o singular se deva a um lapso ou a uma decisão sem fundamento, como aconteceu recentemente com Cafede.
Sempre se escreveu Cafede, mas há anos o nome da povoação apareceu, nas placas das estradas, escrito com acento gráfico: Caféde. E pouco a pouco as pessoas interiorizaram que a palavra se escrevia assim e até os jornalistas da região passaram a escrever com acento. Agora já começam a emendar, mas as placas lá continuam, para baralhar.
E porque não leva acento agudo? Porque é uma palavra grave e estas não precisam de acento gráfico, para marcar a sílaba tónica, a que se lê com mais força. Há excepções, mas não para a palavra Cafede.

Nota: Estive em casa de uma sobrinha da Ti Mari´Zé Afonsa, daqui natural. Havia uma figueira enorme, que agora estará carregadinha de figos do Algarve.