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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Fonte Velha II

Em finais de 2011, já lá vão 4 anos, dei-vos a conhecer a minha grande tristeza com o estado de degradação de um dos locais mais nobres e vetustos da Vila numa crónica aqui publicada: A Fonte Velha. Volto hoje ao tema.
Não se pode dizer que nada foi feito, de lá para cá, para inverter a situação. Temos a casa da música, que reabilitou, com bom gosto, um espaço degradado e que faz com que só o Porto rivalize connosco, com uma casa da música ainda maior e com melhor programa que a nossa. E temos também o compromisso, por parte da Câmara Municipal, do acabamento da casa paroquial e da demolição do barracão contíguo, que foi construído com a participação de muitos de nós.
Mas cumpridas que sejam as promessas da Câmara, representando um passo enorme para a reabilitação daquele local mágico que é a Fonte Velha, local privilegiado de namoros antigos, onde os nossos pais esperaram pelas nossas mães, antes de o serem, com o coração ao pulos; onde se celebrava a festa da inspecção, entre amigos e irmãos, que a embelezavam com vazos de flores e cabeleiras amarelas, que muitas mulheres da Vila cultivavam com carinho especial, na escuridão, para nesse dia os oferecerem àqueles jovens. A quantos encontros simbólicos assistimos com o coração amassado, pelo Pe. Leal, entre Jesus, sua Mãe e o amigo inseparável João?
A fonte velha vos digo eu, além do lugar mágico que é, devia ser um local de culto. Um espaço cheio de dignidade e por isso é com o coração amassado que venho assistindo à degradação da casa Cunha, sem que o fenómeno pareça incomodar ninguém, quando nos devia incomodar a todos.
O grupo informal dos Amigos da Praça, a que tenho a honra de pertencer, que ali reúne regularmente durante o mês de agosto de cada ano, tendo como um dos assuntos recorrentes a reabilitação daquele espaço, deliberou tornar publica a deliberação tomada e que é a seguinte:
- A Junta de Freguesia (curadora dos interesses colectivos) deverá envidar esforços junto da Câmara Municipal para notificar os proprietários ao abrigo do artigo 89.º do Regime Jurídico da Urbanização e Edificação, republicado pelo Dec.-Lei n.º 136/2014, que estabelece: as edificações devem ser objecto de obras de conservação pelo menos de 8 em 8 anos…destinadas a manter a edificação nas regras de segurança, salubridade e arranjo estético.
- A intervenção destina-se a conferir alguma dignidade àquele espaço urbano, que provavelmente estará até classificado como núcleo histórico e por isso sujeito a regras mais apertadas.
- No caso de não ser feita qualquer intervenção por quem de direito, a Junta/Câmara deverá obter destes autorização para que qualquer delas possa intervencionar o espaço.
- A reparação consistirá em pintar a fachada principal e a lateral da Rua da Costa, substituir os vidros partidos das janela, retirar os estores que se encontram num estado de degradação total e dar um jeito às portas. Sendo que o mais difícil será suportar o telhado visível da Fonte.
- Foi ainda deliberado oferecer para já os seguintes contributos: Francisco Barroso, José Craveiro e Tó Luis, artista de lápis de carvão, mas também de nível e fio-de-prumo, dois dias de mão-de-obra, cada. O João Craveiro ofereceu-se para instalar o sistema de suporte do telhado em questão, o das águas para a Fonte.
Este contributo é disponibilizado para o mês de agosto, que é quando o pessoal se encontra de férias, mas estou certo que se a ideia for agarrada outros aparecerão. Não é uma questão megalómana…está perfeitamente ao nosso alcance.
Lanço o desafio a todos os que gostam muito de São Vicente. Àqueles que o assumem publicamente e aos leitores desta nossa Praça virtual que, não se revelando, nos lêem porque gostam também de São Vicente.
O meu grito está lançado. Há alguém desse lado?

Fevereiro, 2016
Francisco Barroso