
Castelo Branco, em 1812, gravura do artista britânico George Cumberland Júnior, que acompanhou o Exército Inglês.
Ajuda ao Exército Luso-InglêsFazer a guerra requeria bom tempo e não respeitar esta regra podia custar caro. Assim aconteceu a Napoleão, na Campanha da Rússia, apanhado e vencido pelo
General Inverno. Foi em 1812 e o Exército Francês sofreu 550 mil mortos.
Mas, em 1811, os franceses ainda andavam por cá, tal como continuaram em 1812.
E era preciso alimentar o Exécito Luso-Inglês que os combatia.
No mês de Dezembro de 1811, só houve uma requisição: o ganhão de
Francisco Ferreira da Vila transportou bolacha de Abrantes para Castelo Branco, em 12 dias.
Ajuda ao Exército FrancêsNa 1.ª Invasão, os franceses passaram por Castelo Branco, entre 20 de Novembro de 1807 e 9 de Janeiro de 1808.
A cidade de Castelo Branco e as povoações dos arredores, incluindo dos concelhos limítrofes, tiveram de fornecer alimentos e montadas aos franceses, a mando das autoridades portuguesas.
No meu livro “O Concelho de S. Vicente da Beira na Guerra Peninsular”, referi e citei um documento de um autor anónimo que descreveu a passagem dos franceses por Castelo Branco.
Na altura, conhecia apenas a parte do documento publicada por J. Ribeiro Cardoso. Mais tarde, tive acesso ao documento na íntegra, publicado no jornal “Terra da Beira”, nos anos de 1929 e 1930.
Pude então localizar, no tempo, com mais rigor, as contribuições dos nossos antepassados para o Exército Francês, pois a documentação consultada situava as nossas contibuições para os franceses, entre 20 de Novembro de 1807 e 30 de Março do ano seguinte.
A partir de finais de Novembro, a cidade de Castelo Branco, capital da Comarca, já esgotara os seus recursos e passou a requisitar alimentos nos povos e concelhos vizinhos. Por exemplo, no dia 6 de Dezembro, foram embargados todos os alimentos armazenados nas tulhas das Comendas da Comarca.
Assim, as contribuições do concelho de S. Vicente da Beira terão ocorrido quase todas no mês de Dezembro de 1807.
Seguem-se as entregas aos franceses, por parte da freguesia de S. Vicente da Beira, que constam da documentação consultada.
VILA
Ignes Caetana, viúva de
Francisco Caldeira:
1 junta de bois machos + 1 cavalo + 41 alqueires de farinhaBerardo Joze Leal, feitor de
Gonçallo Caldeira:
10 alqueires de centeioCapitão
Joaõ Duarte:
6 alqueires de feijão pequeno + 5 alqueires de milho grosso + 4 alqueires de feijão pequeno (em Tinalhas)Capitão
Joaõ Rodrigues Lourenço Caio e sogro:
5 alqueires de feijão pequeno + levou 1 carrada de farinha a Castelo BrancoJoze Custodio Ribeiro:
1 junta de bois machos + 4 alqueires de feijão pequeno + 3 alqueires de centeio
Antonio Leitaõ Canuto e sobrinho:
1 mulaJozefa, viúva do
San.to:
1 vaca + 1 carrada a C. Branco, com outra vaca de Joaõ LopesJoaõ Lopes:
1 vaca + 1 carrada a C. Branco, com outra vaca da Jozefa + 1 saca + 1 tamoeiroJoze de Oliveira:
3 alqueires de milho grossoIgnes, viúva de
Domingos Rapozo:
6 alqueires de feijão pequenoAnacleto Antunes:
1 vaca + 1 carrada a C. Branco, com outra vaca de Joaõ Bernardo + 1 sacaJoaõ Bernardo:
1 vaca + 1 carrada a C. Branco, com outra vaca de Anacleto AntunesD.
Anna Felicia de Azevedo: 6
alqueires de centeio + 4 alqueires de milho grossoPadre
Estevaõ Cabral:
5 alqueires de milho grossoJoze Henriques Matias, feitor do Capitão-Mor de Alpedrinha
Antonio Bernardo Esteves de Brito:
15 alqueires de centeioBento Lopes:
6 alqueires de feijão pequeno (estavam em C. Branco) + 3 sacos + 1 jugo de bois + 18 pães cozidosJoze Bernardo Cardoso:
2 alqueires de farinha de milho + 1 macho ao serviço das tropas, durante 10 diasPEREIROS
João Antunes:
5 alqueires de milho grosso + 1 sacoBras Antunes:
4 alqueires de milho grossoPARTIDA
Joze Vicente:
1 alqueire de milho grossoManoel Mateus:
1 alqueire de milho grossoVenancio Freire:
1 alqueire de milho grossoManoel Martins:
1 alqueire de milho grossoMaria Martins, viúva:
meio alqueire de milho grosso + levar 1 carrada a C. BrancoAntonio Baranda: meio alqueire de milho grosso
Mateus Antunes:
1 alqueire de milho grossoIsabel Leitoa, viúva, e filho:
1 alqueire e meio de milho grossoJoze Leitaõ o Bógas:
1 alqueire de milho grossoManoel Alexandre:
2 alqueires de milho grosso + 1 sacoDomingos Joaõ:
1 alqueire e meio de milho grossoAntonio Fernandes:
1 égua de coudelaria + 3 alqueires de milho grossoJoze Martins Pedro:
1 alqueire de milho grossoPara saber mais, consultar: "O Concelho de S. Vicente da Beira na Guerra Peninsular", de José Teodoro Prata, publicado pela Associação dos Amigos do Agrupamento de Escolas de São Vicente da Beira, em 2006