sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Não notícia

Jornal Reconquista, 12.10.2017

Para nós, charnecos de São Vicente, Partida, Padrão..., esta é uma não notícia.
Vai-se falar muito de romarias, de tradições orais, de música e danças tradicionais, mas só de Castelo Branco, Idanha e Penamacor, a julgar pelos painéis de palestrantes.
Quando vim morar para Castelo Branco, perto de 1990, a cultura que aqui contava era a do Campo. A Charneca era como se não existisse e a Serra pouco mais ou menos.
A pouco e pouco,  nós e as restantes freguesias do chamado pinhal conseguimos impor-nos e hoje já contamos alguma coisa.
Esta iniciativa da Fabre Actum (desconheço) é um retrocesso.
Não sei se o José Manuel lá vai aparecer e colocar os pontos nos is. Acho que não (não há pachorra para tudo!) e realmente temos mais que fazer.
Se calhar estou a exagerar, seria um prazer enganar-me!

Nota: Sei que o rancho da Santa Luzia estará presente, mas a sua presença é apenas episódica, sem que a romaria da Santa Luzia entre na reflexão global das nossas tradições.

José Teodoro Prata

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Interior

Naquele tempo…
Há muitos, muitos séculos, existiu um rei (Sancho I), em Portugal  que, quando subiu ao trono, encontrou vastas terras cheias de matagais, despovoadas, nomeadamente no interior, onde o diabo perdeu as botas. Depois de muitas lutas, conjuntamente com seu pai (D. Afonso Henriques), o reino atravessava um tempo bonançoso.
Tinha trinta anos, quando tomou as rédeas do poder, as fronteiras com os reinos cristãos, embora frágeis iam-se consolidando. O problema mantinha-se a sul, onde predominavam os Muçulmanos.
O rei de Portugal soube tirar partido desta acalmia e…
- Não pode ser! - disse um dia ao seu chanceler D. Julião - No meu reino tenho terras incultas que nunca mais acabam; contacte o deão de Silves (que entretanto tinha voltado novamente para domínio Muçulmano), ele que vá à sua querida Flandres e traga gente para os meus reinos!
- Não é mal pensado. - respondeu o chanceler.
O Deão Guilherme partiu para a Flandres onde engajou muitos colonos. Ao chegarem a Portugal, o rei ofereceu-lhes terras para se instalaram.
Adiante.
Trás-os-Montes, Beiras… locais onde as populações eram escassas. Covilhã, 1186; Viseu, 1187; 
São Vicente da Beira 1195… Restaurou, povoou, incentivou portugueses e colonos a morarem nessas terras, dando-lhes regalias através de forais.
Desta maneira conseguiu o rei, aos poucos, que todo o reino se fosse povoando.
Os povos arroteavam, trabalhavam e rezavam.
Um dia, um filho de rei (Infante D. Henrique) isolou-se no extremo sul de Portugal, onde fundou uma escola de marinharia. Começou a enviar marinheiros para que descobrissem novas gentes, aos poucos e poucos os habitantes mais expeditos iam abandonando suas terras, partiam à procura de melhor vida.

Os séculos foram passando, algumas povoações perderam importância, outras aumentaram-na.
Em 1976, no mês de Abril, realizam-se eleições livres em Portugal
Em São Vicente da Beira, estavam inscritos nos cadernos eleitorais 1833 eleitores; na vizinha freguesia de Almaceda, 1291; Louriçal do Campo, os eleitores inscritos totalizavam, 815; Sobral do Campo 532; Ninho do Açor, 381…
Os anos foram passando, os cidadãos, morrendo ou debandando outras paragens; eis que chegamos ao ano 2013.
Eleições autárquicas:

São Vicente da Beira, 1355 eleitores; 2017, 1161 almas com direito a votar.

Nas vizinhas freguesias de:
Almaceda, em 2013, estavam inscritos nos cadernos 804  eleitores; 2017, 657 eleitores

2013, Ninho do Açor/ Sobral do Campo, 841  eleitores; 2017, 738 eleitores

2013, Louriçal do Campo, 644 votantes; 2017, 540 eleitores

Desde 1976 até 2017 a freguesia de São Vicente da Beira perdeu 672 eleitores. Uma média de 16 cidadãos eleitores por ano.

A freguesia de Almaceda perdeu 634 eleitores. Durante estes anos perdeu, por ano, cerca de 15 cidadãos eleitores.

As freguesias Sobral do Campo e Ninho do Açor perderam 175 cidadãos eleitores.
Estas duas freguesias unidas perderam, por ano, uma média de 4 eleitores.

Louriçal do Campo perdeu 275 eleitores. Esta freguesia perdeu uma média de 6 eleitores por ano, durantes estes últimos 41 anos.

Desde 1976 até aos dias de hoje, estas quatro freguesias perderam 1756 almas; muitos cidadãos.
Por este andar, se os governantes não tomarem medidas sérias, todo o interior irá ser uma vasta coutada, terras de ninguém ou de meia dúzia de endinheirados que as transformam em vastíssimos coutos para gaudio de uns poucos.
Em 2013, estavam inscritos nos cadernos eleitorais da cidade de Castelo Branco 31 287 eleitores. Actualmente estão inscritos 30 719 cidadãos.  
Julgo, não será isto que os governantes quererão, para isso têm que ser tomadas medidas positivas, incentivos para que as pessoas regressem às suas origens, pondo fim às portagens, diminuindo a carga fiscal aos que queiram investir nestas paragens; incentivos à maternidade, atribuir regalias sociais para quem queira morar no interior, e por aí fora.
As nossas aldeias e vilas possuem melhor qualidade de vida que a existente nas grandes cidades. Ares e águas puríssimas, boas estradas. Para se fazerem trinta quilómetros numa grande cidade, demora-se uma hora, ou mais; nas nossas terras, meia hora basta. Nada de engarrafamentos, nem dores de cabeça. 
Se não se tomarem medidas sérias e justas, qualquer dia, era uma vez


J. M. S

domingo, 8 de outubro de 2017

Beira Baixa

Até 1832 éramos da BEIRA, nesse ano passámos à BEIRA BAIXA

1758

1849

A Província do Alentejo, tão a norte, em 1758, não é engano, pois o Priorado do Crato ia até Oleiros e Pedrógão Pequeno. Não sendo Alentejo, estas terras aquém Tejo pertenciam ao comando militar do Alentejo, pois as províncias eram circunscrições militares.
Já a pertença da Sertã, Cardigos e Proença-a-Nova à Estremadura parece gralha, pois estas terras eram também da Ordem do Crato.
(Nota de José Teodoro Prata)

Jaime da Gama

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Autárquicas, 2017 - Resultados

RESULTADOS DA FREGUESIA DE SÃO VICENTE DA BEIRA

Assembleia de Freguesia:

Partida Socialista: 50,87% (379 votos)
Partido Social Democrata: 49,13% (366 votos)
Inscritos: 1161
Votantes: 772

O PS ganhou por 13 votos. Disputa mais renhida só nos Escalos de Cima-Lousa, em que o PS perdeu para uma lista de cidadãos por 4 votos.
Passou o tempo das palavras, chegou o tempo do trabalho, unidos, em prol das nossas comunidades. Só fazendo-o é que se merecerá ganhar daqui a 4 anos.

José Teodoro Prata

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

A união faz a força

Data da primavera este fenómeno novo na nossa vida comunitária.
O Gonçalo Santos uniu pessoas e instituições e criou um moviemnto chamdo TODOS JUNTOS.
O objetivo é promover ações de desenvolvimento da nossa freguesia.
Houve notícia no Reconquista, com foto no pelourinho.
Já foram realizados vários melhoramentos, como mostra a notícia do mesmo jornal esta semana.
Movimento mais meritório não pode haver!!!


 

NOTA: Esta publicação foi alterada a 4 de outubro, pois continha informações incorretas. Assim, o movimento TODOS JUNTOS não é a mesma coisa que a associação criada pelo João Craveiro, para organizar as Festas de Verão. Num primeiro momento, a ideia era criar uma só institução, mas optou-se por separar a promoção do dsenvolvimento da organização de eventos festivos, resultando, por isso, duas organizações diferentes.
Como informei, a organização das Festas já apresentou contas e registou-se um lucro de mais de 4 mil euros.

José Teodoro Prata

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Um diner

João, bom camarada, amigo do seu amigo; até do inimigo, desde que visse alguma necessidade premente, estava no terraço a preparar um churrasco para presentear as visitas que tinham chegado durante a tarde. Estes aproveitaram e fizeram uma carpool.
Aproximava-se a noite, o dia fora abrasador. O sol tinha metido alguns cavacos a mais na fornalha, fazendo com que aumentasse a temperatura solar seguramente mais um ou dois graus. A ajudar à festa, os terráqueos, cada vez mais sabedores das ciências e do desconhecido, contribuem com sua cota parte para que a temperatura suba ainda mais através das indústrias, automóveis… e outras máquinas sujadoras.
Com temperaturas tão elevadas, a humidade do ar quase inexistente, os matos e as árvores, potenciais matérias inflamáveis, num instante, por incúria ou malvadez, se transformam em pasto de chamas que o fogo devora sem dó nem piedade.
Nesse dia, a comunicação social televisionada não mostrou nas pantalhas qualquer ocorrência; apesar disso, o dia tinha sido insuportável, bom para veraneantes e hoteleiros. Os primeiros molhavam-se nas águas quentes do sul; os segundos faturavam.
Vénus já se via no céu ainda azul; a noite, ao invés do dia, prometia ser fresca e agradável. João desceu as escadas que davam acesso à garagem, pegou no saco do carvão, de seguida foi buscar o barbecue que se encontrava numa pequena arrecadação que fica debaixo das escadas que dão acesso à cozinha.
Depois de o montar, espalhou o carvão, acendeu uma pinha, pouco tempo depois estava transformado num verdadeiro brasido. Quando estava a abanar o carvão, aparece junto dele o António, cabisbaixo.
- Precisas de ajuda?
- Vens mesmo na hora certa, sobe as escadas, vai ao frigorífico e traz umas jolas… conta-me a tua vida que a minha sei eu.
- Deixa-me cá, estou metido num grande sarilho.
- Mau, o que é que se passa?
Aqui há tempos, estava numa esplanada em Castelo Branco, de repente apareceu, surgindo do nada, uma garina que eu já não via há mais de dez anos. Sentou-se numa cadeira, entabulámos conversa…puxa conversa; passado algum tempo, levantámo-nos e dirigimo-nos à pensão onde passámos o resto da tarde e noite. Ao outro dia, partiu cada um para seu lado. Passados três meses, aparece à minha frente com a barriga saliente, pediu para falar comigo e me disse que se encontrava grávida, que o pai da criança era eu. Um affaire
- Que azar o teu!
- A minha namorada nem sonha, já viste a minha vida?
- Pode estar a fazer bluff só para te agarrar!
- Vi-lhe a barriga mais crescida.
- Se fosse a ti, tirava isso a limpo…
- Vai lá dentro à cozinha buscar as carnes e de caminho traz três jolas.
O barbecue estava pronto para receber os assados, na cozinha as mulheres azafamavam-se com os tachos que ferviam no fogão com as iguarias que acompanhariam as febras, chouriças, morcelas, salsichas…
- No passado fim de semana, participei numa running wonders, fiz a meia maratona. - atalhou Vicente, que entretanto tinha chegado junto deles - Participaram umas quatro mil pessoas. Algumas centenas correram meia maratona; outras, dez quilómetros; a maioria, caminhou durante cinco mil metros. O tempo estava agradável, nem frio, nem calor. Não fui dos primeiros a chegar, mas também não fui dos últimos, recebi uma medalha de cortiça bastante bonita. De seguida, eu e a Inácia fomos a um shopping, entrámos numa hamburgueria, comemos um hamburger com batatas fritas. Fast food. Aproveitámos a tarde e visitámos a exposição temporária que se encontra no Centro de Arte Contemporânea. Estavam a entrar muitas pessoas para o auditório, fomos ver e entrámos também. Na mesa, três palestrantes, eis senão quando começaram um Workshop sobre alterações climáticas. Marketing. Quando saímos, descemos ao parque de estacionamento, entrámos no automóvel, passámos por umas bombas de combustível, atestei o carro, entrei na zona do market e paguei. Como tinha em meu poder um voucher, rumámos ao Lugar do Ainda, que se situa num local bastante aprazível, perto da barragem do Pisco, em São Vicente da Beira, onde pernoitamos. Pela manhã, os passarinhos chilreavam alegremente; não muito longe, marulhavam as águas da ribeira da Senhora da Orada, o atendimento não podia ser melhor. Atenciosos os proprietários! Tomámos o breakfast, agradecemos a maneira cordial e simpática como nos receberam e partimos em direcção à nossa casa.
O churrasco, acompanhado de uma pinga de estalo, estava uma maravilha, a noite serena, estrelada, envolvia-nos, como a querer dizer: -Está na hora de irem para a cama, daqui a nada cantam os galos e chega a aurora…


J.M.S