sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Felisberto Coelho Telles Jordão Monteiro



Felisberto Coelho Telles Jordão Monteiro não nasceu em São Vicente, mas terá vindo viver para cá ainda jovem, dizem que para substituir o pai, que tinha adoecido, no cargo de Secretário da Administração do Concelho (coisas das monarquias, que teimam em persistir na atualidade…).



Tinha vinte e um anos quando se casou com Mariana Augusta Ribeiro Robles, um pouco mais velha que ele, filha de Maria Rita Paulina e José Ribeiro Robles. Como os pais casaram algum tempo após o nascimento da filha, Mariana aparece como filha natural em todos os registos paroquiais. Curiosamente, apenas no registo de óbito é referido o nome do pai.
O casal teve muitos filhos, como era habitual naqueles tempos:
1.    Maria da Glória Robles Monteiro (1873) que casou com Manuel de Brito Coelho de Faria, Amanuense da Administração do Concelho de Castelo Branco. Também tiveram muitos filhos, alguns dos quais morreram ainda crianças;
2.    Maria Albertina Robles Monteiro (1875) que foi professora e morreu solteira. Dizem que tirou o curso por vontade do pai, que não se conformava por, em São Vicente, haver tanta gente analfabeta. A escola era numa sala da casa da família, na rua Nicolau Veloso. Contam que Maria Albertina era muito religiosa e que, sempre que o relógio dava as horas, mandava levantar os alunos e rezavam: Bendita seja a hora, bendito seja o dia, bendita seja a pureza da Virgem Maria. Tanto este relógio como a palmatória, que seria usada com alguma frequência, ainda estão guardados como verdadeiras relíquias;
3.    Felisberto Robles Monteiro (1878) que faleceu com pouco mais de um ano (um dado curioso é que a madrinha da criança foi a irmã Maria da Glória que, na altura, tinha cinco anos de idade);  
4.    Ângela Robles Monteiro (1880) que foi freira Doroteia e faleceu em Nápoles;
5.    Maria Amália Robles Monteiro (1883) que casou com José Gomes Barroso e também tiveram muitos filhos, entre eles um que foi padre: o Padre Albertino;
6.    Maria Guilhermina Robles Monteiro (1883), gémea com Maria Amália, que morreu quase à nascença;
7.    Hermínia Robles Monteiro (1885) que morreu solteira;
8.    Felisberto Robles Monteiro (1888) que estudou no seminário e no Colégio de S. Fiel, e fez depois o Curso Superior de Letras. Foi ator e encenador, e casou com Amélia Rey Colaço, também atriz. O casamento não terá sido do agrado dos pais, devido à profissão da noiva, e levou tempo até que fosse aceite pela família.

Para além de Secretário da Administração do Concelho, Felisberto Jordão Monteiro terá sido também Provedor da Misericórdia de São Vicente da Beira, onde ainda se encontra uma reprodução do retrato que encima este artigo.
Seria uma pessoa de bem, honesto e zelador dos interesses do concelho. Uma das bisnetas partilhou comigo algumas das histórias que, sobre ele, ainda se contam na família:
Um dia vinha a descer as escadas do edifício da Câmara, elegantemente vestido, cartola na cabeça, bengala pendurada no braço, quando se depara com outro funcionário que andaria a meter dinheiros públicos ao bolso. Ao cruzar-se com ele, pára, olha-o de frente, ergue a bengala no ar e berra-lhe: «gatuno, azeiteiro, ladrão desta Câmara, desapareça-me da frente ou vai já pelas escada abaixo!». Não se sabe como é que a coisa acabou…
Diz que outra vez, já noite, terá recebido uma notícia que o deixou desassossegado. Tão desassossegado que, apesar da escuridão e do frio da noite, aparelhou o cavalo, vestiu o capote e disse para a mulher que tinha que ir a São Fiel. A mulher, preocupada, ainda tentou convencê-lo de que fosse apenas de manhã cedo, mas ele não lhe deu ouvidos. Só lhes restou ficarem todas, a mulher e as filhas (o filho seria ainda criança), a espreitar por uma janela, cheias de medo, a vê-lo desaparecer ao fim da rua, na escuridão. Não se conhecem ao certo os motivos desta viagem noturna tão urgente, mas constou-se que levaria uma bandeira inglesa que hasteou no Colégio para evitar a sua ocupação, não se sabe por que forças…
Felisberto faleceu ainda novo, em 1901; tinha 50 anos de idade. Apesar dos muitos filhos que teve, não lhe restam muitos descendentes porque a maior parte dos filhos e netos não casaram ou não tiveram descendência. A casa onde viveu ainda se mantém na família e guarda muitas das memórias de várias gerações.

M. L. Ferreira

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

9.º Aniversário Dos Enxidros

Quantos anos tenho?

Tenho a idade em que as coisas são vistas com mais calma, mas com o interesse de seguir crescendo.
Tenho os anos em que os sonhos começam a acariciar com os dedos e as ilusões se convertem em esperança.
Tenho os anos em que o amor, às vezes, é uma chama intensa, ansiosa por consumir-se no fogo de uma paixão desejada.
E outras vezes é uma ressaca de paz, como o entardecer em uma praia.
Quantos anos tenho?
Não preciso de um número para marcar, pois meus anseios alcançados, as lágrimas que derramei pelo caminho ao ver minhas ilusões despedaçadas…
Valem muito mais que isso.
O que importa se faço vinte, quarenta ou sessenta?!
O que importa é a idade que sinto.
Tenho os anos que necessito para viver livre e sem medos.
Para seguir sem temor pela trilha, pois levo comigo a experiência adquirida e a força de meus anseios.
Quantos anos tenho? Isso a quem importa?
Tenho os anos necessários para perder o medo e fazer o que quero e o que sinto.

Por José Saramago


José Teodoro Prata

sábado, 30 de dezembro de 2017

Do 2017 ao 2018

À semelhança do ano dois mil e dezasseis; dois mil e dezassete, chegou ao fim. Mais uma etapa das nossas vidas que se ultrapassou, outra começa.
Dois mil e dezassete já não é o folgazão de outrora, está cansado e triste; arrastando os pés entrega o testemunho ao ano novo dois mil e dezoito. Este, cheio de ilusões, entra com muito fogo-de-artifício, muto álcool e muitos festejos. Mas, cada dia que passa, dois mil e dezoito encontrará os mesmo obstáculos, os mesmos problemas, os mesmos desastres naturais, ilusões, tristezas e alegrias que o ano anterior.  
A natureza humana, desde que o mundo é mundo sempre engendrou ódios, guerras, invejas, perseguições ao semelhante, nosso irmão. Felizmente também existem pessoas de bem, que lutam e anseiam por paz, justiça, igualdade e fraternidade. O mundo cada dia que passa clama por amor.
Por culpa do homem, muitas pessoas irão sofrer horrores, passar fome, frio e sede, serão obrigados a abandonar a sua casa, a sua terra. Que horror…
O ano hidrológico dois mil e dezassete foi de seca extrema, terras sedentas de água, barragens secas ou quase. Os primeiros seis meses de dois mil e dezoito, serão mais chuvosos, as terras produzirão mais ervagem para os animais, os lavradores terão mais água para as suas actividades agrícolas
A vila de São Vicente da Beira irá ter um grande e valioso museu de arte sacra, ficará sedeado no antigo solar da Fonte, que pertenceu à família do escritor vicentino Hipólito Raposo, está a ficar uma beleza, assim como o seu quintal; vai ser o orgulho da nossa freguesia. Juntamente com o Pequeno Lugar, localizado na Partida, irão ser duas instituições vicentinas que muito nos orgulharão. Dois polos de atracção turística.



Todo este património, juntamente com outros monumentos, sejam eles naturais, paisagísticos… irão certamente atrair muitas pessoas à freguesia de São Vicente da Beira e freguesias vizinhas.
Ordem Terceira, Santa Casa da Misericórdia e Paróquia, conjuntamente com a Câmara Municipal de Castelo Branco em boa hora se uniram para que deixasse de haver três pequenos museus em São Vicente da Beira e passar a haver somente um grande museu que será o orgulho do concelho e da vila.
Sendo assim, o homem põe, mas Deus dispõe.
Ah! Nunca nos esqueçamos: Deus Super Omnia.

J.M.S

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

As nossas tradições de Natal


Fogueira de Natal, noite de Natal de 2015


Presépio da Menina Isaura, recriado pelo GEGA, Natal de 2014


Fazer as filhós, numa véspera de Natal da década de 70 
(a julgar pelas idades das raparigas da foto)


Presépio da Igreja Matriz de São Vicente da Beira, Natal de 2015


Concerto de Natal da Filarmónica Vicentina, Natal de 2015


Fogueira de Natal, noite de Natal de 2014


Auto de Natal do Rancho Folclórico Vicentino, Natal de 2016


Iluminação de Natal do Eusébio, na sua casa da rua das Laranjeiras, Natal de 2015


Presépio do Pequeno Lugar, Partida, Natal de 2014

José Teodoro Prata

domingo, 24 de dezembro de 2017

Natal, 2017


O presépio do Eusébio.


A fogueira na Praça.


Boas Festas!

José Teodoro Prata

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Natal


O inverno está à porta, não tarda muito entra pelas nossas casas dentro. É a estação do recolhimento, do Natal.
Advento, quer dizer chegada, é o tempo que precede o nascimento do Menino, são quatro semanas de celebração e preparação até à noite da vigília, do nascimento, que se comemora com a missa do galo.
Não recordamos somente a vinda de Jesus ao mundo terreno, mas celebramos também o dia da família por excelência. É um tempo de paz e de amor entre todas as criaturas de boa vontade.
- Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade (Lucas 2.12).
Naquele tempo, Maria, esposa de José, deu à luz um Menino que marcou toda a humanidade, para os cristãos é uma festa importante por várias razões.
- Menino Deus que quis ser como nós, tinha trinta e três anos quando morreu num madeiro para nos redimir depois de andar por ai espalhando a Palavra da paz, do amor. Quando rezardes; rezai assim:
- Pai-nosso que estais nos céus…
Foi a única oração que Ele nos ensinou.
Para os nossos irmãos que não seguem Jesus é também para eles uma época festiva, mais não seja pela reunião de todos os membros da família, troca de prendas, e a mensagem de Paz e Amor que não pode deixar ninguém indiferente.
O mundo está precisando de Paz como o corpo necessita de comida.
Tanta miséria humana; fomes, crianças esgravatando no lixo tirando ao lixo os restos deitados para o lixo, não podemos ficar indiferentes.
Milhões de pessoas passam fome, sofrem doenças, vivem em casebres, vagueiam por aí fugidos da guerra que assola tantas partes da Terra.
Temos obrigação moral de ajudar quem abandona as suas casas e procura refúgio na Europa
São pessoas como nós. A fraternidade não pode ser uma palavra vã.
O Natal, é quando o Homem quiser, frase mais que batida; ponha-se em prática esta frase para que os deserdados da vida possam ter todos os dias algo com que mitiguem o estômago mas sem a caridadezinha que grassa por ai nestes dias.
Tempo de luzes, de alegria, que os grandes deste mundo aproveitam e transformam numa época consumista. As pessoas esfalfam-se por essas “catedrais” do consumo ver e comprar uma bugiganga que na noite santa do nascimento do Menino alguém vestido com um ridículo fato vermelho, disfarçado com umas longas barbas brancas, surge com um saco às costas e distribui embrulhos aos familiares.
As crianças olham embasbacadas: foi o pai natal…
O Menino não quis nascer na sua terra, não quis nascer na casa dos pais, escolheu um curral onde se recolhiam os animais.
Não foram somente os pobres pastores que correram ver o Menino trazendo-Lhe oferendas, vieram também poderosos; os magos ofereceram incenso, mirra e ouro. Epifania; gentios que O quiseram adorar e agraciar.
Quem não gosta de ver um presépio, sobretudo as crianças?
Que bom é ver reunida toda a família à volta da mesa na noite da consoada, enquanto existem tantas pessoas, tantas crianças por esse mundo sem terem uma côdea que lhes mitigue a fome.
São Francisco de Assis deixou-nos a tradição do presépio. Casas, igrejas, praças, largos; mais ou menos elaborado, eis o presépio.
Uma santo Natal!


J.M.S