José Candeias entrevista Isabel Teodoro, a propósito do lançamento, amanhã, do livro Etnografia de S. Vicente da Beira.
Ouvir aqui, a partir do minuto 17:23 - https://www.rtp.pt/play/p661/
José Teodoro Prata
Enxidros era a antiga designação do espaço baldio da encosta da Gardunha acima da vila de São Vicente da Beira. A viver aqui ou lá longe, todos continuamos presos a este chão pelo cordão umbilical. Dos Enxidros é um espaço de divulgação das coisas da nossa freguesia. Visitem-nos e enviem a vossa colaboração para teodoroprata@gmail.com
José Candeias entrevista Isabel Teodoro, a propósito do lançamento, amanhã, do livro Etnografia de S. Vicente da Beira.
Ouvir aqui, a partir do minuto 17:23 - https://www.rtp.pt/play/p661/
José Teodoro Prata
O livro Alma da Terra, do Pedro Martins, é uma obra de arte que, para lá da beleza surpreendente das fotografias publicadas, nos faz sentir a impossibilidade de, mesmo com todos os sentidos bem apurados, observamos o mundo à nossa volta nos detalhes mais interessantes.
Esta, é uma das que elegeria, se tivesse que destacar alguma, talvez porque também é a única que apresenta o elemento humano.
É a fotografia das mãos do senhor
Domingos, avô do Pedro Martins, quando tinha já 100 anos; tão iguais às dos
avós de muitos de nós.
E fizeram-me lembrar o poema “As Mãos” do Manuel Alegre, principalmente nestes versos:
“Com as mãos se rasga o mar.
Com as mãos se lavra.
Não são de pedra estas casas,
Mas de mãos.
(…)
E cravam-se no tempo como farpas
As mãos que vês nas coisas transformadas.”
Deve ser por isso que, com frequência, quando olho para tantas coisas à minha volta, me lembro ou ponho a imaginar as mãos calejadas dos artistas que as fizeram.
M.L. Ferreira
NOTA: O Pedro Martins é um
fotojornalista, nascido no Vale de Figueiras
[Dedico este escrito aos dois pilares deste Dos Enxidros, o Zé do tio António, o pilar maior, e a M. Libânia, pilar quase da mesma estatura].
O homem chama-se Manuel da Silva Ramos e publicou ultimamente Grito de liberdade na Rua da Cale (ed. Parsifal, Nov. 2022). Cruzámo-nos, faz tempo, ali na avenida Guerra Junqueiro, indiferentes, cada um na sua vida. Ao livro, cheguei pelo título e pela soberba fotografia, na capa, dessa rua que chegamos a sentir como nossa, no Fundão.
Li com prazer o livrinho, onde se respira o ar do Fundão (e de certas envolventes, humanas e geográficas, que também conhecemos) em três escritos de temas e tempo distintos. Uma obra que, na criação e/ou na edição teve o apoio da senhora Câmara Municipal do Fundão, que se saúda. Conservo o meu exemplar; que me há-de servir no futuro, como direi mais adiante.
Eu gosto do que vai publicando este senhor, nascido no Refúgio, sem me impressionar com uma certa linguagem desbragada, que usa com alguma frequência, na forma de palavrões vários, desses que se ouvem por aí a cada passo. O livro com que debutou foi Os três seios de Novélia, um dos quatro textos ali reunidos (Prémio de Novelística Almeida Garrett, 1968), que não li ao tempo da edição, está ali na fila para uma leitura antes do Verão.
Sabido quem é o senhor, vamos ao fato de canela. Há uma meia dúzia de anos, pouco mais, tendo gasto meias solas a procurar um certo livro, sem conseguir achá-lo por estas bandas (Lisboa e envolvente geográfica), pedi a uma mãe e filha que foram à Covilhã tratar da vida, que o desencantassem nalguma livraria, ali, ou no Fundão, ou em Castelo Branco. Regressaram-me ambas com o recado por fazer, isto é, sem um exemplar do dito e sem terem desencantado estabelecimento livreiro por aquelas bandas. Será que não existiam há coisa de 10 anos? Do livro conservo de memória o título, que aqui deixo registado: Pai, levanta-te, vem-me fazer um fato de canela! (ed. A23 Edições, 2013). Um achado, não é?
O livro ficou por ler, mas ainda há esperança. Aqui vai: se V. que me lê tem um exemplar do Pai, levanta-te, vem-me fazer um fato de canela!, aceite uma troca com o meu Grito de Liberdade na rua da Cale. Conto com notícias nos próximos 15 dias, para podermos avançar com a permuta.
Tinha mais para dizer, mas fico por aqui, porque devem ser curtos os escritos nos blogues. Voltarei ao senhor Manuel, do Refúgio, um dias destes, com uma história que acompanhei, envolvendo outro dos seus livros. Até lá.
J. Miguel Teodoro
Um estudo recente projeta para 2100 um clima semiárido para dois terços do território português, com subida da temperatura média em 6 graus e metade da chuva atual, pois em cada 10 anos haverá 7 de seca. Castelo Branco terá um clima semelhante ao do sul de Beja.
Perante este cenário,
só temos uma saída: não é reclamar água para a agricultura que se quer fazer, é
fazer a agricultura que se pode fazer com a água que se tem.
Nesse sentido, as
universidades e alguns agricultores têm apostado num novo conceito para o
aproveitamento dos solos: a agricultura regenerativa, baseada nas práticas
agrícolas tradicionais da bacia do Mediterrâneo.
As chuvas serão cada vez menos frequentes e mais
intensas. O solo é o maior reservatório, mas em Portugal os solos são pobres e,
por isso, têm pouca capacidade de retenção da água. O que a agricultura
regenerativa defende é aumentar a matéria orgânica na terra para esta criar as
condições para uma maior absorção da chuva.
Os animais da pastorícia comem as ervas e deixam o
estrume. A matéria orgânica comporta-se como uma esponja na absorção da
humidade e tem de se apostar em árvores pouco exigentes em água.
Por outro lado, é aconselhável lavrar a terra o menos
possível, pois a consequente exposição da terra nua ao sol descontrola por
completo a microbiologia, uma vez que no tempo quente a superfície da terra lavrada
atinge uma temperatura muito superior à terra com cobertura vegetal.
PS: Fiz este texto para um podcast recentemente emitido na Rádio Castelo Branco. Podia indicar-vos links para lerem notícias interessantes sobre este tema, mas os jornais não dão acesso livre ao público, pelo que é preferível escrever agricultura regenerativa no Google e escolher de entre o que aparecer.
Há anos, nos Cebolais, o senhor que costumava ir lavrar a pequena horta dos meus sogros disse-me que só lavrava um pedacito para fazer horta e nas oliveiras bastava cortar a erva. Depois comecei a fazer a mesma coisa no Ribeiro Dom Bento e já concluí que é o mais correto, pois a terra absorve mais água, retem por mais tempo a humidade e não aquece tanto.
José Teodoro Prata
O mês de maio de 2023 foi o 2º mais quente a nível Global e o 8º mais quente desde 1931 em Portugal Continental, conheça as principais conclusões do boletim climatológico de maio.
A nível global, maio foi o 2º mais quente de sempre (mais
quente em 2020). A temperatura média global em maio foi 0.40 °C superior ao
valor médio 1991-2020 (Fig. 1). Na Europa a o valor médio da temperatura média
do ar foi muito próximo do valor médio 1991-2020 (-0.01 °C). Verificaram-se
condições um pouco mais quentes do que a média nas zonas mais a oeste do
continente e um pouco mais frio que o normal nas partes central e leste.
Verificaram-se valores muito acima do normal apenas no extremo nordeste do continente.
Em relação à precipitação na Europa, verificaram-se condições mais húmidas do
que a média na maior parte do sul da Europa e no oeste da Islândia; fortes
precipitações levaram a inundações na Itália e nos Balcãs Ocidental. Por outro
lado, verificaram-se condições mais secas que a média na maior parte da
Península Ibérica, na Dinamarca, nos países Bálticos, no sul da Escandinávia e
em grande parte do oeste da Rússia.
Em Portugal
continental o mês de maio de 2023 classificou-se como muito quente em relação à
temperatura do ar e muito seco em relação à precipitação (Fig.
2). Foi o 8º maio
mais quente desde 1931 (mais alto em 2022, 19.2 °C); valor
médio da temperatura média do ar, 18.19 °C, +2.47 °C em relação ao valor normal
1971-2000. De referir que dos 10 meses de maio mais quentes, 7 ocorreram depois
de 2000.
O valor
médio da temperatura máxima foi o 10º mais alto desde 1931 com um valor médio
de 24.55 °C, 3.60 °C acima do valor normal e o valor médio da temperatura
mínima foi o 7º mais alto desde 2000 com um valor médio de 11.84 °C, 1.34 °C
superior ao valor normal. Durante o mês destacam-se os valores diários da
temperatura máxima do ar, quase sempre acima do valor médio mensal, sendo de
realçar os primeiros 3 dias com desvios superiores a 5 °C; na temperatura
mínima de referir os valores sempre superiores à média a partir de dia 23.
Em
relação à precipitação,
registou-se um total 34.8 mm que corresponde a 49 % do valor normal, valores
inferiores aos deste mês ocorreram em 25 % dos anos, desde 1931. Durante o mês
destaca-se o período de 26 a 31 de maio com ocorrência de aguaceiros, por vezes
fortes, de granizo e acompanhados de trovoada, em especial na região interior
Norte e Centro.
De acordo com o índice de seca PDSI, no final de maio 35 % do território encontrava-se em seca severa e extrema (26 % e 9 % respetivamente) afetando especialmente as zonas do vale do Tejo, do Alentejo e do Algarve; de realçar também o aumento da classe de seca moderada na região Norte e Centro.
Ler mais em: https://www.ipma.pt/pt/media/noticias/documentos/2023/Boletim_clima_IPMA_Mai2023.pdf
O dramático é o
vermelho nos oceanos e o vermelho forte junto aos polos. As águas dos oceanos
estão a aquecer dramaticamente e nos polos os gelos derretem a um ritmo cada
vez mais acelerado.
José Teodoro Prata