terça-feira, 9 de setembro de 2025

Fungos

Este cogumelo nasceu no tronco a apodrecer de um eucalipto, no Ribeiro Dom Bento, São Vicente, serra da Gardunha. Já lá vive há vários anos e anualmente surge uma nova geração (em baixo, são visíveis os do ano passado).

José Teodoro Prata

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Poesia Simples: Apresentação

 

Texto da apresentação do livro Poesia Simples, da autoria de José Augusto Alves, por José Miguel Teodoro; dia 3 de agosto, na Igreja da Misericórdia

Chega hoje ao fim a segunda de três vidas desta Poesia Simples, de José Augusto Alves, o Zé da tia Rita.

Teve uma primeira vida - que foi o tempo em que foram compostos estes versos.

Estimamos, um período de quase 20 anos, começado em 1969 ou 1970. Não sei se, antes disso, o José Augusto Alves já fazia poemas; sabemos, porque ele o escreveu, que foi a partir do diagnóstico de uma doença grave que encheu de poemas os 4 ou 5 cadernos que nos chegaram.

José Augusto Alves nasceu em S. Vicente, em 1918, e aqui viveu até aos 70 anos. Filho da tia Rita e do tio Augusto Manha.

Falemos agora da segunda vida desta Poesia Simples.

Para contar rapidamente como é que aqui chegámos, neste projecto realizado a três, que três são os responsáveis editoriais do livro - o José Teodoro Prata, a Maria Libânia Ferreira e eu próprio.

Talvez, no ano passado, falou-se de autores de S. Vicente, que pudessem dar um livro.

Inevitavelmente, falou-se de José Pires Lourenço.

E aí se falou de outros nomes, falou o ZTP, além do José Lourenço, a Ana Vitorino Silva e o José Augusto Manha.

Fez-se depois à localização e recolha dos materiais:

- no jornal Pelourinho, que se publicou em São Vicente, a partir de 1960, onde encontrámos o José Lourenço, a Ana Vitorino Silva, também o José Bernardino, e outros

- contactos com particulares, e com o GEGA.

Lemos tudo isso.

O que publicar, então, que fosse mais interessante para as pessoas de São Vicente?

Até podia ser um livro que incluísse poemas de vários autores.

Acabámos por nos decidir pelo José Augusto Alves.

Mais de 200 poemas, de temas muito diversos, tudo em verso: uma História de Portugal; uma reportagem, digamos, da visita do Papa a Portugal; uma biografia de São Francisco; creio que outra de Santo António; acontecimentos nacionais (a seca, os fogos, eleições, etc.); família; a doença, consultas, etc.; São Vicente, locais e pessoas.

Decidimo-nos por estes.

Depois, foi passar o manuscrito em processador de texto, e tratar de toda a parte editorial, cujo resultado aqui trazemos, na forma deste livro.

Mantivemos o título, Poesia Simples, atribuído pelo poeta a todo o conjunto do que escreveu.

É nosso o subtítulo, Versos sobre a minha terra, São Vicente da Beira, que resume o conteúdo, em concreto.

O que nos parece mais assinalável nestes versos e no livro:

- as nossas coisas - a igreja, as capelas, festas, eventos sociais, ruas, a praça, o pelourinho, a fonte velha, a banda, o clube de futebol, a casa do povo, o hospital, etc.

- as pessoas - pessoas que conhecemos e que ele nomeia, pelos nomes próprios, muitas vezes pelas alcunhas: Zé Té-Té, o Pinura, o Arrebotes, o Tó Relojoeiro, o Zé Ar, a Filha do Talanga, o João Cagarola, ele próprio, José da Tia Rita e a mulher, Palmira Sardinheira.

- a visualidade - ele dá a ver, quando descreve uma rua, uma capela, é quase um repórter, ou um pintor, ou desenhador (tem uma porta, 15 janelas, pilares, o telhado é assim...), e nós é como se estivéssemos a ver, a conferir...

- a relação, o compromisso com o leitor, parece estar sempre a dialogar connosco, ao ponto de escrever - traduzo - agora tenho de voltar atrás, porque me esqueci de...

- o volume enorme da sua produção.

Foi assim, a segunda de três vidas desta Poesia Simples.

Neste ponto, devo registar e agradecer a colaboração e disponibilidade dos descendentes de José Augusto Alves; o apoio do GEGA no acesso aos materiais para este livro; o acolhimento pela Santa Casa, que aceitou fazer a edição; os apoios financeiros, sem os quais não seria possível vender o livro por este preço - a Câmara de Castelo Branco, a Fonte da Fraga, e a Junta de Freguesia de São Vicente; o apoio da Comissão das Festas do Verão e do José Candeias, da Antena 1, na divulgação.

Pessoalmente, agradeço aos meus companheiros desta jornada - José Teodoro Prata e Maria Libânia Ferreira - ao Ricardo Santos e ao Artur Santos, que produziram o livro.

Inicia-se, agora a terceira vida da Poesia Simples.

O livro passa a ser dos leitores.

Adquiram um exemplar e deliciem-se com a oportunidade de viajarem no tempo, em locais conhecidos e com pessoas que conhecemos pessoalmente ou de quem ouvimos falar.

Bom proveito.

Muito obrigado.

(Publicado por José Teodoro Prata)

sábado, 23 de agosto de 2025

Protocolo Igreja-Câmara


Melhoramentos em São Tiago (Partida) e na capela de São Sebastião (São Vicente).

Sem dar nas vistas, como é o seu estilo, o Pe. Zé Manel vai fazendo o seu caminho.

(fonte: jornal Reconquista)

José Teodoro Prata

quarta-feira, 16 de julho de 2025

Poesia Simples

 

Domingo de Festas, dia 3 de agosto, a nossa comunidade vicentina vai homenagear um dos nossos poetas populares, José Augusto Alves. Ou melhor, vamos conhecer as homenagens que ele nos deixou, narrando acontecimentos e falando de nós em versos rimados.

A sua poesia é um retrato de São Vicente da Beira, nas décadas de 1970 e 80. Um retrato cheio de autenticidade e despojado de paternalismos.

Encontramo-nos na Igreja da Misericórdia, às 15:30h. A edição é da Santa Casa da Misericórdia. Não deixem acabar as Festas de Verão sem terem a Poesia Simples deste filho da ti Rita e do ti Augusto. O preço é acessível, só para os custos da impressão.

José Teodoro Prata

domingo, 13 de julho de 2025

O Mártir São Vicente

 

Pintura de Nuno Gonçalves, séc. V, Museu Nacional de Arte Antiga

Vicente de Saragoça foi um diácono cristão que sofreu o martírio pelos romanos, em Valência, no ano de 304. A sua recusa em abdicar da sua fé cristã tornou-se um exemplo para os outros cristãos. Foi e é venerado como santo, culto que se prolongou pelos períodos visigótico e árabe e após a Reconquista Cristã. Entre as muitas localidades e igrejas portuguesas de que é orago, contam-se a Diocese do Algarve e o Patriarcado de Lisboa, em cuja Sé se encontram as suas principais relíquias.

Os muçulmanos deixaram-nos notícias do seu culto, em texto reproduzido no livro “Portugal na Espanha Árabe” de António Borges Coelho.

“E quando [Abderramão] entrou em Valência [780], tinham aí os cristãos que aí moravam o corpo de um homem que havia nome Vicente; e oravam-no como se fosse Deus. E os que tinham aquele corpo faziam crer a outra gente que fazia ver os cegos e falar os mudos e andar os cepos. E quando os cristãos viram Abderramão, houveram medo dele e fugiram com ele. E disse Abulfacem, um cavaleiro natural de Fez, que andava com sua companha a monte [pirataria] na ribeira do mar: que achara, em cabo da serra que vem por mar sobre o Algarve e entra em aquele mar de Lisboa [cabo de São Vicente], o corpo daquele homem com aqueles que fugiram de Valência com ele, e que fizeram aí casas em que moravam. E que ele matara os homens e deixara aí os ossos do homem […].”

D. Afonso Henriques teve conhecimento destes factos e ordenou que trouxessem, secretamente, os ossos do santo para Lisboa, recém-conquistada.

José Teodoro Prata

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Mimoseiras infestantes

 

O único método de acabar definitivamente com a infestação das mimoseiras é este: tirar a casca totalmente, numa área aproximada de dois palmos, a contar da terra. Não podem ficar restos de casca rente à terra, caso contrário a planta pode rebentar por aí. Em todo o caso, convém verificar se há alguns rebentos, meses depois de tirar a casca. Este trabalho deve ser realizado com luvas, pois a seiva das árvores deixa as mãos tão negras que até com lixívia pura são difíceis de lavar.

O corte das plantas não pode ser opção, pois do chão brotam imediatamente inúmeras plantas das raízes de cada mimoseira cortada.

É o único método eficiente e também o único ecológico, pois os pesticidas com base no glifosato, da empresa Monsanto, são altamente cancerígenos, de tal forma que a empresa que detém a sua patente está a pensar em deixar de o produzir, pois tem, nos Estados Unidos, centenas de milhares de processos judiciais contra ela (são mesmo centenas de milhares!) e os lucros da sua venda não compensam as indemnizações que tem de pagar pelas doenças que tem provocado. Por outro lado, as raízes das mimoseiras rebentam em novas plantas, um ou dois anos depois.

Notas:

- O que acima escrevi resulta da minha experiência pessoal.

- O glifosato foi criado pela alemã Bayer, que vendeu a sua patente à americana Monsanto; por ser um produto alemão é que a União Europeia nunca proibiu o glifosato, apenas restringindo o seu uso há pouco tempo.

José Teodoro Prata

terça-feira, 8 de julho de 2025

Sardão à rasca

 

Este lindo juvenil da espécie dos sardões foi ao lavatório da minha casa de banho, no Ribeiro Dom Bento, e ficou lá, porque não tem ventosas como a sua prima osga.

Empurrei-o com um pau, mas saltou demasiado e caiu na sanita. Puxei-o pelo rabo, mas deixou-me a ponta na mão e foi à vida (subterrânea).

Tantas queixas que os seres vivos terão de nós, humanos!

José Teodoro Prata