domingo, 12 de fevereiro de 2017

O Dr. Nicolau Veloso

Estive a recapitular e já fiz duas publicações sobre o Nicolau Veloso. Mas numa coloquei um documento do de Távora e noutra do de Carvalho.
Hoje apresento documentos dos dois: o casamento do de Carvalho e o casamento de dois jovens de fora da Vila que trabalhavam no forno do Licenciado Nicolau Veloso de Távora. Era então um letrado, o que o coloca na primeira linha para ganhar nome de rua.
Outra questão são os fornos da Vila. Não havia fornos comunitários e as pessoas mais ricas tinham um forno, onde quem cozesse pão pagava uma percentagem da cozedura. O mesmo se passava nos moinhos e os lagares. Aliás, na Torre, todos os poderosos da região tinham um moinho, para ganhar com a correnteza das águas da Ocreza. O nome do pagamento variava do forno para o moinho (maquia) ou o lagar (poia), mas o valor não, era sempre um oitavo (1/8).
Agora imaginem este cenário muito próximo da realidade: um rendeiro colhia os cereais e a renda menor que poderia pagar era 1/8 (se colhesse 8 sacas, entregava uma). Depois moía o cereal, quinzenalmente ou de mês a mês, mas sempre que fosse ao moinho, que poderia ser do senhorio das terras que cultivava, deixava 1/8 da semente ou da farinha. De seguida ia ao forno de um senhor da vila, que poderia ser do dono das terras que trazia arrendadas, e entregava 1/8 do pão no final da cozedura. Não admira que se morresse tanto!



José Teodoro Prata

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Neve

Há neve um pouco por todo o país, mas entre o sopé da Gardunha e o da serra de São Mamede (Portalegre) não caiu nada. Daqui (Castelo Branco) vê-se o cabeço do Mastro todo branquinho, parece um lençol estendido lá do alto até à capela da Senhora da Orada.
A imagem abaixo apresentada é do site http://www1.hotelsamasafundao.com/index.php/galeria.
Não será deste nevão, mas é assim que estarão os altos da Gardunha.


A foto é do nevão de 2010, tirada pelo Jaime Gama.
Ontem o santuário estaria igual.

José Teodoro Prata

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O frete da farmácia

Todos os vicentinos do meu tempo e mais velhos quando lerem esta historieta vão recordá-la certamente, fez parte da nossa geração.
A vila naqueles tempos era uma pacata povoação rural. Havia meia dúzia de casas ricas que dominavam, os homens eram contratados à jorna. Se por ventura o tempo não estivesse capaz e não pudessem trabalhar não ganhavam nada e alguns ainda gastavam o pouco pecúlio que havia emborcando copos de vinho nas tabernas. Se por um acaso jornaleiro tivesse o azar de adoecer, não havia nada que o protegesse durante a doença; não trabalhava, não ganhava.
Tempos duros, difíceis; alguns pela manhã iam para a praça na esperança que alguém os contratasse para o duro trabalho diário
A vida quotidiana regia-se pelo badalar das horas e pelo toque do sino que chamava os fiéis à igreja. Todos os dias antes de o sol nascer, o vigário celebrava uma missa, o templo na penumbra; bruxuleando somente as velas do altar sacrificial, a igreja acolhia muitas dezenas de jornaleiros, artesãos, criadas, proprietários… assistiam à missa antes de começarem as tarefas diárias
Apesar da pacatez rural, as pessoas viviam felizes, naquele tempo não havia nenhuma habitação pobre ou rica que não estivesse habitada, as ruas fervilhavam de gente, a natalidade superava os óbitos. Na Rua do Beco existiam: um artesão, senhor Fernando latoeiro; uma barbearia, senhor José Craveiro; uma padaria, senhor José Matias; uma farmácia, senhor Segurado; um café, senhora Eulália; mais tarde da tia Tomásia; uma mercearia, senhor Joaquim “boas noites”, atualmente o proprietário é o Rui Pedro; duas tabernas, a do senhor João “arrebotes” e a da senhora Maria “viúva”.  
Para termos uma ideia da população residente, no ano de 1950, segundo os censos, residiam na freguesia 4.185 habitantes. A partir desse ano, a curva inverteu-se de tal maneira que, no último censo de 2011, os moradores em toda a freguesia eram 1.259 almas. Em 61 anos a freguesia perdeu 2.926 habitantes.
Se dividirmos este número por 61 anos, faleceram ou demandaram outras paragens 48 pessoas por ano. A manter-se esta tendência, daqui por vinte e seis anos não mora ninguém na freguesia. “O diabo seja cego, surdo e mudo”.
Se não existirem leis que estanquem esta hemorragia e invertam este estado de coisas, o interior transformar-se-á num enorme deserto e teremos outra vez de volta os senhores “condes”.
Deus permita que nunca aconteça uma coisa dessas, para que as nossas aldeias e vilas não desapareçam do mapa. Oxalá!
Não vou dar continuidade a este pensamento, porque não era nem é o cerne do meu escrito, foi somente uma bucha que meti no texto.
Assim, a estrada nova que hoje faz parte do perímetro urbano da vila, naqueles tempos ficava nos arrabaldes; existia somente uma casa junto à paragem das camionetas e que há muitos anos pertence à família do senhor João Ventura.
Naquela época a malta ia para a paragem esperar a camioneta da carreira da Auto Transportes do Fundão. Lourenço era o motorista, a carreira chegava às cinco horas da tarde à vila. Este autocarro todos os dias partia do Fundão, passava cerca das sete horas da manhã na vila e terminava o seu percurso em Castelo Branco. À tarde saía às quatro horas de Castelo Branco para terminar no Fundão, por volta das seis horas.
À farmácia chegavam pessoas de toda a freguesia, a fim de adquirirem os remédios que o doutor Alves receitava, para a cura dos seus males, alguns medicamentos certamente esgotavam ou havia necessidade de se repor o stock. Todos os dias a carreira trazia uma encomenda.
Um pouco antes das cinco horas, na paragem, começavam a aparecer cachopos na esperança de poderem apanhar o frete e entregá-lo na farmácia. Os mais pequenos raramente conseguiam tal intento, o que valia era o senhor Lourenço de vez em quando dar a encomenda a quem entendia. Só assim alguns de nós conseguíamos entregá-la na farmácia.
À força, aos grandes bastava darem-nos um encontrão e era uma vez o frete da farmácia.
Era assim que chamávamos à encomenda e sabem o porquê de tanta sofreguidão para a conseguir apanhar? O farmacêutico dava dez tostões a quem a entregasse.

J.M.S

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Migrações internas


Aos 19 de março de 1698, casaram Manuel Fernandes Pereira Pisoeiro e Maria Henriques, na Igreja Matriz de S. Vicente da Beira..
Ele de Moselos, freguesia de Campo, concelho de Viseu, e ela de São Miguel de Poiares, concelho de Vila Nova de Poiares (distrito de Coimbra).

Ele seria pisoeiro, a julgar pelo apelido que lhe acrescentaram ao nome. 
Nós tínhamos em São Vicente vários pisões nas margens da ribeira, pois éramos um centro de produção de tecidos com alguma importância. 
De um deles nos ficou o topónimo Chão do Pisão.
O pisão era um engenho em que se pisoavam os tecidos depois da tecelagem, a fim de os lavar e dar aperto às fibras. Também havia pisões que serviam para tingir os tecidos, após a tecelagem. Nos inícios deste século XVII, tínhamos em São Vicente um cristão-novo (descendente de judeus) que era tintureiro.

Há dias, reuni com a pessoa que trabalha numa plataforma genealógica, a quem envio os meus levantamentos de registos de batismos, casamentos e óbitos.
Dizia-me ele que fazer o levantamento da freguesia de São Vicente é fundamental, para estudar a genealogia da região a sul da Gardunha, pois foi via São Vicente que chegaram a esta zona muitas pessoas originárias do interior-centro entre o rios Zêzere e Douro (concelhos interiores dos bispados de Coimbra e Viseu), com destaque para os concelhos de Arganil, Góis, Oliveira do Hospital...
Parece que é uma região muito bonita e todos lá temos as nossas raízes. Temos de lá ir um dia destes!
Para melhor perceberem o que acima escrevi, deixo um exemplo:
Acabei ontem o levantamento dos registos de casamento de 1702. 
Foi um ano muito fértil (26 enlaces), em comparação com os anos anteriores (1700 - 4; 1701 - 8).
Dos 52 noivos, 32 eram originários da nossa freguesia (62%), 13 noivos vieram da região a que atrás me referi (25%) e 7 (13%) de outras terras (da Covilhã e Penamacor, passando por Vila Velha de Ródão, até Aldeia do Mato (Abrantes)).
Estranhamente, nenhum noivo veio das freguesias de Sobral de Campo, Almaceda, Castelejo e Souto da Casa. Por duas razões: por mero acaso e porque o casamento com estes nossos vizinhos iria ganhando importância com o desenrolar do século XVIII e sobretudo no século XIX.
As migrações para São Vicente da Beira já foram estudadas pela nossa Maria João Guardado Moreira e a sua amiga Helena Diogo, no estudo Migrações Internas para S. Vicente da Beira no século XVIII, publicado nas Comunicações das I Jornadas de História Regional do Distrito de Castelo Branco, obra que se encontra esgotada.
José Teodoro Prata

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Coronel e Zé Canhoto

Reconquista, 19 de janeiro de 2017

José Teodoro Prata

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

domingo, 29 de janeiro de 2017

Conversas na Vila

Era mais uma manhã escura de janeiro. Na vila, fazia frio e chovia. Corria um daqueles invernos habituais, longos e modorrentos com chuva miudinha e persistente. Com a humidade excessiva, os quintais, à ilharga das casas, onde se acumulava o estrume dos animais, que se acomodavam na loja, por baixo ou ao lado das habitações, tinham um cheiro peculiar a decomposição, pouco agradável! O tempo passava lento, com aquele assardaniscar do carujo a ensopar a terra, mas a fazer crescer as águas freáticas e a ribeira, o que era bom!
Mas certo é que, com o tempo que fazia, a vida nas fazendas era muito agreste. Mesmo assim, todos se levantavam logo pela manhã cedo, ainda ao lusco-fusco.
A mulher punha o almoço em cima da mesa da cozinha. Comiam as migas ou as sopas de leite ou o feijão pequeno e, ala que se faz tarde! Com o almoço na barriga, os homens lá iam, casaco pelas costas, para se protegerem da humidade e do ar frio da manhã, dar o almoço aos vivos, que já faziam a chinfrineira matinal com a fome. A burra zurrava assim que ouvia a voz do dono e os porcos cuí, cuí, pediam também o almoço! A manhã avançava e andavam por ali, entretidos, a dar as forragens secas ao gado, guardadas desde o último verão. Ração de feno para ovelhas e cabras. Palha triga e caneirões de milho para os animais de carga e de tiro.
— Raio de tempo este que não deixa fazer nada nas fazendas! — disse Bernardo Garrancho, de si para si, arreliado com a invernia que tudo trazia enchapuçado!  — As fazendas querem ver o dono todos os dias! E ninguém as trata melhor! Por isso, lá diziam os antigos, “Quando o dono morre, as fazendas vão com ele!”
Por vezes passava ali pela porta da loja um vizinho ou mesmo um conviva habitual dos domingos à tarde, na taberna:
— Bons dias nos dê Deus!
— Tu por aqui, Tonho?! Tu que moras da praça baixo, aqui no cimo de vila a esta hora?! Anda por aí passarinho novo!
O seu nome era António Dias, mas os amigos chamavam-lhe Tonho Racha! A alcunha vinha-lhe de repetir muitas vezes na roda de conversadores, na praça ou na taberna, sobretudo quando já estava com um copito: “Se for preciso, racha-se já um diabo!” Apanharam-lhe o ponto! Mas lidava bem com a alcunha que, afinal, não lhe arrancava nenhum bocado! À provocação de Garrancho respondeu:
— Ná! Não quero, nem tenho idade para isso! A minha mulher tem feito vir muitos ao mundo porque … é a parteira da terra!
— Bem sei! E que tem isso?!
— Tem que, para alvoroço de crianças, já basta as que tenho, que são minhas e dela e as dos outros que ela vai ajudando a nascer! 
— Então e depois?!
— Depois, é que vim só a dizer ali ao João Jarêto para falar com o patrão a ver se me pode ir lá dar uma jeira daqui a um mês ou dois, à entrada da primavera. Tenho a fazenda do Vale de Caria com o mato a querer avançar para um leirão que este ano quero semear de batata. Aquilo tem que ser atalhado quanto antes. Senão, os vizinhos vá de me censurarem a dizer que ali não entra ferro de enxada nem charrua! E, como bem sabes, a semente quer mudar de terra de vez em quando, senão deixa de luzir! Olha lá, ou!... Mas, que andas tu a fazer, Bernardo?!
— O que hei de andar a fazer, Tonho? — respondeu Bernardo Garrancho. — Com o tempo como tem ido, ando aqui a dar de comer à burra e aos bácoros, porque as cabras, essas, estão sempre na serra. O meu neto, que pode bem melhor que eu, ainda hoje tem que dar lá um salto para lhes dar a ração, apesar do tempo que faz! Tenho lá ainda as galinhas e os coelhos que também estão sempre a reclamar a sua parte. Na semana passada a raposa fez-me lá estragos! Escavou um buraco por baixo da parede de madeira e rede do galinheiro, conseguiu entrar e matou-me meia dúzia de galinhas, o estupor! Aquilo deve ter sido um desassossego! Mas quê?! Se é no verão, estamos a dormir lá ao lado, em casa, e podemos acudir logo que haja alarido nos animais. De inverno vimos a dormir para a vila e é o que se vê! Já viste como vai este ano que ainda há dias começou?! Um alagoeiro que alto lá com ele! Nada se pode fazer que as terras não estão capazes!
— Deixá-lo — retorquiu Tonho Racha. — Uma temporada assim é boa para as couves negras e, sobretudo, para as nascentes. Sem elas como é que, no verão, regamos as batatas, os tomates e as alfaces?! Sofremos esta inclemência, se é que podemos assim chamar-lhe, mas a partir da primavera, vamos gozar o que agora estamos a amargar! E lá diz o ditado: “Quem manda, pode”!
S. Pedro, que era quem podia, não estava a colaborar. Aquela invernia ensopava tudo!
— Mas — acrescentou Tonho Racha — volúvel, é a oração do crente! Agora quer chuva, logo quer sol e calor! Por isso é que o santo decide como lhe apraz, sem atender aos rogos dos homens!
O resultado ver-se-ia na primavera, com a natureza a rebentar, prenhe vida.
O “casarão”, assim designado pela família, era a loja térrea dos animais em casa de Garrancho, onde os dois amigos se encontravam em amena conversa. Espaço em parte coberto pela “casa velha”, também assim apodada pela família e, em parte, a céu aberto. Tinha um portão largo que dava diretamente para a rua, por onde entravam as carradas de mato e carqueja, mas também o feno, a palha e os caneirões para o gado, no inverno. E de onde saía o estrume para todas as fazendas que ele cultivava.    
— Mas, ó Tonho — disse Bernardo Garrancho — tenho aqui um barril de tinto na loja. Está ali a ouvir a conversa! Vai um copinho? Olha que é de boa vontade!
Tonho Racha era um grande apreciador de aguardente, a sua bebida preferida pela manhã cedo, logo que se levantava! Depois, durante o dia, passava tanto para o vinho tinto como para o branco! Dizia que nunca fora homem com preferência por qualquer cor! E nunca recusava um copo à porta de uma adega, desde que fosse cheio de uma bebida da família da uva fermentada.
— Se vai?! Homessa! Ó Bernardo, isso nem se pergunta! Um homem, para ser um bom cristão, nunca deve recusar um copo de vinho! É como se fosse uma obrigação e até um preceito da nossa religião! Na adega, como na missa, há de beber-se sempre vinho! — riram!
Bernardo Garrancho estendeu-lhe o copo de meio quartilho que Tonho levou à boca e bebeu sem descansar.
— Aaah! — fez de satisfação!
A seguir a um copo foi outro, que Garrancho gostava de tratar bem os amigos! E Tonho Racha não se fez rogado.
— Já fui a muitas adegas cá na vila a provar o deste ano — disse — e olha que este é um dos mais bem apaladados! — concordaram os dois!
— Espera! — disse Garrancho — tens ainda que beber mais um. Vou ali à salgadeira buscar um bocado de presunto para acompanhar.
Veio um pedaço de presunto. Febra bem curada de sal, com uma tira de gordura entremeada para não saber a seco! Mas Bernardo foi ainda buscar um bom naco de queijo de cabra curado que a mulher era hábil em fazer e metade de um casqueiro!
— Mau, ó Bernardo, não me estejas já a arranjar o jantar! Olha que ainda é muito cedo! Ainda agora é de manhã!
— Nada disso. Hoje já comeste o almoço?
— Bebi só um copo de aguardente com passas de figo.
— Ora então aí tens! Isto é apenas uma bucha para aconchegar. Toca a comer e a beber!
Depois, aproveitaram para conversar sobre a agricultura e as sementeiras. Como é que ia o tempo, como é que não ia. Se andava bom para as colheitas, se não andava. E mal se descuidaram estava a chegar a hora do jantar. Despediram-se com mais um copo para a sossega!
Não fossem os afazeres com os animais nas lojas e os amigos para o palratório e estes homens andariam ali por casa a rebolar, sem nada produzir, como que a morrinhar ou sentados à lareira. Quando assim era, uma dormência tolhia-lhes o corpo habituado que estava à exercitação diária do trabalho. As pernas entorpeciam. Depois, levantavam-se e iam ao janelo da cozinha, encostavam-se à vidraça a olhar o horizonte. Lá fora, via-se a invernia muito agarrada que acaçapava todo o vale onde se situa a vila, ao fundo da encosta da Gardunha. E depois punham-se, absortos, a ver cair a água dos beirais, mesmo ali nas casas defronte. O regato à roda das parede de ambos os lados da calçada lá ia, rua abaixo, com pouco mais que uma chisca. Com as trovoadas e aguaceiros é que a valeta, pouco profunda, não podia conter o caudal que extravasava para a calçada.
Mas muitas vezes os homens, nestas manhãs molhadas, também iam para a taberna fazer sociedade. Bebiam, riam em voz alta, jogavam as cartas, ao tanguinho ou ao burro. Falavam dos negócios do gado, da vida agrícola e contavam passagens para matar o tempo. E assim passavam a maior parte destes invernos feios e mortiços, sem nada poder fazer!
Inverno rima com inferno!
Seria isto uma grande verdade, não fosse certo que a água é um bem precioso que não podemos dispensar e que torna a natureza úbere!
Eram estes homens, prisioneiros da sua própria condição, que vinham às portas das lojas, das casas ou das tabernas. Olhavam, impotentes, o cinzento carregado do firmamento, enquanto a chuva fazia o seu caminho do céu à terra, aspergindo-a vagarosamente como uma canção dolente!

Nota: neste texto foram utilizados termos ou expressões regionais ou locais.  

José Barroso