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quinta-feira, 23 de junho de 2022

A marcela do São João


Marcela no Ribeiro de Dom Bento, caminho para a Senhora da Orada.
Os participantes na caminha do dia 10 de junho passaram por ela, numa altura em que ainda estava na sua máxima floração. Neste momento as flores já secaram

Esta é a popular marcela ou macela, tão usada nas fogueiras de São João, a par com o rosmaninho, duas plantas fortemente aromáticas que inundavam as nossas ruas com os seus cheirinhos.

As informações que encontrei na net, todas brasileiras, não se referem especificamente à nossa marcela, pois descobri que há uma enorme variedade de plantas com esse nome popular, por exemplo as camomilas.

Por isso vou seguir um livro em papel (Pour un jardin sans arrosage, de Olivier Filippi), que tem fotos da planta coincidentes com o aspeto da nossa marcela. Embora nem isso seja totalmente pacífico, pois o livro refere várias marcelas, a Helichrysum italicum (Imortal de Itália) e a Helichrysum orientale (Imortal do Oriente), esta das ilhas gregas e a primeira de toda a bacia mediterrânica. Existe ainda a stoechas, originária da Península Ibérica e da França mediterrânica e atlântica.

As três têm caraterísticas muito parecidas. Mas a italicum floresce em junho, enquanto a orientale desabrocha em junho-julho. Por outro lado, a italicum tem flores de amarelo de ouro, que libertam um odor a caril e a mel, enquanto na orientale as flores são de um amarelo pálido com reflexos prateados e odor apenas a caril. O livro nada adianta sobre as flores da stoechas, mas, pela origem geográfica, pode ser esta a nossa marcela, embora a hipótese da italicum não seja de excluir.

A net informa-me que as marcelas têm efeitos analgésicos, calmantes, anti-inflamatórios e antisséticos, que ajudam a amenizar os sintomas de ansiedade, stress e insónia.

Há que tempos que não as cheiro na noite de São João, mas temo-las abundantemente no seu habitat, por esses campos fora.

Deixo-vos com uma canção de Monsanto, cantada ao som de adufes, cujo tema é a marcela. Vem na Etonografia da Beira, II Volume, de Jaime Lopes Dias.

E ouçam-na aqui: https://www.youtube.com/watch?v=U15ruBo-DRc

José Teodoro Prata

sábado, 4 de junho de 2022

Mato-branco

 

Mato-branco florido, no Carvalhal Redondo

Esta citus pertence ao género holimium e à espécie ocymoides. É conhecida pelo nome comum de mato-branco e também por sargaço-branco.

Floresce em maio/junho e gosta de habitats de matos rasteiros. É originária da Península Ibércia e do Norte de Marrocos.

No vale da nossa ribeira, um pouco antes das Quintas, existe um lugar chamado Mato-branco. Neste momento talvez já não faça jus ao nome, pois a infestação de giesta amarela está a abafar tudo. Já deixei de ver por lá piscos e corvos, pois está a desaparecer o seu habitat.

Nota: Em publicação anterior, chamei mato-branco a outra citus; já corrigi. Ambas têm as pétalas amarelas de oiro, mas esta tem uma mancha castanha na base de cada pétala e a outra não.

José Teodoro Prata

terça-feira, 24 de maio de 2022

quarta-feira, 6 de março de 2019

Arte rupestre na Gardunha


O José Barroso mandou-me esta foto logo a seguir à descoberta deste núcleo de gravuras rupestres, na Serra da Gardunha, freguesia de Alcongosta.
Por vários motivos, só hoje a publico.
As gravuras foram noticiadas como sendo do Calcolítico (3300 a 1200 a. C.), o período em que as ferramentas eram de cobre. Do período seguinte, Idade do Bronze, é o machado de bronze descoberto no Castelo Velho e exposto do Museu Tavares Proença Júnior, em Castelo Branco.
Mesmo que distem 1000 anos entre os artistas que fizeram as gravuras e os construtores da fortificação a que chamamos Castelo Velho, há uma inegável continuidade no povoamento da Gardunha. E se a eles juntarmos os achados arqueológicos da Penha, acima de Castelo Novo,  concluímos que há urgência em estudar os primórdios do povoamento na serra. Talvez seja desta que o Castelo Velho sai do esquecimento a que tem sido votado.

José Teodoro Prata

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Crianças reflorestam a Gardunha

A Junta de Freguesia de São Vicente da Beira, em colaboração com o Agrupamento de Escolas José Sanches e São Vicente da Beira, levaram a cabo, no dia 15 de Dezembro, uma iniciativa para a reflorestação da Serra da Gardunha: a criação de um viveiro na escola de São Vicente da Beira.
Com a colaboração dos alunos do pré-escolar, 1.° e 2.° ciclos, semearam-se várias espécies de árvores, como sobreiros, carvalhos e pinheiros, para posterior plantação.
Pretendemos incentivar e consciencializar os alunos a plantar árvores, depois de muitos deles terem visto de perto o fogo que tornou negra toda a Gardunha.
Depois desta iniciativa, a Junta de Freguesia  fará o seu próprio viveiro, com bolotas que foram recolhidas por vicentinos e as ofereceram com este objectivo.




Ana Isabel Jerónimo Patrício

sábado, 9 de dezembro de 2017

Arquitetura tradicional do granito, Gardunha


Não me lembro dela. Escondida no meio das mimoseiras, só com o fogo ficou a descoberto.
Situa-se no alto de uma pequena elevação, entre a Barroca do ti Miguel da ti Laurentina e o Caldeira, perto do caminho para o Cabeço do Pisco, junto ao pinheiro manso.
Ao vê-la, parei o carro e fui fotografá-la:

 A abertura do forro faz lembrar velhos templos românicos.

 Do lado sul tem um curral entre a rua e a loja.

 Escavaram para ter pedra para a casa e aproveitaram o buraco para a loja.
O granito é de dente de cavalo (grão grosso).

 Vista dos lados sul e oeste.

Janela a lembrar seteiras, 
de um tempo em que nem todas as aberturas eram fechadas com portadas.

Lado oeste, entrada da casa.

Ao voltar ao caminho, cruzei-me com o meu padrinho e com os filhos João e Tó, a caminho da azeitona. Disseram-me que aquele monte, casa incluída, fora da ti Mari´Zé Afonso.
Em casa, a minha mãe contou-me que chegou a ir lá levar a merenda ao meu pai, que fez uns arranjos na casa. Quem lá morava era  a ti Áutua.
Gabei o sítio tão soalheiro, a arquitetura da casa e a sua solidez (sem uma rachadela). Ela olhou-me preocupada: "Não queiras comprar aquilo, aqui na terra as casas estão quase todas vazias, só moram duas ou três pessoas em cada rua!"
Esteja descansada, mãe. Não realizarei o sonho de acabar os meus dias sentado numa pedra soalheira, a olhar por umas cabritas. Mas que esta casa (e muitas outras que o fogo pôs a descoberto) valia a pena, isso valia! São já de um outro mundo, mas... Portugal está cheio de estrangeiros que se cansaram da agressividade da vida urbana e optaram por estes paraísos naturais das pequenas coisas.

José Teodoro Prata

domingo, 5 de novembro de 2017

Reflorestar


Várias associações e autarquias das vertentes norte e sul da Gardunha têm reunido no sentido de encontrar respostas para a recente destruição da vegetação na nossa serra. De São Vicente da Beira, participam o movimento Todos Juntos, o GEGA e a Junta de Freguesia. As crianças e adolescentes das várias escolas também vão ser envolvidos nas ações a desenvolver.
A aposta imediata é a recolha de sementes de árvores autótenes, no sentido de promover a reflorestação das áreas queimadas. Vai proceder-se ao levantamento dos terrenos públicos, onde se possam plantar as novas árvores.
Embora altamente meritória, a iniciativa levanta-me algumas reservas: acho as medidas curtas para tamanha destruição ciclicamente repetida; idênticas iniciativas já foram promovidas no passado, sem resultados à vista; só nos espaços públicos? então mas os espaços ardidos não são quase todos privados?; a maioria das áreas públicas que conheço situam-se nos altos da serra, onde a vegetação não vinga, basta olhar in loco e basta verificar os resultados de anteriores plantações nesses locais.
A reflorestação, tal como a prevenção, ou aposta na implementação de medidas, começando pela sensibilização,  junto dos privados ou está condenada ao fracasso.

José Teodoro Prata

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Neve

Há neve um pouco por todo o país, mas entre o sopé da Gardunha e o da serra de São Mamede (Portalegre) não caiu nada. Daqui (Castelo Branco) vê-se o cabeço do Mastro todo branquinho, parece um lençol estendido lá do alto até à capela da Senhora da Orada.
A imagem abaixo apresentada é do site http://www1.hotelsamasafundao.com/index.php/galeria.
Não será deste nevão, mas é assim que estarão os altos da Gardunha.


A foto é do nevão de 2010, tirada pelo Jaime Gama.
Ontem o santuário estaria igual.

José Teodoro Prata

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Vidas do avesso

Não se sabe ao certo de onde é que era, mas pode bem ter nascido nas encostas da Gardunha, talvez perto da Senhora da Orada. Os pais, pobres e cheios de filhos, mourejavam de sol a sol em searas alheias, que de si não tinham nada.
Ele também começou cedo. Primeiro a guardar cabras, ainda ganapo; depois, já cachopo, ninguém lhe ganhava a cavar ou a ceifar, e não faltava quem o quisesse à jorna, sempre que era preciso.
E assim se foi fazendo homem, grande, bem parecido e com a força de um touro. Se calhar por isso não lhe foi difícil encontrar mulher para casar: uma bonita cachopa, trabalhadora que até dava gosto; e não tardou um ano, nasceu-lhes o primeiro filho. Um belo menino, rosadinho, que se via medrar de dia para dia.
Foi nessa altura que soube que andavam a fazer uma grande barragem lá pela parte de cima do Casal da Serra e foi-se lá oferecer. Era trabalho ruim, mas certo por alguns anos. Mal encararam com ele, um homenzarrão daqueles, puseram-no a cortar pedra.
Foram bons, aqueles primeiros anos de casado: trabalhinho certo; o comer sempre a tempo e horas; a mulher amorosa e um verdadeiro braço de trabalho em casa e na horta; o filho a saltar que nem os cabritos.
Mas, lá diziam os antigos: «Não há bem que sempre dure…» e um dia vem de lá o diabo duma pedra direitinha a ele, que o ia esmagando. Não o matou, mas levou-lhe dois dedos e a força toda da mão direita. Teve que abalar, que sem força nas mãos, disse o capataz, não prestava para aquele serviço. E fez-se de novo pastor, que para guardar gado até os havia sem braços.
Sentiu a falta da companhia dos outros homens, que a dos bichos não é a mesma coisa, mas, às duas por três, até já estava avezado e um dia deu consigo a falar com as cabras como se fossem gente.
Mas eram danadas, aquelas almas do diabo; sempre à espreita duma distração para se meterem pelo renovo adentro e darem cabo dele enquanto o diabo esfrega um olho. Um dia foi de tal modo a estragação que fizeram na seara dum ricalhaço que este não esteve com meias medidas: nada menos que 400$00 escudos pelos prejuízos. E se fossem para tribunal, que nem quisesse saber por quanto lhe ficava.
Como não tinha meios para pagar tal fortuna, foi adiando, até ao dia em que viu aparecer-lhe a Guarda à porta. Saltou pela postigo das traseiras e ninguém tornou a pôr-lhe a vista em cima, lá na terra.
Vivia escondido nas partes mais altas da Serra e só se abeirava duma casa ou dum palheiro quando tinha muita fome ou muito frio. De vez em quando, pela calada da noite, ia até casa para matar saudades da mulher e do filho que já estava a ficar um homenzinho. Olhava para ele, a dormir, e só pedia a Deus que o guardasse, melhor do que tinha feito com ele.
Uma vez, numa noite de invernia, esfomeado e a escorrer, passou perto duma casa por cima de São Vicente. Sabia ser de um amigo que tinha arranjado havia muitos anos, uma vez que tinham ido juntos ao quinto lá para os lados do Alentejo. Voltaram depois a encontrar-se nas obras da barragem e eram quase como irmãos. De certeza que repartiria com ele alguma coisa de comer.
Bateu à porta e perguntou pelo amigo, mas a mulher disse-lhe que não estava, mas não tardaria a chegar. Deu-lhe uma malga de caldo bem quente e secou-lhe a roupa ao lume. Assim, aconchegado, aprontava-se para abalar, quando entra por ali adentro uma chusma enfurecida que lhe amarra os braços e o arrasta para a cadeia, na Praça da Vila. 
A meio da noite arranja maneira de fugir, aproveitando-se da bebedeira dos guardas. Mas não vai muito longe, porque foi apanhado ainda mal se tinha refeito do susto. Levam-no para Castelo Branco e ele torna a escapar. Pelo caminho dizem que matou gente e levam-no para uma enxovia perto de Lisboa, com água pelos joelhos.
Passaram-se alguns anos e um dia, já doente e sem esperança, quis cumprir o desejo de tornar a ver o sol e conhecer o mar. Agarrou nas últimas forças e «…conseguiu partir os grilhões e fugiu a nado. Chegou ao paredão e subiu-o de arrastos, tolhido das pernas. O sol quente, uma coisa tão boa! Passou o barco patrulha e soou um tiro. O corpo rebolou e voltou à água.»

Nota: A parte do último parágrafo, em itálico, foi retirada da história “O Pistotira” escrita pelo José Teodoro e que faz parte do livro “DOS ENXIDROS AOS CASAIS…”.

M. L. Ferreira

domingo, 16 de outubro de 2016

Nas férias grandes

As férias são um tempo extraordinário na vida dos trabalhadores, amarrados semana a semana, mês a mês, a um horário de trabalho de que não há escapatória. Bem, nos trabalhadores dos nossos tempos, que o direito a férias é coisa recente, legalmente consagrado em 1937, em Portugal. E o que foi preciso lutar para o alcançar!
A dimensão que trago aqui hoje à baila é a da disponibilização do trabalhador com vista à sua participação social e cultural (palavreado legal), que quer dizer, ao reencontro e socialização com familiares e amigos que, devido a distâncias e outras circunstâncias, só na altura das férias (grandes) podem com vagar matar saudades, trocar experiências, passear juntos e sonhar.

O grupo dos amigos da Praça, como invariavelmente acontece todos os agostos, lá voltou a reunir, só que em vez de se por a sonhar com projetos incapazes de ganhar quaisquer simpatias, como dar uma demão de tinta à Casa Paroquial, coisa que ela nunca viu desde que nasceu, ajardinar o Quintalinho que lhe serve de logradouro (com plantas e flores oferecidas pelos Vicentinos), manter as fachadas que dão para a Fonte Velha apresentáveis, este ano repensou a estratégia e virou-se para outros lados. Cultura e desporto.

Vai daí, organizou um passeio pedestre às antenas, onde seria comida uma bela merenda, com a reconstituição da batalha da Oles, pelo meio, embora deslocada para um sítio em que a vitória nos fosse garantida, tendo-se apresentado como sítio ideal a fraga escarpada sobre o Louriçal.

Armámo-nos de varapaus e cachaporras e, à medida que as cabeças dos infiéis apareciam por trás das pedras, era cacetada no toutiço até o diabo dizer bonda. Eram seguramente dez vezes mais que nós, mas os apedrejadores dizimavam-nos lá do alto, a rolar penedos enormes para cima deles, com a ajuda imprescindível do bom gigante, que veio da Terra dos Francos fazer a cobertura do evento e mesmo com pedradas certeiras que eram como balas. Os que fugiram iam tão acagaçados que só se atreveram a olhar para trás depois de passar a Soalheira.

A vitória esmagadora foi efusivamente festejada, como testemunha o retrato com os vencedores ufanos, de armas no ar. Admiravelmente poucos, para tão enorme tarefa. Descontando o narrador, temos o repórter vindo da Terra dos Francos com o seu irmão e outro combatente. Assim: João e Tó Passaraço; Chico Pinheiro e o cunhado Tó, que é como irmão, nunca o deixando combater sozinho, dadas as mazelas da coluna; o Zé Barroso e o Daniel, aguerrido combatente das serranias.


Para nos recompormos do esforço da luta, fomos presenteados pelo Chico Pinheiro com uns belos quadrados de chocolate preto do bom, 80% de cacau, no final da bucha, devorada no miradouro sobre Castelo Novo. Depois, uma pequena pausa onde se fizeram os necessários curativos e se retemperaram as forças. A batalha passou à história, como sabem.

O grupo seguiu animadíssimo, serra acima. Aliás, viajar com o Zé Barroso é sempre um prazer incalculável, quer seja a pé, quer tenha sido naquele calhambeque, em que há muitos anos atrás se faziam os arraiais das redondezas, que qual jumento adorava ir à berma da estrada abocanhar um bocado de carqueja ou giesta tenra e que ele sistematicamente repreendia, com demasiada altivez, dizendo: mato, mas tu queres mato?

O Daniel, meu sobrinho, teve como companheiro privilegiado o Tó Passaraço que lhe foi mostrando a vastidão do território calcorreado vezes imensas com 12, 13, 14 anos, a colher resina no Rolão Preto, com o avô Joaquim Barroso e, no próprio local da batalha, com o ti Zé Candeias, numa das voltas mais difíceis da região. Explicou-lhe as voltas, área geográfica correspondente a um dia de trabalho, a colha, que consistia em retirar a resina das tijelas para o caldeiro, que depois de cheio era despejado no barril. O caldeiro de chapa de zinco, com uma cinta no fundo, que tinham de encher de madeira ou cortiça para não se enterrar nos tenros ombros da sua adolescência. A merenda invariavelmente de pão e conduto. Os acidentes do território, fragas ruins de escalar. A sede em certos dias abrasadores sem fontes por perto. Uma lição de vida.

E assim fomos subindo, subindo, parando por vezes para que o João mantivesse o batimento cardíaco dentro da guide line, fixada pelo seu cardiologista. Ao chegarmos ao planalto que antecede a última e mais agressiva subida às antenas, aconteceu algo deveras surpreendente.
Avistámos um ancião de cabelo branco, que não veria tesoura há anos, junto a uma charca a admirar um bando de perdizes que ali matava a sede e que se tentou enfiar numas giestas mal  nos pressentiu. Como o chamámos, parou e caminhou ao nosso encontro.

Alguém perguntou – É muito parecido com o Gandalf, da Terra Média, o nome diz-lhe alguma coisa? Ao que respondeu – Desconheço tal personagem.

- Afinal quem é o Senhor e o que faz aqui? - Perguntámos impressionados pelo seu ar altivo e olhar perturbador.

- O nome não importa, mas a minha função é a de guardião do Portal da Senhora da Penha, - virou-se para nascente e apontou com o indicador direito - além naquela fraga, milenar local de culto, que alguns querem que caia no esquecimento. E perguntou de seguida – E vocês quem são e que procuram?

- Um grupo de amigos com laços familiares, que vivendo separados, se junta em agosto para matar saudades e por a conversa em dia, que decidiu dar um passeio ao cume da Serra. – Dissemos.

- Sinto que estão ligados por uma energia positiva e que são pessoas de bem. - Fez uma pausa e pediu para que nos sentássemos um pouco, que os anos dele e o nosso cansaço o mereciam e continuou – Não sei se já ouviram falar de mim, porque raramente sou visto e peço sempre para omitirem estes encontros. É que, infelizmente, não há muita gente preparada para eles. E eu como guardião dum local privilegiado de comunicação entre o Profano e o Sagrado sei isso muito bem.

Olhámos uns para outros a tentar perceber o impacto daquelas palavras e pergunta o Zé Barroso, com uma desenvoltura que me impressionou, mas habitual nele – Mas afinal que conversa é essa, onde é que o Senhor quer chegar?

Ele olhou-nos com o seu olhar profundo e, com voz que irradiava uma paz absoluta, continuou – A humanidade parece andar distraída, mas há milhares de anos que alguns homens sabem que o alto das montanhas são locais ideais de comunicação com a Divindade. Aliás, um dos pilares da vossa cultura, o Livro, refere-o imensas vezes. Todos já ouvistes falar que foi numa montanha como esta, bastante longe daqui, chamada Sinai, que a Divindade entregou a Moisés um código de conduta, bem pequeno, comparado com os de hoje, claro, unicamente com 10 artigos, mas que raros homens são capazes de cumprir.

Fez uma longa pausa e diz – Quando toda a humanidade agir segundo aquelas normas, que não são para católicos, como pensais, mas servem toda a humanidade, a terra fundir-se-á com o Céu e a humanidade passará a viver uma paz e felicidade permanente. Então, eu e outros guardiães deixaremos de ser necessários. - Calou-se e argumentámos, - Mas isso são balelas, não passa de um mito!

Encarou-nos um a um e disse serenamente – O ser humano é conhecido pela sua tradicional falta de fé. É velh,a mas bem significativa a frase do Homem Divino que por cá passou há dois mil anos «se tiveres fé como um grão de mostarda, poderás mover montanhas». O caminho é longo e difícil, mas homens santos e sábios conhecem os desígnios do Alto. Os Mais já o sabiam há séculos e eram chamados primitivos pelos espanhóis. Sabem que eles já tinham conhecimento que em 2012, se iniciaria uma nova era cósmica em que a materialidade começaria a ceder terreno à espiritualidade e ao sentimento geral de fraternidade?

Aqui não me contive e argumentei – Como é que acha isso se o planeta continua a viver tragédias terríveis por todo o lado? A guerra da Síria, as mortes de refugiados no Mediterrâneo… Não sabe o que se passa, certamente!

Olhou-me tranquilo e disse – A evolução é demasiado lenta para o vosso tempo de vida, mas os sinais são animadores e visíveis aos mais atentos. Reparem na quantidade de grupos que têm surgido para defesa ambiental, preocupados com a saúde do planeta, grupos pacifistas que arriscam a própria vida pela segurança dos outros e as ondas de solidariedade que surgem, cada vez com maior frequência, para salvar um ser humano, vítima de um terrível infortúnio.

Olhámos uns para os outros com ar de assentimento. Ele olhou-nos, sorriu pele primeira vez e continuou – A mudança mais profunda começa no interior de cada um de nós. A conquista de nós próprios é a chave. Continuem a cultivar a amizade que se sente em cada um de vós, a alegria e a paz, e atendendo ao lugar santo a que vão subir, recolham-se por um momento no vosso íntimo e ofereçam à Divindade a graça da saúde que tem recebido e vos permite ainda subir a este lugar, do amor que respiram nas vossas famílias e da amizade que vos une. São valores muito importantes, mas ao mesmo tempo tão frágeis.

Subitamente sentiu-se uma ligeira brisa, a luz pareceu vibrar com mais intensidade, talvez pelo calor que começava a apertar, e o velho desapareceu sem darmos por ela.

Subimos o resto que faltava para o cume, em silêncio, sem percebermos bem o que se passara. Teria sido uma alucinação colectiva, devida à conjugação do cansaço e calor ou apenas um sonho interior ocasionado pelo ar rarefeito da montanha?

No alto comemos a merenda, admirámos a paisagem e tiramos outro retrato a comprovar a felicidade de termos chegado juntos à meta.


No regresso o calor era abrasador e, enquanto nos refrescávamos, um pouco, à sombra do mais majestoso castanheiro das redondezas, à chegada ao Casal pelo lado de Nordeste, o Zé Barroso vai de soltar uns valentes assobios, «à pastor» e eis a revelação. O encontro com o guardião não fora irreal e as coisas estão a acontecer. Pois jamais fora visto noutros tempos e não foi ilusão: três cabras aparecerem a espreitar, no primeiro andar duma casa, ao balcão.

De maneiras que foi assim…

F. Barroso
Fotos do João Craveiro (Passaraço)

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

O fogo

No ano 2003, a nossa região foi terrivelmente afectada pelo flagelo dos fogos, até ao dia sete de Agosto tinham ardido em Portugal cento e sessenta e dois mil hectares de mata, proprietários mais pobres, o país também. A erosão dos solos, as cheias, o aquecimento global…
São dessa época os versos que seguem.


A temperatura baixou, os fogos terminaram
Por agora…
É tempo de fazer balanço na fauna e flora
E às matas que os fogos queimaram

Montes e vales despidos
Sem nada a protegê-los
Passa o vento aos gemidos
Assassinos, grandes camelos

Por montes, vales e baixas
Tudo a chama e o lume levou
Foi-se a floresta, a terra ficou despida
O fogo, tudo destruiu e queimou

A ganância de alguns é tanta
Que tudo querem destruir
As serras sem a sua manta
Choram, choram; não podem rir

As televisões mostraram
Esta miséria sem igual
Casas, florestas, hortas, queimadas
Neste nosso Portugal

As aldeias ficaram mais pobres
Tudo, o fogo consumiu e levou
De negro e cinzas a montanha se cobre
O fogo, tudo comeu e matou

Tocam os sinos a dobrar
Reza-se ao Criador
Levam-se os mortos a enterrar
Os que morreram naquele horror

Do Violeiro à Enxabarda
Do Ingarnal a Oleiros
Muitos ficaram sem nada
Casas, hortas e palheiros

Gente que vivia da terra
Gente de paz e bem
Mais parece uma guerra
Tantos ficaram sem vintém

Senhores lá de Lisboa
Nossas gentes venham ver
Não têm nada, nem uma broa
Ficaram sem nada para comer

Gentes de Trás da Serra
Tendes na mata o sustento
Vencereis esta guerra
Com denodo e alento

No alto daquele monte
Vejo uma planta a nascer
Perto brota uma fonte
Que a ajuda a crescer

Já oiço os passarinhos
Com seu alegre chilrear
Construindo seus ninhos
No seu novo e belo lar

A montanha a pouco-e-pouco
Está novamente verdinha
Que nunca mais nenhum louco
A queime, deixando-a nuazinha

Todos juntos em união
Venceremos estas batalhas
Temos todos mais que razão
Não nos dêem mais migalhas

Se nos querem ajudar
Ponham as máquinas a trabalhar
Para a terra lavrar
A semente semear
A planta brotar
Crescer, crescer sem parar
Para o povo se alimentar
O ar se purificar
A ave nidificar
O animal se criar
A lareira aquecer o lar
O povo deixar de mourejar
E nunca mais o fogo voltar


Zé da Villa

domingo, 22 de maio de 2016

Festa na Orada


As encostas da Gardunha estão pintadas de amarelo. 
A serra vestiu-se da cor das giestas para a festa da Senhora.



Os bombos VICENTINOS são um caso muito sério de sucesso!


Ia a escrever que a Senhora está de jaja nova, mas talvez não seja deste ano.
Em todo o caso, está linda!

 

O Rancho VICENTINO foi o sucesso do costume.
Um acumular de sabedoria e experiência.


As autoridades autárquicas, locais e concelhias, estiveram presentes
e inauguraram as instalações de apoio à ermida.
O nosso bem-haja!

Nota: Cheguei tarde e por isso não tenho imagens da parte religiosa. Agradeço a quem puder completar esta informação visual.

José Teodoro Prata

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Outono na Gardunha





O fotógrafo destas e das fotos anteriores foi o André Varanda.
Como fiquei com a máquina antes do final, não tenho a cara enfarruscada dele para vos mostrar.

José Teodoro Prata


Esta é do Luís da Libânia.

domingo, 17 de abril de 2011

Primavera

A Primavera chegou com tal força que até ultrapassou o comboio da beira baixa (também não é preciso muito).
Hoje, na TV, passou uma reportagem sobre a vinda de um comboio turístico pelo vale do Tejo, para ver as cerejeiras em flor. Mas elas, em Alcongosta, já tinham a cereja a engrossar.
Eu não fui tão lento como a CP, mas quase: num fim de semana, esqueci-me da máquina fotográfica e, no seguinte, as cerejeiras já estavam a limpar (a largar as pétalas).
Deixo-vos algumas flores da Gardunha. São as do costume, mas sempre lindas!

Polígala


Violeta


Sargaço


(?)


(?)


Esteva


(?)


Carqueja

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Mais óvnis

Chegou, recentemente, mais um comentário à publicação "Óvnis na Gardunha?", de 23 de Novembro. Como está lá para trás, muitos não o lerão e penso que vale a pena.
Qual a minha opinião sobre o assunto? Penso que, cientificamente, tenho de aceitar que poderemos não estar sozinhos no Universo e que a ciência de amanhã poderá explicar fenómenos para os quais ainda não há explicação (viver noutra dimensão...).
Mas, como sou homem de pouca ciência, não perco tempo com o assunto. Aliás, a minha única preocupação é saber como ir até à Penha (no cume, por cima de Castelo Novo), pois tenho de satisfazer o pedido de um sobrinho meu, para o levar até lá, e não sei como descalçar a bota!

Caro José Prata, restantes conterrâneos e leitores em geral.
Chamem e pensem o que quiserem aos ditos ovnis e acreditem ou não que eles frequentam bastante a serra da Gardunha... Pessoalmente pouco me importa o que se possa dizer ou pensar deste fenómeno (que aliás nem me interessa muito...).

Agora que nas aldeias em redor da serra há muita gente de bem que viu "coisas" bem concretas e que alguns nem às parede confessam para não serem alvo de chacota e desacreditados na terra, isso podem ter a certeza que há.

E o que tem sido visto é bem mais do que luzes na serra.
Conheço gente com os pés bem na terra que andou a dormir mal durante anos por causa daquilo que viram.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Bicharocos



Vacas-louras a pastar. Vacas, talvez porque "pastam" na erva como bovinos. Louras, porque o conteúdo do seu ventre é amarelado. Com essa massa, tiravam os antigos verrugas e sinais. Basta aplicar sobre a verruga ou sinal e desaparece. O seu poder abrasivo é tão forte que queima a pele em volta. Se a pele ficar muito exposta, corremos o risco de ir parar às urgências do hospital, com uma queimadura séria!



Ainda ando indecioso sobre o que fazer com estes bicharocos. Ajudam na polinização, mas comem a totalidade da flor onde ferram o dente. Hei-de ter de os deixar em paz!



Estes abelhões(?) são bonitos e úteis na polinização. Mas cuidado com as ferroadas!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Albano Mendes de Matos


Albano Mendes de Matos é natural do Casal da Serra e vive em Oeiras.
Antropólogo de formação, este investigador fez uma vasta recolha das tradições da sua terra natal que são comuns a toda a nossa freguesia e a outras circunvizinhas.

Desde criança, no Casal, aprendeu a conhecer e a distinguir os cogumelos. Tornou-se um estudioso, um especialista.
De cogumelos conversámos, na última vez em que estivemos juntos, lembrando aqueles castanhos grandes e carnudos que ele ainda há pouco tempo apanhou debaixo de castanheiros, nas Lameiras.
No seu blogue plantifungi.blogspot.com, tem publicado a informação e a documentação que vai reunindo sobre os cogumelos da Gardunha.

Uma outra área do seu trabalho são as lendas da nossa serra que desde garoto ouviu da boca do seu avô José Mendes Junior (1864-1960). A Universidade do Algarve está a publicá-las, no site "lendarium.org/new". Também as podemos pesquisar através do nome Albano Mendes de Matos.

Igualmente realizou recolhas de literatura tradicional popular, no Casal da Serra e outras povoações da Gardunha. Tem vindo a publicá-las, no blogue "literatrad-blogspot.com".

O seu mais recente projeto na Internet é o blogue casaldaserra-varandagardunha.blogspot.com. Nele iniciou a publicação das tradições e histórias do Casal da Serra. Estava para lhe “roubar” e publicar, nos Enxidros, o texto e as fotos sobre a matação. São excelentes. Mas para quê, se os temos no seu blogue?
Recomendo uma visita aos seus blogues. Garanto-vos que vale a pena!

Nota: Aconselho a busca dos endereços sem hiperligação através do Google.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Óvnis na Gardunha?

A revista VISÃO desta semana (N.º 924, 18 a 24 novembro 2020) trouxe-nos à lembrança os fenómenos óvnis na serra da Gardunha. O artigo da revista (2012 A profecia lusitana, pp. 98-110) vai mais longe e situa, na Penha Grande, um dos portais de acesso ao Reino de Lis, um mundo paralelo ao nosso.
A Penha Grande é um morro granítico que sobressaia acima da linha da serra, quando se olha para Castelo Novo, a partir da A23. O Santuário da Senhora da Penha ou da Serra situou-se primitivamente ali, onde também existem vestígios arqueológicos de um castro da Idade do Bronze, tal como o do Castelo Velho. Curiosamente, a lenda desta ermida tem muitas semelhanças com a da Senhora da Orada, situada não muito distante.
Mas a inquietação, em São Vicente da Beira, tem origem num fenómeno ainda não conhecido fora de portas.
Frequentemente, entre a meia-noite e a madrugada, avistam-se luzes muito fortes, na meia encosta acima do Caldeira, onde fica a serra dos Candeias, dos Barroso e dos Hipólito. São visíveis do Casal da Fraga, situado em frente, e já há numerosas testemunhas. As luzes são muito mais potentes do que as de um automóvel e avistam-se por alguns minutos e outras vezes durante horas.
Para terminar, deixo-vos com duas notícias de encontros imediatos, nesta encosta sul da Gardunha, publicadas no blogue : http://www-ufologia.blogspot.com/2010/05/misterios-da-serra-da-gardunha.html.


Foto tirada do miradouro da Baldaia. Penso que o penhasco mais alto é a Penha Grande.

Erguendo-se a 1225 metros de altitude, a serra da Gardunha é uma das elevações mais importantes da Beira Baixa, em Portugal. Os repetidos fenómenos inexplicáveis, os seus símbolos e arqueologia, fazem da serra um dos «pontos quentes» onde o fenómeno Ovni se manifesta com maior intensidade no país.
São comuns as histórias sobre misteriosas luzes que surgem no céu silenciosas e a grande velocidade, luzes que bailam em ângulos rectos perfeitos. Segundo curiosos e aficionados do fenómeno, as luzes podem ser vistas quase todos os dias a sair da serra, por volta das 23:00h, e, no regresso, por volta das 02:00h da madrugada. É entre Setembro e Dezembro a altura mais propícia para avistar estes fenómenos, segundo referia o «Guardião da Serra», o Sr. Américo Duarte.
Américo Duarte, era o maior estudioso sobre os mistérios da serra. Dedicou-se a estudar a arqueologia ali existente, como os fenómenos luminosos que eram observados á noite. Infelizmente já falecido, conhecia a serra como ninguém. Entre outras revelações, Américo Duarte confidenciou que certo dia teve um encontro imediato com um ser humanóide no quintal da sua casa. Foi esse ser que o levou um dia, a conhecer a base subterrânea de Ovnis que existia ali na serra. Segundo ele, aquela base era uma de quatro espalhadas pelo mundo, utilizadas pelos supostos seres para estudar o nosso planeta. Disse que, quando esteve no interior da base, viu uma espécie de galeria de naves espaciais num precipício, o que lhe impediu de prosseguir caminho. Também revelou que os objectos voadores entravam na montanha por desmaterialização. Dizia-se o escolhido ou contactado para guardar ou proteger a base que o interior da Gardunha guardava. Para sempre ficou conhecido como o «Guardião da Base».
Os últimos anos da sua vida, dedicou-os a tentar alterar o trajecto de um túnel que iria ser feito e trespassar a serra na localização exacta da suposta base subterrânea. Coincidência ou não, o projecto inicial foi alterado e desviado para outro local.

Em Setembro de 1996, Ricardo Machado Oliveira passava pela serra, mais precisamente no local designado por Cabeço da Penha, quando decidiu explorar uma gruta que existia ali perto.
Após ter entrado na gruta, Ricardo desmaiou. Quando recuperou os sentidos, encontrava-se num hangar subterrâneo enorme, onde observou diversas naves de forma oval e prateadas. De seguida foi confrontado com a presença de três espécies distintas de seres humanóides. Estes seres informaram Ricardo que eram parte de uma aliança de mundos interestelares associados para observar a Terra e que a base subterrânea onde se encontrava era uma das quatro bases de observação espalhadas pela Terra. Após isso Ricardo perdeu novamente os sentidos e quando acordou, já era de noite, e encontrava-se deitado no chão, no exterior da gruta.


É apenas o sol, por entre as ramagens dos pinheiros, no Ribeiro de Dom Bento.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Ocaia



Chamamos à nossa serra Gardunha ou Guardunha.
A palavra terá tido origem na época da invasão árabe, a seguir a 711, quando as populações do campo, sobretudo da capital Idanha-a-Velha, se refugiaram na serra mais próxima, fugidas da investida dos conquistadores muçulmanos.
A serra tornou-se, por longo período, o esconderijo daqueles que recusavam o domínio sarraceno. Por isso lhe chamavam a Guarda de Idanha, expressão que originou o actual termo Guardunha ou Gardunha.

Mas nem sempre se chamou assim. Havia um outro nome mais antigo.
O foral de 1195, que criou o concelho de S. Vicente da Beira, ao definir os limites do território, estabeleceu: ...et quomodo uerit acquam de ocaya ad (?) et deinde ad portelam sancti Vincencii. (...depois, segue pela água de Ocaia até (?) e vai até à Portela de São Vicente.)
O investigador Joaquim Candeias da Silva acrescentou, recentemente, mais informação a esta questão. Em artigo de 25 de Fevereiro de 2010, publicado no jornal Reconquista, informou, a propósito da Póvoa de Rio de Moinhos:
Com efeito, o enquadramento da freguesia no termo de S. Vicente da Beira d´Ocaia (como outrora se dizia), ao sul da Guardunha...

O maior curso de água da serra da Gardunha chama-se Ocreza e nasce acima do Casal da Serra. O termo Ocreza parece derivar de Ocaia.

Ocaia ou Gardunha, uma mesma serra que separa o país montanhoso do sul mais plano.