Enxidros era a antiga designação do espaço baldio da encosta da Gardunha acima da vila de São Vicente da Beira. A viver aqui ou lá longe, todos continuamos presos a este chão pelo cordão umbilical. Dos Enxidros é um espaço de divulgação das coisas da nossa freguesia. Visitem-nos e enviem a vossa colaboração para dosenxidrosgardunha@gmail.com
sábado, 13 de julho de 2019
quinta-feira, 11 de julho de 2019
Enxertias
Há uns tempos, mostrei-vos um pessegueiro nascido do tronco de uma amendoeira que ardeu no fogo. Fora enxertada num pessegueiro.
Hoje trago-vos algo parecido. Há anos reparei que rebentavam marmeleiros da base de uma pereira. Transplantei-os, pois tinham raiz. Este ano enxertei-os de pereira e pegaram.
São de uma variedade que andava a namorar há que tempos, mas não conseguia encontrar. Então fui à Horta de Estêvão da minha irmã Fátima buscar uns garfos de uma pereira que o meu pai ali plantou. É daquelas que dão peras pequeninas, em forma de pera, muito docinhas!
Hoje trago-vos algo parecido. Há anos reparei que rebentavam marmeleiros da base de uma pereira. Transplantei-os, pois tinham raiz. Este ano enxertei-os de pereira e pegaram.
São de uma variedade que andava a namorar há que tempos, mas não conseguia encontrar. Então fui à Horta de Estêvão da minha irmã Fátima buscar uns garfos de uma pereira que o meu pai ali plantou. É daquelas que dão peras pequeninas, em forma de pera, muito docinhas!
José Teodoro Prata
segunda-feira, 8 de julho de 2019
Eremita e poeta
A rainha Santa Isabel era seguidora
dos franciscanos espirituais (que chegaram a ser proibidos pelo papa) e
apoiou a sua vinda para Portugal. Foram eles que fomentaram em Portugal o
culto ao Espírito Santo e a obra assistencial das albergarias do
Espírito Santo (existia uma em São Vicente da Beira), que mais tarde foram substituídas pelas Misericórdias.
Ora
o convento da Arrábida era dos franciscanos espirituais e penso que foi
este Frei Agostinho da Cruz do texto do António Fernandes que disse ter
chegado ao paraíso, quando contemplou aquela encosta com o mar lá ao
fundo.
Ali próximo, no alto de
Setúbal, ficava o convento franciscano de Brancanes, de onde vieram os
frades que criaram a Ordem Terceira em São Vicente da Beira.
É
a segunda vez que referimos este convento da Arrábida, mas vem a talhe
de foice depois do encontro franciscano que tivemos recentemente, em São Vicente da Beira.
Por
outro lado, há que distinguir os frades espirituais dos outros "comuns".
Estes viviam pobremente na sociedade, pregando e praticando a caridade.
Os franciscanos espirituais vivam longe da sociedade, em contemplação, o que não estava previsto no ideal de São Francisco de Assis.
Decorre a efeméride dos
quatrocentos anos da morte de Frei Agostinho da Cruz, um poeta clássico e
eremita. Este poeta arrábido escreveu elegias, éclogas, endechas e sonetos.
(…)
Vivemos num
mundo de manifestações, de migrações em massa, de distúrbios, de corrupções, de
desvios, de falsas promessas, de notícias falsas como Judas, e muitas vezes
apetece um refúgio, uma ilha isolada, um local onde seja possível uma vida
contemplativa com a natureza, afastada desta realidade virtual cheia de ruídos,
na procura da paz interior, da solidão perto das nuvens e do céu. Foi assim a
vida de Frei Agostinho da Cruz.
Nasceu no Minho,
em Ponte da Barca, em 1540, com o nome de Agostinho Pimenta. Ao entrar para o
Convento de Santa Cruz da serra de Sintra, onde habitou durante umas dezenas de
anos, como noviço, adotou o nome de Frei Agostinho da Cruz, talvez cansado com
tantas especiarias, principalmente a pimenta vinda das Índias.
Em 1605,
escolheu como habitação uma cela no Convento da Arrábida, na serra com o mesmo
nome, fazendo vida de eremita.
Na
comemoração de tão importante efeméride, o escritor e investigador Ruy Ventura
prepara uma ampla antologia da sua obra poética.
No Convento
da Arrábida está previsto um colóquio sobre a vida e obra de Frei Agostinho da
Cruz, ação louvável que possibilita a quem não conhece a obra deste homem
reviver, no seu ambiente, os seus trabalhos mais emblemáticos.
Em Setúbal,
cidade onde faleceu em 1616, irá realizar-se uma conferência proferida por D.
José Tolentino Mendonça, figura da nossa literatura, teólogo e poeta, e atualmente
ao serviço no Vaticano como responsável do Arquivo Histórico da Santa Sé.
Nos anos
sessenta do século passado, passados quase quatrocentos anos, calcorreei alguns
dos percursos agostinianos.
Naquelas
paragens paisagísticas da serra da Arrábida, das mais belas de Portugal, onde
se está perto do mar e das nuvens, além de diversas caminhadas, ocorrem
diversos acampamentos de escuteiros da Região de Setúbal.
Neste mesmo Convento
muitos caminheiros, e candidatos a dirigentes do CNE (Corpo Nacional de
Escutas), realizaram módulos de formação escutista, preparando-se para mais
tarde fazerem e assumirem o compromisso nas investiduras (para quem já pertence
ao movimento) ou promessas (para quem agora entrou para o movimento).
Foi uma
oportunidade única para se fazer uma visita detalhada a este Convento e
sabermos como era a vida monástica dos frades arrábidos.
(...)
António Alves
Fernandes
Aldeia de Joanes
Março/2019
sexta-feira, 5 de julho de 2019
Os Sanvicentinos na Grande Guerra
António Batista
António Batista nasceu em São Vicente da Beira, no dia 1 de fevereiro de
1895. Era filho de João Batista, ganhão, e de Maria de São João.
Embarcou para França, no dia 21 de janeiro de 1917, integrando a 8.ª
Companhia do 2.º Batalhão do 2.º Regimento de Infantaria, com o posto de soldado
n.º 582, placa de identidade n.º 9972. Na mesma viagem seguia também o seu
irmão Luís Batista.
No seu boletim individual do CEP é referido o seguinte:
a)
Punido em 3 de novembro de 1917, pelo Comandante da Companhia,
com 10 dias de detenção, por ter faltado à revista no dia 31 de outubro e ser
reincidente neste tipo de faltas;
b)
Punido com 5 dias de detenção, pelo Comandante da
Companhia, no dia 6 de maio de 1918, por ter faltado aos trabalhos no dia 5;
c)
Aumentado ao efetivo do Depósito Disciplinar 1, em 26
de setembro de 1918, onde ficou com o número 738;
d)
Marchou em diligência ao Tribunal de Guerra do Quartel-General
de Base, no dia 22 de fevereiro de 1919;
e)
Condenado em 18 de abril de 1919, na pena de 6 anos e
um dia de presídio militar, com igual tempo de deportação militar ou, em
alternativa, na pena de 10 anos de deportação;
f)
Repatriado com a Secção de Adidos, em 5 de junho 1919.
Não foi possível encontrar documentação que permitisse conhecer o motivo
desta detenção, julgamento e condenação, mas, pela coincidência de datas e pena
aplicada, é provável que tenha participado na insubordinação levado a cabo por
um número significativo de praças, no dia 23 de setembro, que «…encontrando-se com prevenção de marcha para um novo acampamento mais
avançado em relação à frente do inimigo, insubordinou-se, recusando a desarmar
as barracas e a entrar na formatura, ameaçando de matar com granadas de mão e a
tiros de metralhadora todo aquele que tal fizesse, como também se recusando a
entrar em ordem às intimações que lhe foram feitas pelos seus superiores.» (Folha
de matrícula de outros militares que participaram nesta insubordinação)
É provável que não tenha saído com vida da prisão, pois nem mesmo os familiares
mais próximos voltaram a ter notícias dele.
Contam que os pais ainda venderam algumas coisas do pouco que tinham para
ir à procura dele, mas foi tudo inútil. Terão desistido, finalmente, quando lhes
disseram que ele tinha morrido.
Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"
À venda, em São Vicente, nos Correios e no Lar; em Castelo Branco, na Biblioteca Municipal.
O dinheiro da venda
dos livros em São Vicente reverte para a Santa Casa da Misericórdia.terça-feira, 2 de julho de 2019
Encontro Francicano da Região Centro
A nossa Fraternidade da Ordem Terceira organizou, no passado domingo, o Encontro Franciscano da Região Centro.
Cerca de 150 pessoas passaram o dia connosco. Recebemo-los na sede da Ordem Terceira, a capela de São Francisco, com cumprimentos, orações e cânticos.
Seguiu-se uma breve visita ao centro da Vila (já fazia muito calor), com passagem pela Praça, Igreja Matriz, Igreja da Misericórdia e Convento Franciscano. Na Matriz, explicamos-lhes a forma como o franciscanismo moldou a religiosidade de São Vicente da Beira.
Depois rumámos todos à Orada, onde foi celebrada a missa dominical, seguida de um almoço partilhado.
E deixámo-nos ficar, em comunhão com a natureza.
Texto de José Teodoro Prata
Fotos de Jaime da Gama
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