domingo, 2 de abril de 2023

IRS - Misericórdia

 CONSIGNAÇÃO DO IRS

Na declaração do IRS, existe a possibilidade, sem aumento de encargos para o contribuinte, autorizar que 0,5% do valor liquidado do seu IRS possa reverter a favor de uma Instituição de Solidariedade Social (IPSS).

Assim, vimos apelar para que não deixe passar esta oportunidade de ajuda à Santa Casa da Misericórdia de S. Vicente da Beira.

A adesão à campanha de consignação de IRS é um meio de garantir um contributo e apoio a esta obra tão meritória e nobre e a obtenção de meios para alcançar os seus objetivos.

Para o efeito, deverá no Modelo 3, assinalar no Quadro 11, com uma cruz no Campo 1101 (Instituição de Solidariedade Social e Utilidade Pública) e indicar o NIPC  501 135 618  correspondente a esta Santa Casa de Misericórdia.

José Teodoro Prata

terça-feira, 28 de março de 2023

sábado, 25 de março de 2023

Os Sanvincentinos na Grande Guerra

José Joaquim dos Santos 

José Joaquim dos Santos nasceu no Ninho do Açor, no dia 1 de outubro de 1893. Era o filho mais velho de Joaquim dos Santos e de Rosa Maria. Terá sido nessa localidade que viveu toda a sua infância e juventude.

Assentou praça em 8 de julho de 1913, como recrutado, pertencendo ao contingente de 1913, a cargo do distrito de Castelo Branco. Presente no Regimento de Infantaria 21, foi incorporado no 2.º batalhão em 12 de janeiro de 1914.

Ficou pronto da recruta em 30 de abril 1914 e regressou ao Ninho do Açor.

Tomou parte na Escola de Recruta. Presente em 16 de setembro de 1915, foi licenciado novamente em 2 do mesmo mês.

Em 5 de maio de 1916 voltou a apresentar-se, para marchar a caminho de Tancos, onde recebeu alguma instrução militar antes de partir para França. Embarcou a 21 de janeiro de 1917, integrando a 1.ª Companhia(?) do 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 21. Era o soldado n.º 69, com placa de identidade n.º 9866 do C.E.P.

Terá seguido no primeiro comboio de navios de transporte para França, saído do cais de Alcântara, que terá iniciado a viagem apenas a 23. Todavia, outras fontes indicam que foi somente a 30 de janeiro de 1917 que zarparam do Tejo três vapores britânicos levando a bordo a 1.ª Brigada do CEP, comandada pelo general Gomes da Costa. Estes navios chegaram ao porto de Brest três dias depois. Em 8 de fevereiro chegaram à Flandres francesa e em 4 de abril de 1917 as primeiras tropas portuguesas ficaram entrincheiradas.

No seu boletim individual do CEP constam as seguintes informações:

a)   Punido com 10 guardas, em 16 de fevereiro de 1917, por ter comparecido com meia hora de atraso à chamada para o café e ração fria;

b)   Baixa ao Hospital em 23 de abril; alta a 28 do mesmo mês;

c)    Aumentado ao efetivo do Depósito Disciplinar 1, em 26 de setembro de 1918, onde ficou com o número 616 porque, «encontrando-se com prevenção de marcha para um novo acampamento mais avançado em relação à frente do inimigo insubordinou-se, recusando a desarmar as barracas e a entrar na formatura, ameaçando de matar com granadas de mão e a tiros de metralhadora todo aquele que tal fizesse, como também se recusando a entrar em ordem às intimações que lhe foram feitas pelos seus superiores»;

d)   Diligência do Depósito Disciplinar 1 para o Tribunal de Guerra de Base, em 22 de fevereiro de 1919, ficando à disposição do mesmo tribunal;

e)   Condenado na pena de 7 anos de presídio militar e mais na pena acessória de igual tempo de deportação militar.

f)      Foi repatriado com o Serviço de Adidos, a 5 de junho de 1919. Desembarcou em Lisboa a 9 junho de 1919, e passou ao presídio militar de Santarém, em 25 de julho, a fim de cumprir a pena que lhe foi aplicada. Foi amnistiado pela Lei 1198 de 2 setembro de 1921 e libertado.

Durante o tempo que passou na prisão terá aprendido a ler e escrever, uma vez que na sua folha de matrícula militar consta a informação de que era analfabeto. Terá também aprendido a profissão de alfaiate, embora, de acordo com os registos, demonstrasse pouca aptidão para o ofício.

Licenciado em 11 de janeiro de 1922, voltou para o Ninho do Açôr. Passou ao Regimento de Infantaria de Reserva 21, em 31 de dezembro de 1923, e à reserva ativa, em abril de 1928. Passou às tropas territoriais e ao Distrito de Recrutamento e Reserva 21, em 31 de dezembro de 1934, e ao Distrito de Recrutamento e Mobilização, a 15 em 30/11/1939, nos termos das instruções para a execução do decreto n.º 29957 de 24/10/1939. Teve baixa de todo o serviço militar, em 31/12/1942, por ter terminado a obrigação de serviço.
Condecorações:

·        Medalha militar de cobre comemorativa com a legenda: França 1917 1918" (segundo o neto Hugo Martins, José Joaquim nunca terá visto ou ouvido falar nesta medalha).






Família:

De regresso ao Ninho do Açor, José Joaquim dos Santos casou com Carmina de Jesus Martins, natural do Tripeiro, no dia 19 de fevereiro de 1922. Foi ali que o casal ficou a viver, e lá nasceram os três filhos que tiveram:

1.    António Martins dos Santos, que casou com Maria Joaquina Martins dos Santos e tiveram 2 filhos;

2.    Isabel Martins da Conceição, que casou com Artur Afonso e tiveram 2 filhos;

3.    Aurora de Jesus Martins, que casou com José Joaquim Varanda e tiveram 2 filhos.

Carmina de Jesus veio a falecer com tuberculose pulmonar, no dia 6 de maio de 1939, e José Joaquim dos Santos voltou a casar com Maria Joana Lourenço, em 15 de novembro do mesmo ano. Deste casamento nasceu uma filha: Maria de Deus Faustino, que casou com Adelino de Jesus Faustino e tiveram 4 filhos.

Maria Joana Lourenço faleceu de parto, em outubro de 1940, e José Joaquim continuou a viver no Tripeiro, onde foi sempre muito respeitado por todos.

«Passou a vida a trabalhar no campo e vivia do que a terra lhe dava. Também foi ganhão e quando havia menos trabalho no campo acarretava lenha para os fornos da telha, no Freixial do Campo.

Sempre foi muito temente a Deus e quando falava no tempo em que tinha andado na guerra, não se cansava de dizer que, se estava vivo, o devia à proteção da Nossa Senhora, porque às vezes as balas eram tantas a passar-lhe rentinhas ao capacete que só mesmo um milagre é que o tinha salvado.

E foi mesmo um milagre porque, apesar de tudo o que por lá passou, não trouxe moléstia nenhuma, como tantos outros companheiros que lá andaram com ele, que vieram cheios de doenças, fora os que por lá ficaram.

Nunca recebeu nenhuma pensão pelo tempo que passou na Guerra porque diziam que, como tinha terras, não precisava.» (testemunho da filha Maria de deus)

José Joaquim faleceu no dia 8 de julho de 1970. Tinha 77 anos. Está sepultado no cemitério de São Vicente da Beira.

(Pesquisa feita com a a colaboração da filha Maria de Deus Faustino e do bisneto Hugo A. dos Santos Gomes Martins)

Maria Libânia Ferreira

Do livro: Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra

domingo, 19 de março de 2023

O concerto do Coro de Manchester


Foi bonito! Igreja cheia, sinónimo de que merecemos espetáculos como este. Do que consegui perceber (estava na metade inferior da igreja), as canções eram melodias clássicas conceituadas (algumas celestiais) e não simples arranjos de algumas canções (o que não significa que não sejam bons, mas apenas que não estamos habituados a assistir ao vivo àquilo a que normalmente temos acesso apenas pela televisão ou via net).
Obrigado à Filipa, filha do Inácio Pereira, pelo seu trabalho como tradutora.

Após o concerto, foi assinado um protocolo entre a Câmara Municipal e a Paróquia, para a recuperação dos altares (franciscanos) da capela da Senhora da Orada. Finalmente!

Aproveitou-se a presença do presidente da Câmara Municipal para lhe pedir ajuda para a recuperação do telhado e teto da Igreja da Misericórdia, que estão em ruína. Após a assinatura de um protocolo que envolve muitos milhares de euros, o momento poderá não parecer oportuno para fazer este pedido, mas a ruína é iminente.
A Santa Casa fez recentemente melhorias no valor de alguns milhares de euros, a fim de adequar o templo ao serviço religioso, mas o valor necessário para recuperar toda a cobertura e a arte do teto está muito para lá das suas possibilidades. Por outro lado, nesta semana que passou, a parede da parte do altar-mor separou-se da parede do corpo da igreja, abrindo-se uma fresta de alto a baixo, no lado do adro.
Tal como as obras recentes na casa Hipólito Raposo, este é outro caso de negligência, pois o telhado é novo, embora tenha começado logo a meter água: data do período em que o Pedro Matias esteve como Presidente da Junta, perto de 1990, ainda com o Pe. Branco (mas a obra foi um projeto da Câmara). Em pouco mais de 30 anos, conseguimos fazer perigar um edifício com meio milénio!!!

José Teodoro Prata

terça-feira, 14 de março de 2023

quinta-feira, 9 de março de 2023

Os Sanvincentinos na Grande Guerra

 José Francisco Afonso


José Francisco Afonso nasceu no Tripeiro, no dia 8 de março de 1985. Era filho de Francisco Afonso, cultivador, e Maria Sebastiana.

De acordo com a sua folha de matrícula, era analfabeto e tinha a profissão de jornaleiro, quando se alistou em 13 de janeiro de 1916. Foi incorporado nesse mesmo dia no 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 21 de Castelo Branco.

Após a conclusão da recruta, foi mobilizado para fazer parte do CEP e embarcou para França, no dia 21 de janeiro de 1917, integrando a 1.ª Companhia do 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 21. Era o soldado número 540 e tinha a placa de identidade n.º 8957.

A sua folha de matrícula e boletim individual referem o seguinte:

a)   Baixa ao hospital no dia 29 de maio; alta em 19 de junho;

b)   Marcha para o Quartel General de Base em 7 de fevereiro de 1919, a fim de ali ficar á disposição do Tribunal de Guerra, porque na manhã de 23 de setembro de 1918, juntamente com outros militares, encontrando-se em prevenção de marcha para um novo acantonamento mais avançado em relação à frente inimiga, se recusou a desarmar as barracas e a entrar na formatura, ameaçando matar com granadas de mão e atirar com a metralhadora a quem tal fizesse, e recusando-se a obedecer às intimações que lhe foram feitas pelos superiores;

c)   Condenado à pena de sete anos de presídio militar e mais na pena acessória de igual tempo de deportação militar ou, em alternativa, na pena de dez anos de deportação militar (Ordem de Serviço n.º 105 de 8/4/1919).

d)   Regressou a Portugal com a Secção de Adidos, no dia 9 de junho de 1919, e passou ao presídio militar de Santarém, para cumprir a pena a que tinha sido condenado.

Foi libertado por ter efeito da Lei nº 1198 de 2 de setembro, publicada em Diário do Governo de 5 de setembro de 1921, que amnistiava os castigos de guerra.

Licenciado em 11 de janeiro de 1922, passou à reserva ativa em 11 de abril de 1928 e à reserva territorial em 31 de dezembro de 1936.


Família:

José Francisco casou com Maria de Jesus da Conceição, também natural do Tripeiro, no dia 9 de setembro de 1922. Tiveram três filhos:

1.   Joaquina Antunes Afonso, que casou com José Venâncio e tiveram 5 filhos;

2.   Francisco Afonso Martins, que casou com Olívia de Jesus e tiveram 2 filhos;

3.   Elisa da Conceição, que casou com António Marques e tiveram 2 filhos.

Conta uma das netas que se lembra de ouvir o avô falar do tempo que tinha passado na guerra, mas como era muito pequenina se recorda mal do que ele dizia. Lembra-se apenas de uma vez se voltar para ela e lhe perguntar: «Olha lá, filha, sabes como é que chamam às batatas lá na França? Chamam-lhe pão da terra!». Diz que nunca mais se esqueceu.

José Francisco Afonso trabalhou quase sempre na agricultura, mas também foi pastor e madeireiro. Teve uma vida difícil, como quase toda a gente nessa altura, mas conseguiu que lhe fosse atribuída a pensão a que tinha direito por ter participado na guerra, o que o ajudou a viver um pouco melhor durante a velhice.

Faleceu no dia 29 de outubro de 1972. Tinha 77 anos de idade.

 

(Pesquisa feita com a colaboração do filho Francisco Martins)

Maria Libânia Ferreira

Do livro: Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra

domingo, 5 de março de 2023

O nosso São Brás

Do rico espólio de arte sacra de São Vicente da Beira faz parte uma escultura de São Brás, embora nesta freguesia nunca tenha existido o culto ao santo.

A imagem terá vindo de antiga capela de São Brás, no alto do monte junto ao Barbaído. Este território pertencia ao extinto concelho medieval de São Vicente da Beira, onde se criou, no século XVII a freguesia do Freixial do Campo, mas com uma particularidade: a ermida de São Brás continuou a pertencer à Igreja Matriz de São Vicente da Beira, cabendo ao Vigário ir ali dizer a missa da festa do santo, no dia 3 de fevereiro, recebendo como paga a esmola da missa. Isto de acordo com as Memórias Paroquiais de 1758. Segundo Joaquim de Matos, consta que no princípio do século passado ainda se realizavam os festejos em louvor de São Brás, junto à antiga capela, no alto do monte.

Ali existiu também um povoado e uma fortaleza que serão anteriores à época romana, cujas ruínas podem ainda ser observadas.

Texto elaborado e gravado para a rubrica História ao Minuto, da Rádio Castelo Branco

José Teodoro Prata