sexta-feira, 2 de junho de 2017

Acusação: judaísmo

Nome: Joana Henriques

Estatuto social: cristã-nova 

Idade: 17 anos 

Crime/Acusação: judaísmo 

Naturalidade: São Vicente da Beira, bispado da Guarda 

Morada: São Vicente da Beira, bispado da Guarda 

Pai: Antão Vaz Ribeiro, sapateiro 

Mãe: Isabel Ferreira 

Estado civil: solteira 

Data da apresentação: 02/11/1707 

Sentença: auto-da-fé de 06/11/1707. Confisco de bens, abjuração em forma, cárcere a arbítrio, penitências espirituais.


Jaime Gama

5 comentários:

Anônimo disse...

Os tipos da Inquisição precisavam de mais uns trocos! Mas, que bens poderia ter, afinal, a filha de um sapateiro?! Muito pouco, certamente! Pobre coitada! O Jaime Gama não nos disse onde correu o processo. Seria interessante saber se em Coimbra, Lisboa, Guarda, ou outra. Pessoalmente, não sei que "lei orgânica" tinha a Inquisição em Portugal! Só se consegue ver, sumidamente, "Vila de S. Vicente da Beira" ao fundo da capa do processo. Mas isso talvez seja só uma questão de identificação. Porque acho que não haveria, na vila, qualquer jurisdição daquele malfadado tribunal.
Em todo o caso, uma coisa me chamou a atenção e com a qual fiquei admirado (se é que estou a ler bem os dados). Comparada a morosidade da justiça de hoje com a daquele tempo, os tipos eram rápidos! Uma sentença em 4 dias! Se calhar já estava condenana antes de o ser!
braços.
ZB

Anônimo disse...

Excelente pesquisa, a lembra-nos um período tão negro da nossa História! E que pena que só passados tantos anos tenha havido um Papa a admitir que todos os Homens são filhos de Deus!

M. L. Ferreira

José Teodoro Prata disse...

Sendo os judeus, mais tarde cristãos-novos, uma elite econónico-cultural, a confiscação dos seus bens era mesmo um dos pilares da perseguição que lhes era movida.
Eles eram poupados (e por isso tinham dinheiro para investir e emprestar a juros) e a elite política esbanjadora, por isso os poderosos (clérigos e nobres) apontavam-nos à populaça como os culpados de todos os seus males (o Hitler fez o mesmo séculos depois). E aproveitavam para os roubarem através das confiscações, deixando os seus dependentes na miséria, pondo em causa a sua sobrevivência, o que terão conseguido com inúmeras famílias.
Duas notas apenas:
1. Não esquecer que o papa João Paulo II já pediu perdão à Humanidade por estes crimes praticados pela Igreja Católica. Em termos religiosos, assunto encerrado.
2. Os judeus/cristãos-novos portugueses, depois de terem parcialmente liderado os descobrimentos, tiveram de fugir de Portugal e foram dinamizar as economias do Norte da Europa, sendo fundamentais na formação da nova potência mundial que substituiu os países ibéricos: a Holanda. Houve portugueses na fundação do banco de Amesterdão e das companhias comerciais holandesas, que dominaram o Mundo no século XVII.

Anônimo disse...

É impossível dizer tanta coisa em tão pouco espaço, como faz o ZT! A questão rácica do Hitler e a "solução final" para os judeus (cremação em massa nos campos de concentração), já era conhecida. Mas, hoje, com a divulgação de tantos documentos e a reconstituição em filmes (vg, A Lista de Schindler), o grande público cada vez tem sabido mais. E ainda bem, porque, no futuro, temos que prevenir malucos, como este, de chegarem ao poder. Mas o que é certo é que ainda os há. Vejam o Trump (um liberal da pior espécie) que acaba de sair dos Acordos de Paris, sobre o ambiente. E aquele doidinho da Coreia do Norte (este nem sequer foi eleito!).
Quanto os judeus fugidos de Portugal, além da classe média com capacidade para investir, fugiram outras cabeças. Assim, Portugal não tem, na história dos maiores pensadores de sempre, uma representação de topo. Sem falar nos antigos gregos, por exem., Descartes, Kant, Leibnitz, etc. O único que estava a esse nível, seria Baruch Espinosa (com a sua Ética), filho de judeus portugueses perseguidos, que fugiram para a Holanda. E então o nosso destino é este...
Abraços.
ZB

Anônimo disse...

Não sei se ainda está activa esta matéria; mas aqui vai.
Recordo um texto anterior nos Enxidros sobre os nossos avós cristãos-velhos de bons princípios, em missão, que denunciaram estes vizinhos ao delegado itinerante do Tribunal da Fé. 80 denunciantes, em São Vicente, no ano de 1549.
JMTeodoro